Direção: Terence Fisher
Roteiro: John Gilling
(baseado na história de J. Llewellyn Devine)
Produção: Anthony
Nelson Keys
Elenco: Christopher
Lee, Peter Cushing, Richard Pasco, Barbara Shelley, Michael Goodlife
A Górgona é
um dos clássicos da Hammer em sua gloriosa filmografia. Depois de ter acertando
com outros monstros como Drácula, Frankenstein e a Múmia, agora a ideia era a
transposição da criatura da mitologia grega para a Alemanha do começo do século
XX. Tendo a famosa dupla dinâmica Christopher Lee e Peter Cushing contracenando
juntos, agora com papeis invertidos, já que Lee era o mocinho e Cushing o
bandido, mais uma vez a direção ficou a cargo do competente Terence Fisher, a
trilha sonora com James Bernard e a produção de Anthony Nelson Keys. Ou seja,
pacotão Hammer completo. A única derrapada foi da maquiagem da górgona feita
por Roy Ashton, que sempre vinha acertando nas produções anteriores do estúdio
britânico, e desta vez ficou lastimável. O próprio Christopher Lee disse:
“A única coisa errada em A Górgona, é a própria górgona”. E é a mais pura
verdade, porque o filme funciona muito bem: os efeitos especiais das pessoas se
transformando em pedra ao encararem a besta mitológica; a química Lee/ Cushing;
o suspense do roteiro. Tudo certinho. Mas no terceiro ato quando a monstra
aparece, com suas cobrinhas falsas controladas por arames e quando sua cabeça é
cortada fora e rola escada abaixo, é simplesmente sofrível. Na verdade a atriz
Barbara Shelley, que fez o papel de Carla Hoffman, garota “possuída” pelo
espírito da górgona do filme propôs a Keys que ela mesmo fizesse a criatura,
até pelo bem da continuidade do filme, e ainda sugeriu usar uma peruca especial
com cobras vivas para um efeito mais realista. Sua ideia foi rejeitada por
problemas de tempo e orçamento. A atriz Prudence Hyman acabou interpretando o
monstro (e quase foi decapitada de verdade por Lee, salva no ato pelo diretor
assistente que a empurrou, pois a tonta havia esquecido de se abaixar no
momento certo, substituída depois por uma boneca) e quando Keys viu o resultado
final com os efeitos pavorosos e a cabeça do manequim feia de doer, se
arrependeu amargamente e disse à Shelley que deveria ter seguido sua sugestão. Momento
enciclopédia: a górgona é uma criatura da mitologia grega, que possuía cobras
na cabeça e o poder de transformar em pedra quem olhasse para ela diretamente. Existiam
três górgonas, as irmãs Medusa, Esteno e Euriale. Só que no filme da Hammer, a
liberdade poética falou mais alto (até demais) e o monstro do filme é chamado
de Megera, que na mitologia, é na verdade uma das três Erínias (ou Fúrias na
mitologia romana), que personifica o rancor, a inveja, a cobiça e o ciúme, e
não uma das górgonas. Vai entender o que se passa na cabeça dos roteiristas. Enfim,
acontece que esse monstro milenar, supostamente desaparecido há dois mil anos,
está aterrorizando o povoado de Vardoff nos últimos cinco, assassinando pessoas
misteriosamente em cada segundo ciclo da lua cheia. As vítimas obviamente são
encontradas petrificadas. Quando a filha de um estalajadeiro é encontrada neste
estado e seu noivo enforcado, o pai do noivo, o professor Jules Heitz vai até a
cidade para tentar inocentar o nome do filho e tentar descobrir o que realmente
aconteceu, já que todo o vilarejo, liderado pelo Dr. Namaroff (Cushing), parece
participar de um complô para esconder a verdade. Heitz fatidicamente encontra
com a Megera e antes de ser totalmente transformado em pedra, envia uma carta
para seu outro filho, Paul (Richard Pasco) pupilo do Prof. Karl Meister (Lee)
na universidade de Leipzig. Paul e Meister vão até Vardoff para prosseguir a
investigação e são mal tratados pelos locais, exceto por Carla, enfermeira assistente
de Namaroff, que se apaixona por Paul e a recíproca é verdadeira. Mas Carla
guarda um terrível segredo, e Namaroff, que ama platonicamente a bela moça,
fará de tudo para mantê-lo escondido, gerando um confronto inevitável com os
dois forasteiros. A Górgona é um filme da Hammer. Ponto. Dizer isso
instintivamente fará com que você logo visualize a ambientação de época, os
costumes, os dois nobres senhores Lee e Cushing desferindo diálogos afiados,
trilha sonora contundente e tudo mais. Infelizmente a criatura que dá título ao
filme estraga a fita em seu final, pois ele tenta se manter sério e crível na
medida do possível em quase todos os seus 83 minutos de duração. Mas não deixe
se abater pelas críticas à maquiagem, porque ainda assim é divertido ver a podreira
do resultado final, porque sabe como é, lá no fundo, a gente gosta disso. E
muito.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/05/25/172-a-gorgona-1964/
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