domingo, 14 de junho de 2015

#172 1964 A GÓRGONA (The Gorgon, Reino Unido)


Direção: Terence Fisher
Roteiro: John Gilling (baseado na história de J. Llewellyn Devine)
Produção: Anthony Nelson Keys
Elenco: Christopher Lee, Peter Cushing, Richard Pasco, Barbara Shelley, Michael Goodlife

A Górgona é um dos clássicos da Hammer em sua gloriosa filmografia. Depois de ter acertando com outros monstros como Drácula, Frankenstein e a Múmia, agora a ideia era a transposição da criatura da mitologia grega para a Alemanha do começo do século XX. Tendo a famosa dupla dinâmica Christopher Lee e Peter Cushing contracenando juntos, agora com papeis invertidos, já que Lee era o mocinho e Cushing o bandido, mais uma vez a direção ficou a cargo do competente Terence Fisher, a trilha sonora com James Bernard e a produção de Anthony Nelson Keys. Ou seja, pacotão Hammer completo. A única derrapada foi da maquiagem da górgona feita por Roy Ashton, que sempre vinha acertando nas produções anteriores do estúdio britânico, e desta vez ficou lastimável. O próprio Christopher Lee disse: “A única coisa errada em A Górgona, é a própria górgona”. E é a mais pura verdade, porque o filme funciona muito bem: os efeitos especiais das pessoas se transformando em pedra ao encararem a besta mitológica; a química Lee/ Cushing; o suspense do roteiro. Tudo certinho. Mas no terceiro ato quando a monstra aparece, com suas cobrinhas falsas controladas por arames e quando sua cabeça é cortada fora e rola escada abaixo, é simplesmente sofrível. Na verdade a atriz Barbara Shelley, que fez o papel de Carla Hoffman, garota “possuída” pelo espírito da górgona do filme propôs a Keys que ela mesmo fizesse a criatura, até pelo bem da continuidade do filme, e ainda sugeriu usar uma peruca especial com cobras vivas para um efeito mais realista. Sua ideia foi rejeitada por problemas de tempo e orçamento. A atriz Prudence Hyman acabou interpretando o monstro (e quase foi decapitada de verdade por Lee, salva no ato pelo diretor assistente que a empurrou, pois a tonta havia esquecido de se abaixar no momento certo, substituída depois por uma boneca) e quando Keys viu o resultado final com os efeitos pavorosos e a cabeça do manequim feia de doer, se arrependeu amargamente e disse à Shelley que deveria ter seguido sua sugestão. Momento enciclopédia: a górgona é uma criatura da mitologia grega, que possuía cobras na cabeça e o poder de transformar em pedra quem olhasse para ela diretamente. Existiam três górgonas, as irmãs Medusa, Esteno e Euriale. Só que no filme da Hammer, a liberdade poética falou mais alto (até demais) e o monstro do filme é chamado de Megera, que na mitologia, é na verdade uma das três Erínias (ou Fúrias na mitologia romana), que personifica o rancor, a inveja, a cobiça e o ciúme, e não uma das górgonas. Vai entender o que se passa na cabeça dos roteiristas. Enfim, acontece que esse monstro milenar, supostamente desaparecido há dois mil anos, está aterrorizando o povoado de Vardoff nos últimos cinco, assassinando pessoas misteriosamente em cada segundo ciclo da lua cheia. As vítimas obviamente são encontradas petrificadas. Quando a filha de um estalajadeiro é encontrada neste estado e seu noivo enforcado, o pai do noivo, o professor Jules Heitz vai até a cidade para tentar inocentar o nome do filho e tentar descobrir o que realmente aconteceu, já que todo o vilarejo, liderado pelo Dr. Namaroff (Cushing), parece participar de um complô para esconder a verdade. Heitz fatidicamente encontra com a Megera e antes de ser totalmente transformado em pedra, envia uma carta para seu outro filho, Paul (Richard Pasco) pupilo do Prof. Karl Meister (Lee) na universidade de Leipzig. Paul e Meister vão até Vardoff para prosseguir a investigação e são mal tratados pelos locais, exceto por Carla, enfermeira assistente de Namaroff, que se apaixona por Paul e a recíproca é verdadeira. Mas Carla guarda um terrível segredo, e Namaroff, que ama platonicamente a bela moça, fará de tudo para mantê-lo escondido, gerando um confronto inevitável com os dois forasteiros. A Górgona é um filme da Hammer. Ponto. Dizer isso instintivamente fará com que você logo visualize a ambientação de época, os costumes, os dois nobres senhores Lee e Cushing desferindo diálogos afiados, trilha sonora contundente e tudo mais. Infelizmente a criatura que dá título ao filme estraga a fita em seu final, pois ele tenta se manter sério e crível na medida do possível em quase todos os seus 83 minutos de duração. Mas não deixe se abater pelas críticas à maquiagem, porque ainda assim é divertido ver a podreira do resultado final, porque sabe como é, lá no fundo, a gente gosta disso. E muito.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/05/25/172-a-gorgona-1964/

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