Direção: Antonio Margheriti
Roteiro: Sergio Corbucci,
Giovanni Grimaldi
Produção: Marco Vicario
Elenco: Barbara Steele,
George Rivière, Margarete Robsahm, Arturo Dominici, Silvano Tranquilli, Umberto
Raho
Dança Macabra é
o clichê do clichê dos filmes góticos. Em pleno ano de 1964, parece que você
está assistindo a uma produção da década de 30 ou 40. Tanto pela atmosfera do
filme, quanto pela sua fotografia preto e branca (belíssima, diga-se de
passagem, de Riccardo Pallotini) e sua ambientação: um castelo medieval,
abandonado, empoeirado, cercado por névoas e vultos e ladeado por um cemitério
no quintal. Não podemos nos esquecer também do roteiro, que proporciona todos
esses elementos góticos e uma narrativa bastante simples e comum no gênero: uma
aposta para que um sujeito passe uma noite, que por acaso é a noite do Dia dos
Mortos, em um castelo mal assombrado, e consiga retornar com vida na manhã
seguinte. Detalhe que ninguém nunca sobreviveu à aposta. E pelo que a gente já
é escolado no cinema de terror, sabemos que essa tipo de desafio NUNCA acaba
bem. Falando em roteiro, erroneamente o filme é creditado a uma adaptação da
obra de Edgar Allan Poe. Na verdade, é uma livre adaptação, e o próprio Poe
aparece em cena na abertura do filme, interpretado por Silvano Tranquilli,
contando uma de suas histórias fantásticas em uma taverna, mais precisamente o
conto Berenice. Mas fora isso, o enredo em si de Dança Macabra não tem
ligação nenhuma com os textos do escritor americano. Produção italiana e
francesa dirigida por Antonio MAR-GHE-RI-TI (impossível falar o nome desse
sujeito sem lembrar do sotaque de Eli Roth em Bastardos Inglórios), usando
seu corriqueiro pseudônimo de Anthony Dawson, a trama traz o cético jornalista
Alan Foster (vivido por George Rivière, que já havia trabalhado sob a direção
de Margheriti em A Mansão do Homem sem Alma) que está à procura de Poe, de
passagem por Londres, a fim de entrevistá-lo para o The Times, e nesta mesma
taverna ele encontra o sinistro Lorde Thomas Blackwood, que lhe propõe a aposta
de permanecer vivo em seu castelo até a manhã seguinte, sendo que o prêmio
seria de 100 libras. Alan topa o desafio para escrever uma crônica para o
jornal, desmistificando completamente todas as absurdas teorias de fantasmas e
castelos mal assombrados. Coitado, mal sabe ele que naqueles corredores escuros
do castelo abandonado, além de encontrar todo tipo de clichê do gênero, como
portas se fechando sozinho, rajadas de vento que apagam as velas, espelhos que
refletem vultos e pianos que tocam sozinhos, também encontraria a presença da
mórbida e enigmática Elizabeth Blackwood, papel da estranha, porém bela,
Barbara Steele. Papel por sinal que combina perfeitamente com a moça. Alan se
apaixona por Elizabeth, e vice-versa, e conhece outras figuras que moram no
castelo, como a megera Julia e o médico especialista em teorias sobre a morte,
Dr. Carmus. Lá ele também acaba conhecendo a tragédia que se abateu sobre os
Blackwood em determinada noite, logo após um baile. Traição, desejo, morte,
rancor e vingança são alguns dos substantivos que estão ligados àquela família.
E claro, não precisa ser nenhum expert no gênero para sacar que tanto Elizabeth
quanto os demais, estão mortos, e são presenças espectrais no local, assim como
o amante de Elizabeth e também os primos do Lorde Blackwood, que foram os
últimos a morrerem no castelo, na mesma noite há um ano. O roteiro então dá um
verdadeiro nó, brincando com sugestões de ecos do passado e com algumas
explicações estapafúrdias que os mortos permanecem vivos no local, tendo seu
reflexo no presente e coisa e tal, e depois, do nada, um certo viés vampiresco
se junta aos elementos já sobrecarregados do filme, insinuando através das
pesquisas do Dr. Carmus, que os fantasmas precisam de sangue para poderem viver
para sempre, mesmo que naquele estado espectral, presos no castelo. A última
cena, quando Alan tenta escapar, também é sensacional, quando você pensa que
ele realmente vai se livrar dessa, e zas… Em 1971, Margheriti refilmou sua obra
em Nella stretta morsa del ragno, ou o título internacional de Web of the
Spider. Se você gosta dos filmes com essa atmosfera clássica e todo esse clima
gótico, irá adorar Dança Macabra e sua narrativa. Inclua nisso a
fantástica e fúnebre trilha sonora de Riz Ortolani, misturada com cenas de
silêncio e carregada de sequências lentas e densas, e todo o mise-en-scène característico
deste tipo de produção. Eu particularmente prefiro a fase
mais splatter de Margheriti. Mas aqui é uma prova que ele sabe
trabalhar muito bem com outros gêneros do horror.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/05/24/171-danca-macabra-1964/
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