sábado, 28 de fevereiro de 2015
#072 1953 ROBOT MONSTER (Robot Monster, EUA)
Direção: Phil
Tucker
Roteiro: Wyott
Ordung
Produção: Phil
Tucker, Alan Winston (Produtor Associado), Al Zimbalist (Produtor Executivo)
Elenco: George
Nader, Claudia Barrett, Selena Royale, John Mylong, Gregory Moffett
Há uma
discussão acalorada entre os fãs dos filmes trash qual é o pior filme
do mundo. Os louros dessa aclamação dividem-se tanto entre Plano 9 do Espaço Sideral de Ed Wood, Manos: The
Hands of Fate de Harold P. Warren e Robot Monster de
Phil Tucker. Todos titãs do cinema bagaceira. Mas o meu preferido, questão pessoal, é essa
preciosidade aqui. Não me entenda mal. O filme é um espetáculo. Apesar dele ser trash e
ter essa pecha de um dos piores filmes de todos os tempos, para mim ele é muito
melhor que sei lá, Waterworld com Kevin Costner ou algum filme do Van
Damme, naipe A Colônia, que ele contracena com Denis Rodman. Robot
Monster é impagável. De seu começo ao fim. Desde os créditos iniciais em
uma abertura ridícula até sua conclusão, vamos ser brindados com um roteiro
estapafúrdio, atuações bisonhas, personagens construídos com a profundidade de
um pires, efeitos especiais enfadonhos, e claro, Ro-Man, o terrível alienígena
que condenou toda a humanidade à erradicação. Mas calma, vou chegar lá. No começo da fita o
pentelho Johnny está brincando próximo a uma caverna, onde encontra dois
arqueólogos, Roy e o Professor, que estão retirando pinturas rupestres das
paredes da caverna para levarem ao museu, enquanto o garoto fica ali enchendo o
saco. Logo sua mãe e avó o encontram e o levam de volta para um piquenique,
convidando os dois estudiosos. Com fogo no rabo, o garotinho escapa da festividade e corre de volta
para a caverna, quando de repente, não mais que de repente, uma tempestade
elétrica de raios e clarões começa a atingir o local e o menino cai
desacordado. Corte de cena, e em meio a uma cacofonia de barulhos de
eletricidade e o piscar intermitente da tela, do nada, aparecem dois répteis
gigantes se engalfinhando, um crocodilo com uma barbatana e sei lá, um monstro
de gila e depois dois triceratops de stop motion também brigando
feio. O que isso tem a ver com a continuidade do filme, só diretor e
roteirista sabem. Pois bem,
o garoto acorda tempos depois (detalhe primordial que ele desmaiou usando
calças compridas e acorda vestindo um shorts) e na caverna ele encontra uma
máquina que parece um tape de rolo que solta bolhas e uma outra que parece um
monitor. E então é que o terrível vilão nos é apresentado. Tente
segurar o riso, mas Ro-Man, o alienígena implacável é um monstrengo que usa uma
fantasia de gorila e um capacete de astronauta com duas longas antenas. Ele
então se comunica com o grande líder do seu planeta, que é exatamente igual ao
Ro-Man daqui, e confirma para o monarca que a população da terra foi reduzida a
zero, graças ao seu mortal raio calcinador (!!!!???). Mas os cálculos de Ro-Man estão
errados, pois ainda há sobreviventes no planeta, seis pessoas ao total, e eles
precisam ser exterminados. Ro-Man coitado, toma um baita de um esporro do chefe
porque matou bilhões de pessoas, mas deixou escapar esses seis vivos, e começa
a sofrer assédio moral do Ro-Man mor para que ele cumpra seu dever e destrua a
todos, senão a chapa vai esquentar para seu lado. E esses
seis são justamente a família de Johnny, que são os mesmos atores que vimos até
então só que com outros papeis. Conseguiu entender? Lógica para quê? É como se
fosse uma realidade paralela, onde Johnny e Alice (que outrora era sua mãe) são
irmãos, além da pequena Carla, e o Professor é pai de todos eles, junto com a
Mãe (esse é o nome da personagem, que era mãe de Alice e avó de Johnny). Roy,
continua sendo ajudante do Professor, mas agora um cientista e apaixonado por
Alice. Difícil
de entender né? Segue o jogo e brilhantemente descobrimos que a família não
sucumbiu ao raio calcinador por conta de um mecanismo que eles implantaram na
casa, que desviou os raios e impedem que o Ro-Man os encontre. Mesmo que
o local pareça ser relativamente perto da caverna que o gorila robô utiliza
como covil, já que várias vezes vemos o garoto indo e voltando de lá. Mas tudo
bem. Só que se você achava a história do mecanismo protege-los absurda, depois
a situação piora quando é revelado que o motivo deles não serem desintegrados
pelo raio mortal é porque o Professor e Roy desenvolveram uma vacina, que todos
tomaram, que criou anticorpos capaz de eliminar o efeito do raio. Sim, você leu
isso direito. Anticorpos,
agentes biológicos, transformaram a família em seres imunes ao calcinador,
deixando-os como os últimos sobreviventes da terra. Daí como se fosse
possível, Robot Monster segue ladeira abaixo, com uma trama que
deveria levar o Oscar de melhor roteiro original. Ro-Man
vai acabar se apaixonando por Alice, raptando-a no momento mais primoroso de
todos os curtos 66 minutos de duração. O pentelho do Johnny sai para azucrinar
o Ro-Man, quando Alice e Roy resolvem procurá-lo. Mas do nada, acredite se
quiser, eles resolvem parar no arbusto e consumar seu amor! Não, para tudo. E
como se isso não bastasse, eles voltam para casa e resolvem se casar, ela com a
roupa do corpo e grinalda e ele sem camisa, em uma cerimônia que se chora de
tanto dar risada. E então, olhe só isso, eles são dispensados para a lua de mel
e vão de novo para o meio do mato para o rala e rola, com se não tivesse um
alienígena em seu encalço querendo acabar com a vida deles. É simplesmente antológico. No
final das contas, a lua de mel saiu cara pois Ro-Man assassina Roy e rapta a
Alice, começando a manifestar um desejo sexual pela moça, contrariando as
ordens do grande líder de destruir todos os terráqueos. Isso não vai acabar bem
para o vilão, que por um breve momento quer viver como um humano, e sentir e
tudo mais, e acaba sendo destruído como um humano, pelos poderosos raios
interestelares do Ro-Man mor que viajam pela galáxia até chegarem na terra. Ah,
detalhe que esqueci de contar o verdadeiro motivo da destruição de toda a vida
na terra: é porque aqui era o único planeta habitado da galáxia além do planeta
do Ro-Man, e portanto o único que oferecia perigo, já que os humanos estavam se
tornando extremamente inteligentes e com suas armas nucleares e foguetes,
poderiam querer destruir o planeta deles. Então nada como atacar antes,
utilizando o bom e velho lema “atire antes e pergunte depois”. Depois de Ro-Man
ser destruído, mais um tanto de raio, luzes, estouros, estática, mais
dinossauros brigando, répteis se enrolando ferozmente e então, eis que Johnny
acorda de um sonho! Toda aquela papagaiada não passou de um sonho
do moleque. Ou não? Pois no
final vemos Ro-Man saindo da caverna e indo em direção da câmera, em uma cena
em looping repetida três vezes (!!!???). Fim. Robot
Monster é para ser visto e revisto. Um clássico inquestionável do mais
baixo que o cinema conseguiu chegar na história da sétima arte.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2013/01/28/72-robot-monster-1953/
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
#071 1953 O MONSTRO DO MAR (The Beast from 20,000 Fathoms, EUA)
Direção: Eugène Lourié
Roteiro: Lou Morheim, Fred
Freiberger (baseado na obra de Ray Bradbury)
Produção: Jack
Dietz, Bernard W. Burton e Hal E. Chester (co-produção)
Elenco: Paul
Christian, Paula Raymond, Cecil Kellaway, Kenneth Tobey, Donald Woods, Lee Van
Cleef
O Monstro do
Mar é uma espécie de divisor de águas no cinema de terror e sci-fi da
década de 50. Foi um
marco, pois a sua estética de criatura gigante que é acordada pelos efeitos de
testes nucleares e resolve sair por aí destruindo navios e cidades costeiras,
seria depois copiada à exaustão. E olhem só, O Monstro do Mar, que é um
filme obscuro e pouco conhecido, foi lançado dois anos antes do mais famoso
lagartão pré-histórico do mundo detonar com Tóquio. Até o über clássico Godzilla foi influenciado pelo que
foi realizado anteriormente em O Monstro do Mar. Utilizando técnica de stop
motion criada por Ray Harryhausen, misturada com sobreposição de imagens e
maquetes, esse filme do russo radicado francês Eugènie Louiré, traz como vilão
animalesco um Rhedossauro, réptil pré-histórico que estava congelado no ártico,
tataravô do Tiranossauro, que é acordado de seu sono de 100 milhões de anos por
testes nucleares (sempre eles) realizado pelos militares na região polar. O
cientista Prof. Tom Nesbitt (Paul Hubschmid) foi a única testemunha viva que
viu o dinossauro andando pelas geleiras, antes de ser atingido. Mas claro
que ninguém vai acreditar na história dele, achando que na verdade ele está
perdendo a razão. Inclusive o Coronel Jack Evans (Kenneth Tobey). Mas quando uma onda de ataques a
navios, faróis e cidades costeiras começam a pipocar, com a ajuda do
paleontólogo Prof. Thrugood Elson e sua assistente Lee Hunter, eles descobrem a
origem do animal e mobilizam todo o exército e marinha para tentar caçar a
criatura. Até que navegando pelas águas do sul seguindo a corrente do ártico, o
Rhedossauro chega até Nova Iorque, saindo do mar para dar um rolê pela Big
Apple destruíndo tudo por onde passa e devorando um humano aqui e ali. E
voltando a Godzilla, veja você como Roland Emmerich é um dos piores
diretores do mundo, pois sua refilmagem do clássico monstro japonês
aterrorizando NY em 1998 é praticamente uma cópia atualizada de O Monstro
do Mar na verdade. O grande problema é que o sangue do dinossauro é
tóxico, e assim quando ele é ferido libera uma toxina mortal para os humanos.
Então Nebbit junto do soldado Stone (interpretado por um novato Lee Van Cleef)
encurralam o monstrengão na montanha-russa de um parque de diversões e
utilizando uma roupa contra radiação, por fim, dão um jeito na criatura de uma
vez por todas. Não confunda O Monstro do Mar com outro filme que
ganhou um nome parecidíssimo aqui no Brasil (e ambos anos luz de distância de
seus incríveis títulos originais), O Monstro do Mar Revolto. Ainda mais por que Ray
Harryhausen foi o responsável pelos efeitos especiais dos dois filmes (sendo o
segundo muito mais famoso) e o ator Kenneth Tobey também fez um papel de milico
em ambos. Com todos os aspectos dos filmes B da época, O Monstro do Mar teve
um orçamento baixíssimo, de 200 mil dólares e foi um sucesso de bilheteria,
rendendo cinco milhões do dólares. Acabou sendo esquecido pelo tempo, mas tem
todo um valor cultural que influenciou pencas de filmes posteriormente.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2013/01/26/71-o-monstro-do-mar-1953/
#070 1953 MUSEU DE CERA (House of Wax, EUA)
Direção: André De Toth
Roteiro: Crane
Wilbur, Charles Belden (história) / Produção: Bryan Froy, Joe Dreier (Produtor
Executivo)
Elenco: Vincent
Price, Frank Lovejoy, Phyllis Kirk, Carolyn Jones, Charles Bronson Carolyn
Jones
Saindo um
pouco do campo do sci-fi, das invasões alienígenas e da ameaça da
bomba atômica, Museu
de Cera nos concede mais um dos papeis marcantes que Vincent
Price interpretou no cinema de horror. Precisa de um personagem que era culto,
inteligente e sofisticado e é acometido por uma tragédia que o deixa deformado,
insano e sedento por vingança? Então é só chamar Price que ele é a pessoa sempre perfeita para esse
tipo de papel. Refilmagem de Os Crimes do Museu, de 1933, Museu de Cera foi
um dos filmes mais inovadores de seu tempo, pois foi um dos primeiros de terror
a utilizar a técnica do 3D e conta com uma excelente resolução de cores, obtida
através de um processo exclusivo desenvolvido pelos estúdios da Warner chamado
de Warnercolor. Isso acompanhado de uma pesada campanha de marketing que levou
milhares ao cinema para conferir essa novidade.Na trama, Price habilmente interpreta
o Prof. Henry Jarrod, um notável escultor de figuras de cera na Nova York do
começo do século passado, que preza pelos detalhes e busca a perfeição em cada
uma de suas vívidas esculturas, principalmente em sua Maria Antonieta, a qual
considera sua obra prima. Como sempre dedicou-se a
arte e a beleza das formas, o museu passava por dificuldades financeiras, não
sendo páreo para competir com outras exibições sensacionalistas na época. E essa baixa arrecadação de
dinheiro causa um descontentamento em Matthew Burke, sócio de Jarrod. Com a
visita do respeitável crítico de arte Sidney Wallace, fascinado pela beleza das
obras, Jarrod, em comum acordo com Burke, resolve oferecer a ele a parte do
sócio. Porém como Wallace estava com viagem marcada, essa resposta sobre a
compra de metade da sociedade só seria dada em três meses. Movido pela ganância
e pela necessidade imediata de dinheiro, Burke resolve então que a melhor saída
é queimar todas as estátuas e a galeria e conseguir com isso uma bolada do
seguro. É claro
que Jarrod é contra destruir toda a obra de sua vida, e os dois tem uma
terrível briga, onde Burke por fim incendeia as estátuas e o local e deixa
Jarrod para ser consumido pelas chamas. Passado algum tempo, o escultor, dado
como morto, retorna completamente desfigurado, lunático, com um terrível plano
de reconstruir sua obra, porém dessa vez, usando pessoas reais como base para
suas estátuas. Jarrod conta com a ajuda de dois capangas
para construir as esculturas, já que suas mãos ficaram completamente
deformadas, assim como seu rosto. Um deles é o ex-presidiário Leon Averill e o outro
é o surdo-mudo Igor, que vejam só, é interpretado por Charles Bronson em seu
início de carreira. Jarrod abre um novo museu de cera, com uma ala batizada de
Câmara dos Horrores, trazendo representações históricas de crimes e torturas. Para
conseguir seus modelos vivos, perambula pelas noites da cidade cometendo
assassinatos, com seu rosto deformado, capa preta e chapéu, parecendo uma
mistura de O Fantasma da Ópera com o personagem de Darkman –
Vingança sem Rosto de Sam Raimi. Fugindo de um de seus crimes, ele acaba por
conhecer e perseguir a bela Sue Allen, que em sua mente doentia, vê na garota a
encarnação da sua próxima Maria Antonieta, e não medirá esforços e escrúpulos
para transformá-la em sua próxima estátua. Um dos grandes momentos de Museu
de Cera é quando Sue é raptada e o lunático escultor coloca sua máquina
para funcionar, na tentativa de derramar a cera quente derretida em sua vítima.
A maquiagem assustadora de Price, que mais tarde se tornaria um dos
maiores astros do cinema de terror, também é um dos grandes motivos de choque
que o filme proporciona, fora sua interpretação mais uma vez notável,
contrastando a sensibilidade do professor com sua persona obcecada e demente. Vale também prestar atenção em
dois coadjuvantes do filme: um é o já citado Charles Bronson, novo de tudo, que
ficaria famoso principalmente pela franquia Desejo de Matar, e a atriz
Carolyn Jones, morta logo no começo do filme e usada como molde para a Joana
D’Arc de cera, que seria imortalizada como a Mortícia do seriado de TV da Família
Addams. Em 2005, Museu de Cera, que já era uma refilmagem, ganhou um até
que decente remake dirigido pelo espanhol Jaume Collet-Serra (mesmo
diretor de A Órfã), que no Brasil ganhou o nome de A Casa de Cera,
com Elisha Cuthbert, Paris Hilton e Jared Padalecki (do seriado Supernatural)
no elenco, produzido pela Dark Castle Entertainment, produtora de Joel Silver e
Robert Zemeckis, que ficou famosa por outras refilmagens de filmes de terror da
década de 50 e 60, como A Casa da Colina e 13 Fantasmas.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2013/01/25/70-museu-de-cera-1953/
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015
#069 1953 OS INVASORES DE MARTE (Invaders from Mars, EUA)
Direção: William
Cameron Menzies
Roteiro: Richard
Blake, John Tucker Battle (história/não creditado)
Produção: Edward
L. Alperson
Elenco: Helena
Carter, Arthur Franz, Jimmy Hunt, Leif Erickson, Hillary Brooke
Os Invasores de Marte é um daqueles filmes que
beiram o ridículo, tanto em seu roteiro quanto em seus, hã, (d)efeitos especiais,
que acaba se tornando uma experiência divertidíssima. Fica meio óbvio que a
intenção de alguns filmes B na época era realmente serem levados a sério, mas
hoje em dia é impossível passar incólume da sua podridão. Os Invasores de Marte não
se presta a essa caso. É o típico exemplo do filme canastra, feito às pressas
por produtores inescrupulosos querendo abocanhar sua fatia de grana de uma
população incauta que via qualquer porcaria no cinema só pelo fato de trazer
uma história com invasão alienígena e transparecer o terrível perigo de uma
guerra nuclear. Dirigido por William Cameron Menzies (saiba você que James
Cameron adotou seu sobrenome artístico por conta desse sujeito aí), Os
Invasores de Marte é uma picaretagem clássica dos créditos iniciais aos
finais. O começo é extremamente promissor. Abusando do uso das cores quentes, em contrapartida
da maioria esmagadora dos filmes de sci-fi preto e branco que eram
produzidos na época, somos logo apresentados a um garotinho ruivo sardento
chamado David MacLean (Jimmy Hunt) que acorda no meio de uma noite de
tempestade e vê um disco voador, daqueles da forma mais tradicional possível,
pousar perto da sua casa. Assustado, o moleque acorda seu pai, que por
coincidência do destino é um engenheiro que trabalha com alta tecnologia e
criação de motores e espaçonaves utilizando energia nuclear (olha ela aí), que
resolve investigar a teoria do garoto, uma vez que ele é um menino sério (como
dito mais de uma vez no filme) e não é desses de ficar mentindo e inventando
histórias. Pois bem, na manhã seguinte o pai volta completamente diferente, bruto,
frio e violento, agindo de forma estranha, dando até uns safanões no garoto.
Adivinhe por quê? Está
sendo controlado pelos alienígenas, que implantam uma espécie de transmissor em
sua nuca (forma com o qual descobriremos quais humanos estão sobre o controle
marciano), e logo junto com outros, irá começar a executar uma conspiração
doida de dominação mundial e destruição do nosso planeta e nossa perigosa
tecnologia. David é o único testemunho da história e no começo ninguém acredita
nele. Até sua mãe e o chefe de polícia estão sob domínio alien. Mas é aí que a
coisa muda de figura de repente e o astrônomo Dr. Stuart Kelston e a médica
Dra. Pat Blake compram a ideia do moleque sardento e já conseguem descobrir
todo o nefasto plano dos marcianos, assim em um estalar de dedos, logo
acionando o exército que coloca uma verdadeira tropa em alerta para tentar
livrar a América de uma invasão iminente, simplesmente acreditando em um
garoto, fácil assim, sem ao menos questionar ou levantar provas. GE-NI-AL. Então eles cercam o
local onde a nave está enterrada, com vários tanques de guerra que passam a
atirar sem a menor necessidade, e os milicos resolvem entrar no buraco, logo
após a Dra. Blake e o garotinho terem sido levados para o covil marciano. E aí meu
amigo, é que vem o ápice do filme. O momento alto. O clímax. Quando finalmente
nos é apresentado os terríveis marcianos. É de rolar no chão de dar risada. Eles estão vestidos com uma
pijamão verde de camurça, todo felpudo, que eu juro por Deus que vi o zíper na
parte de trás de um deles. E o líder marciano é uma cabeça que fica dentro de
um aquário, com dois mini tentáculos saindo do ombro, que fica mexendo
impacientemente os olhos para um lado e para o outro, comandando
telepaticamente os seus conterrâneos. Para completar o absurdo, eles possuem
uma espécie de bazuca de raio e sempre só vamos ver quatro desses alienígenas
mequetrefes em cena, nunca mais que isso, pois provavelmente tiveram verba só
para quatro fantasias toscas. Não demora para o exército descer até a nave e
travar uma “feroz batalha” contra os invasores do planeta vermelho. Quando a
nave está prestes a decolar e os marcianos se safarem, os soldados plantam uma
bomba na geringonça espacial e decide mandar tudo para os ares. Com o local
desmoronando e a saída soterrada, David tem a ideia brilhante de usar a bazuca
alienígena para abrir espaço. Sim, David, porque nenhum dos treinados soldados
do exército dos Estados Unidos pensou nisso. Por isso tomaram pau no Vietnã, no
Afeganistão e no Iraque. Até David
é obrigado a empunhar a bazuca e ajudar a dispará-la. Ao escaparem e saírem
correndo para fugir da explosão, em mais uma cena de direção patética, um close
do garoto correndo em câmera lenta enquanto o filme vai sendo repassado em flashback pouco
a pouco sem a menor necessidade, até que taraaaan, o garoto acorda e era tudo
um sonho!!! Ah vá? O garotinho assustado corre para a cama dos pais, que estão lá em
seus pijamas e nunca viraram escravos do desejo do líder marciano dentro do
aquário. Mas eis que David é posto na cama, e exatamente como no começo do
filme, vê um clarão na noite e a mesma nave pousar sobre o campo. Ou seja, além disso o menino é
clarividente… Mas claro que em meio a toda essa alegoria e falta de qualquer
mínimo de senso estético, está lá a mensagem subliminar obrigatória do sci-fi americano
dos anos 50: o medo da invasão comunista. Aqui,
David e sua família são a típica família suburbana americana que tem a vidinha
perfeita, até que o vilão de outro planeta (conhecido na boca pequena como
União Soviética) aparece com seu tenebroso regime que tira a autonomia e a
vontade das pessoas e as transforma em escravas da massa e de seu líder. Mas não tenham medo, pois o
exército americano e todo seu poderio militar está pronto para chutar seus
traseiros e colocar esses comun… ops, marcianos, para correr. Na boa, é preciso
assistir Invasores de Marte para ter dimensão da ambiguidade desse
filme, que em seu vasto esplendor remete toda a ruindade de uma produção B de
ficção científica da década de 50 e ao mesmo tempo, toda sua genialidade como
pérola trash do cinema, que vem divertindo gerações há 60 anos.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2013/01/24/69-os-invasores-de-marte-1953/
#068 1953 A GUERRA DOS MUNDOS (The War of the Worlds, EUA)
Direção: Byron Haskin
Roteiro: Barré Lyndon
(baseado na obra de H.G. Wells)
Produção: George Paul, Frank
Freeman Jr. (Produtor Associado), Cecil B. DeMille (Produtor Executivo/não
creditado)
Elenco: Gene
Barry, Ann Robinson, Les Tremayne, Bob Cornithwaite, Sandro Giglio
A Guerra dos
Mundos original é o suprassumo dos clássicos de ficção
científica. Baseado
no livro de H.G. Wells escrito em 1898, ganhador do Oscar® de efeitos
especiais e indicado a outros dois, este é sem dúvida o mais importante filme
sobre invasão alienígena já feito até hoje e um dos melhores filmes de sci-fi de
todos os tempos. O produtor George Paul, com uma mãozinha de Cecil B. DeMille
como produtor executivo não creditado, e o diretor Byron Haskin trazem a
história definitiva sobre a assustadora invasão marciana em nosso planeta. Com
suas terríveis naves espaciais em formato de cisne, que misturam beleza e medo,
em uma sinfonia de destruição de escala sem precedentes no cinema, A
Guerra dos Mundos é responsável por definir diversos padrões e clichês
utilizados nos filmes de ficção científica até os dias de hoje. Fora o valor
sentimental e nostálgico que esse filme deve despertar em muito marmanjo por
aí. Eu mesmo me lembro de criança, assistindo esse clássico na televisão
junto do meu pai, sentados no sofá da sala, em uma das suas infindáveis
reprises nesses seus quase 60 anos de existência. E apesar de ser datado e do
visual dos alienígenas serem bastante toscos e até cômicos, A Guerra dos
Mundos não é um filme que envelheceu tão mal quanto tantos outros
produzidos na mesma época. As naves, criadas por Gordon Jennings, continuam sendo obras
fantásticas, hoje de um design vintage, e as cores vivas em Technicolor ajudam
muito também o fato do longa ter se tornado uma obra imortal. A história se
transporta da Londres que H.G. Wells publicou nas páginas de seu livro para a
Califórnia, abrindo com uma belíssima narração de Sir Cedric Hardwicke, já
plantando as primeiras sementes do pavor nos espectadores, contando sobre a
ganância do povo marciano em conquistar um novo planeta para si, e durante
muito tempo ficaram em silêncio apenas observando a terra e nos estudando, para
nos atacar indefesos e sem a menor chance de sobrevivência para a raça humana.
Em uma noite qualquer, o primeiro meteoro que camufla as naves destruidoras
chega à terra para dar início a uma invasão de escala global. O Dr. Clayton
Forrester (interpretado por Gene Barry, o Bat Masterson da série de TV) é o
mocinho do filme, um cientista brilhante que junto com a doce Sylvia Van Buren,
precisa ajudar o exército americano e outros cientistas a tentarem encontrar
uma forma de impedir a invasão alienígena e o extermínio humano em massa. Só que
nenhuma arma terrena é capaz de sequer fazer cosquinha na poderosa frota
extraterrestre. Nem mesmo a temida bomba atômica surte efeito após ser lançada
contra as naves. Fora que
o poderio militar marciano é infinitamente superior ao nosso, com suas rajadas
capazes de desintegrar pessoas e objetos e seus devastadores raios que explodem
tanques e cidades. Dois momentos chaves para mim representam distintos
sentimentos de terror nesse filme, que me levaram a coloca-lo nesta lista (além
do fato de ser uma história de invasão alienígena). O
primeiro é sem dúvida a aterradora sequência onde as naves atacam a fazenda
onde o Dr. Forrester e Sylvia estão escondidos, e os alienígenas começam uma
caçada humana, procurando-os pelos escombros. É um clima de tensão crescente,
de arrepiar os pelos da nuca, enquanto sorrateiramente um alienígena entra no
local para tentar encontrá-los. Como se não fosse o bastante, é a primeira vez que
vemos as criaturas fora da nave, com sua pele avermelhada, longos braços com
ventosas e seus olhos de três cores que esquadrinham todo o local a procura de
humanos para destruir. O segundo momento é quando as naves estão destruindo Los
Angeles e se forma um caos imensurável, com a população saqueando lojas e
casas, e dando o menor valor para a vida do próximo, procurando apenas garantir
a sua sobrevivência, atacando todo e qualquer civil ou militar que possua um
veículo. Isso pode ter condenado toda a humanidade, quando os equipamentos
criados pelos cientistas como última esperança para conter a invasão, são
destruídos pela turba enfurecida e irracional. O Dr. Forrester então, desesperado, atravessa a
cidade em ruínas enquanto os visitantes de Marte engendram a destruição final,
procurando por Sylvia em todas as igrejas da cidade. Aí infelizmente é enfiada
em nossa goela abaixo uma ladainha religiosa, com todos orando, ou rezando por
suas vidas, para que Deus misericordioso acabe com a guerra (outro subterfúgio
religioso fora usado anteriormente na figura do pastor Matthew Collings, tio de
Sylvia, quando ele diz que quer fazer contato com os marcianos porque se eles
são mais evoluídos que nós, estão mais próximos do Criador. Por isso
leva um raio desintegrador na fuça). Quando rezar é a última salvação, a prece
é atendida quando misteriosamente as naves perdem sua força e se estatelam no
chão. Um moribundo marciano tenta sair do seu interior esticando seu longo
braço com três dedos em forma de ventosas, mas acaba morrendo, vítima das
bactérias existentes no ar, as quais somos imunes, mas que se mostraram mortais
para os alienígenas depois de um tempo em nossa atmosfera. Ou como disse meu saudoso pai
para me explicar quando criança a derrota dos extraterrestres: “eles morreram
de gripe”. E claro que não se pode falar em A Guerra dos Mundos sem
lembrar de Orson Welles e de sua famosíssima transmissão radiofônica de
Halloween em 30 de outubro de 1938, quando o programa Merucry Theatre in the
Air, da CBS, levou ao ar a dramatização do livro de H.G. Wellse, e espalhou um
surto de histeria em massa pelos Estados Unidos. Com a
narração de Wells, ele contou em detalhes vívidos a invasão alienígena
começando por Nova Jersey e os ouvintes, que não prestaram atenção nos avisos
da rádio que alertava para o caráter ficcional da transmissão, entraram em
pânico achando que aquilo tudo era verdade e começaram a ligar para a rádio,
estações de TV, jornais, polícia e tudo mais, para relatar a invasão e
solicitar mais informações sobre o ataque de mentira. E vale terminar o texto espinafrando a refilmagem
de Steven Spielberg lançada em 2005, com o canastra Tom Cruise no papel
principal. Preocupado em mostrar a mais cruel das invasões, investindo milhões nos
espetaculares efeitos especiais dos alienígenas e seus terríveis Tripods (como
no livro original de Wells), o diretor entrega um filme regular, canhestro, com
atuações péssimas e um desenvolvimento dramático raso e desinteressante. Isso
sem contar aquele final à La Spielberg que é de dar nojo. Vi nos cinemas e
detestei do fundo da minha alma. A Guerra dos Mundos original, de 1953,
continua sendo imbatível.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2013/01/23/68-a-guerra-dos-mundos-1953/
terça-feira, 24 de fevereiro de 2015
#066 1951 O MONSTRO DO ÁRTICO (The Thing from Another World, EUA)
Direção: Christian
Nyby, Howard Hawks (não creditado)
Roteiro: Charles
Lederer (baseado na obra de John W. Campbell Jr.)
Produção: Howard
Hawks, Edward Lasker (Produtor Associado)
Elenco: Margaret
Sheridan, Kenneth Tobey, Robert Cornthwaite, Douglas Spencer, James Youg
Chegamos
aos anos 50. A década em que o cinema de horror e de sci-fi andaram
de mãos dadas, cheio de suas invasões alienígenas, animais gigantes e monstros
espaciais e/ou radioativos para ajudar a enfiar na cabeça dos americanos e de
uma geração inteira de baby boomers, a iminente ameaça nuclear e o temores
do comunismo em tentar destruir o precioso american way of life. E O Monstro do Ártico é o primeiro dessa lista. Clássico
absoluto da ficção científica, a fita produzida por Howard Hawks (e dirigida,
de forma não creditada) para a RKO Radio Pictures é baseada na história Who
Goes There? de John W. Campbell Jr., publicada na revista Astounding
Stories e refilmada 30 anos depois por John Carpenter, resultando na obra
prima do terror alienígena O Enigma de Outro Mundo. Lançado em plena Guerra Fria,
claro que a história de um alienígena maligno é uma metáfora para os
comunistas, quase como todos os filmes do período, funcionando como uma
verdadeira propaganda ideológica macarthista. Junto com o igualmente famoso Vampiros de Almas e O Dia Em Que a Terra
Parou, O Monstro do Ártico é um dos filmes que mais ganhou conotações
políticas (até talvez mais do que fosse sua real intenção), graças a seu enredo
que caiu como uma luva no sentimento xenofóbico obscuro e negativista dos
americanos nos anos pós bomba atômica, apresentado por meio de uma forma de
vida implacável que se alimenta de sangue, predisposto a eliminar o status quo e instalar o medo e
paranoia no mundo. Para não colocar a carroça na frente dos bois, uma forma de
vida alienígena vegetal caiu na terra e ficou em animação suspensa congelada em
um bloco de gelo em pleno ártico, até ser encontrado por homens da força aérea
americana, liderados pelo capitão e piloto Patrick Hendry (Kenneth Tobey), que
vivem isolados em uma base militar no continente gelado e um grupo de
cientistas, chefiados pelo Dr. Arthur Carrington. Ao ser levado para a base, o
monstro descongela e acorda do seu sono milenar, morrendo de fome e sedento por
sangue humano. Andando indestrutível pelos corredores, os cientistas descobrem
que a coisa do outro mundo (título
original do filme) na verdade vem de um planeta onde a evolução foi diferente
da nossa, e os vegetais estavam no topo da escala evolucionária, e aquela super
cenoura (como um dos próprios cientistas o descreve), pode se adaptar
tranquilamente do meio inóspito e se reproduzir de forma acelerada e assexuada,
tal como os vegetais, e podendo assim infestar todo o mundo, se escapar do
local. Enquanto Hendry quer dar cabo da criatura antes que tal mal aconteça, o
Dr. Carrington quer tê-lo como objeto de estudo e encontrar uma forma de
pacificação com a raça alienígena. Claro que o plano do Dr.
Carrington vai para as cuias e o voto é pela destruição do monstro, que na
verdade é extremamente resistente a tiros e fogo. Um verdadeiro titã do espaço
sideral. Apesar de alegadamente ser um filme B, o visual da criatura é
realmente assustador, talvez pelo fato de não aparecer frequentemente de forma
explícita na tela, o que com certeza seria um desastre, mas de ficar andando e
espreitando pelos corredores escuros, alimentando o temor dos espectadores e
ser visto apenas de relance e em meio à sombra, auxiliado pela opressiva
fotografia preto e branca, que aumenta ainda mais o sentimento de clausura e
impotência contra o monstro vegetal (interpretado por James Arness). Ponto
também para a ótima utilização dos efeitos sonoros em prol do medo, tanto no
constante uivar do vento polar lá fora, quanto os urros assustadores da
criatura. A crueldade do alien implacável também é um dos pontos altos do
filme, já que ele não tinha a menor dó de acabar com a vida de seus caçadores,
tanto que lá paras tantas vamos encontrar dois cientistas mortos, pendurados
como carne do açougue, de cabeça para baixo, com todo seu sangue extraído para
servir de alimento ao vilão espacial. Além disso a sequência final do filme é
muito bem executada, após os envolvidos, militares, cientistas e civis
debaterem muito sobre a melhor (e talvez única) forma de conseguir destruir o
alienígena: eletrocutando-o. Claro que O Monstro do Ártico não
funciona tão bem como O Enigma de Outro Mundo de Carpenter, ainda
mais pensando na plateia de hoje, já que o filme de 1982 tirou toda a aventura
e o heroísmo para criar uma obra claustrofóbica e extremamente pessimista, com
a criatura tendo o poder mimético de se transformar em outros seres humanos,
jogando os homens isolados um contra os outros. Mas ainda
assim é um importante exemplar da amálgama entre terror e sci-fi que
seriam produzidos a rodo durante essa década, e um dos mais bem sucedidos
filmes do período, servindo de referência e influência para diversas obras
vindouras.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2013/01/21/66-o-monstro-do-artico-1951/
domingo, 22 de fevereiro de 2015
sábado, 21 de fevereiro de 2015
#065 1945 O TÚMULO VAZIO (The Body Snatcher, EUA)
Direção: Robert Wise
Roteiro: Phillip MacDonald,
Carlos Keith (baseado na obra de Robert Louis Stevenson)
Produção: Val Lewton, Jack
J. Gross (Produtor Executivo)
Elenco: Boris
Karloff, Henry Daniell, Russell Wade, Edith Atwater, Bela Lugosi
O Túmulo
Vazio, na minha opinião, é a melhor atuação de Boris Karloff no
cinema. Adaptado do conto de Robert Louis Stevenson, “O Ladrão de Corpos”, o
filme produzido pela RKO de Val Lewton, responsável por alguns dos melhores
filmes de terror da década de 40, como Sangue de Pantera, A Sétima Vítima e A Morta-Viva, tem na direção o diretor Robert Wise, o mesmo de
filmes como Desafio do Além, O Dia que a Terra Parou e A
Noviça Rebelde (??!!). Karloff está simplesmente fantástico. Seu
personagem, o soturno cocheiro John Gray, que faz as vezes do ladrão de corpos
do título, é um sujeitinho vil, manipulador que não tem o menor escrúpulo e usa
de seu trabalho sujo para sempre conseguir coisas de seu interesse escuso. Seus
diálogos, suas feições e expressões corporais, só comprovam o baita ator que
ele foi. A direção de Robert Wise é segura, explorando muito bem a fotografia
escura e a penumbra das ruas de Edimburgo do século XIX, sabendo extrair o
melhor de cada um dos personagens mesmo com as limitações de orçamento, caso
recorrente nos filmes da RKO. Até Bela Lugosi faz um ponta nesse filme, que foi
o último em que os dois atores trabalharam juntos. Luogsi já começa a
demonstrar sua decadência e mais uma vez é obrigado a confrontar o personagem
de Karloff, dessa vez tentando chantageá-lo. E mais uma vez, coitado, é
engolido por Karloff. Na trama, um respeitado médico e professor de medicina, o
Dr. Toddy MacFarlane (não, não é o criador do Spawn), mantém um negócio bizarro
com Gray, já que o cocheiro é responsável por exumar os corpos do cemitério
para que o médico pudesse estudá-los a fim de lecionar. E sabemos que na
prática, nos primórdios da medicina moderna, o estudo em cadáveres era uma
pratica extremamente recorrente. O Dr. MacFarlane faz do jovem aspirante a
médico, Donald Fettes, seu novo assistente, e logo o aprendiz se vê arrastado
para esse mundo macabro, quando torna-se conivente ao receber os cadáveres e
fazer o pagamento, e até recorre a Gray para conseguir um espécime para que o
Dr. MacFarlane possa estudar as vértebras humanas no intuito de tentar operar
uma garotinha paralítica com o qual cria um certo vínculo. O que se descobre no
decorrer do filme é que Gray e MacFarlane já tiveram suas desavenças no
passado, e o doutor lhe deve muito, pois o cocheiro deu um falso testemunho no
julgamento, livrando sua cara quando estourou um escândalo de assassinato e
roubos de corpos para a prática médica alguns anos atrás. E esse escândalo é na
verdade uma história real na qual Robert Louis Stevenson se inspirou para
escrever seu conto, onde a dupla de criminosos William Burke e William Hare,
assassinavam suas vítimas para vender os cadáveres para os estudos científicos
do Dr. Robert Knox, um proeminente cirurgião que dava aulas na Universidade de
Edimburgo. Em O Túmulo Vazio, misturando ficção com realidade, MacFarlane
era o antigo assistente do Dr. Knox antes da sua carreira ir para o buraco. Claro
que há um embate maniqueísta entre os personagens onde Gray é retratado como a
personificação do mal, de uma figura sem escrúpulos e sem respeito à vida e a
morte, movido apenas por dinheiro, mas que faz o que faz sob encomenda em nome
da ciência. E a figura de Fettes acaba como o mediador dessa relação de
dependência entre Gray / MacFarlane, apesar de tornar-se cúmplice em
determinado momento, mesmo que cercado das boas intenções. Fora que o
assassinato parece ser o meio recorrente com que todos resolvem seus problemas
por lá, de uma forma ou de outra. E no final, quando há uma chance de redenção
para MacFarlane, não é bem o que acontece, e então somos brindados com uma das
mais assustadoras e marcantes cenas do cinema de terror nos minutos finais do
filme (ALERTA DE SPOILER, pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e
risco) quando MacFarlane, em sua carruagem numa noite de tempestade com mais um
corpo roubado do cemitério, é assombrado pelo fantasma de Gary, que já havia o
alertado que o pobre doutor nunca conseguiria se livrar dele. E então após
sofrer um acidente que lhe tira a vida, vemos que Gary nunca esteve naquela
carruagem e foi apenas a consciência pesada do doutor que lhe pregou uma peça
sinistra. Dilemas morais, chantagem, extorsão, roubo de cadáveres, um
personagem pra lá de sombrio com uma atuação soberba de Karloff, direção
precisa de Wise, pontinha de Lugosi e ainda uma final assustador.O Túmulo
Vazio é um clássico que merece ser visto!
FONTE:
http://101horrormovies.com/2013/01/19/65-o-tumulo-vazio-1945/
#064 1945 NO SILÊNCIO DAS TREVAS (The Spiral Staircase, EUA)
Direção: Robert Siodmak
Roteiro: Mel Dinelli
(baseado na obra de Ethel Lina White)
Produção: Dore Schary (não
creditado)
Elenco: Dorothy
McGuire, George Brent, Ethel Barrymore, Kent Smith, Rhonda Fleming, Gordon
Oliver
No Silêncio
das Trevas é filme muito bem executado pelo diretor Robert Siodmak,
que teve sua escola no expressionismo alemão, que mistura suspense, um casarão
vitoriano, um serial killer, estética de filme noir e um clima gótico de
mistério. Toda a forma que o longa é conduzido é magistral. Sua fotografia, o
jogo de câmera, ângulos e movimentos pouco usuais no cinema até então, os
planos, e o mais importante, a construção da atmosfera perfeita, até levar a
conclusão final, que infelizmente acaba pecando um pouco e deixa-o por um triz
de torná-lo um filme perfeito. O roteiro, baseado no livro Some Must
Watch de Ethel Lina White nos traz um assassino que vem aterrorizando uma
pequena cidade, matando mulheres que tenham em comum algum tipo de deficiência.
Aí entra na história Helen, protagonista do filme, interpretada estupendamente
por Dorothy McGuire, uma jovem que ficou muda após passar por uma traumática
experiência ao ver a casa de seus pais ardendo em chamas. Helen trabalha na
casa dos Warren, onde moram o Professor Warren, sua mãe enferma que vive de
cama e precisa de cuidados constantes, Sra. Warren, e seu meio-irmão Stephen.
Junto com ela trabalham e vivem na mansão Blanche, a secretária que tem um caso
com Stephen, o Sr. e Sra. Oates, ambos empregados e a enfermeira Baker, que
vive sendo maltratada pela rabugenta Sra. Warren. Uma noite de tempestade se
aproxima, e todos esses personagens, incluindo o Dr. Parry (interpretado por
Kent Smith, de Sangue de Pantera), apaixonado por Helen que tenta ajudá-la a
recuperar sua voz, estarão ligados dentro desse casarão como cenário,
envolvidos em intrigas familiares, paixões e mistério, elementos perfeitos para
um suspense controlado enquanto o assassino trabalha à espreita, em busca de
sua próxima vítima. Isso é o que posso contar do filme sem estragar nada. Claro
que no decorrer da história seremos munidos de informações sobre cada um dos
ali presentes, que nos dará pistas para tentarmos desvendar quem anda
praticando tais atos hediondos, até chegarmos no final, onde a verdadeira
identidade do assassino é revelada em uma cena de extrema tensão crescente, que
acontece na tal escada espiral, que remete ao título original do filme. Mas
toda a fita é construída de forma magnífica, com todos seus elementos em
perfeita sintonia. Primeiro, temos uma garota que não pode gritar ou pedir por
socorro, então isso vai aumentando ainda mais a dose de pavor e angústia,
principalmente durante sua perseguição. Segundo, temos diversos personagens
excêntricos, enclausurados dento daquele casarão, cada um com uma motivação ou
comportamento suspeito, que poderia pintar como o assassino no final da trama.
Terceiro é a ambientação perfeita nas tomadas entre os grandes quartos e
corredores da mansão, porões e demais aposentos, opressivamente somada com a
ameaçadora tempestade lá fora. Quarto é a competente atuação de todos os
atores, em plena sintonia, principalmente de Dorothy McGuire e de Ethel
Barrymore, que faz o papel da Sra. Warren, que concorreu ao Oscar de
Melhor Atriz Coadjuvante naquele ano. O que mais chama a atenção em No Silêncio
das Trevas é a direção vanguardista de Siodmak, e certos detalhes que ele
coloca em cena que deslumbram. Vamos sempre lembrar que estamos falando de um
filme da década de 40, mas alguns elementos nos rementem aos
melhores giallos que serão rodados décadas depois. Parece que você
está você está assistindo um filme perdido no tempo / espaço de Dario Argento
ou Mario Bava. O assassino usando sua luva de couro, mortes violentas e com
requintes de crueldade, mesmo nunca sendo explícitas (como acontecia nos giallos),
e principalmente o voyeurismo. Na cena do primeiro assassinato, enquanto a
garota troca de roupa, somos testemunhas de um sádico espreitando dentro do
armário, apenas observando-a, com o diretor nos mostrando um close em seu olhar
doente, já prestes a atacar a vítima. Esse mesmo olhar à espreita na escuridão
é visto antes do criminoso cometer o segundo (e último) assassinato do longa,
já envolto nas sombras do velho casarão dos Warren, onde um corte de cena e
excelente jogo de luz e sombra ilumina apenas as mãos da vítima se contorcendo.
Fora isso, ao descobrirmos sua motivação, em querer livrar o mundo dessas
mulheres com imperfeições, vemos que apesar das aparências que nos enganaram
até então, já que nos é reservado uma reviravolta ao descobrir a verdadeira
identidade do assassino, sempre tratou-se de uma mente distorcida e perturbada.
Em nenhum momento soa datado e canhestro, dá para ver nitidamente a ousadia da
direção de Siodmak na década de 40, e vislumbrar quantas influências futuras
ele deixou para o gênero.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2013/01/18/64-no-silencio-das-trevas-1945/
#058 1944 A MALDIÇÃO DA MÚMIA (The Mummy’s Curse, EUA)
Direção: Leslie Goodwins
Roteiro: Bernard Schubert, Leon Abrams e Dwight V. Babcock (história original)
Produção: Oliver Drake (Produtor Associado), Ben Pivar (Produtor Executivo)
Elenco: Lon Chaney Jr., Peter Coe, Virgina Christine, Kay Harding, Dennis Moore, Martin Kosleck
“Véi”, na boa, quem aguenta dois filmes da múmia lançados no mesmo ano? 1944 foi o ano da criatura egípcia enfaixada da Universal. Lon Chaney Jr. vestiu suas ataduras aqui em A Maldição da Múmia, lançado em dezembro e O Fantasma da Múmia, lançado em julho. Bom, passando 25 anos depois do filme anterior, A Maldição da Múmia retoma a velha e saturada história de Kharis e da princesa Ananka, mais uma vez contada nos mínimos detalhes em flashbacksaqui nessa fita. Só que dessa vez a trama se passa nos pântanos da Louisiana. Afinal, no último longa, Kharis conseguiu resgatar o corpo da sua amada milenar, e acuado pela população, acabou entrando no pântano, levando sua alma e da princesa para o descanso eterno. Ledo engano. Mais uma vez um pentelho de um egípcio alto sacerdote da ordem de Arkahn, dessa vez o Dr. Ilzor Zandaab, resolve trazer a múmia de volta a vida usando a poção feita através das nove folhas de tana (que era uma árvore extinta desde o Egito Antigo, que não sei de onde eles continuam encontrando tantas dessas folhas depois de tanto tempo, mas enfim). A intenção de Zandaab, ajudado pelo seu capanga, Ragheb, é que a múmia encontre o corpo da princesa e por fim, levá-los de volta para o Egito. Kharis vai tocar o terror no bayou, assustando e matando estrangulados os cajuns que trabalham na drenagem do pântano, sob as ordens do Major Pat Walsh. Ainda há na trama as figuras do Dr. James Halsey, que trabalha no Museu Scripps e tem interesse em encontrar as múmias para levá-las até o museu, e Betty, secretária e sobrinha de Walsh, que acaba se transformando no par romântico do Dr. Halsey. Além disso, a princesa Ananka volta à vida, em uma cena simplesmente fantástica, onde ela começa a sair da terra e caminhar desorientada e devagar, como veríamos anos mais tarde em muitos dos filmes de zumbi que estamos acostumados hoje em dia. Só que Ananka em sua forma humana sofre de amnésia e não se lembra nem do Egito antigo e nem de Kharis, por quem sente apenas pavor e não mais aquele amor de outrora. Kharis a rapta, e Betty pede ajuda a Ragheb para encontrá-la. Ragheb, enfeitiçado pelo seu rabo de saia, então ajuda a moça, traindo o seu juramento para os sacerdotes de Arkahn, utilizando o seguinte argumento para se explicar a Zandaab: “mestre, eu sou de carne e osso”. Sinceridade total. Bom, daí blá blá blá, whiskas sachê, o Dr. Hasley confronta Zandabb, e Kharis é derrotado de uma vez por todas, enterrado nos escombros. E Ananka que tinha voltado à vida, volta a se transformar em uma múmia também, e finalmente a Universal vai dar uma paz para as criaturas que fazem mais de 3.000 anos que estão sendo aporrinhados por uma sociedade secreta egípcia que não tem mais o que fazer. E para nós também, por favor. Mas o mais interessante de tudo, revendo todos os filmes da franquia, é o universo paralelo maluco de tempo e espaço em que a saga da múmia está alocada na cabeça dos roteiristas, produtores e diretores da Universal. Porque, pelo amor, são muitos furos grotescos de continuidade. Saca só: A Mão da Múmia se passa em 1940. A Tumba da Múmia se passa 30 anos depois (segundo o próprio filme), então em 1970. O Fantasma da Múmia também se passa no mesmo ano. Já A Maldição da Múmia, esse aqui, se passa 25 anos depois do último filme. Então quer dizer que o ano é 1995? Fora que no filme anterior, a ação se passa na Nova Inglaterra. Como diabos os cadáveres de Kharis e Ananka foram parar no pântano da Louisiana, mais de 2.400km de distância? Vai entender essa gente…
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/01/12/58-a-maldicao-da-mumia-1944/
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