Direção: Camillo
Mastrocinque
Roteiro: Tonino Valerii,
Ernesto Gastaldi (baseado na obra de Sheridan Le Fanu)
Produção: Mario Mariani
Elenco: Christopher Lee,
Adriana Ambesi, Ursula Davis, José Campos, Véra Valmont, Nela Conjiu
A primeira adaptação oficial do
clássico livro Carmilla, de Sheridan Le Fanu, foi Rosas de Sangue, do fancês Roger Vadim, lançada em 1960. A
produção ítalo-espanhola A Maldição de Karnstein, dirigida por Camillo Mastrocinque,
foi a segunda incursão dos temas do livro vampírico do escritor irlandês para
as telas de cinema. Completamente diferente da atmosfera onírica e pujança
estética do filme de Vadim, A Maldição de Karnstein, que aqui também ficou
conhecda como O Túmulo do Horror, utiliza mais elementos do livro de Le
Fanu do que haviam sido aproveitados até então. Mas mesmo assim, está longe de
ser uma adaptação fiel do romance, e sustenta apenas um argumento inspirado na
obra literária, focando-se mais em uma trama sobrenatural, com lesbianismo
velado e cenas alucinógenas e agressivas de pesadelos. Christopher Lee (que
hoje completa 91 anos e ainda na ativa!!!), sempre lembrado para
internacionalizar os filmes italianos e ajudar em sua aceitação no mercado
inglês e americano, encarna aqui o Conde Karnstein, que pede ajuda a um exímio
restaurador, Friedrich Klauss (José Campos) para uma questão de vida ou morte:
descobrir algum retrato ou desenho de um antepassado da família Karnestein,
Sheena, que foi acusada de vampirismo, bruxaria e assassinada, por conseguinte.
Sua suspeita é que sua filha esteja sendo acometida por uma velha maldição
familiar. Isso porque sua filha, Laura Karnstein (Adriana Ambesi), vive
atormentada por sonhos terríveis, alucinações e clarividências, atribuída a
Sheena pela decrépita governanta da mansão, Annette, que tenta utilizar-se de
magia negra e outros artifícios místicos para se comunicar com o espírito que
quer se apossar da garota. Só que não será nada fácil para Klauss descobrir a
verdade, pois além de ter de vasculhar uma vasta biblioteca, ainda terá que
descobrir qual das centenas de quadros da coleção do Conde foi retocado
exatamente no intuito de esconder a face de Sheena. Deprimida, solitária e
morrendo de medo, Laura só vai ficar animadinha quando Ljuba (Ursula Davis) é
acolhida como hóspede no castelo dos Karnstein quando a carruagem de sua mãe
quebra na estrada, e a mesma deixa a filha aos cuidados do Conde, para poder
prosseguir sua viagem. Logo quando Laura conhece a Ljuba, lá embaixo começa a
bater palma, e elas vão viver uma intensa amizade colorida, nada explícita, mas
completamente subentendida. Só tem um probleminha: Ljuba é uma vampira. Paralelo
a isso, misteriosos assassinatos nos campos vizinhos, com as vítimas tendo todo
o sangue drenado vão ocorrendo e Laura passa a piorar em seus delírios, com os
receios constantes do Conde Karnestein crescendo rapidamente e fazendo com que
a descoberta de Klauss se torne mais urgente. Tudo isso regado a uma atmosfera
gótica pesadíssima filmada em preto e branco, com alguns momentos bem dignos de
meter medo, como quando Anette procura a identidade do assassino no casarão
usando um sinistro candelabro chamado de “mão de satanás”, com velas colocadas
no dedo, ou momentos de certa beleza poética, como quando, ao melhor estilo
surreal de Roger Vadim ou Jean Rollin, as duas moçoilas passeiam pelos campos
de mãos dadas até encontrarem um vagabundo corcunda enforcado na torre do sino
da abadia. Além disso, A Maldição de Karnstein tem um porém
interessantíssimo, pois aqui pela primeira vez em um filme sobre vampiros, há
uma inversão de valores, onde a explosão de sexualidade é inerente a humana,
Laura, e não a vampira, Ljuba, como é de costume quando se trata de desmortos
tentando seduzir as pobres e reles mortais. E é louvável a tentativa de Mastrocinque
em criar uma atmosfera lúgubre com toques vampirescos e de feitiçaria. Claro,
ele não é nenhum Mario Bava (se bem que a condenação de Sheena lembra muito A Máscara de Satã), mas dá para o gasto.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/05/27/173-a-maldicao-de-karnstein-1964/
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