sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

#023 1932 A MÁSCARA DE FU MANCHU (The Mask of Fu Manchu, 1932)


Direção: Charles Brabin
Roteiro: Irene Kuhn, Edgar Allan Wolf, John Willard (baseado na obra de Sax Rohmer)
Elenco: Boris Karloff, Lewis Stone, Karen Morley, Charles Starrett, Myrna Loy

Ah, o diabólico, perverso, vil e mesquinho Dr. Fu Manchu! A personificação do estereótipo e preconceito aos chineses atinge o seu auge em A Máscara de Fu Manchu, famosa produção da MGM que traz o sempre brilhante Boris Karloff no papel do perigo amarelo em pessoa. Mas essa não foi a primeira incursão de Fu Manchu no cinema. Em 1921 já havia sido visto em dois seriados mudos, e em 1929 e 1930, foi interpretado, já na fase falada do cinema, pelo imortal Warner Oland, mais conhecido pelo papel de Charlie Chan. Porém aqui em 1932, a MGM resolveu investir pesado na sua versão, raptando Karloff da Universal após o estrondoso sucesso de Frankenstein, gastando a fortuna para a época de 330 mil dólares, criando uma produção controversa e racista. Tanto que o filme ficou fora de circulação por vários anos, mas como de costume no cinema, depois foi valorizado e ganhou o status de cult. Inspirado no personagem dos romances pulp criado pelo inglês Sax Rohmer, escritos durante a primeira metade do Século XX, Fu Manchu é um gênio traiçoeiro do crime, que utiliza de ardis e torturas diversas, além de ser praticante de ciências obscuras e ocultas, utilização de venenos e soros de controle mental e enviar animais como répteis e aracnídeos contra seus inimigos. Sua aparência é inconfundível, com seus longos bigodes, que se tornou a sua marca registrada. Em A Máscara de Fu Manchu, arqueólogos liderados pelo britânico Nayland Smith, descobre uma pista de onde pode estar enterrado o túmulo do imperador mongol Genghis Khan, junto com alguns importantes artefatos, como sua máscara e espada de ouro. Em uma corrida contra o tempo, o grupo de Nayland precisa encontrar o túmulo antes de Fu Manchu, que deseja utilizar os pertences do antigo conquistador para ascender o mundo oriental contra o homem branco, dizimando-os e controlando o mundo! Para isso, claro que o maligno vilão irá usar tudo a seu alcance, começando por raptar um dos arqueólogos, o Sr. Lionel Barton, pai da bela Sheila, utilizando uma macabra tortura chinesa para que ele revele o local da descoberta. Fu Manchu prende Barton em uma mesa ligada a um gigantesco sino, e o priva de sono, alimentos, água e fica badalando no ouvido do pobre coitado dia e noite, até que ele finalmente fale as coordenadas. Como se não bastasse, o namorado de Barton, Terrence também é sequestrado ao tentar ludibriar Fu Manchu levando uma máscara e espada falsas, e nele o destino ainda é pior! O china desenvolve um soro feito através de sangue de cobra, salamandra e aranhas para controlar sua mente e torná-lo um escravo de sua vontade, e de sua filha, Fah Lo See (interpretado pela Myrna Loy) que arrastou uma asa para o britânico e o quer como brinquedinho. Então resta a Nayland e Sheila recuperar a espada antes que Fu Manchu comece sua insurreição amarela contra o mundo livre, salvar Terrence de seu controle e dar cabo de seus planos maléficos de uma vez por todas. Karloff mais uma vez, como de praxe, está incrível no papel caricato do vilão. Só que claramente A Máscara de Fu Manchu é uma ode ao racismo e preconceito contra os asiáticos, afinal o cara é  traiçoeiro e inescrupuloso, digno de desconfiança, assim como os britânicos realmente viam os orientais, já que durante o imperialismo, sempre foram considerados os donos do mundo, e a Ásia foi amplamente colonizada pelos ingleses. Chega realmente a ser ofensivo como os chineses são retratados e também os demais escravos e comparsas de Fu Manchu, que são negros e hindus, julgados como a escória da escória vilanesca. Mas deixando de lado isso, A Máscara de Fu Manchu é um filme divertidíssimo, com todo aquele exagero nos cenários, vestimentas, e nos trejeitos de Karloff e de Myrna Loy como sua filha. E assim, por mais salafrário que o Dr. Fu Manchu seja, você sempre acaba torcendo para o vilão. Pois é, Karloff faz isso com as pessoas! E as câmaras de tortura com as traquitanas de Fu Manchu? São um espetáculo à parte. Ele é uma espécie de Jigsaw de olhos puxados! Além da já citada tortura da badalada do sinos, para nossos herois são reservadas uma espécie de gangorra, onde o fulano fica amarrado em uma ponta e na outra tem uma quantidade de areia caindo para fazer peso, e logo no fosso abaixo há uma série de crocodilos famintos, e outra onde a pessoa fica presa no meio com duas paredes cheias de espinho se aproximando lentamente para perfurá-lo. Cruel! Ah e só para não esquecer, o esconderijo do vilão fica dentro de um bordel chamado “Casa dos Mil Prazeres”. O Dr. Fu Manchu foi retratado ainda diversas vezes no cinema, com uma extensa filmografia que terminou somente em 1969 (isso sem contarmos O Diabólico Fu Manchu, comédia de 1980, último papel de Peter “Inspetor Clouseau” Sellers no cinema). Teve também Cristopher Lee usando os longos bigodes pontiagudos em algumas produções, e suas ultimas incursões na telona, dirigidas pela lenda do euro trash Jesús “Jess” Franco.
FONTE: http://101horrormovies.com/


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