Direção: Herschell
Gordon Lewis
Roteiro: Herschell
Gordon Lewis
Produção: David
F. Friedman
Elenco: Connie
Mason, William Kerwin, Jeffrey Allen, Ben Moore, Gary Bakeman
O diretor Herschell Gordon Lewis
é um daqueles sujeitos xaropes e transgressores, e graças a ele, o cinema de
terror deu um passo a mais na transformação para um gênero sangrento, impiedoso
e violento, que viria a moldar o que seria o gore e qual seu impacto
em futuras produções. Maníacos é um filme retardado, divisor de águas do
gênero, ainda mais por ter sido feito na década de 60. Só para contextualizar,
sabemos que foi a partir dos anos 70 e da Guerra do Vietnã que os filmes de
terror adquiriram um tom sádico, pessimista e explícito, graças a produções
como Aniversário Macabro e O Massacre da Serra Elétrica, além do ciclo splatter italiano
e mesmo o giallo. Na década de 60, o que víamos eram os filmes da Hammer e
as produções de Roger Corman baseado nos contos de Edgar Allan Poe. Se alguém
quisesse fazer algo mais, digamos, violento ou contestador naquela época,
tomava um pau da crítica e público, como Psicose de
Alfred Hitchcock, A Tortura do Medo de Michael Powell ou Os Olhos sem Rosto de Georges Franju. Eis que surge
Herschell Gordon Lewis em 1963 e lança o seminal gore Banquete de Sangue, uma podreira sem tamanho, com uma história
ridícula e atores de quinta categoria, mas que era de um choque tremendo por
suas cenas de mutilação, sangue à rodo, vísceras expostas e ideias de servir
pedaços humanos em um bufê para uma deusa egípcia. Dando ênfase à violência
gráfica ao invés do conteúdo e da técnica, H.G. Lewis assim criou o gore.
No ano seguinte, ele faria sua, hã… obra-prima e mais famoso
filme, Maníacos. O absurdo já começa com o teor da história. Seis
viajantes são propositalmente obrigados a desviar o caminho de uma estrada e
vão parar em uma cidadezinha sulista chamada Pleasant Valley, população duas
mil pessoas (maníacas, segundo o título original), que é composta
por rednecks tresloucados que querem comemorar o centenário da
cidade. Mas não é o centenário de fundação não. É o centenário da destruição,
quando os yankees invadiram o local durante a Guerra Civil Americana
e mataram todo mundo por lá. Claro que os seis desafortunados não sabem nada
disso, e acreditam serem mesmo os convidados de honra do prefeito Buckman e
parte de uma celebração. Exceto o professor Tom White e a jovem Terry Adams
(ambos já haviam “atuado” em Banquete de Sangue). O que se segue é uma
cidade inteira de confederados sedenta de vingança contra os viajantes do
norte, colocando-os em jogos sangrentos dos mais bizarros, como rolar dentro de
um barril cheio de pregos, ficar a mercê de uma pedra gigante que pode cair
sobre sua cabeça quando o alvo é acertado por uma bola de tênis ou ter os
membros amarrados em quatro cavalos diferentes para ser estraçalhado. Isso sem
contar a primeira moça que é esquartejada e servida em um churrasco. E para
piorar, ou melhorar, Lewis imprime uma ideia sobrenatural de cidade fantasma no
final do filme. O engraçado, ou trágico, ou sei lá, é que Maníacos é
muito mais contido em violência do que seu predecessor, Banquete de
Sangue. As cenas são fortes, mas não são tão explícitas quanto o filme anterior
de Lewis (ou outros posteriores, vide o apelável The Wizard of Gore).
Talvez para abrandar a censura. E nota-se, por incrível que pareça, um certo
avanço técnico também, se é que podemos chamar de avanço técnico,
principalmente no uso maior de figurantes e de recursos narrativos. O filme é
ruim de doer, mas é aquele tipo de diversão sem precedentes, onde o baixo
orçamento, as atuações toscas, a edição precária, trilha sonora bisonha,
roteiro esdrúxulo sem razão de ser e as técnicas de filmagem são tão infelizes,
que o filme torna-se essencial e garante boas risadas, com direito a muito
sangue, violência, banalização da vida humana e dos valores da sociedade, e
claro, humor. Tanto que suas exibições nos drive-in fizeram bastante
sucesso e elevaram-no ao status de cult, ganhando até uma refilmagem em
2005, chamada de 2001 Maníacos, com Robert Englund, o eterno Freddy
Krueger, fazendo o papel do prefeito Buckman.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/05/28/174-maniacos-1964/
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