Direção: Christian
Nyby, Howard Hawks (não creditado)
Roteiro: Charles
Lederer (baseado na obra de John W. Campbell Jr.)
Produção: Howard
Hawks, Edward Lasker (Produtor Associado)
Elenco: Margaret
Sheridan, Kenneth Tobey, Robert Cornthwaite, Douglas Spencer, James Youg
Chegamos
aos anos 50. A década em que o cinema de horror e de sci-fi andaram
de mãos dadas, cheio de suas invasões alienígenas, animais gigantes e monstros
espaciais e/ou radioativos para ajudar a enfiar na cabeça dos americanos e de
uma geração inteira de baby boomers, a iminente ameaça nuclear e o temores
do comunismo em tentar destruir o precioso american way of life. E O Monstro do Ártico é o primeiro dessa lista. Clássico
absoluto da ficção científica, a fita produzida por Howard Hawks (e dirigida,
de forma não creditada) para a RKO Radio Pictures é baseada na história Who
Goes There? de John W. Campbell Jr., publicada na revista Astounding
Stories e refilmada 30 anos depois por John Carpenter, resultando na obra
prima do terror alienígena O Enigma de Outro Mundo. Lançado em plena Guerra Fria,
claro que a história de um alienígena maligno é uma metáfora para os
comunistas, quase como todos os filmes do período, funcionando como uma
verdadeira propaganda ideológica macarthista. Junto com o igualmente famoso Vampiros de Almas e O Dia Em Que a Terra
Parou, O Monstro do Ártico é um dos filmes que mais ganhou conotações
políticas (até talvez mais do que fosse sua real intenção), graças a seu enredo
que caiu como uma luva no sentimento xenofóbico obscuro e negativista dos
americanos nos anos pós bomba atômica, apresentado por meio de uma forma de
vida implacável que se alimenta de sangue, predisposto a eliminar o status quo e instalar o medo e
paranoia no mundo. Para não colocar a carroça na frente dos bois, uma forma de
vida alienígena vegetal caiu na terra e ficou em animação suspensa congelada em
um bloco de gelo em pleno ártico, até ser encontrado por homens da força aérea
americana, liderados pelo capitão e piloto Patrick Hendry (Kenneth Tobey), que
vivem isolados em uma base militar no continente gelado e um grupo de
cientistas, chefiados pelo Dr. Arthur Carrington. Ao ser levado para a base, o
monstro descongela e acorda do seu sono milenar, morrendo de fome e sedento por
sangue humano. Andando indestrutível pelos corredores, os cientistas descobrem
que a coisa do outro mundo (título
original do filme) na verdade vem de um planeta onde a evolução foi diferente
da nossa, e os vegetais estavam no topo da escala evolucionária, e aquela super
cenoura (como um dos próprios cientistas o descreve), pode se adaptar
tranquilamente do meio inóspito e se reproduzir de forma acelerada e assexuada,
tal como os vegetais, e podendo assim infestar todo o mundo, se escapar do
local. Enquanto Hendry quer dar cabo da criatura antes que tal mal aconteça, o
Dr. Carrington quer tê-lo como objeto de estudo e encontrar uma forma de
pacificação com a raça alienígena. Claro que o plano do Dr.
Carrington vai para as cuias e o voto é pela destruição do monstro, que na
verdade é extremamente resistente a tiros e fogo. Um verdadeiro titã do espaço
sideral. Apesar de alegadamente ser um filme B, o visual da criatura é
realmente assustador, talvez pelo fato de não aparecer frequentemente de forma
explícita na tela, o que com certeza seria um desastre, mas de ficar andando e
espreitando pelos corredores escuros, alimentando o temor dos espectadores e
ser visto apenas de relance e em meio à sombra, auxiliado pela opressiva
fotografia preto e branca, que aumenta ainda mais o sentimento de clausura e
impotência contra o monstro vegetal (interpretado por James Arness). Ponto
também para a ótima utilização dos efeitos sonoros em prol do medo, tanto no
constante uivar do vento polar lá fora, quanto os urros assustadores da
criatura. A crueldade do alien implacável também é um dos pontos altos do
filme, já que ele não tinha a menor dó de acabar com a vida de seus caçadores,
tanto que lá paras tantas vamos encontrar dois cientistas mortos, pendurados
como carne do açougue, de cabeça para baixo, com todo seu sangue extraído para
servir de alimento ao vilão espacial. Além disso a sequência final do filme é
muito bem executada, após os envolvidos, militares, cientistas e civis
debaterem muito sobre a melhor (e talvez única) forma de conseguir destruir o
alienígena: eletrocutando-o. Claro que O Monstro do Ártico não
funciona tão bem como O Enigma de Outro Mundo de Carpenter, ainda
mais pensando na plateia de hoje, já que o filme de 1982 tirou toda a aventura
e o heroísmo para criar uma obra claustrofóbica e extremamente pessimista, com
a criatura tendo o poder mimético de se transformar em outros seres humanos,
jogando os homens isolados um contra os outros. Mas ainda
assim é um importante exemplar da amálgama entre terror e sci-fi que
seriam produzidos a rodo durante essa década, e um dos mais bem sucedidos
filmes do período, servindo de referência e influência para diversas obras
vindouras.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2013/01/21/66-o-monstro-do-artico-1951/
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