terça-feira, 30 de junho de 2015

#767 2004 O FILHO DE CHUCKY (Seed of Chucky, EUA, Reino Unido, Romênia)


Direção: Don Mancini
Roteiro: Don Mancini
Produção: David Kirschner, Corey Sienega; Guy J. Louthan, Laura Moskowitz, Vlad Paunescu (Coprodutor); Guy J. Louthan (Produtor Executivo)
Elenco: Brad Dourif, Jennifer Tilly, Billy Boyd, Redman, Hannah Spearritt, John Waters

Na boa, haters gonna hate, mas O Filho de Chucky é o melhor da série do boneco assassino. Eu já elogiei diversas outras vezes aqui como Don Mancini, criador do serial killer de plástico mais infame do cinema de terror, acertou em mudar o tom em A Noiva de Chucky, deixando de se levar a sério e entregar filmes fracos e péssimos (leia-se parte 2 e 3), e partir de vez para a zueira sem limites. Gente, estamos falando de UM FUCKIN’ BONECO QUE MATA POSSUÍDO PELO ESPÍRITO DE UM MACUMBEIRO! Tudo bem que quando Brinquedo Assassino foi lançado lá em 1989, vivíamos a galhofa e o exagero daquela década, e temos uma conta de MUITO saudosismo com o filme. Mas tu já o assististe depois de velho, né? E ainda mantem a mesma opinião de quando pivete? Creio que não. O Filho de Chucky é SIMPLESMENTE sensacional. Você pode até vociferar contra minhas próximas gerações, deixar de ler o blog e os cambau, mas é inegável o quanto eles acertaram na mão, principalmente para um quinto filme de uma franquia. O absurdo come solto, e nada melhor do que não se levar a sério em nenhum centímetro de película gasto, e ainda sacanear a si mesmos, os atores envolvidos no filme (a autoparódia de Jennifer Tilly – incluindo seu filme de maior sucesso, Ligadas pelo Desejo, dos irmãos Wachowsky – é das mais mordazes EVER) e a própria indústria de Hollywood. E fazer uma homenagem velada ao cinema de horror. E o nonsense come solto, como manda o figurino. Chucky (mais uma vez impagável com a voz de Brad Dourif) e Tiffany tiveram um FILHO! Quão bizarro é isso? E não é um filho comum, é um boneco hermafrodita, que não sabe se é menino ou menina (e os pais ficam brigando por conta de seu gênero) e que depois vira uma TRAVA LHOKA! Detalhe, com a cara do Ziggy Stardust e chamado de Glen/ Glenda (voz de Billy Boyd), obviamente por conta do filme de Ed Wood, em que ele interpreta um crossdresser, algo que ele era na vida real. Convenhamos também que a cena de abertura de O Filho de Chucky é demais! Filmado em POV, pelo ponto de vista de Glen/Glenda, que remete tanto a Psicose, na cena do chuveiro, quanto, e principalmente,Halloween – A Noite do Terror de John Carpenter. E as mortes são das melhores da franquia, sangrentas e inventivas, fazendo o gore rolar solto. Destaque para Tony Gardner, famoso maquiador que fez escola com Rick Baker, papel dele mesmo, e tendo a cabeça decepada pelo casal de bonecos psicopatas; participação mais que especial de John Water, vivendo um paparazzo que tem metade do rosto corroído por ácido; e o rapper Redman, cujo plano é fazer um filme bíblico épico sobre José e Maria (com Tilly almejando o papel de VIRGEM MARIA, nada menos que genial) e tem seu bucho aberto com uma faca por Tiffany e seu intestino colocado para fora. E também vale e MUITO pela piada com Britney Spears, que tem seu carro jogado ribanceira abaixo por Chucky. Que detalhe, NÃO é a cantora, por mais que se pareça MUITO, e os produtores foram obrigados a colocar nos comerciais de TV o nada usual aviso de que ela NÃO PARTICIPAVA DO FILME! E quer saber o que mais? Além de brincar com a metalinguagem e fazer troça com a indústria cinematográfica, O Filho de Chucky critica de forma mordaz a questão do gênero, ao direito da escolha e aos muitos daddy e mummy issues que isso pode provocar na cabeça dos filhos, principalmente vindo de famílias disfuncionais, travestido aqui de dois bonecos de plástico possuídos pelo espírito de dois psicopatas. E para os detratores de plantão, só ver o quão BOÇAL é A Maldição de Chucky, quando Mancini resolveu tentar voltar a fazer um “filme de terror” sério para a versão de plástico de Charles Lee Ray. E tenho dito.
FONTE: http://101horrormovies.com/2015/12/09/767-o-filho-de-chucky-2004/


#690 1998 A NOIVA DE CHUCKY (Bride of Chucky, EUA, Canadá)


Direção: Ronny Yu
Roteiro: Don Mancini
Produção: Grace Gilroy, David Kirschner (Produtores); Laura Moskowitz (Coprodutor); Don Mancini, Corey Sienega (Produtor Executivo)
Elenco: Jennifer Tilly, Brad Dourif, Katherine Heigl, Nick Stabile, Alexis Arquette, Gordon Michael Woolvett, John Ritter, Lawrence Dane

Mas se os slashers movies estavam de volta com tudo, e até o Michael Myers fora revivido, porque não trazer Chucky de volta? Partindo dessa ideia, Don Manici resolveu reviver sua criação de plástico tão famosa. Diferente de todas as outras cineséries, como Sexta-Feira 13A Hora do PesadeloO Massacre da Serra Elétrica ou Halloween, a franquia derivada de Brinquedo Assassino sempre teve seu idealizador por trás, escrevendo, dirigindo ou produzindo os longas. Só que dessa vez ele resolveu mudar completamente o tom da brincadeira e em A Noiva de Chucky finalmente se deu conta que um boneco possuído pelo espírito de um macumbeiro que mata a galera, não deveria ser levado a sério. Tá beleza, o primeiro filme meteu medo em muita gente, fez os pais de uma molecada ter de jogar bonecos de seus filhos na lata do lixo, criou mais um eterno movie maniac, mas isso foi no ano de 1988, funcionava ali naquele contexto. Dez anos depois, impossível se querer fazer um filme sério, ainda mais com um personagem tão ácido e escrachado como o Chucky, e tendo em vista a bela da porcaria que foram as duas sequências. Então Manici em decisão acertadíssima construiu seu A Noiva de Chucky como uma paródia de si mesmo, dos filmes slashers, dos estereótipos dos anos 80 e dos anos 90, um homenagem ao clássico A Noiva de Frankenstein, e voilá, está aí o melhor filme de Chucky desde que Tom Holland colocaria Charles Lee Ray atrás do insuportável Andy Barclay uma década antes. Tem gente que malha essa quarta parte mais que Judas em Sábado de Aleluia, assim como sua sequência, O Filho de Chucky, dizendo que ele perdeu a essência, que os outros filmes eram de suspense e assustadores, blá, blá, blá. Sério mesmo? Era assustadores quando você era um pivete né? Já os assistiu novamente? Pelo menos em A Noiva de Chucky rola um escracho geral, Brad Dourif adiadíssimo como Chucky, Jennifer Tilly canastra pra cacete, aqueles dois bonecões horríveis, sacadas incrivelmente perspicazes e tudo mais. E outra, pegue o execrável A Maldição de Chucky, no qual Mancini tentou retomar a suposta “seriedade” e me responda se é bom. Começa com uma bela homenagem quando um policial invade um depósito de provas para roubar o famigerado boneco Bonzinho e lá dentro temos uma máscara de hóquei, uma serra elétrica, a máscara do Michael Myers, e a luva do Freddy Krueger. A encomenda foi feita por Tiffany, a personagem de Jennifer Tilly, ex- de Charles Lee Ray, que em um ritual de magia negra traz o boneco de volta à vida. Sua primeira vítima é uma paródia de Marilyn Manson, que tem seu piercing no lábio arrancado e sufocado por uma almofada. Detalhe na cena o noticiário na TV mostrando o corpo quando é encontrado, e uma foto do sujeito todo maquiado como gótico infernal trash metal malvado e ao lado outra com sua verdadeira aparência nerd, fazendo piada com aquela lenda que Manson era na verdade o Paul de Anos Incríveis. Mas acontece que Tiffany se lembra do canalha, chauvinista, porco, machista e escroto que ele era, e como ele havia a enganado e não pretendia a pedir em casamento, e o deixa preso em um chiqueirinho, comprando uma boneca de noiva para fazer companhia a ele. Puto da vida, Chucky escapa e acaba eletrocutando a vixen na banheira, jogando uma televisão onde era exibido A Noiva de Frankenstein da Universal. O psicopata então usa seu conhecimento em magia negra e transfere a alma da moça para a boneca em vingança. Para que eles possam voltar à forma humana, Chucky precisa de um amuleto que fora enterrado junto com o corpo de Charles Lee Ray (detalhe: ele nunca precisou desse amuleto em nenhum dos outros filmes) e Tiffany contrata seu vizinho, Jesse (Nick Stabile) para levá-los até o cemitério em Nova Jersey. Só que Jesse é perdidamente apaixonado por Jade (Katherine Heigl) que mora com um tio linha dura, o chefe de polícia Warren Kincaid (John Ritter) que restringe sua liberdade. O casal de pombinhos resolve fugir para poderem se casar, sem imaginar que estão levando os dois maníacos de plástico de carona.Daí é aquela velha história. Começa a contagem de cadáveres com mortes das mais elaboradas e sangrentas pelo padrão que víamos nos novos slasher movies da época, Chucky tentando se adaptar aos anos 90, pois está fora de moda e há dez anos destruído (meio que mandando a cronologia dos outros filmes às favas) e um monte de situações esdrúxulas que finalmente resolve fazer piada de si mesmo enquanto levava-se extremamente a sério nos filmes anteriores, como, por exemplo, o sexo entre bonecos e a pergunta de Tiffany se ele tem camisinha, e ele responde que é TODO feito de borracha. Gênio! Outra dessas tiradas sensacionais é quando Kincaid está inspecionando a van, e Chucky quer mata-lo, pegando um martelo, e Tiffany lhe diz que é muito previsível, afinal essa foi a arma com que ele fez sua primeira vítima lá em Brinquedo Assassino. Ao invés disso, inspirado no improviso de Martha Stewart, a musa de Tiffany, eles preparam uma armadilha que enchem o rosto do policial de pregos, que fica igualzinho ao Pinhead, e ao encará-lo, Chucky emenda: “Por que isso me parece tão familiar?”. Isso sem contar que num bate-papo casual com Tiffany, para explicar tudo que havia acontecido com ele, solta a pérola: “se isso fosse uma sequência, seria preciso dois ou três filmes para isso”. Eu respeito quem torça o nariz para A Noiva de Chucky, mas eu tenho aí em cima meus argumentos a favor da fita. Afinal,  é um boneco que mata gente e faz piada, pelo amor! E acertadamente seguiram nessa toada no quinto filme, uma vez que num daqueles absurdos toscos hilários, Tiffany fica grávida e dá a luz a um brinquedinho assassino no final deste aqui.
FONTE: http://101horrormovies.com/2015/07/22/690-a-noiva-de-chucky-1998/


#614 1991 BRINQUEDO ASSASSINO 3 (Child’s Play 3, EUA)


Direção: Jack Bender
Roteiro: Don Mancini
Produção: Robert Latham Brown; Laura Moskowitz (Coprodutor); David Kirschner (Produtor Executivo)
Elenco: Justin Whalin, Perrey Reeves, Jeremy Sylvers, Travis Fine, Dean Jacobson, Brad Dourif, Dakin Matthews

Se eu já falei que Brinquedo Assassino 2 é uma sequência X, o que falar então de Brinquedo Assassino 3? Só não tem a honra de ser o pior da franquia porque conseguiram cometer o recente A Maldição de Chucky. Bom, começamos pelo simples fato de que Don Mancini, criador da franquia, sob pressão da Universal foi obrigado a começar a escrever o roteiro do terceiro filme antes do segundo sequer ter sido lançado. Veja bem, Brinquedo Assassino 3 chegou aos cinemas apenas NOVE meses depois da estreia da sequência, então, Mancini alega que estava sem ideias por ter de escrevê-lo tão próximo da segunda parte (ah, vá!). E por isso, em sua opinião, é seu “menos favorito”. Fato é que a quantidade de buracos no roteiro e de situações vexatórias nesta terceira parte é imensa. O que salva, obviamente, é que temos Chucky sempre dando o seu melhor. O que significa que o boneco possuído pelo espírito do macumbeiro Charles Lee Ray e com a característica voz de Brad Dourif continua cheio de piadinhas de humor negro, sarcamos e se mostrando um verdadeiro sacana, divertindo o espectador entre um remendo de trama e outro. Começa que logo nos créditos iniciais somos obrigados a engolir goela baixo a ideia de que MAIS UMA VEZ a fábrica dos bonecos Bonzinho quer lançar o produto no mercado, depois de duas tentativas frustradas e má publicidade por conta de um moleque jurando que o brinquedo era, hã, assassino. Sei lá, inventa outro boneco, pombas! Mas que falta de criatividade! Aí retomando os trabalhos, eis que encontram o boneco todo carcomido e derretido que vem a ser Chucky, que será reciclado para dar origem a um novinho em plástico, mas umas GOTAS DE SANGUE dele fazem com que o espírito possuído passe novamente para esse outro boneco. Fale para mim se tem algum nexo isso? Chucky faz logo sua primeira vítima (em uma cena de suspense das mais canhestras), que é exatamente o chefão da Play Pals, Sullivan (Peter Haskell, que aparecera no anterior) e descobre que ele guarda um arquivo em seu computador sobre a vida de Andy Barclay, e o moleque já é um adolescente (interpretado agora por Justin Whalin) e está no colégio militar. Logo, Chucky “se envia” para o local e descobre uma nova vítima, outro daqueles pequenos pentelhos, o jovem cadete Tyler (Jeremy Sylvers), continuando sua incessante busca de um novo hospedeiro para sua alma. Daí é a velha história: Andy ainda é traumatizado com o boneco, o encontra zanzando pelos quarteis e matando quem se mete em seu caminho, ninguém acredita no sujeito, o instrutor é um babaca totalitário, e blá blá blá. Ainda rola um par romântico com a cadete De Silva (Perrey Reeves) que ajudará Andy a enfrentar o serial killer que sequestrar Tyler e o leva para o trem fantasma de um parque de diversões que surge EXATAMENTE NO MEIO DO MATO, após um frustrado jogo de guerra. Aliás, essa é realmente a única parte decente do filme. Dentre as ideias mais sádicas e endiabradas de Chucky em toda a franquia, ao saber desse jogo de guerra que colocará dois times, a equipe vermelha e a equipe azul ao melhor estilo “roube a bandeira”, o vilão simplesmente troca a munição dos fuzis, que era de tinta, para balas de verdade. Por pouco não acontece um massacre, mesmo nós torcendo muito por isso. Ponto também para a jugular cortada do barbeiro (os barbeiros de quarteis militares são todos daquele jeito, mesmo?), Sgt. Botnick (Andrew Robinson) em uma outra cena mais sangrentinha. Dois detalhes interessantes de Brinquedo Assassino 3: ele foi o primeiro a utilizar CGI no boneco de Chucky, para sincronizar as falas com o movimento de sua boca (e tira-se o chapéu para o trabalho de Kevin Yagher e sua turma mais uma vez) e Peter Jackson foi cotado para dirigi-lo. Não que acho que fizesse muita (ou nenhuma) diferença. Bom, não espere absolutamente nada de Brinquedo Assassino 3 e você pode até se divertir com as aparições e chistes de Chucky, neste último filme que tenta se “levar a sério”, usando o títuloBrinquedo Assassino (“Child’s Play”) antes do escracho de A Noiva de Chucky e O Filho de Chucky, que na minha opinião, é exatamente onde a franquia se encontrou, mas isso fica para um próximo texto.
FONTE: http://101horrormovies.com/2015/02/23/614-brinquedo-assassino-3-1991/

#594 1990 BRINQUEDO ASSASSINO 2 (Child’s Play 2, EUA)


Direção: John Lafia
Roteiro: Don Mancini
Produção: David Kirschner; Laura Moskowitz (Coprodutor); Robert Latham Brown (Produtor Executivo)
Elenco: Alex Vincent, Jenny Agutter, Gerrit Graham, Christine Elise, Brad Dourif, Grace Zabriskie, Peter Haskell

Brinquedo Assassino 2 traz a fatídica volta do imortal Chucky aos cinemas, dois anos depois do sucesso de Brinquedo Assassino original, de Tom Holland. Don Mancini, criador do adorável boneco possuído pelo macumbeiro Charles Lee Ray, volta como roteirista e é o responsável por ajudar que essa sequência seja, digamos, aceitável. Claro, não há nada de excepcional em Brinquedo Assassino 2. É um daqueles filmes bem descartáveis, feitos exatamente para capitanear ainda mais grana em cima do primeiro e estabelecer mais uma franquia slasher no cinema de terror. Mas pelo menos ele não tem grandes pretensões e mantém-se dentro do seu propósito. Na verdade, sendo um pouco mais justo, há sim duas coisas louváveis na fita: A primeira é que apesar de seguirmos acompanhando a vida de infortúnios de Andy Barclay (papel reprisado por Alex Vincent, notoriamente menos insuportável que no primeiro filme), dois personagens chave do anterior não voltam: a mãe de Andy (vivida pela atriz Catherine Hicks) e o policial Mike Norris (Chris Sarandon), ambos no roteiro original, mas cortados de seus papeis. Então assim, podemos seguir em frente com o menino posto para adoção e vivendo sob constante suspeita de ter inventado um “boneco assassino” de sua cabecinha maluca e sem a velha armadilha de recauchutar o primeiro, com a mãe lutando pela guarda do moleque, o policial também desacreditado cuja carreira foi para o saco, e etc. A segunda é que realmente é de se tirar o chapéu para os bonecos e animatrônicos usados para que Brad Dourif desse a voz ao psicopata de plástico (mais uma vez). Isso tudo pré-CGI, e assim, constelações de diferença e qualidade do que, por exemplo, é a porcaria A Maldição de Chucky. Cortesia da equipe de Kevin Yagher, que acabou dirigindo diversas cenas por conta dos problemas (imperceptíveis) de funcionamento dos bonecos. Falando em dirigir cenas, sabia que Wes Craven havia sido cotado originalmente para dirigir Brinquedo Assassino 2? Não sei se isso poderia ser bom, ou ruim, dado o estágio da carreira que ele se encontrava naqueles momentos. Ah sim, a trama. O chefão da empresa do Bonzinho está puto da vida com a publicidade negativa por conta do boneco suspeito de matar pessoas, e para sossegar os acionistas e tentar reverter o marketing péssimo, resolve recriar aquele mesmo bonecão que foi destruído e incinerado no final do primeiro longa. Só que a alma perversa de Chucky ainda está lá, mata eletrocutado um dos técnicos (não me pergunte como) e resolve procurar o pequeno Andy para transferir sua alma de uma vez por todas. Por sua vez, Andy foi adotado por uma nova família, composta pelo casal Phil e Joanne Simpson (Gerrit Graham de A Visão do Terror e Jenny Agutter de Um Lobisomem Americano em Londres, respectivamente) e vai viver na casa deles junto com a adolescente rebelde Kyle (Christine Elise), que será a única a acreditar nele quando Chucky descobrir o paradeiro do pentelho e arrastar de acordo para ferir a imagem do garoto e matar as pessoas a sua volta, de formas bem criativas, como a velha professora rabugenta que é espancada até a morte pela palmatória. Com o assassinato do seu padrasto e madrasta na sequência, Andy e Kyle vão combater Chucky na fábrica dos bonecos Bonzinho, onde acontece a boa perseguição durante o terceiro ato, mostrando que Chucky, tal quais seus pares de carne e osso, Jason, Michael Myers e Freddy Krueger, também tem sua parcela de maníaco badass indestrutível. Cenas de suspense, assassinatos e o indefectível humor negro sarcástico de Chucky estão presentes em grande parte da fita, o que torna Brinquedo Assassino 2 um entretenimento honesto, se você é fã da franquia, mas que não faz jus ao grande vilão. É só uma sequência qualquer, e não dá para florear nada sobre. O fato concreto é que faturou mais de 28 milhões de dólares de bilheteria nos EUA (mediante 13 milhões de orçamento) e ocupou o primeiro lugar em seu final de semana de estreia, fazendo com que as outras sequências viessem por aí, continuando tentando se levar a sério, como o execrável terceiro filme, ou partindo para a galhofa em A Noiva de Chucky e O Filho de Chucky. E ah, aquela atrocidade “volta às origens” lançada em 2013.
FONTE: http://101horrormovies.com/2015/01/19/594-brinquedo-assassino-2-1990/

#549 1988 O BRINQUEDO ASSASSINO (Child’s Play EUA)


Direção: Tom Holland
Roteiro: Don Mancini, John Lafia, Tom Holland
Produção:David Kirschner, Lauro Moskowitz ((Produtora Associada), Elliot Geisinger (Co-Produtor Executivo), Barrie M. Osborne (Produtor Executivo)
Elenco: Catherine Hicks, Chris Sarandon, Alex Vincent, Brad Dourif

Ah, os anos 80… A charrete que perdeu o condutor. Só mesmo nessa saudosa e frutífera década para o cinema de terror, que um filme como Brinquedo Assassino poderia ter feito tanto sucesso, e mais que isso, ter gerado uma franquia e colocado mais um personagem clássico na calçada da fama do horror: o boneco Chucky. É engraçado analisar um filme desses depois de tanto tempo, quando já se está com trinta anos nas costas, e parar para pensar: como diabos uma geração inteira ficou com medo daquele boneco feio para cacete, e como aquele filme tosco conseguiu se tornar tão querido por nós? Talvez porque naquela altura do campeonato, no final dos anos 80, realmente era assustadora a ideia de um brinquedo estar possuído com a alma de um assassino psicopata e tentar matar seu dono, que é um simples garotinho inocente. Afinal, quem lembra da lenda urbana do boneco do Fofão com um punhal em seu interior? Hein? A história de Chucky nada mais é que um slasher movie com pitadas sobrenaturais. Charles Lee Ray (Brad Dourif, que emprestaria sua voz ao boneco em todas as continuações que vieram depois) é um serial killer que anda assustando a cidade de Chicago com suas mortes violentas. O filme começa com o detetive da divisão de homicídios Mike Norris (Chris Sarandon, o vampiro bonitão de A Hora do Espanto) perseguindo Lee Ray, ferindo-o e encurralando-o em uma loja de brinquedos. À beira da morte, sem lhe restar muito escolha, Charles que era um praticante de magia negra, transfere sua alma para o boneco, não antes de jurar de morte aqueles que lhe traíram, como seu comparsa, e o próprio policial. Acontece que esse boneco é um boneco Bonzinho (excelente trocadilho!), que mais parece com o anão Ferrugem, e é um personagem de uma famosa série de desenhos da TV que a criançada adorava naqueles dias. E Andy Barclay (Alex Vincent), menino órfão que mora com a mãe viúva Karen Barclay (Katherine Hicks), quer porque quer de qualquer jeito um desses bonecos. Como ele é muito caro, custa 100 paus, a mãe dele não consegue comprar, o que acaba frustrando seu aniversário. Mas eis que ela descobre um mendigo, no fundo da loja onde trabalha, que encontrou um desses bonecões e vende a ela por menos da metade do preço de loja. E esse é o boneco com a alma de Charles, o Chucky para os íntimos (já que Chucky é um diminutivo para Charles nos EUA). Logo o boneco vivo começa a sua vingança e escolhe uma série de vítimas para praticar seus atos horrendos, sendo que a culpa acaba caindo na criança, afinal ninguém acredita nele quando diz que Chucky conversa com ele. Isso se chama esquizofrenia. Mas a mãe de Andy acaba descobrindo que o brinquedo tem vontade própria, quando percebe que ele está funcionando sem as baterias. Há de se tirar o chapéu para Chucky. Ele é um personagem com uma baita personalidade forte e humor ácido. É uma mistura de plástico entre Jason Voohrees e Freddy Krueger. Afinal ele é a única coisa que salva o filme, e os efeitos animatrônicos do boneco são bastante decentes e realistas (foram usados nove bonecos diferentes, além de uma criança). A dupla de atores, Sarandon e Catherine Hicks estão péssimos, sem a menor sinergia, o roteiro é raso demais e aquele garoto então, o Andy, interpretado por Alex Vincent, é IN-SU-POR-TÁ-VEL!!! Aquele jeito meloso como ele fala, Deus… Dá vontade de vê-lo morto logo no primeiro ato. Por isso você torce para o boneco, e por isso ele fez tanto sucesso ao longo dos anos. Era sempre o melhor que se tirava de proveito em todos os filmes da série. Tom Holland, que já havia anteriormente feito um filme de terror divertido, A Hora do Espanto, dessa vez até tenta se levar a sério demais, e acha que realmente está entregando um filme assustador de humor negro. Não, amigo. Você não está. Mas que o filme desperta um baita saudosismo, ah isso desperta. Pura questão emocional. Assista ele novamente depois de velho e você vai entender o que estou falando. E vai, ele tem seu mérito de imortalizar mais um personagem de terror. Afinal, hoje em dia todo mundo conhece o boneco Chucky e na época ele realmente tirou o sono da molecada e foi responsável por vários bonecões assustadores irem parar na lata do lixo. O segundo e o terceiro filme são bombas históricas. Por continuar tentando se levar a sério demais. E eis que surgem os dois melhores filmes da franquia: A Noiva de Chucky e O Filho de Chucky, parodiando as intermináveis sequências dos filmes de monstro da Universal da década de 30. De uma vez por todas o filme assume seu viés cômico, porque nada mais resta na ideia de um boneco assassino possuído pelo espírito de um macumbeiro, e deixa de lado a eterna busca em encontrar uma vítima para transportar sua alma de volta, e cai no escracho de uma vez por todas. Ainda recentemente, Don Mancini, o criador do boneco lançou direto para DVD um reboot/remake/sequência/whatever da série, tentando recuperar essa aura de filme “sério” em A Maldição de Chucky, de 2013, que é uma verdadeira porcaria.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/10/22/549-brinquedo-assassino-1988/

#179 1964 A ORGIA DA MORTE (The Masque of the Red Death, EUA, Reino Unido)


Direção: Roger Corman
Roteiro: R. Wright Campbell, Charles Beaumont (baseado no conto de Edgard Allan Poe)
Produção: Roger Corman, George Willoughby (Produtor Associado)
Elenco: Vincent Price, Hazel Court, Jane Asher, David Weston, Nigel Green

A Orgia da Morte. Mais uma vez, não deixe-se enganar pelo esdrúxulo título que o filme ganhou no Brasil, pois ele é nada mais nada menos que o melhor trabalho da dupla Roger Corman e Vincent Price adaptando um conto de Edgar Allan Poe, A Máscara da Morte Escarlate (que deveria ser o nome do filme aqui também no Brasil, mas vai explicar isso para o departamento comercial das distribuidoras, e olha que posso falar com conhecimento de causa, pois já trabalhei em uma). Corman é conhecido como “O Rei dos Filmes B”, graças a sua imensa capacidade de produzir e dirigir fitas com um orçamento irrisório e tempo curtíssimo. Além de ser um dos maiores descobridor de talentos de Hollywood de todos os tempos, pois foi o cara que deu os primeiros trabalhos para gente como Jack Nicholson, Francis Ford Copolla, James Cameron e Joe Dante, entre outros. Todos sabemos que a Academia é um bando de gente coxinha, mas finalmente em 2010, Corman foi devidamente reconhecido pela sua extensa contribuição para a sétima arte, principalmente aos filmes de terror e sci-fi, e ganhou um Oscar® pelo conjunto da obra.E nessa extensa filmografia, foi o cineasta que melhor conseguiu transportar os contos de Poe para às telas. Tudo começou em 1960, quando filmou O Solar Maldito, para a American International Pictures (adaptação de A Queda da Casa de Usher) já com o lendário Vincent Price no elenco. Antes de A Orgia da Morte, já tinha em sua filmografia A Mansão do TerrorMuralhas do Pavor O Corvo, todas baseadas nas obras do escritor americano. E A Orgia da Morte é o ápice da trindade Corman / Price / Poe. O filme é sensacional e Price está excepcional, interpretando um dos papeis mais marcantes da sua carreira, como o Príncipe Próspero, que no Século XIII, na Itália medieval, tocava o terror como um suserano extremamente cruel, maligno, perverso, iconoclasta e mesquinho, tratando como animais todos os camponeses do vilarejo, que ainda por cima é assolado pela Morte Escarlate, uma peste que vinha dizimando a população na época. Em uma de suas incursões ao vilarejo, rapta uma bela garota chamada Francesca (Jane Asher, ex-Sra. McCartney), e toma como cativos seu amado e seu pai, levando todos até seu castelo, um antro de bizarrices, bajulações, luxúria, depravação e cultos satânicos, como o qual o próprio Próspero faz parte, ao designar-se como um servo de satã. Todos que estão lá dentro estarão isolados por suas muralhas e protegidos da peste. Para celebrar e inflar ainda mais seu ego, Próspero decide dar um suntuoso baile de máscaras, quando a morte resolve aparecer de penetra e prestar contas, na incrível sequência final do filme. A produção toda é um desbunde, parando para pensar nos padrões Corman de fazer de 4 a 5 filmes por ano. Price engole todo o elenco, com um papel forte, transpirando maldade e arrogância, em sua encenação teatral. A fotografia do filme (brilhantemente executada por Nicholas Roeg) é também um show a parte, com seu contraponto entre ambientes sombrios e cenários coloridos e extravagantes, e muitas vezes parece que você está assistindo a uma belíssima pintura em movimento, seja em cenas como do próprio baile, ou nas aparições da morte sentada na penumbra da floresta, com seu manto vermelho. Não deixe de assistir a esse filme, e também a ler qualquer coisa que Poe já tenha escrito. E mais uma vez, muitíssimo obrigado por esse um ano intenso de 101 Horror Movies. Feliz aniversário para nós!
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/06/05/179-a-orgia-da-morte-1964/

1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER
425 1964 A Máscara Mortal /ORGIA DA MORTE (The Masque Of The Red Death)

domingo, 28 de junho de 2015

#178 1964 ONIBABA A MULHER DEMÔNIO (Onibaba, Japão)


Direção: Kaneto Shindô
Roteiro: Kaneto Shindô
Produção: Hisao Itoya, Tamotsu Minato, Setsuo Noto
Elenco:  Nobuko Otowa, Jitsuko Yoshimura, Kei Satô, Jükichi Uno, Taiji Tonoyama

Onibaba – A Mulher Demônio, a obra cultuada de Kaneto Shindô, é um filme de terror histórico, que baseado em uma parábola budista, escancara o antagonismo de classes do Japão medieval para criar uma assustadora alegoria sobre a vida em meio a falta de recursos, segregação social e crítica velada aos efeitos da bomba atômica. Apesar do ponto de partida do texto budista, não há nenhum caráter religioso em Onibaba – A Mulher Demônio, e o mal é alguo muito mais terreno e carnal, o que difere e muito da maioria dos filmes de terror nipônicos. Recheados de metáforas, bruto, claustrofóbico, de carregada fotografia preta e branca quase expressionista (crédito para Kiyomi Kuroda), cenários minimalistas e uma trilha sonora de tambores de Hikaru Hayashi remetido ao sentimento tribal, a história de Shindô, socialista declarado, é repleta de metáforas, e mesmo se passando no Japão rural do século XIV, no período Sengoku, é um filme atemporal, podendo ser anexada a qualquer espaço e tempo. Essa terrível guerra civil entre clãs samurais pelo controle do Japão durou mais de um século, e o resultado é um país devastado, sobrando consequências terríveis para os mais pobres. Uma velha senhora (Nobuko Otowa) vive com sua jovem nora (Jitsuko Yoshimura) em uma cabana no meio de uma plantação de juncos próximo ao rio, e para sobreviver, elas matam os samurais perdidos ou moribundos que se perdem pela extensa plantação e trocam suas armas e armaduras por comida, para poderem sobreviver em meio ao ambiente desolado. Até que um belo dia, o vizinho Hachi, que havia ido para a guerra com o filho e marido das duas, volta sozinho para casa, tendo fugido dos horrores da batalha. O retorno de Hachi e o fato do filho/ marido das duas estar morto, é o estopim da construção de um relacionamento entre eles que irá abalar ostatus quo das duas mulheres, e interferir até diretamente na forma como negociam seus alimentos. Além disso, uma explosão de desejo sexual entre Hachi e a viúva do amigo unem os dois, sem qualquer dilema moral ou de consciência, para desgosto da velha senhora, que tenta em vão assustar a moça com histórias terríveis sobre o inferno, destino para pecadores que praticam sexo fora do casamento. Isso obviamente não impede que a moça, independente de horário ou clima, vá até a cabana de Hachi para consumar o desejo carnal, sem nenhum outro tipo de sentimento envolto. Certa noite, com a jovem fora, um distinto samurai bate a porta da velha e pede ajuda para que ela o guie para fora do matagal de juncos, pois havia se perdido ao voltar da batalha. Esse guerreiro usa uma horrenda máscara de demônio para cobrir o seu rosto, que segundo ele, é o mais belo rosto que a mulher já teria visto em vida. Mas mesmo assim, ele não tira a máscara, deixando bem claro a separação hierárquica entre um samurai e um camponês na base da pirâmide social. Porém a velha leva o samurai até uma armadilha, que cai em um buraco e perde sua vida. A obsessão em ver seu rosto faz com que ela desça até o buraco, onde temos um vislumbre de uma centena de esqueletos humanos que as duas já haviam matado, e remove a sua máscara, deparando-se com o choque de uma cena de horror, pois ao contrário do que havia dito, ele tem o rosto completamente deformado, uma metáfora para o hibakusha, grupo pária da sociedade e estigmatizado, composto pelas vítimas dos efeitos da radiação da explosão das bombas de Hiroshima e Nagazaki. A velha começa a usar então a horrenda máscara para assustar a mais nova pelos seus pecados. Porém em uma cena terrível, a máscara fica grudada permanentemente no rosto da mulher, que não consegue tirar de nenhuma forma, suplicando perdão para a mais nova, que atribuiu o fato a um castigo por ela tentar assustá-la. Debatendo-se em desespero e implorando por ajuda, a máscara só consegue ser retirada pela mais nova após alguns golpes de machado, e então segue-se o clímax da fita.
ALERTA DE SPOILER. Leia por sua conta e risco ou pule para o próximo parágrafo.
O rosto da velha está igualmente deformado como do samurai que ela tirou a vida. A jovem foge horrorizada pelos juncos, perseguida pela velha aos berros, gritando “não sou um demônio, sou um ser humano” seguido pelo seu final abrupto.A parábola budista a qual Onibaba – A Mulher Demônio foi inspirada chama-se yome-odoshi-no-menou niku-zuki-no-men, que conta a história de uma mãe que costumava usar uma máscara de demônio para assustar sua filha, impedindo-a de ir ao templo. E como punição, a máscara adere em seu rosto e quando é removida, leva junto a carne de sua face. Aqui, é um reflexo traumático dos efeitos do pós-guerra e os horrores que ele desencadeou na sociedade japonesa.Onibaba – A Mulher Demônio dramatiza o fracasso e expõe o desejo humano nas mais sombrias manifestações. É amoral, pois em nenhum momento nos é apresentada a conduta dos protagonistas, tais como assassinato, posse, controle e desejo sexual, provida de algum sentimento de culpa ou definindo o que é certo ou errado, apenas relatando homens e mulheres nos limiares da civilização, vítima de suas condições de vida, dando vazão aos seus instintos mais básicos e a constante luta por sobreviver, o que pode, literalmente, despertar demônios.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/06/04/178-onibaba-a-mulher-demonio-1964/

1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER
430 1964 Onibaba: A Mulher Demônio (Onibaba) 

sábado, 27 de junho de 2015

#177 1964 MORTOS QUE MATAM (he Last Man on Earth, Itália, EUA)


Direção: Ubaldo B. Ragona
Roteiro: William F. Leicester, Logan Swanson, Furio M. Monetti, Ubaldo B. Ragona (baseado na obra de Richard Matheson)
Produção: Robert L. Lippert, Harold E. Knox (Produtor Associado), Samuel Z. Arkoff (Produtor Executivo)
Elenco: Vincent Price, Franca Bettoia, Emma Danieli, Giacomo Rossi-Stuart

Sabe aquele filme que o Will Smith é o único sobrevivente na Terra, onde o bacon não estraga depois de três anos? Pois bem, lá atrás, antes dessa superprodução mequetrefe, o livro Eu Sou a Lenda de Richard Matheson ganhou sua primeira adaptação em 1964, com o bisonho título no Brasil de Mortos que Matam. Nessa produção ítalo-americana, Vincent Price interpreta o último homem na terra (título original do filme), e tem o mundo só para ele durante o dia, porque quando a noite cai, todos os sobreviventes do globo foram transformados em terríveis mutantes / vampiros / zumbis, como você preferir, graças a uma praga de proporções bíblicas que devastou a humanidade. Com o roteiro escrito pelo próprio Matheson, usando o pseudônimo de Logan Swanson, o filme conta a história de Robert Morgan (Price) cientista imune a esse peste biológica mortal, que sobrevive ao cataclisma só para viver no limite da sanidade mental, sozinho, isolado em sua casa, dividindo suas tarefas durante as manhãs quando precisa vasculhar a cidade deserta de Washington em busca de espelhos, alho, gasolina e jogar os corpos encontrados em uma imensa vala comum em chamas, e durante a noite se defender das criaturas que vagam pela terra e querem invadir sua casa e destruí-lo. Apesar das criaturas serem consideradas vampiros, já que elas dormem durante o dia e apenas saem à noite, se alimentam de sangue, terem repulsa ao alho e a ver sua própria imagem no espelho, e só poderem ser mortas com uma estaca no coração, suas aparências e características mais parecem as de zumbis. Quatro anos antes de A Noite dos Mortos-Vivos, vemos os maltrapilhos inumanos se arrastando de forma devagar e desordenada, tentando entrar na casa do Dr. Morgan se aglomerando contra a porta e batendo nela e nas janelas sem parar, exatamente como os zumbis de Romero. A grande diferença é que aqui eles são capazes de articular palavras e usar instrumentos rudimentares como paus e pedras.Como a epidemia se espalhou e como atingiu a família do Dr. Morgan é contado através de um flashbackna metade do filme, situando o espectador dos acontecidos e da tragédia pessoal vivida pelo personagem solitário, já que como cientista não conseguiu encontrar uma cura para o vírus mortal e viu sua família padecer desse mal. Completamente cético, ao não deixar sua mulher depois de morta ser levada para a vala comum e ser incinerada, Morgan da forma mais dolorosa é obrigado a encarar a realidade, quando sua esposa volta para casa infectada e transformada em uma vampiro / zumbi. A trama dá uma guinada quando o Dr. Morgan descobre que não está sozinho, e que há um grupo de sobreviventes por aí lá fora. Mas diferente dele, eles fazem parte de uma nova raça que se utiliza de uma vacina para impedir que se transformem em mutantes autômatos, e pretendem recomeçar a colonizar o planeta, vivendo somente à noite, mas não antes de se vingar daquele que é considerado “a lenda” e tem matado vários dos seus pela manhã. Ou seja, ele é uma minoria, e em um mundo onde há uma nova ordem mundial, comandando pelos infectados. Isso faz com que o personagem de Price acabe se tornando uma aberração para eles, um pária. Mortos que Matam é até simplório, com efeitos especiais e de maquiagem bem simples, devido ao baixo orçamento. Mas funciona muito bem, pois o roteiro enxuto é interessantíssimo. Alguns momentos ele fica arrastado, sem ritmo, como por exemplo durante o extenso flashback que poderia ter sido transformado em pequenas histórias paralelas no decorrer do longa. Mas o que mais vale a pena, mais uma vez é a atuação de Price, sustentando 86 minutos de projeção quase que sozinho, praticando diversos monólogos e lutando contra a histeria de ficar mais de três anos sem o contato com nenhum outro humano. Destaque para uma cena em que ele assiste a um vídeo em super 8 e começa a dar uma risada insana, como se sua razão estivesse por um fio, para no segundo seguinte, começar a chorar de desespero e solidão. Fantástico. Além do já citado filme estrelado por Will Smith, Eu Sou a Lenda, de 2007, o livro ganhou outra adaptação na década de 70, estrelado por Charlton Helston, que ganhou o título de A Última Esperança da Terra. Também um clássico.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/06/03/177-mortos-que-matam-1964/

POLTERGEIST O FENÔMENO (EUA, 2015)


WHEN MARNIE WAS THERE (JAPÃO, 2014)


MAD MAX 4 - ESTRADA DA FÚRIA (EUA, 2015)


ESCAPE FROM TOMORROW (EUA, 2013)


COLOUR FROM THE DARK (Itália, 2008)


#176 1964 O MONSTRO DE FRANKENSTEIN (The Evil of Frankenstein, Reino Unido)


Direção: Freddie Francis
Roteiro: John Elder
Produção: Anthony Hinds
Elenco: Peter Cushing, Peter Woodtrhorpe, Duncan Lamont, Sandor Elès, Katy Wild, Kiwi Kingston

O Monstro de Frankenstien é o terceiro filme da franquia da Hammer. Mas apesar da pretensão, não adiciona nada de novo a história do monstro cadavérico trazido à vida pelo famigerado Barão Frankenstein. Na verdade, é quase como se fosse uma continuação direta do primeiro filme, A Maldição de Frankenstein, produzido em 1957. Os filmes da franquia são conhecidos por não trazerem praticamente nenhuma cronologia com relação aos seus antecessores. Se nos lembrarmos bem, A Vingança de Frankenstein, de 1959, termina com o Dr. Frankenstein fazendo uma cirurgia plástica para conseguir fugir e ludibriar a polícia e mudando-se para Londres com seu assistente, abrindo um novo consultório e atendendo pacientes, claramente para dar continuidade em suas malignas experiências. Então é como se os acontecimentos deste filme nunca tivessem existido. Aqui, o Barão, mais uma vez habilmente interpretado por Peter Cushing, com toda sua sutileza e requinte, continua seus horríveis experimentos raptando cadáveres e testando os limites da vida e da morte, acompanhado de Hans, seu assistente da vez. Expulsos do vilarejo onde residiam pelo pároco local, e sem um puto no bolso, Frankenstein resolve voltar para Carlstadt, em sua antiga residência para pegar obras de arte, tapeçaria e joias que deixou por lá, a fim de vendê-los para levantar dinheiro para continuar as experiências. Ao chegar lá, ele descobre que o Burgomestre havia roubado todos os seus pertences, e exaltado após tentar reivindicar o que era seu, o Barão Frankenstein é colocado para correr, perseguido por policiais, tendo que se refugiar em uma caverna, onde encontra uma mendiga ruiva e muda, interpretada por Katy Wild, que resolve ajudá-los. Eis que no interior desta caverna ele reencontra sua primeira criação, congelada em uma geleira, bem aos moldes das coincidências que rondava a família Frankenstein nos filmes da Universal na década de 40. Antes disso, temos uma espécie de reboot na história em um flashback do Dr. Frankenstein, contando novamente o processo de criação de seu primeiro monstro, ignorando também A Maldição de Frankenstein, e o monstro sendo abatido na floresta, já interpretado por Kiwi Kingston, um lutador neozelandês que faz o papel neste longa, deixa de lado também a célebre interpretação de Christopher Lee no primeiro filme da série. Kiwi na verdade está mais próxima da criatura que Jack Pierce criou para Boris Karloff em Frankenstein de 1931. Com a cabeça quadrada, movimentos mais duros e desengonçados, mas claro, com o upgrade do avanço das técnicas de maquiagem, do sempre competente maquiador do estúdio britânico Roy Ashton, deixando-o com uma aparência mais pútrida. Apesar dos esforços do cientista louco, o monstro retorna à vida mas não consegue sair do seu estado de transe. É aí que entra em cena o inescrupuloso Prof. Zoltan, um hipnotista que se apresentava na feira em Carlstadt e foi escorraçado pelo Burgomestre por não possuir licença para tal, que se alia à Frankenstein contra o antigo inimigo e utiliza de uma sugestão hipnótica para dar um “choque” no cérebro da criatura e o trazer a vida novamente. Porém, o ganancioso Zoltan faz com que o monstrengo só aceite seus comandos, e chantageia Frankenstein, primeiramente para dividir os louros do sucesso com ele, e depois para que a criatura execute suas ordens, que envolve roubar e matar pessoas, deixando um rastro de terror na cidade. O clímax do filme e o embate final entre criador e criatura acontece nas dependências do antigo castelo de Frankenstein, e termina de forma muito parecida também com a fita de James Whale da Universal, com um terrível incêndio que, aparentemente, dá cabo do cientista e de seu monstro irracional e putrefato. Uma curiosidade é que o longa deveria ter sido dirigido pelo experiente Terence Fisher, que sofrera um acidente de carro pouco antes das filmagens e o até então operador de câmera Freddie Francis ficou com a cadeira de diretor, sendo que mais tarde, ficaria famoso por dirigir as antologias da Amicus, estúdio rival da Hammer. O roteiro por sua vez é do produtor Anthony Hinds, usando seu corriqueiro pseudônimo de John Elder. Resumindo: O Monstro de Frankenstein é o filme da Hammer que mais se aproxima do clássico original de 1931, mas traz elementos novos e curiosos, além de personagens pitorescos que funcionam para dar uma sobrevida à franquia e tentar continuar explorando a maldição do Barão Frankenstein e sua criação, que há mais de três décadas, aterrorizavam as salas de cinema.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/05/30/176-o-monstro-de-frankenstein-1964/

terça-feira, 23 de junho de 2015

#175 1964 À MEIA-NOITE LEVAREI TUA ALMA (Brasil)


Direção: José Mojica Marins
Roteiro: José Mojica Marins
Produção: Arildo Iruam, Geraldo Martins, Ilídio Martins
Elenco: José Mojica Marins, Magda Mei, Nivaldo de Lima, Valeria Vasquez

Por uma coincidência do destino, eis que o post de uma véspera de feriado religioso (Corpus Christi) é do maior nome do cinema de terror no Brasil: José Mojica Marins. O pioneiro e desbravador diretor do gênero fantástico no país, nos apresentou pela primeira vez em À Meia-Noite Levarei Sua Alma, seu mais famoso personagem: Zé do Caixão. O cruel e sádico coveiro nasceu de um pesadelo que Mojica teve certa noite, quando sonhou que uma figura de capa preta e cartola o perseguia, até ser arrastado em direção ao seu próprio túmulo, onde estava gravado seu nome e a data de sua morte. Mojica acordou apavorado e com a ideia do personagem que se tornaria sua marca registrada. O cineasta já tinha 27 anos e vários filmes em seu currículo, todos devidamente ignorados por público, crítica e distribuidores, quando em 1963, resolveu juntar os alunos de sua escola de atuação, pegou emprestado móveis, objetos cenográficos, construiu túmulos de papelão, roubou arbustos do Largo do Arouche em São Paulo para fazer uma floresta cenográfica e em um estúdio de 20 metros quadrados, rodou a maioria das cenas do maior clássico do cinema de horror nacional. Primeiro capítulo da trilogia que incluiria Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1967)A Encarnação do Demônio (2008), narra a busca insana do coveiro Zé do Caixão em gerar um filho e perpetuar o seu sangue. Sua esposa é estéril e ele acredita que a namorada de seu melhor amigo seja a mulher ideal para lhe gerar a prole, e não mede esforços para atender suas necessidades, matando a própria esposa, o amigo e estuprando a jovem, que acaba por se suicidar. Mas antes, de se matar, ela roga uma praga que à meia-noite, mesmo horário que o noivo foi enterrado, ela voltará para puxar o pé do coveiro. Algumas passagens do filme são simplesmente sensacionais, já que Zé adora aloprar com crendices populares esdrúxulas tipicamente brasileiras. Por exemplo, logo no começo do filme, ele quer a todo custo comer carne na Sexta-Feira Santa e troca o seguinte diálogo com a esposa:
– Hoje eu como carne de qualquer jeito, nem que seja humana.
– Cuidado Zé, o diabo tenta.
– Se eu o encontrar, vou chamá-lo para jantar em casa
Sensacional, não é? E logo mostra na cena seguinte Zé se lambuzando com uma coxa de cordeiro enquanto a procissão passa ao seu lado. O Dia de Finados também não passa batido da zombaria do coveiro, desdenhando do dito popular de que quem sair à noite no dia 2 de novembro pode correr o risco de ver a procissão dos mortos. Fora isso, ele comete todo tipo de blasfêmia possível, como pegar o dinheiro e a cachaça deixada em uma macumba na encruzilhada, profanar o sono dos mortos no cemitério e negar-se a acreditar na religião, que segundo ele, é uma força criada pela ignorância. Agora imagine esse filme sendo lançado em novembro de 1964, no começo do governo militar, em um país carola e quadrado como o Brasil? Claro que foi exibido em pouquíssimas salas e gerou um enorme bate-boca com os católicos que queriam de qualquer jeito boicotar o lançamento do filme. Na verdade, o próprio brasileiro sempre renegou o cinema transgressor de Mojica, que só foi ser reconhecido fora do país, quando fez um baita sucesso nos EUA, ao ter suas fitas lançadas por lá nos anos 90, sob o codinome de Coffin’ Joe. Hoje sua importância para o cinema nacional é inegável. Fora que ele foi o apresentador do Cine Trash, que estreou no ano de 1996 na Band e foi a mais importante iniciativa para o cinema de terror já feita por uma emissora de TV no Brasil. Claro que há dezenas de defeitos técnicos no filme, afinal estamos falando de Brasil e estamos falando de um orçamento ridículo. Mas isso não deve se tornar um empecilho para ver essa obra, e sim louvá-la, afinal, a interpretação de Mojica é intensa, com seu figurino claramente inspirado em Bela Lugosi, a maquiagem, por mais tosca, até que dá para encarar. À Meia-Noite Levarei Sua Alma ganhou o prêmio L’Ecran Fantastique por sua originalidade, prêmio Tiers Monde da imprensa na Convention du Cinema Fantastique e Prêmio Especial no Festival de Cine Fantástico y de Terror de Sitges. Não poderia ficar de fora dessa lista!
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/05/29/175-a-meia-noite-levarei-sua-alma-1964/

#174 1964 MANÍACOS (Two Thousand Maniacs!, EUA)


Direção: Herschell Gordon Lewis
Roteiro: Herschell Gordon Lewis
Produção: David F. Friedman
Elenco: Connie Mason, William Kerwin, Jeffrey Allen, Ben Moore, Gary Bakeman

O diretor Herschell Gordon Lewis é um daqueles sujeitos xaropes e transgressores, e graças a ele, o cinema de terror deu um passo a mais na transformação para um gênero sangrento, impiedoso e violento, que viria a moldar o que seria o gore e qual seu impacto em futuras produções. Maníacos é um filme retardado, divisor de águas do gênero, ainda mais por ter sido feito na década de 60. Só para contextualizar, sabemos que foi a partir dos anos 70 e da Guerra do Vietnã que os filmes de terror adquiriram um tom sádico, pessimista e explícito, graças a produções como Aniversário Macabro e O Massacre da Serra Elétrica, além do ciclo splatter italiano e mesmo o giallo. Na década de 60, o que víamos eram os filmes da Hammer e as produções de Roger Corman baseado nos contos de Edgar Allan Poe. Se alguém quisesse fazer algo mais, digamos, violento ou contestador naquela época, tomava um pau da crítica e público, como Psicose de Alfred Hitchcock, A Tortura do Medo de Michael Powell ou Os Olhos sem Rosto de Georges Franju. Eis que surge Herschell Gordon Lewis em 1963 e lança o seminal gore Banquete de Sangue, uma podreira sem tamanho, com uma história ridícula e atores de quinta categoria, mas que era de um choque tremendo por suas cenas de mutilação, sangue à rodo, vísceras expostas e ideias de servir pedaços humanos em um bufê para uma deusa egípcia. Dando ênfase à violência gráfica ao invés do conteúdo e da técnica, H.G. Lewis assim criou o gore. No ano seguinte, ele faria sua, hã… obra-prima e mais famoso filme, Maníacos. O absurdo já começa com o teor da história. Seis viajantes são propositalmente obrigados a desviar o caminho de uma estrada e vão parar em uma cidadezinha sulista chamada Pleasant Valley, população duas mil pessoas (maníacas, segundo o título original), que é composta por rednecks tresloucados que querem comemorar o centenário da cidade. Mas não é o centenário de fundação não. É o centenário da destruição, quando os yankees invadiram o local durante a Guerra Civil Americana e mataram todo mundo por lá. Claro que os seis desafortunados não sabem nada disso, e acreditam serem mesmo os convidados de honra do prefeito Buckman e parte de uma celebração. Exceto o professor Tom White e a jovem Terry Adams (ambos já haviam “atuado” em Banquete de Sangue). O que se segue é uma cidade inteira de confederados sedenta de vingança contra os viajantes do norte, colocando-os em jogos sangrentos dos mais bizarros, como rolar dentro de um barril cheio de pregos, ficar a mercê de uma pedra gigante que pode cair sobre sua cabeça quando o alvo é acertado por uma bola de tênis ou ter os membros amarrados em quatro cavalos diferentes para ser estraçalhado. Isso sem contar a primeira moça que é esquartejada e servida em um churrasco. E para piorar, ou melhorar, Lewis imprime uma ideia sobrenatural de cidade fantasma no final do filme. O engraçado, ou trágico, ou sei lá, é que Maníacos é muito mais contido em violência do que seu predecessor, Banquete de Sangue. As cenas são fortes, mas não são tão explícitas quanto o filme anterior de Lewis (ou outros posteriores, vide o apelável The Wizard of Gore). Talvez para abrandar a censura. E nota-se, por incrível que pareça, um certo avanço técnico também, se é que podemos chamar de avanço técnico, principalmente no uso maior de figurantes e de recursos narrativos. O filme é ruim de doer, mas é aquele tipo de diversão sem precedentes, onde o baixo orçamento, as atuações toscas, a edição precária, trilha sonora bisonha, roteiro esdrúxulo sem razão de ser e as técnicas de filmagem são tão infelizes, que o filme torna-se essencial e garante boas risadas, com direito a muito sangue, violência, banalização da vida humana e dos valores da sociedade, e claro, humor. Tanto que suas exibições nos drive-in fizeram bastante sucesso e elevaram-no ao status de cult, ganhando até uma refilmagem em 2005, chamada de 2001 Maníacos, com Robert Englund, o eterno Freddy Krueger, fazendo o papel do prefeito Buckman.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/05/28/174-maniacos-1964/