Direção: William
Castle
Roteiro: Robert
Bloch
Produção: William
Castle, Dona Holloway (Produtora Associada)
Elenco: Joan Crawford, Diane Baker, Leif Eickson,
Howard St. John, John Anthony Hayes
Almas Mortas (péssimo
título em português!) é o psycho-biddy de William Castle, trazendo
uma história de suspense repleta de machadadas, com roteiro de Robert Bloch,
autor de Psicose e a veterana Joan Crawford como protagonista,
logo após ter a carreira resgatada da decadência em outro thriller: O Que Terá Acontecido a Baby Jane? Psycho-biddy ou hag
horror é um subgênero do terror, que mistura thriller, elementos góticos,
humor negro, drama psicológico e vingança, para mostrar mulheres maduras
insanas ou mentalmente instáveis em situações de perigo e estresse. Também
ficou conhecido pelos carinhosos apelidos da imprensa
de hagsploitation ou Grand Dame Guignol. Engraçado. Esse ciclo,
que começou no início dos anos 60 e foi até os anos 70, teve seu debute
exatamente com o próprio O Que Terá Acontecido a Baby Jane? de Rober
Aldrich com Crawford e sua nêmese na vida real, Bette Davis, no elenco. Após o
sucesso estrondoso do filme, essas velhas senhoras começaram a encontrar papeis
nos filmes de terror e suspense em seus finais de carreira, e 1964
particularmente foi um ano produtivo para o subgênero. Almas Mortas, além
de contar com o talento de Crawford, porque quem é rainha nunca perde a majestade,
tem também a segura direção de William Castle, desta vez em um filme sóbrio e
sem nenhum gimmick ou aparição do diretor na tela para interagir com
a plateia. E com certeza o mais violento de sua filmografia, mesmo sem contar
com uma violência explícita e gráfica, mas vemos muita sugestão e algumas
cabeças de manequim rolando por aí. Pena o roteiro ser tão previsível. A trama
começa com Lucy Harbin (Crawford) voltando de viagem antes do previsto e
pegando o marido adúltero com a boca na botija, traindo-a com uma antiga
namorada em sua própria cama. Em um surto de desequilíbrio, Harbin pega um
machado e esquarteja os dois, tudo isso assistido pela filha pequena do casal,
testemunha estarrecida do horrendo crime. Isso faz com que Harbin seja
internada em um manicômio e passe os próximos 20 anos em uma cela de paredes
acolchoadas e usando camisa de força (título original do filme). Ao ser
liberada pelos médicos, ela volta para a fazenda de seu irmão, Bill (Leif
Erickson) que vive com sua esposa Emily e a filha de Lucy, Carol (Diane Baker),
que agora é uma moça, escultora, quer se casar com Michael Fields (John Anthony
Hayes), filho de uma família rica, mas tem diversos receios quanto a sanidade
da mãe, que logo vão se dissipando enquanto as duas vão aos poucos se tornando
melhores amigas, chegando ao ponto de leva-la para comprar vestidos novos e até
uma peruca. Mas claro que a situação mental de Lucy é instável, e alguns
acontecimentos começam a tirá-lo do eixo novamente, como ouvir vozes de
crianças cantando uma música sobre suas machadadas no marido, o sinistro
funcionário da fazendo que faz com que ela segure novamente no cabo de um
machado, ou mesmo a desconfiança dos familiares, da própria filha, do genro e
de sua família e de seu médico. Enquanto isso, novos assassinatos são
cometidos, sempre ao melhor estilo Jack Nicholson em O Iluminado, nunca
revelando a identidade do psicopata, mas com todas as luzes jogadas sobre Lucy.
O primeiro a perder a cabeça é o Dr. Anderson, médico que vai visitá-la. Depois
Leo Krause, é decepado em um cepo de madeira no galinheiro da fazenda. Carol
desconfia da mãe mas resolve encobrir seus crimes, para que ele não seja levada
de volta ao hospício. Enquanto isso, Carol faz de tudo para que seu futuro
noivo Michael e sua família esnobe aceitem a mãe, sem saber de sua verdadeira
condição. É exatamente em um jantar feito para reunir as duas famílias na casa
dos Fields que o caldo entorna de vez, afinal eles são contra o casamento de
Michael com a filha de Lucy, e isso deixa-a completamente transtornada, fugindo
desesperada do local após uma discussão e desaparecendo. Enquanto sua família a
procura, Raymond Fields, pai de Michael, também é atacado em seu quarto, sendo
mais uma vítima da louca do machado. Quando Alison vai em busca do marido, cai
as cortinas e toda a trama é revelada, em uma reviravolta no roteiro óbvia e
extremamente clichê. Se Robert Bloch achou que faria um novo Psicose com essa resolução, ele caiu
do cavalo.
ALERTA DE SPOLIER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por
sua conta e risco.
A verdadeira assassina é Carol, e não Lucy, que usava uma
máscara, a mesma peruca e vestido da mãe, e que começou a planejar os assassinatos
assim que soube da alta médica da mãe, porque sabia que com ela por perto, os
sogros não aprovariam seu casamento com Michael, e assim queria que ela
voltasse para o manicômio o mais rápido possível, já que ela havia estragado
sua vida cometendo aquele crime horrível com a pequena assistindo tudo de
camarote. Apesar do final fraquinho e previsível, que talvez para a época tenha
sido chocante e inovador, Almas Mortas pode bater no peito e se
orgulhar de ter Joan Crawford, uma das atrizes mais formidáveis da história do
cinema, dando um show de interpretação, assim como a direção precisa de Castle,
abusando de toda sua experiência como diretor e produtor do gênero para criar
um clima de suspense e tensão na medida certa.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/05/21/168-almas-mortas-1964/
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