sábado, 6 de junho de 2015

#166 1963 OS PÁSSAROS (The Birds, EUA)


Direção: Alfred Hitchcock
Roteiro: Evan Hunter, Daphne Du Maurier (história)
Produção: Alfred Hitchcock (não creditado)
Elenco: Rod Taylor, Tippi Hedren, Suzanne Pleshette, Jessica Tandy, Veronica Cartwright

Os Pássaros é provavelmente o filme mais inusitado do mestre dos suspense, Alfred Hitchcock, o mais gráfico e o que melhor se encaixa na categoria “filme de terror” propriamente dita. Um prólogo antes de começar o texto, é que toda vez que assisto Os Pássaros, involuntariamente me lembro da trasheira O Ataque dos Tomates Assassino, só por causa do texto de abertura do filme” “Em 1963, Hitchcock fez um filme mostrando um selvagem ataque de criaturas aladas a seres humanos… As pessoas riram. Em 1975, 7 milhões de pássaros invadiram uma cidade americana, resistindo a todos os esforços para expulsá-los… Ninguém está rindo agora.” Genial. Mas que fique bem claro que é só por causa disso! Voltando ao filme. Melanie Daniels (interpretada por Tippi Hedren, mãe de Melaine Griffith, penúltima na linhagem das protagonistas louras-fetiche de Hitchcock) é uma socialite patricinha, filha do dono de um importante jornal de São Francisco, que é abordada em uma loja de aves pelo bonitão advogado Mitch Brenner, que resolve fazer uma pegadinha com ela (já conhecendo a moça dos tribunais), confundindo-a com uma atendente da loja, interessado em comprar um casal de periquitos para o aniversário de sua irmã. Entrando no jogo e querendo se passar pela tal atendente, Melanie põe os pés pelas mãos e acaba nascendo uma certa tensão sexual ali entre os dois, quando a personalidade forte e esnobe da garota e o jeitão de macho alfa arrogante de Mitch se encontram. Parece que você está preste a assistir a uma comédia romântica qualquer. Bom toda essa cena inicial para mostrar que Melanie ficou caidinha por Mitch, e resolve comprar o tal casal de periquitos e levar até sua casa, quando descobre por meio de um vizinho, que ele passa os finais de semana na cidade costeira de Bodega Bay. Então a gente saca que Melanie realmente está MUITO afim de dar para o cara, porque ela pega seu carro, dirige até Bodega Bay, depois aluga um barco que ela mesmo pilota só para conseguir chegar de surpresa na casa do advogado e deixar os periquitos lá. Olha só o trabalho! Enfim, durante a travessia de barco, uma gaivota a ataca do nada, o que já começa a nos mostrar o horror que está por vir. Após inúmeros incidentes isolados e comportamentos estranhos dos animais alados, Bodega Bay é violentamente atacada por uma revoada de pássaros, culminando em um ataque devastador à cidade e a escola local, investindo impiedosamente nas crianças indefesas e deixando um rastro de morte. Os Pássaros é uma obra prima. É Hitchcock em seu estado mais selvagem, criando momentos de suspense prolongados para chegar em um clímax aterrorizante como só ele é capaz de fazer. O maior exemplo disso é a fodástica cena onde Melaine vai até a escola pegar a irmã de Mitch, e é obrigada a aguardar e turma terminar uma canção. Ela sai do prédio e senta em um banco para fumar, com a cantiga infantil ao fundo, enquanto silenciosamente, um bando de corvos começam a se empoleirar nos brinquedos do playground, até Melaine percebê-los e completamente apavorada e sem muitos alardes, tentar (em vão) tirar as crianças da escola. É fantástico. Outra cena memorável é quando a família Brenner e Melanie estão presos dentro da casa, já no terceiro ato, enquanto os pássaros mais uma vez perpetuam seu ataque. Antes da explosão de bicadas, só ouvimos o revoar das aves cada vez mais perto e agudo, em uma tensão crescente, onde você só consegue imaginar a centena de animais que estão ali para dar o bote. E a sequência final, está entre uma das mais assustadoras e angustiantes da história do cinema de terror. Isso sem contar a forma pessimista com que Hitchcock acaba o filme, sem música, sem créditos. Incrível! Os efeitos especiais (que foram indicados o Oscar® daquele ano), hoje podem parecer toscos, mas nos anos 60 foram revolucionários, com sua mistura de sobreposição de imagens, pintura, aves mecânicas e filmagens reais. A trilha sonora, que não existe, é outro ponto alto do filme, já que as músicas incidentais que nós ouvimos, são apenas barulhos eletrônicos que se confundem com o grasnar dos pássaros e bater de asas. Hitchcock nunca deixou claro quais foram suas intenções com esse filme e não nos dá nenhuma resposta, fazendo com o que o espectador tire suas próprias conclusões. Claramente fica uma mensagem da natureza se voltando contra os homens, com resultados catastróficos. E nunca esse tema esteve tão em voga como nos dias de hoje. Há também uma forte corrente sexista no filme, quase misógina, colocando uma culpa velada na figura de Melaine, como uma ameaça da cidade grande à tranquilidade da pequena cidade litorânea e principalmente por ser a pretendente de Mitch, único homem da história e o bom partido da cidade, que é disputado por sua mãe, a irmãzinha (que é interpretada por Verônica Cartwright, rosto conhecido dos fãs de terror e sci-fi por ter trabalhado futuramente em Alien – O 8º Passageiro, Os Invasores de Corpos e também interpretado Cassandra Spender no seriado Arquivo X) e a professora da escola, que na verdade é sua ex-namorada. Se você ainda não viu, não perca mais tempo. E ah, antes que eu me esqueça, assista ao filme da HBO chamado The Girl, que traz um pouco dos bastidores deste filme e do turbulento relacionamento obcecado e até monstruoso de Hitchcock com a coitada da Tippi Hedren.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/05/18/166-os-passaros-1963/

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