quinta-feira, 4 de junho de 2015

#159 1962 O CASTELO ASSOMBRADO (The Haunted Palace, EUA)


Direção: Roger Corman
Roteiro: Charles Beaumont (baseado no poema de Edgar Allan Poe e na obra de H.P. Lovecraft)
Produção: Roger Corman, Ronald Sinclair (Produtor Associado), Samuel Z. Arkoff e James H. Nicholson (Produtores Executivos)
Elenco: Vincent Price, Debra Paget, Lon Chaney Jr., Frank Maxwell, Leo Gordon, Elisha Cook Jr.

Roger Corman, Edgar Allan Poe, H.P. Lovecrarft e Vincent Price. Só de citar estes quatro monstros sagrados do horror na mesma frase (consequentemente estando no mesmo filme) não precisaria escrever mais nada neste post para entender-se que O Castelo Assombrado é um clássico absoluto. Isso sem contar que Lon “Lobisomem” Chaney Jr. também está no filme, que é roteirizado por outro peso pesado do universo fantástico, Charles Beaumont e produzido pela American International Pictures de Samuel Z. Arkoff e James H. Nicholson. Não tinha como dar errado. E não deu. O Castelo Assombrado é um dos melhores filmes dessa safra, do chamado ciclo Poe de Corman, mas que tem muito mais elementos do universo do Rei do Indizível, baseando-se nos temas de um dos seus mais famosos contos: O Caso de Charles Dexter Ward, que faz parte da mitologia de Cthulhu. No conto, o jovem Charles Dexter Ward, ao melhor estilo Lovecraft, começa a ficar obsessivo em descobrir histórias sobre seu descendente, Joseph Curwen, um bruxo acusado de praticar magia negra no século XIX. Na sua busca inquietante, ele volta a cidade natal do seu antepassado em busca de textos, anotações e cartas, tanto em sua residência quanto em seu túmulo, e isso vai jogando o personagem em uma espiral de loucura que culmina em um completo colapso graças ao poderoso terror ancestral que ele acaba descobrindo. Mais Lovecraft, impossível. Partindo deste pressuposto e utilizando o nome de Poe para ajudar a vender o filme, já que as adaptações anteriores da parceria Corman e Price havia sido um baita sucesso, como O Solar Maldito,A Mansão do Terror e Muralhas do Pavor. Price faz o papel tanto do bruxo Curwen, perseguido pela população assustada do vilarejo de Arkham, que é queimado vivo e jura retornar em busca de vingança, amaldiçoando os moradores do local e suas próximas gerações, quanto de seu tataraneto, Charles Dexter Ward, que herda o castelo e vai para a Nova Inglaterra com sua esposa, Ann (Debra Paget) para começar a sofrer da possessão do tataravô obcecado em se vingar e concluir seu trabalho inacabado a 110 anos: trazer à vida os chamados Antigos, criaturas pré-diluvianas  poderosíssimas da mitologia de Lovecraft, que habitaram nosso planeta há milhões de anos e aguardam silenciosamente para voltarem e tomar o controle do que lhes pertence. Isso sem contar também que o nefasto Curwen além de praticar o ocultismo, também realizava bizarras experiências genéticas mal sucedidas com as moradoras da antes pacata Arkham, inseminando-as com as lendárias e profanas criaturas, dando origem a deformidades mutantes, verdadeiras aberrações que se arrastam pelas ruas do vilarejo ou vivem trancafiadas pelos seus assustados e vergonhosos pais. Em dado momento do filme, Ward e sua esposa são atacados por essas horrendas bestas, no intuito bem sutil dos moradores em dissuadi-los a ir embora. Apenas o Dr. Willet é quem se aproxima do casal e explica para Ward o motivo dele ser tão mal recebido pelos aldeões. Nesta explicação, ele até cita o nome dessas divindades idealizadas por Lovecraft, como o próprio Cthulhu e Yog Sothoth e também que Curwen era detentor de uma das cópias do infame Necronomicon, livro dos mortos escrito por Abdul Alhazred, uma espécie de compêndio fictício de ritos mágicos e sabedoria proibida, que seria muito citado em diversas obras do autor e filmes. Com ajuda de seus antigos lacaios, Simon Orne (papel de Chaney) e Jabez Hutchinson, que permaneceram vivos durante todo esse tempo graças a magia negra, Curwen se apodera de uma vez por todas do corpo de Ward, e após trazer à vida sua amada também morta, Hester Tillinghast, usará, Ann Ward para completar seu ritual de sacrifício inacabado aos Antigos. Detalhe muito interessante e ousado para época e até para os dias de hoje, é que temos o vislumbre de uma dessas criaturas cósmicas aprisionadas em uma cela subterrânea no porão do castelo de Curwen, mesmo sabendo que há uma imensa dificuldade em traduzir para as telas as formas destes seres imaginados pela mente afetada de Lovecraft e não cair no ridículo. E Corman conseguiu mandar bem mais uma vez. E como não podia deixar de ser em um filme dessa fase de Corman, todos aqueles elementos góticos característicos estão ali presentes, como o velho castelo no topo da colina, com mobília de mau gosto e cheio de teias de aranha e passagens secretas, um cemitério com uma névoa que nunca se dissipa, os aldeões assustados, carruagens, penumbra, e por aí vai. Outro detalhe é que Francis Ford Copolla (que dispensa apresentações, certo?) começou sua carreia ao lado de Corman, e ele é responsável por auxiliar no roteiro de O Castelo Assombrado, trabalhando de forma não creditada nos diálogos adicionais. Oficialmente, O Castelo Assombrado é a primeira adaptação da obra de H.P. Lovecraft para as telas de cinema. E uma das melhores de todas, já que sempre foi extremamente complicado enxertar o universo complexo do autor em um filme de 90 minutos. Os resultados futuros seriam algumas bombas sem precedente, e outras preciosidades, como no caso das adaptações feitas pelo diretor Stuart Gordon e o produtor Brian Yuzna nos anos 80. Mas eu ainda chego lá.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/05/10/159-o-castelo-assombrado-1963/

Nenhum comentário:

Postar um comentário