Direção: Alfred
Hitchcock
Roteiro: Evan
Hunter, Daphne Du Maurier (história)
Produção: Alfred
Hitchcock (não creditado)
Elenco: Rod Taylor, Tippi Hedren, Suzanne
Pleshette, Jessica Tandy, Veronica Cartwright
Os Pássaros é
provavelmente o filme mais inusitado do mestre dos suspense, Alfred Hitchcock,
o mais gráfico e o que melhor se encaixa na categoria “filme de terror”
propriamente dita. Um prólogo antes de começar o texto, é que toda vez que
assisto Os Pássaros, involuntariamente me lembro da trasheira O Ataque dos
Tomates Assassino, só por causa do texto de abertura do filme” “Em 1963,
Hitchcock fez um filme mostrando um selvagem ataque de criaturas aladas a seres
humanos… As pessoas riram. Em 1975, 7 milhões de pássaros invadiram uma cidade
americana, resistindo a todos os esforços para expulsá-los… Ninguém está rindo
agora.” Genial. Mas que fique bem claro que é só por causa disso! Voltando ao
filme. Melanie Daniels (interpretada por Tippi Hedren, mãe de Melaine Griffith,
penúltima na linhagem das protagonistas louras-fetiche de Hitchcock) é uma
socialite patricinha, filha do dono de um importante jornal de São Francisco,
que é abordada em uma loja de aves pelo bonitão advogado Mitch Brenner, que
resolve fazer uma pegadinha com ela (já conhecendo a moça dos tribunais),
confundindo-a com uma atendente da loja, interessado em comprar um casal de
periquitos para o aniversário de sua irmã. Entrando no jogo e querendo se
passar pela tal atendente, Melanie põe os pés pelas mãos e acaba nascendo uma
certa tensão sexual ali entre os dois, quando a personalidade forte e esnobe da
garota e o jeitão de macho alfa arrogante de Mitch se encontram. Parece que
você está preste a assistir a uma comédia romântica qualquer. Bom toda essa
cena inicial para mostrar que Melanie ficou caidinha por Mitch, e resolve
comprar o tal casal de periquitos e levar até sua casa, quando descobre por
meio de um vizinho, que ele passa os finais de semana na cidade costeira de
Bodega Bay. Então a gente saca que Melanie realmente está MUITO afim de dar
para o cara, porque ela pega seu carro, dirige até Bodega Bay, depois aluga um
barco que ela mesmo pilota só para conseguir chegar de surpresa na casa do
advogado e deixar os periquitos lá. Olha só o trabalho! Enfim, durante a
travessia de barco, uma gaivota a ataca do nada, o que já começa a nos mostrar
o horror que está por vir. Após inúmeros incidentes isolados e comportamentos
estranhos dos animais alados, Bodega Bay é violentamente atacada por uma
revoada de pássaros, culminando em um ataque devastador à cidade e a escola
local, investindo impiedosamente nas crianças indefesas e deixando um rastro de
morte. Os Pássaros é uma obra prima. É Hitchcock em seu estado mais
selvagem, criando momentos de suspense prolongados para chegar em um clímax
aterrorizante como só ele é capaz de fazer. O maior exemplo disso é a fodástica
cena onde Melaine vai até a escola pegar a irmã de Mitch, e é obrigada a
aguardar e turma terminar uma canção. Ela sai do prédio e senta em um banco
para fumar, com a cantiga infantil ao fundo, enquanto silenciosamente, um bando
de corvos começam a se empoleirar nos brinquedos do playground, até
Melaine percebê-los e completamente apavorada e sem muitos alardes, tentar (em
vão) tirar as crianças da escola. É fantástico. Outra cena memorável é quando a
família Brenner e Melanie estão presos dentro da casa, já no terceiro ato,
enquanto os pássaros mais uma vez perpetuam seu ataque. Antes da explosão de
bicadas, só ouvimos o revoar das aves cada vez mais perto e agudo, em uma
tensão crescente, onde você só consegue imaginar a centena de animais que estão
ali para dar o bote. E a sequência final, está entre uma das mais assustadoras
e angustiantes da história do cinema de terror. Isso sem contar a forma
pessimista com que Hitchcock acaba o filme, sem música, sem créditos. Incrível!
Os efeitos especiais (que foram indicados o Oscar® daquele ano), hoje
podem parecer toscos, mas nos anos 60 foram revolucionários, com sua mistura de
sobreposição de imagens, pintura, aves mecânicas e filmagens reais. A trilha
sonora, que não existe, é outro ponto alto do filme, já que as músicas
incidentais que nós ouvimos, são apenas barulhos eletrônicos que se confundem
com o grasnar dos pássaros e bater de asas. Hitchcock nunca deixou claro quais
foram suas intenções com esse filme e não nos dá nenhuma resposta, fazendo com
o que o espectador tire suas próprias conclusões. Claramente fica uma mensagem
da natureza se voltando contra os homens, com resultados catastróficos. E nunca
esse tema esteve tão em voga como nos dias de hoje. Há também uma forte
corrente sexista no filme, quase misógina, colocando uma culpa velada na figura
de Melaine, como uma ameaça da cidade grande à tranquilidade da pequena cidade
litorânea e principalmente por ser a pretendente de Mitch, único homem da
história e o bom partido da cidade, que é disputado por sua mãe, a irmãzinha
(que é interpretada por Verônica Cartwright, rosto conhecido dos fãs de terror
e sci-fi por ter trabalhado futuramente em Alien – O 8º Passageiro, Os Invasores de Corpos e também interpretado Cassandra
Spender no seriado Arquivo X) e a professora da escola, que na verdade é sua
ex-namorada. Se você ainda não viu, não perca mais tempo. E ah, antes que eu me
esqueça, assista ao filme da HBO chamado The Girl, que traz um pouco dos
bastidores deste filme e do turbulento relacionamento obcecado e até monstruoso
de Hitchcock com a coitada da Tippi Hedren.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/05/18/166-os-passaros-1963/
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