sábado, 6 de junho de 2015

#165 1963 A MANSÃO DO HOMEM SEM ALMA (La vergine di Norimberga/The Virgin of Nuremberg / Horror Castle, Itália)


Direção: Antonio Margheriti
Roteiro: Ernesto Gastaldi, Edmond T. Gréville, Antonio Margheriti (baseado na obra de Frank Bogart)
Produção: Marco Vicario
Elenco: Rossana Podestà, Georges Riviére, Christopher Lee, Jim Dolen, Anny Degli Uberti

Um filme de Antonio MAR-GHE-RI-TI!!! MAR-GHE-RI-TI!!! Sim, mais um dos importantíssimos diretores italianos, que serviu como fonte de inspiração para o cineasta Quentin Tarantino, que gentilmente homenageou-o dando seu nome para o falso personagem de Eli Roth (outro diretor de filmes de terror, por sinal) em Bastardos Inglórios, em uma das cenas mais antológicas do filme, em que ele o pronuncia cantarolando ao melhor sotaque italiano caricato. Pois bem, A Mansão do Homem sem Alma é mais um excelente exemplar do cinema de terror italiano, extremamente frutífero durante as décadas de 60, 70 e 80, com seus mais diversos gêneros como giallo, splatter, e o ciclo canibal, responsáveis por uma excelente safra de diretores que tinham em comum o sangue, sexo e violência explícita, como Mario Bava, Sergio Martino, Dario Argento, Lucio Fulci, Michele Soavi, e o nosso querido Antonio Margheriti, que assinava seus filmes com o pseudônimo americanizado de Anthony Dawson, algo muito comum entre os diretores italianos. Fato é que A Mansão do Homem sem Alma é uma espécie de percursor do gênero pois aqui veríamos diversos elementos cinematográficos e estéticos que seriam utilizados nos filmes da terra da bota e que o tornariam característicos: a dose exagerada de violência estilizada e sangue, assassinos impiedosos, belas mulheres indefesas, situações claustrofóbicas ou de cárcere e completo domínio da fotografia, que tirariam todo e qualquer foco do orçamento baixo, primando pela excelência do jogo de cores, geralmente quentes, com um pé no barroco e com vermelho vivo acentuado, acompanhada sempre por uma bela direção de arte e a trilha sonora contundente, aqui, assinada por Riz Ortolani, o mesmo que criou a famosíssima trilha sonora de Cannibal Holocaust. A trama, inspirada no livro de Frank Bogart, traz a história do casal Max e Mary Hunter (respectivamente Georges Rivière e Rossana Podestà), que mudam-se para o castelo do pai de Max na Alemanha, que hoje funciona como uma espécie de museu negro, devido aos diversos aparatos de tortura medieval que existem no local, utilizados por um impiedoso carrasco, ancestral de Max. A tal Virgem de Nuremberg do título original do filme, é um instrumento de tortura, que consiste em uma esquife com pregos em seu interior onde as mulheres pecadoras e infiéis eram colocadas. E para não perder tempo, logo antes dos créditos vemos Mary de camisola andando pelos corredores do castelo em uma noite de tempestade, encontrando essa câmara de tortura e uma jovem no interior da Virgem, com seus olhos perfurados pela máquina. Max tenta fazer com que Mary acredite que tudo não passou de um pesadelo, mas o clima soturno do castelo e seus funcionários estranhos, entre eles a governanta Marta e o zelador do castelo e amigo íntimo do falecido pai de Max, o deformado Erich (interpretado por um contido Christopher Lee com coadjuvante) não ajudam muito, além do policial do FBI John Selby que vive rondando o castelo, e do doutor da família, que encontra um tufo de cabelos loiros na cena do crime. Em suas incursões noturnas pelo castelo sombrio, Mary tem a certeza que não era sonho coisíssima nenhuma quando depara com o carrasco e sua sinistra roupa vermelha e capuz preto na cabeça perseguindo-a, ou quando é testemunha ocular do vilão torturando uma outra garota, usando um antigo método medieval, colocando um rato esfomeado dentro de uma jaula e abrindo-a no rosto da vítima, em uma das cenas mais gore do filme, com closes do rato devorando lábios e nariz da pobre coitada. Todos as suspeitas, obviamente vão cair sobre Max e o sinistro Erich, mas na verdade, no terceiro ato temos a revelação final da verdadeira identidade do carrasco. 
ALERTA DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco.
Na verdade, o assassino demente é o pai de Max, que lutou com os nazistas durante a segunda guerra, e depois acabou se tornando uma vítima de suas experiências bizarras devido a um ato de traição. Ele teve seu rosto escalpelado e transformado em uma grotesca “caveira humana” (muito bem feita pelo próprio Margherite como maquiador, agora usando o pseudônimo de Anthony Matthews) , perdendo completamente sua sanidade e cometendo esses horrendos assassinatos. Sua face lembra muito do personagem Caveira Vermelha, inimigo do Capitão América dos quadrinhos, que também era nazista. A Mansão do Homem sem Alma é o filme que melhor ilustra o apreço de Margherite pelo macabro e fez com que pela primeira vez o público italiano tivesse contato com a selvageria do horror explícito, algo que seria muito corriqueiro futuramente. Mas apesar dos efeitos, que são cruéis e bem trabalhados em detrimento do pouco dinheiro, o filme deve muito também pela sua atmosfera gótica, e certos nuances modernos, como o fato de a história se passar em um castelo medieval, mas com uma trilha sonora Jazz nos seus créditos iniciais, algo que o deixa contemporâneo e funciona até como inspiração para o recente surto de filmes de torture porn.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/05/17/165-a-mansao-do-homem-sem-alma-1963/

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