Direção: Ubaldo B. Ragona
Roteiro: William F.
Leicester, Logan Swanson, Furio M. Monetti, Ubaldo B. Ragona (baseado na obra
de Richard Matheson)
Produção: Robert L. Lippert,
Harold E. Knox (Produtor Associado), Samuel Z. Arkoff (Produtor Executivo)
Elenco: Vincent Price,
Franca Bettoia, Emma Danieli, Giacomo Rossi-Stuart
Sabe aquele filme que o Will
Smith é o único sobrevivente na Terra, onde o bacon não estraga depois de três
anos? Pois bem, lá atrás, antes dessa superprodução mequetrefe, o livro Eu Sou
a Lenda de Richard Matheson ganhou sua primeira adaptação em 1964, com o
bisonho título no Brasil de Mortos que Matam. Nessa produção ítalo-americana, Vincent
Price interpreta o último homem na terra (título original do filme), e tem o
mundo só para ele durante o dia, porque quando a noite cai, todos os
sobreviventes do globo foram transformados em terríveis mutantes / vampiros /
zumbis, como você preferir, graças a uma praga de proporções bíblicas que
devastou a humanidade. Com o roteiro escrito pelo próprio Matheson, usando o
pseudônimo de Logan Swanson, o filme conta a história de Robert Morgan (Price)
cientista imune a esse peste biológica mortal, que sobrevive ao cataclisma só
para viver no limite da sanidade mental, sozinho, isolado em sua casa,
dividindo suas tarefas durante as manhãs quando precisa vasculhar a cidade
deserta de Washington em busca de espelhos, alho, gasolina e jogar os corpos
encontrados em uma imensa vala comum em chamas, e durante a noite se defender
das criaturas que vagam pela terra e querem invadir sua casa e destruí-lo. Apesar
das criaturas serem consideradas vampiros, já que elas dormem durante o dia e
apenas saem à noite, se alimentam de sangue, terem repulsa ao alho e a ver sua
própria imagem no espelho, e só poderem ser mortas com uma estaca no coração,
suas aparências e características mais parecem as de zumbis. Quatro anos antes
de A Noite dos
Mortos-Vivos, vemos os maltrapilhos inumanos se arrastando de forma
devagar e desordenada, tentando entrar na casa do Dr. Morgan se aglomerando
contra a porta e batendo nela e nas janelas sem parar, exatamente como os
zumbis de Romero. A grande diferença é que aqui eles são capazes de articular
palavras e usar instrumentos rudimentares como paus e pedras.Como a epidemia se
espalhou e como atingiu a família do Dr. Morgan é contado através de
um flashbackna metade do filme, situando o espectador dos acontecidos e da
tragédia pessoal vivida pelo personagem solitário, já que como cientista não
conseguiu encontrar uma cura para o vírus mortal e viu sua família padecer
desse mal. Completamente cético, ao não deixar sua mulher depois de morta ser
levada para a vala comum e ser incinerada, Morgan da forma mais dolorosa é
obrigado a encarar a realidade, quando sua esposa volta para casa infectada e
transformada em uma vampiro / zumbi. A trama dá uma guinada quando o Dr. Morgan
descobre que não está sozinho, e que há um grupo de sobreviventes por aí lá
fora. Mas diferente dele, eles fazem parte de uma nova raça que se utiliza de
uma vacina para impedir que se transformem em mutantes autômatos, e pretendem
recomeçar a colonizar o planeta, vivendo somente à noite, mas não antes de se
vingar daquele que é considerado “a lenda” e tem matado vários dos seus pela
manhã. Ou seja, ele é uma minoria, e em um mundo onde há uma nova ordem
mundial, comandando pelos infectados. Isso faz com que o personagem de Price
acabe se tornando uma aberração para eles, um pária. Mortos que Matam é
até simplório, com efeitos especiais e de maquiagem bem simples, devido ao
baixo orçamento. Mas funciona muito bem, pois o roteiro enxuto é
interessantíssimo. Alguns momentos ele fica arrastado, sem ritmo, como por
exemplo durante o extenso flashback que poderia ter sido transformado em
pequenas histórias paralelas no decorrer do longa. Mas o que mais vale a pena,
mais uma vez é a atuação de Price, sustentando 86 minutos de projeção quase que
sozinho, praticando diversos monólogos e lutando contra a histeria de ficar
mais de três anos sem o contato com nenhum outro humano. Destaque para uma cena
em que ele assiste a um vídeo em super 8 e começa a dar uma risada insana, como
se sua razão estivesse por um fio, para no segundo seguinte, começar a chorar
de desespero e solidão. Fantástico. Além do já citado filme estrelado por Will
Smith, Eu Sou a Lenda, de 2007, o livro ganhou outra adaptação na década
de 70, estrelado por Charlton Helston, que ganhou o título de A Última
Esperança da Terra. Também um clássico.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/06/03/177-mortos-que-matam-1964/
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