Direção: Francis Ford Copolla
Roteiro: Francis Ford Copolla
Produção: Roger
Corman, Marianne Wood (Produtora Associada)
Elenco: William Campbell, Luana Anders, Bart
Patton, Mary Mitchel, Patrick Magee
Demência 13 já
vale simplesmente pelo fato histórico de ser o primeiro filme dirigido por
Francis Ford Copolla. O diretor responsável pela trilogia O Poderoso
Chefão, Apocalipse Now e Drácula de Bram Stoker, começou sua
carreira dirigindo um filme B, preto e branco, plágio de Psicose,
sob a batuta de Roger Corman, quem diria. E ao bem dizer, Demência 13 é
quase um filme slasher. Tem lá seu assassino impiedoso com um machado que
persegue suas vítimas em um castelo irlandês que vive rodeado por um bosque
sinistro e um lago, local onde se afogou Kathleen, a caçula dos Haloran,
família esta que entrou em frangalhos após sua morte acidental, com a mãe
vivendo em um estado de luto permanente e desequilíbrio emocional, fazendo com
que reúna a família nos últimos sete anos no dia do aniversário da morte da
filha, para que seja realizada a mesma celebração fúnebre em memória de
Kathlenn, ano após ano. Francis Copolla, como assina o longa metragem ainda sem
o Ford, tenta imprimir um clima de mistério misturado com assassinatos
impiedosos, nesta tentativa da American International Pictures em pegar carona
no sucesso de Psicose, no intuito de copiar o estilo Hitchcock de fazer
suspense. Falha miseravelmente neste quesito. Talvez pela ainda falta de
experiência do novato diretor, ou pelo roteiro confuso, abrupto e óbvio
(sabemos quem é o assassino antes da metade do filme, apesar do desenvolvimento
da história tentar debilmente nos enganar). Mas se deixar um pouco de lado o
exercício de cinema aqui, ainda mais sabendo o que Copolla se tornaria no
decorrer de sua carreira, podemos colocar Demência 13 em uma caixinha
fechada do gênero terror, por isso tomo a liberdade de classificá-lo como além
de um thriller, uma gênese dosslasher movies, até por ele contar com uma certa
violência gráfica acentuada, seguindo todos os padrões dos filmes B de época,
ainda mais tendo Corman envolvido no projeto. Veremos machadadas, cabeças sendo
decepadas, sangue falso, insanidade e claro, demência. Mas os dois principais
problemas de Demência 13 são a sua metragem curtíssima, que faz as
coisas se acelerarem no final para uma conclusão frustrante, aliado a um sério
problema de montagem comtakes desnecessários e por vezes desconexos,
auxiliado pela lúgubre fotografia preto e branca e trilha sonora nefasta, e o
arrastar do primeiro ato, onde uma história de ganância inescrupulosa passa
abruptamente para um enredo de um psicopata que ronda o castelo Haloran,
provável vítima de toda a carga psicológica que atinge aquela família
disfuncional. Somos apresentados aos Haloran através da megera Louise, vivida
por Luana Anders, casada com John, pau mandando com problemas cardíacos, que
ficaria de fora de grande parte da herança da família, algo que Louise
simplesmente não consegue engolir. Em um passeio de barco, logo nos primeiros
minutos do filme, John teve um infarto e morre de forma súbita. Louise então
maquina um plano maligno, jogando o corpo do marido no rio, se livrando de suas
roupas e pertences, inventando uma falsa viagem urgente de negócios a Nova
York, na tentativa de se infiltrar na família durante a fúnebre cerimônia da
morte de Kathleen e tentar manipular a convalescente sogra a lhe dar uma boa
participação em seu testamento. Lá, somos apresentados a Sra. Haloran (Ethne
Dunn), e aos seus outros dois filhos, o irritado artista plástico Richard
(William Campbell), noivo de Kane e o sensível e culpado Billy, que brincava
com a pequena Kathleen no dia em que ela se afogou. Também vamos conhecer o
médico da família, Dr. Caleb, que tem um jeito pouco ortodoxo e desconfia de
tudo e todos, fazendo as vezes do detetive da história. Tentando manipular a
frágil Sra. Haloran alegando ver o espírito da pequena Kathleen vagando nos
corredores, tentando se comunicar com a mãe (o que dá um caráter sobrenatural
não consumado no enredo), Louise acaba sendo a primeira vítima do misterioso
assassino, enquanto levava alguns brinquedos roubados do quarto da garota para
o lago, para que eles emergissem e ajudassem a confundir ainda mais a velha
senhora. Ela sofre violentos golpes de machado, e depois no terceiro ato vamos
encontrar seu corpo, supostamente desaparecido, pendurado, todo ensanguentado,
exatamente como veremos nos filmes slasher no futuro, quando os
corpos da vítimas começam a ser encontrados próximos ao seu final. Ainda haverá
mais uma vítima, enquanto a saúde mental da Sra. Haloran vai piorando, os
ataques de raiva de Richard tornam-se cada vez mais comuns e Billy vai
desabando emocionalmente, principalmente em uma cena muito bem construída e
filmada por Coppola, onde ele revela um terrível sonho recorrente que tem desde
a morte da irmã mais nova. O final do filme, apressado e óbvio, revela a
identidade do assassino, que como disse lá em cima, já era bastante factível. Copolla
escorrega em fazer a sua versão de Psicose, mesmo tentando manter um mesmo
tipo de estrutura narrativa que Hitchcock imprimiu em sua obra prima. O MacGuffin aqui
em Demência 13 é o testamento, que faz o mesmo papel da mala de
dinheiro roubada por Marion Crane. O filme até sua metade dá a impressão que
vai seguir essa trama de suspense, com a inescrupulosa nora ludibriando a sogra
e tentando jogar a família entre si para conseguir ficar com a grana, mas
Copolla, tal qual Hitchcock, subverte a ordem natural da história e mata a
personagem principal, jogando luz sobre um outro argumento, envolvendo um
assassino psicopata, aí sim escancarando o porquê do substantivo demência no
título. E claro, revelado o vilão, nitidamente podemos encontrar diversas
semelhanças psicológicas com o atormentado Norman Bates. Eu nunca fui muito a
favor de remakes, mas eu acredito que Demência 13 é um filme que
mereceria uma nova versão. Refilmada em cores, com maior orçamento, qualidade
técnica e metragem. Seria lindo se o próprio Copolla fizesse isso, da forma
como agora já domina a sétima arte, mas é algo impossível claro. Porque todas
as ideias estão ali, o clima sinistro, a tensão, o suspense, o assassino
enfurecido empunhando seu machado e a trilha sonora macabra de Ronald Stein. Só
que infelizmente não funciona tão bem como deveria. O grande erro foi tentar se
Hitchcock, algo extremamente pretensioso para um diretor estreante e para o
lendário Roger Corman.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/05/13/161-demencia-13-1963/
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