Direção: Rowland V. Lee
Roteiro: Wyllis Cooper
Produção: Rowland V. Lee
Elenco: Boris Karloff, Basil
Rathbone, Bela Lugosi, Lionel Atwill
Depois da A Noiva de Frankenstein, era hora de outro parente dar título
a um novo filme da famosa criatura trazida à vida e eternizada por Boris
Karloff, saciando a insaciável vontade da Universal em explorar seus monstros
até a última gota e continuar faturando alguns trocados em cima deles. Estou
falando dessa vez de O Filho de Frankenstein, lançado em 1939, um ano após Drácula e Frankenstein terem voltado aos cinemas e despertado novo
interesse no público. Mas diferente, por exemplo, de A Filha de Drácula, O Filho de Frankenstein na
verdade é um excelente filme, e um dos melhores da era de ouro do cinema de
terror da Universal, seguindo muito bem os passos dos dois filmes anteriores e
mantendo a qualidade lá em cima, mesmo sem James Whale na direção, que não
havia se adaptado à nova chefia do estúdio, uma vez que os Laemmles perderam o
controle do estúdio de 1936 e Whale foi chutado. O diretor Rowland V. Lee
segurou muito bem as pontas, com uma direção impecável e fotografia belíssima,
remetendo aos filmes do começo da década com forte influência do expressionismo
alemão, principalmente tratando-se de composições de cenários. O elenco é
espetacular. Um show a parte. Quatro dos principais atores do cinema de terror
da década de 30 estão juntos nessa fita, e todos eles estão simplesmente
fantásticos. Karloff aqui retorna pela última vez como o monstro incompreendido
que o catapultou ao estrelato. Seu melhor amigo dessa vez é Ygor, um corcunda
condenado à morte que sobreviveu ao enforcamento, que vive como um pária da
sociedade. Lugosi faz o papel de Ygor, em uma atuação magnífica, mesmo que
contentando-se em um papel secundário. Na verdade nessa altura do campeonato
Lugosi já estavam em plena decadência e passando por uma difícil situação
financeira. Inicialmente seu papel era minúsculo e ele ganharia uma mixórdia de
salário, sendo explorado pelos chefões do estúdio. Mas indignado com a
situação, o diretor Rowlando V. Lee foi aumentando sua participação e
importância na trama, fazendo assim com que Lugosi ganhasse um salário mais
decente. Basil Rathbone faz o papel do Barão Wolf von Frankenstein, o tal filho
de Franekenstein (afinal nunca se esqueça que Frankenstein é o cientista, e não
o monstro, como muita gente ainda erra, e isso é até comentado no próprio
filme, onde indignado com o tratamento sempre dado a seu pai, Wolf diz que nove
em cada 10 pessoas confundem o nome da criatura com o pai). Também é
digno de uma atuação excelente. Detalhe que Rathbone, eternizado como Sherlock
Holmes nos filmes do personagem na década de 40, acabou substituindo Peter
Lorre, de M, O Vampiro de Dusseldorf e Dr. Gogol – O Médico Louco, que não pode fazer o papel por
motivos de saúde. Completa o quarteto o também sempre eficiente Lionel Atwill
como o inspetor Krogh, outro grande nome do cinema de horror, que já havia
atuado em filmes como O Morcego Vampiro, Os Crimes do Museu e A Marca do Vampiro. Wolf Frankenstein volta à sua terra natal
já com a pecha de ser filho do cientista louco que espalhou a desgraça pelo
local, trazendo a sua infame criatura à vida. Além de viver sob o preconceito
do vilarejo, ainda terá de lidar com a polícia e os magistrados sempre
suspeitando de que uma hora ou outra ele seguirá os passos do pai. E é claro
que ele vai fazer isso, quando descobre que o monstro está vivo através do
ferreiro Ygor, que o salvou da destruição e ajuda Frankenstein a reconstruir o
laboratório do pai e curá-lo em um novo processo de galvanização, tentando
limpar o nome do progenitor. Porém Ygor começa a conduzir a criatura para
servir como instrumento de sua vingança pessoal, matando os oitos juízes que o
condenaram a forca por roubo de cadáveres, trabalho que fazia para que Henry
Frankenstein, o pai, desse continuidade em suas experiências. Wolf e o Inspetor
Krogh devem tentar impedir a criatura, que irá se voltar contra a família do
Barão e sequestrar seu filho, levando-o até o laboratório para o embate final. Karloff,
com um novo figurino, agora usando um colete de pele de animal bem demodê em
cima da já sua famosa roupa preta esfarrapada, dá adeus a criatura saindo por
cima da carne seca, em mais um excelente filme desse clássico personagem da
literatura, antevendo que a Universal continuaria explorando a imagem do
monstro, mas sem mais nada de novo a acrescentar e trazendo somente mais do
mesmo, sem aquele conteúdo psicológico complexo apresentado nos dois primeiros
filmes. Aqui mesmo, ele já está mais cruel e inteligível em relação aos anteriores,
sem demonstrar aquele toque de compaixão e inocência que rondava sua imagem.
Daí para frente o monstro se tornaria uma alegoria, resumindo-se a um simples
assassino em O Fantasma de
Frankenstein e A Casa de
Frankenstein, e chegando até a sair na mão com o lobisomem em um
crossover do estúdio. Uma curiosidade é que originalmente O Filho de
Frankenstein era para ser produzido à cores. Mas a Universal resolveu
voltar atrás da ideia depois do resultado não sair como esperado, principalmente
no que se diz respeito a maquiagem de Karloff e o seu estranho tom de verde.
Isso na verdade acabou contribuindo com o filme, que pode explorar a fotografia
preto e branca, utilizando muito bem o jogo de luz e sombra, ambientação de
cenários (alguns pintados, ao melhor estilo expressionismo alemão, que ficaria
muito tosco se fosse colorido) e figurino. O Filho de
Frankenstein infelizmente não fez tanto sucesso quanto seus dois
antecessores, e não teve a mesma receptividade do público, talvez já cansado da
fórmula, que ainda viria a ser repetida diversas outras vezes, com essa e
outras franquias de monstros da Universal. Posteriormente a fita ganhou seu
devido reconhecimento da crítica e não deixa nada a desejar à saga do criador e
de sua criatura.
FONTE:
http://101horrormovies.com/
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