Direção: Roger Corman
Roteiro: Charles Beaumont
(baseado no poema de Edgar Allan Poe e na obra de H.P. Lovecraft)
Produção: Roger Corman,
Ronald Sinclair (Produtor Associado), Samuel Z. Arkoff e James H. Nicholson
(Produtores Executivos)
Elenco: Vincent
Price, Debra Paget, Lon Chaney Jr., Frank Maxwell, Leo Gordon, Elisha Cook Jr.
Roger Corman, Edgar Allan Poe,
H.P. Lovecrarft e Vincent Price. Só de citar estes quatro monstros sagrados do
horror na mesma frase (consequentemente estando no mesmo filme) não precisaria
escrever mais nada neste post para entender-se que O Castelo
Assombrado é um clássico absoluto. Isso sem contar que Lon
“Lobisomem” Chaney Jr. também está no filme, que é roteirizado por outro peso
pesado do universo fantástico, Charles Beaumont e produzido pela American
International Pictures de Samuel Z. Arkoff e James H. Nicholson. Não tinha como
dar errado. E não deu. O Castelo Assombrado é um dos melhores filmes
dessa safra, do chamado ciclo Poe de Corman, mas que tem muito mais elementos
do universo do Rei do Indizível, baseando-se nos temas de um dos seus mais
famosos contos: O Caso de Charles Dexter Ward, que faz parte da mitologia de
Cthulhu. No conto, o jovem Charles Dexter
Ward, ao melhor estilo Lovecraft, começa a ficar obsessivo em descobrir
histórias sobre seu descendente, Joseph Curwen, um bruxo acusado de praticar
magia negra no século XIX. Na sua busca inquietante, ele volta a cidade natal
do seu antepassado em busca de textos, anotações e cartas, tanto em sua
residência quanto em seu túmulo, e isso vai jogando o personagem em uma espiral
de loucura que culmina em um completo colapso graças ao poderoso terror
ancestral que ele acaba descobrindo. Mais Lovecraft, impossível. Partindo deste
pressuposto e utilizando o nome de Poe para ajudar a vender o filme, já que as
adaptações anteriores da parceria Corman e Price havia sido um baita sucesso,
como O Solar Maldito,A Mansão do Terror e Muralhas do Pavor. Price faz o papel tanto do bruxo
Curwen, perseguido pela população assustada do vilarejo de Arkham, que é
queimado vivo e jura retornar em busca de vingança, amaldiçoando os moradores
do local e suas próximas gerações, quanto de seu tataraneto, Charles Dexter
Ward, que herda o castelo e vai para a Nova Inglaterra com sua esposa, Ann
(Debra Paget) para começar a sofrer da possessão do tataravô obcecado em se
vingar e concluir seu trabalho inacabado a 110 anos: trazer à vida os chamados
Antigos, criaturas pré-diluvianas poderosíssimas da mitologia de
Lovecraft, que habitaram nosso planeta há milhões de anos e aguardam
silenciosamente para voltarem e tomar o controle do que lhes pertence. Isso sem
contar também que o nefasto Curwen além de praticar o ocultismo, também
realizava bizarras experiências genéticas mal sucedidas com as moradoras da
antes pacata Arkham, inseminando-as com as lendárias e profanas criaturas,
dando origem a deformidades mutantes, verdadeiras aberrações que se arrastam
pelas ruas do vilarejo ou vivem trancafiadas pelos seus assustados e
vergonhosos pais. Em dado momento do filme, Ward e sua esposa são atacados por
essas horrendas bestas, no intuito bem sutil dos moradores em dissuadi-los a ir
embora. Apenas o Dr. Willet é quem se aproxima do casal e explica para Ward o
motivo dele ser tão mal recebido pelos aldeões. Nesta explicação, ele até cita
o nome dessas divindades idealizadas por Lovecraft, como o próprio Cthulhu e
Yog Sothoth e também que Curwen era detentor de uma das cópias do infame
Necronomicon, livro dos mortos escrito por Abdul Alhazred, uma espécie de
compêndio fictício de ritos mágicos e sabedoria proibida, que seria muito
citado em diversas obras do autor e filmes. Com ajuda de seus antigos lacaios,
Simon Orne (papel de Chaney) e Jabez Hutchinson, que permaneceram vivos durante
todo esse tempo graças a magia negra, Curwen se apodera de uma vez por todas do
corpo de Ward, e após trazer à vida sua amada também morta, Hester Tillinghast,
usará, Ann Ward para completar seu ritual de sacrifício inacabado aos Antigos.
Detalhe muito interessante e ousado para época e até para os dias de hoje, é
que temos o vislumbre de uma dessas criaturas cósmicas aprisionadas em uma cela
subterrânea no porão do castelo de Curwen, mesmo sabendo que há uma imensa
dificuldade em traduzir para as telas as formas destes seres imaginados pela
mente afetada de Lovecraft e não cair no ridículo. E Corman conseguiu mandar
bem mais uma vez. E como não podia deixar de ser em um filme dessa fase de
Corman, todos aqueles elementos góticos característicos estão ali presentes,
como o velho castelo no topo da colina, com mobília de mau gosto e cheio de
teias de aranha e passagens secretas, um cemitério com uma névoa que nunca se
dissipa, os aldeões assustados, carruagens, penumbra, e por aí vai. Outro
detalhe é que Francis Ford Copolla (que dispensa apresentações, certo?) começou
sua carreia ao lado de Corman, e ele é responsável por auxiliar no roteiro
de O Castelo Assombrado, trabalhando de forma não creditada nos diálogos
adicionais. Oficialmente, O Castelo Assombrado é a primeira adaptação
da obra de H.P. Lovecraft para as telas de cinema. E uma das melhores de todas,
já que sempre foi extremamente complicado enxertar o universo complexo do autor
em um filme de 90 minutos. Os resultados futuros seriam algumas bombas sem
precedente, e outras preciosidades, como no caso das adaptações feitas pelo
diretor Stuart Gordon e o produtor Brian Yuzna nos anos 80. Mas eu ainda chego
lá.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2013/05/10/159-o-castelo-assombrado-1963/
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