sábado, 27 de junho de 2015

#177 1964 MORTOS QUE MATAM (he Last Man on Earth, Itália, EUA)


Direção: Ubaldo B. Ragona
Roteiro: William F. Leicester, Logan Swanson, Furio M. Monetti, Ubaldo B. Ragona (baseado na obra de Richard Matheson)
Produção: Robert L. Lippert, Harold E. Knox (Produtor Associado), Samuel Z. Arkoff (Produtor Executivo)
Elenco: Vincent Price, Franca Bettoia, Emma Danieli, Giacomo Rossi-Stuart

Sabe aquele filme que o Will Smith é o único sobrevivente na Terra, onde o bacon não estraga depois de três anos? Pois bem, lá atrás, antes dessa superprodução mequetrefe, o livro Eu Sou a Lenda de Richard Matheson ganhou sua primeira adaptação em 1964, com o bisonho título no Brasil de Mortos que Matam. Nessa produção ítalo-americana, Vincent Price interpreta o último homem na terra (título original do filme), e tem o mundo só para ele durante o dia, porque quando a noite cai, todos os sobreviventes do globo foram transformados em terríveis mutantes / vampiros / zumbis, como você preferir, graças a uma praga de proporções bíblicas que devastou a humanidade. Com o roteiro escrito pelo próprio Matheson, usando o pseudônimo de Logan Swanson, o filme conta a história de Robert Morgan (Price) cientista imune a esse peste biológica mortal, que sobrevive ao cataclisma só para viver no limite da sanidade mental, sozinho, isolado em sua casa, dividindo suas tarefas durante as manhãs quando precisa vasculhar a cidade deserta de Washington em busca de espelhos, alho, gasolina e jogar os corpos encontrados em uma imensa vala comum em chamas, e durante a noite se defender das criaturas que vagam pela terra e querem invadir sua casa e destruí-lo. Apesar das criaturas serem consideradas vampiros, já que elas dormem durante o dia e apenas saem à noite, se alimentam de sangue, terem repulsa ao alho e a ver sua própria imagem no espelho, e só poderem ser mortas com uma estaca no coração, suas aparências e características mais parecem as de zumbis. Quatro anos antes de A Noite dos Mortos-Vivos, vemos os maltrapilhos inumanos se arrastando de forma devagar e desordenada, tentando entrar na casa do Dr. Morgan se aglomerando contra a porta e batendo nela e nas janelas sem parar, exatamente como os zumbis de Romero. A grande diferença é que aqui eles são capazes de articular palavras e usar instrumentos rudimentares como paus e pedras.Como a epidemia se espalhou e como atingiu a família do Dr. Morgan é contado através de um flashbackna metade do filme, situando o espectador dos acontecidos e da tragédia pessoal vivida pelo personagem solitário, já que como cientista não conseguiu encontrar uma cura para o vírus mortal e viu sua família padecer desse mal. Completamente cético, ao não deixar sua mulher depois de morta ser levada para a vala comum e ser incinerada, Morgan da forma mais dolorosa é obrigado a encarar a realidade, quando sua esposa volta para casa infectada e transformada em uma vampiro / zumbi. A trama dá uma guinada quando o Dr. Morgan descobre que não está sozinho, e que há um grupo de sobreviventes por aí lá fora. Mas diferente dele, eles fazem parte de uma nova raça que se utiliza de uma vacina para impedir que se transformem em mutantes autômatos, e pretendem recomeçar a colonizar o planeta, vivendo somente à noite, mas não antes de se vingar daquele que é considerado “a lenda” e tem matado vários dos seus pela manhã. Ou seja, ele é uma minoria, e em um mundo onde há uma nova ordem mundial, comandando pelos infectados. Isso faz com que o personagem de Price acabe se tornando uma aberração para eles, um pária. Mortos que Matam é até simplório, com efeitos especiais e de maquiagem bem simples, devido ao baixo orçamento. Mas funciona muito bem, pois o roteiro enxuto é interessantíssimo. Alguns momentos ele fica arrastado, sem ritmo, como por exemplo durante o extenso flashback que poderia ter sido transformado em pequenas histórias paralelas no decorrer do longa. Mas o que mais vale a pena, mais uma vez é a atuação de Price, sustentando 86 minutos de projeção quase que sozinho, praticando diversos monólogos e lutando contra a histeria de ficar mais de três anos sem o contato com nenhum outro humano. Destaque para uma cena em que ele assiste a um vídeo em super 8 e começa a dar uma risada insana, como se sua razão estivesse por um fio, para no segundo seguinte, começar a chorar de desespero e solidão. Fantástico. Além do já citado filme estrelado por Will Smith, Eu Sou a Lenda, de 2007, o livro ganhou outra adaptação na década de 70, estrelado por Charlton Helston, que ganhou o título de A Última Esperança da Terra. Também um clássico.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/06/03/177-mortos-que-matam-1964/

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