quinta-feira, 14 de maio de 2015

#148 1962 CRIATURAS DA NOITE (Captain Clegg / Night Creatures, Reino Unido)


Direção: Peter Graham Scott
Roteiro: John Elder, Barbara S. Harper (diálogos adicionais) (baseado na obra de Russell Thorndike/ não creditado)
Produção: John Temple-Smith
Elenco: Peter Cushing, Yvonne Romain, Patrick Allen, Oliver Reed, Michael Ripper, Martin Benson

Criaturas da Noite é um filme no mínimo ambíguo. Poxa, é mó legal, tem Peter Cushing na sua melhor forma, é da Hammer, é um dos grandes clássicos do estúdio, uma história que te prende e é bem desenvolvida e ambientada… Mas então por que fica aquela sensação de que alguma coisa está errada? Eu acredito que seja por conta de, em detrimento de ser um filme de horror sobrenatural, é uma história de ação, com piratas, contrabando de álcool, soldados ingleses, etc. Com direito até ao personagem de Cushing se pendurar em um candelabro em uma escapada. Enquanto os tais Fantasmas do Pântano ficam completamente em segundo plano, e é mais uma saída ao melhor estilo vilões do Scooby-Doo do que um terror real do além-túmulo de verdade. Não dá para dizer muito sobre a trama sem mandar uma porrada de SPOILERS. Não o farei então. Vale dizer então que o filme começa no século XVIII, com o famigerado e temido capitão Nathaniel Clegg condenando um mulato a perder a orelha, a língua e ser deixando amarrado em uma ilha deserta, por ter traído o pirata mor. Alguns anos depois, quando o pirata já havia há muito sido capturado e enforcado por seus crimes, um bando de oficiais ingleses a serviço do rei, liderador pelo Capitão Colier (Patrick Allen), estão procurando contrabandistas de bebida na cidade de Dymchurch. O complô de contrabandistas envolve desde a o reverendo local, Dr. Blyss (papel de Cushing que está ótimo, uma das suas melhores atuações do cinema), até o filho do escudeiro da cidade, Harry Cobtree (Oliver Reed), o carpinteiro de caixões Jeremiah Mipps (Michael Ripper – coadjuvante de vários filmes da Hammer), o estalajadeiro Sr. Rash (Martin Benson) e sua protegida, a belíssima Imogene (Yvonne Romain). E mais uma cambada de beberrões safados. Capitão Colier ficará desconfiado destra trupe, e ao mesmo tempo irá tentar desvendar se os Fantasmas do Pântano são reais ou contos da carrochinha. Onde está agora o elemento de horror do filme? Nos tais Fantasmas do Pântano, um grupo de cavaleiros demônios esqueléticos montando cavalos fantasmagóricos, liderados pelo espírito do Capitão Clegg, trazendo a perdição para todos aqueles que vagam nos pântanos durante a noite, e obviamente, aqueles que supostamente atrapalham o fortuito plano de contrabando dos locais. Ponto. Convido todos a assistir ao resto do filme para ver o desenrolar da história e seu final. Fato é que nunca tive tanta dificuldade para escrever sobre um filme. Porque Criaturas da Noite é SUPER legal de se assistir, e é um das “obras primas” do estúdio. Mas destoa de todo os demais filmes da Hammer. Você pensa na história escrita por Anthony Hinds, sob o pseudônimo de John Elder, baseada de forma não creditada no livro Doctor Syn de Russel Thorndike: cavaleiros fantasmas andando pelos pântanos apavorando geral. UAU! E mesmo que a maquiagem e os figurinos sejam toscos, assim como o efeito especial translúcido das almas penadas cavalgando, você se apaixona instantaneamente pelo filme, pela aura que ele desperta. Fora a icônica figura do maligno corsário, o Capitão Clegg. É como ver o avô do primeiro Piratas do Caribe, dada as devidas proporções, que mistura uma trama de aventura com elementos de horror, com Capitão Barbosa e seus fantasmas amaldiçoados. E o figurino de Cushing, com aquele cabelinho de nona com uma mecha branca? Aqui ele faz um real personagem multi-dimensional, bem diferente dos papeis que estamos acostumados a ver o galante inglês interpretar (sempre  maniqueísta causador do bem, como Van Helsing, ou do mal, como Victor Frankenstein). Aqui ele é divertido, cínico, ameaçador, tenso, calmo, rebelde, herói, complacente, vilão. Rasgação de seda com méritos. E também há todos os personagens de apoio: beberrões, salafrários, sarcásticos, em contraponto aos soldados rígidos, mas incompetentes. Mas por fim, mesmo com os twists do roteiro no final, direção e condução competente de Peter Graham Scott e ambientação de época nos trinques, Criaturas da Noite me deixou um gosto de cabo de guarda chuva na boca. Esse foi o caminho escolhido pelo estúdio para fugir do usual, mas poderia apostar um pouco mais no famoso estilo sobrenatural-gótico-místico da Hammer. É um bom entretenimento, com 80 minutos divertidos e que fluem te prendendo à tela, que você nem percebe o tempo passar. 
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/04/27/148-criaturas-da-noite-1962/

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