terça-feira, 9 de junho de 2015

#168 1964 ALMAS MORTAS (Strait-Jacket, EUA)


Direção: William Castle
Roteiro: Robert Bloch
Produção: William Castle, Dona Holloway (Produtora Associada)
Elenco: Joan Crawford, Diane Baker, Leif Eickson, Howard St. John, John Anthony Hayes

Almas Mortas (péssimo título em português!) é o psycho-biddy de William Castle, trazendo uma história de suspense repleta de machadadas, com roteiro de Robert Bloch, autor de Psicose e a veterana Joan Crawford como protagonista, logo após ter a carreira resgatada da decadência em outro thriller: O Que Terá Acontecido a Baby Jane? Psycho-biddy ou hag horror é um subgênero do terror, que mistura thriller, elementos góticos, humor negro, drama psicológico e vingança, para mostrar mulheres maduras insanas ou mentalmente instáveis em situações de perigo e estresse. Também ficou conhecido pelos carinhosos apelidos da imprensa de hagsploitation ou Grand Dame Guignol. Engraçado. Esse ciclo, que começou no início dos anos 60 e foi até os anos 70, teve seu debute exatamente com o próprio O Que Terá Acontecido a Baby Jane? de Rober Aldrich com Crawford e sua nêmese na vida real, Bette Davis, no elenco. Após o sucesso estrondoso do filme, essas velhas senhoras começaram a encontrar papeis nos filmes de terror e suspense em seus finais de carreira, e 1964 particularmente foi um ano produtivo para o subgênero. Almas Mortas, além de contar com o talento de Crawford, porque quem é rainha nunca perde a majestade, tem também a segura direção de William Castle, desta vez em um filme sóbrio e sem nenhum gimmick ou aparição do diretor na tela para interagir com a plateia. E com certeza o mais violento de sua filmografia, mesmo sem contar com uma violência explícita e gráfica, mas vemos muita sugestão e algumas cabeças de manequim rolando por aí. Pena o roteiro ser tão previsível. A trama começa com Lucy Harbin (Crawford) voltando de viagem antes do previsto e pegando o marido adúltero com a boca na botija, traindo-a com uma antiga namorada em sua própria cama. Em um surto de desequilíbrio, Harbin pega um machado e esquarteja os dois, tudo isso assistido pela filha pequena do casal, testemunha estarrecida do horrendo crime. Isso faz com que Harbin seja internada em um manicômio e passe os próximos 20 anos em uma cela de paredes acolchoadas e usando camisa de força (título original do filme). Ao ser liberada pelos médicos, ela volta para a fazenda de seu irmão, Bill (Leif Erickson) que vive com sua esposa Emily e a filha de Lucy, Carol (Diane Baker), que agora é uma moça, escultora, quer se casar com Michael Fields (John Anthony Hayes), filho de uma família rica, mas tem diversos receios quanto a sanidade da mãe, que logo vão se dissipando enquanto as duas vão aos poucos se tornando melhores amigas, chegando ao ponto de leva-la para comprar vestidos novos e até uma peruca. Mas claro que a situação mental de Lucy é instável, e alguns acontecimentos começam a tirá-lo do eixo novamente, como ouvir vozes de crianças cantando uma música sobre suas machadadas no marido, o sinistro funcionário da fazendo que faz com que ela segure novamente no cabo de um machado, ou mesmo a desconfiança dos familiares, da própria filha, do genro e de sua família e de seu médico. Enquanto isso, novos assassinatos são cometidos, sempre ao melhor estilo Jack Nicholson em O Iluminado, nunca revelando a identidade do psicopata, mas com todas as luzes jogadas sobre Lucy. O primeiro a perder a cabeça é o Dr. Anderson, médico que vai visitá-la. Depois Leo Krause, é decepado em um cepo de madeira no galinheiro da fazenda. Carol desconfia da mãe mas resolve encobrir seus crimes, para que ele não seja levada de volta ao hospício. Enquanto isso, Carol faz de tudo para que seu futuro noivo Michael e sua família esnobe aceitem a mãe, sem saber de sua verdadeira condição. É exatamente em um jantar feito para reunir as duas famílias na casa dos Fields que o caldo entorna de vez, afinal eles são contra o casamento de Michael com a filha de Lucy, e isso deixa-a completamente transtornada, fugindo desesperada do local após uma discussão e desaparecendo. Enquanto sua família a procura, Raymond Fields, pai de Michael, também é atacado em seu quarto, sendo mais uma vítima da louca do machado. Quando Alison vai em busca do marido, cai as cortinas e toda a trama é revelada, em uma reviravolta no roteiro óbvia e extremamente clichê. Se Robert Bloch achou que faria um novo Psicose com essa resolução, ele caiu do cavalo. 
ALERTA DE SPOLIER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco. 
A verdadeira assassina é Carol, e não Lucy, que usava uma máscara, a mesma peruca e vestido da mãe, e que começou a planejar os assassinatos assim que soube da alta médica da mãe, porque sabia que com ela por perto, os sogros não aprovariam seu casamento com Michael, e assim queria que ela voltasse para o manicômio o mais rápido possível, já que ela havia estragado sua vida cometendo aquele crime horrível com a pequena assistindo tudo de camarote. Apesar do final fraquinho e previsível, que talvez para a época tenha sido chocante e inovador, Almas Mortas pode bater no peito e se orgulhar de ter Joan Crawford, uma das atrizes mais formidáveis da história do cinema, dando um show de interpretação, assim como a direção precisa de Castle, abusando de toda sua experiência como diretor e produtor do gênero para criar um clima de suspense e tensão na medida certa.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/05/21/168-almas-mortas-1964/

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