Direção: Arthur Lubin
Roteiro: Samuel Hoffenstein,
Eric Taylor, John Jacoby (adaptação) (baseado na obra de Gaston Leroux)
Produção: George Waggner
Elenco: Claude Rains, Nelson
Eddy, Edgar Barrier, Susanna Foster
O primeiro (e único) filme
colorido do ciclo de monstros da Universal foi a nova adaptação de O Fantasma da
Ópera, baseada na obra literária de Gaston Leroux, que já havia sido
levado às telas anteriormente pelo mesmo estúdio em 1925, no clássico com Lon
Chaney, dirigido por Rupert Julian. E antes que alguém me pergunte, a versão
muda, em preto e branco, filmada há 20 anos quando essa versão aqui foi
lançada, é infinitamente superior. Na verdade O Fantasma da Ópera de
1943 é um tanto quanto chato e presunçoso, tenho que ser honesto. Foi um filme
pensado para ser uma superprodução de época, com todo o exagero de figurino e
figurantes e principalmente com toda a ostentação da cor by Technicolor.
Mas é um verdadeiro pé no saco ficar aguentando todas as cenas das óperas que
eles resolveram colocar no filme. Tá, não gosto de ópera, não tenho toda essa
erudição, mas sabe, uma coisa é você ir assistir a uma ópera, outra, é
enxertarem pelo menos uma três ou quatro encenações intermináveis no meio de um
suposto filme de terror. Enfim, devaneios à parte, essa versão de Arthur
Lubin enche os olhos, mas o grande problema é que a aura gótica, o aspecto
sombrio, de sofrimento, solidão e clausura que permeava tanto O Fantasma da Ópera de 1925 quanto o próprio personagem
vivido por Chaney, aqui são completamente sobrepujados pela vivacidade das
cores berrantes. A trama principal continua a mesma: Erique Claudin
(interpretado por Claude “Homem Invisível” Rains), um virtuoso músico,
violinista da Ópera de Paris está vivendo uma má fase. Apaixonado pela
aspirante atriz Christine Dubois (a bela Susanna Foster), cujo coração é alvo
da disputa entre o barítono Anatole Garror (vivido pelo ator e cantor galã
Nelson Eddy) e o oficial de polícia Raoul D’Aubert (Edgar Barrier), além de
nunca conseguir ter o amor da jovem, ele é demitido da orquestra da Ópera, vive
falido (pois investiu todos os seus rendimentos em aulas de canto para
Christine) e tem seu concerto, que seria a chave para seu sucesso, roubado. Tomado
por um acesso de loucura, Erique estrangula um dos donos da casa de música que
roubou sua obra, quando é atingido por ácido em seu rosto, que o deixa
terrivelmente deformado, fazendo com que ele seja obrigado a usar para sempre
aquela famosa máscara que cobre seu rosto. Louco, com um desejo incontido de
vingança, Erique vai viver nos subsolo da Ópera de Paris e não mede esforços,
nem que isso recorra a assassinato, para que Christine seja a principal estrela
daqueles palcos, agindo soturnamente com sua capa e chapéu, sempre encoberto
pelas sombras, o que lhe rendeu o apelido de fantasma. O fantasma é um
personagem incrível, psicologicamente perturbado que poderia ter sido muito
mais aproveitado, mas não. Até entende-se que em pleno ano de 1943, com o mundo
vivendo os horrores da Segunda Guerra Mundial, a plateia não estava nem um
pouco a fim de ver mais terror nas telas. Por isso a mudança de tom dessa
versão de O Fantasma da Ópera foi orquestrada pela Universal,
eliminando toda a complexidade, sofrimento e pavor que o personagem principal
passa, atenuando a produção com um alívio cômico (principalmente vivido pelo
triângulo amoroso entre Christine, Raoul e Garron) e com as tantas e tantas
cenas de coreografia dos musicais. Até a famosa cena da queda do lustre, que
deveria ser um dos pontos altos do filme, demora uma eternidade para acontecer,
com Erique gastando uns bons 10 minutos para conseguir serrar o ilustre, apenas
para que a apresentação da ópera em questão que está acontecendo no palco fique
mais tempo no ar. Outra cena subaproveitada ao extremo é quando finalmente
Christine é levada para as catacumbas do fantasma, e ela não parece nem um
pouco aterrorizada e fascinada como no filme de Rupert Julien (ou no livro), e
quando o verdadeiro rosto desfigurado do personagem é mostrado, não causa nem 1/3
do impacto de ver a maquiagem de Lon Chaney no original. Mas o dispendioso
esforço da Universal deu frutos para o estúdio. O filme foi um sucesso de
bilheteria, toda sua cor amenizou a escuridão da guerra e O Fantasma da
Ópera faturou duas estatuetas do Oscar no ano seguinte: melhor
fotografia e melhor direção de arte. Sinceramente, para mim Lon Chaney se
revirou no túmulo.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2012/12/22/50-o-fantasma-da-opera-1943/
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