Direção: Roger Corman
Roteiro: Richard Matheson
Produção: Roger Corman, James H. Nicholson (Produtor Executivo)
Elenco: Vincent Price, Mark Damon, Myrna Fahey, Harry Ellerbe
O Solar Maldito é o primeiro dos muitos filmes da parceria bem sucedidas entre o diretor Roger Corman e o ator Vincent Price, nas adaptações das obras do escritor americano Edgar Allan Poe para as telas de cinema. E o conto escolhido para esse debute foi A Queda da Casa de Usher. A dobradinha Corman/ Price foi responsável pelas melhores adaptações de Poe para o cinema. Além de O Solar Maldito, os dois também foram responsáveis por A Mansão do Terror, Muralhas do Pavor, O Castelo Assombrado, O Corvo, A Orgia da Morte e O Túmulo Sinistro. Aqui nessa primeira incursão, além da mais uma vez extraordinária atuação desse monstro do gênero do horror que é Price, o filme conta com roteiro escrito por uma das mais geniais mentes de Hollywood, Richard Matheson, o mesmo de Eu Sou A Lenda, O Incrível Homem que Encolheu, Ecos do Além e As Bodas de Satã, entre outros. Outra importância de O Solar Maldito foi que ele estabeleceu a fórmula básica que seria utilizada por Corman nos próximos filmes de Poe: a filmagem em Cinemascope, a preocupação com a construção cenográfica de época, a indumentária, o apelo teatral e a utilização do Technicolor para dar vivacidade às cenas. E tratando-se de roteiro, os contos de Poe são usados como pano de fundo com uma liberdade maior criativa na construção de subtramas maniqueístas, sempre colocando um personagem puro e bem intencionado, vindo de fora, dentro em um ambiente vil e sinistro comandado pelo personagem de Price, gerando um conflito iminente entre o bem e o mal. Nesse caso, esse personagem é o recluso Roderick Usher (Price com seus cabelos descoloridos), que vê esse tal ambiente, aqui o antigo casarão dos Usher, posto à prova com a chegada de Phillip Winthrop (Mark Damon), apaixonado por Madeline (Myrna Fahey), irmã de Roderick, que vive sob cárcere privado e aparentemente encontra-se terrivelmente doente. Após uma longa viagem à procura de sua amada, a troca de faíscas entre Winthrop e Usher é quase que imediata, pois o péssimo anfitrião quer proibir o viajante de ver a mulher com quem irá se casar e sugere que ele parta imediatamente daquela casa. Aos poucos vamos conhecendo todas as excentricidades de Roderick, um homem atormentado por todo o peso de uma maldição familiar, além de sofrer por possuir todos os seus sentidos extremamente aguçados, como a audição, onde é capaz de ouvir os ratos andando pelas paredes de pedra da mansão, o tato, onde só pode vestir as roupas do mais macio veludo e a visão, que o faz deixar a casa na mais completa penumbra para não afetar sua fotosensibilidade. Como se não bastasse, o casarão é envolto em uma neblina sinistra, um lago pútrido e uma terra infértil, e está literalmente caindo aos pedaços, podendo desmoronar a qualquer momento. E além disso tudo, a família Usher carrega consigo uma maldade secular, “sangue contaminado pelo mal” como Roderick explica, pois os seus ancestrais eram piratas, assassinos, ladrões, prostitutas, falsários e toda sorte imaginável de malfeitores. Aos poucos Winthrop vai percebendo na roubada que está se metendo e tenta tirar de qualquer forma sua amada da casa, mas sempre impedido pela loucura obsessiva de Roderick e por forças sobrenaturais malignas que permeiam o local. Um dos pontos altos do filme é a sequência pós suposta morte de Madeline forjada por Roderick (na verdade efeito da catalepsia que a garota sofre) quando Winthrop é acometido por um sonho bizarro e tétrico, onde os espíritos dos Usher estão assombrando-o, assim como o próprio personagem de Price, com a tela tomada por uma fotografia em cores frias, efeitos sonoros assustadores e atuações apavorantes daqueles envolvidos na cena. Isso sem contar quando Madline retorna dos mortos, possessa, vestida em fúria com os olhos vermelhos de sangue, em busca de sua vingança contra o irmão controlador e insano. Corman sempre foi conhecido como o Rei dos Filmes B. Mas esse chamado Ciclo Poe, sequência de filmes que fez com Price (onde claramente ele tirou a sorte grande por conseguir contar com ele, inigualável na exagerada arte de viver os personagens excêntricos do escritor) mostra o verdadeiro talento e potencial do diretor, que afinaria ainda mais nas próximas produções até chegar em seu auge.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/04/17/138-o-solar-maldito-1960/
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