Direção: Lewis Allen
Roteiro: Dodle Smith, Frank
Partos
Produção: Charles Brackett
(Produtor Associado), Buddy G. DeSylva (Produtor Executivo – não creditado)
Elenco: Ray
Milland, Ruth Hussey, Donald Crisp, Cornelia Otis Skinner, Gail Russell
O Solar das
Almas Perdidas é um verdadeiro clássico do gênero casa mal
assombrada. E um dos primeiros a criar uma estética particular para esse tipo
de filme e alguns elementos peculiares que seriam copiados e aproveitados
futuramente em outras célebres produções do gênero, como Os Inocentes, Desafio do
Além e exemplos recentes, como Os Outros. Perdido em meio aos filmes de monstros da Universal
e o terror psicológico da RKO Pictures, em O Solar das Almas Perdidas,
pode se ver muito da escola que as produções de Val Lewton injetaram no cinema
de horror, sem nunca mostrar o verdadeiro monstro, a não ser nos momentos
finais do filme, utilizando efeitos especiais que deve ter feito a plateia
gelar o sangue na época. Além disso, a excelente estreia na direção de Lewis
Allen é segura, dominando muito bem os efeitos de luz e sombra e sabendo usar
como ninguém o poder do som, efeitos sonoros e da sugestão para assustar, tudo
amarradinho com um excelente roteiro e uma história de pano de fundo que
realmente prende a atenção do espectador, com direito a uma reviravolta no seu
final, algo extremamente ousado para a época (que hoje é usado até em demasia
quando se trata de filmes de fantasmas). Roderick e Pamela Fitzgerald,
interpretados respectivamente por Ray Milland e Ruth Hussey, são dois irmãos de
férias que acabam por acaso descobrindo um casarão abandonado na costa da Cornuália.
Os dois ficam completamente apaixonados pelo imóvel, e o compram por uma
barganha de seu dono, o Comandante Beech, que quer se livrar do local onde sua
filha e genro moraram, antes do trágico suicídio da garota, que pulou do
precipício em direção à morte certa no mar. Claro que há alguma coisa errada
com o lugar, e depois de algumas noites, todo o encanto termina quando eles
descobrem que a casa é mal assombrada, e que há um espírito que chora todas as
noites até a primeira brisa da manhã. E ainda misteriosamente o local fica infestado
pelo perfume de flores mimosas, sem contar as correntes frias de ar. Ao mesmo
tempo que os irmãos Fritzgerald e Lizzie, a governanta, tem de lidar com essa
situação, eles começam a receber a visita frequente de Stella Meredith, neta do
Comandante Bleech e órfã de Mary Meredith, que se suicidara. A presença da
triste e resignada Stella começa a aumentar ainda mais a atividade paranormal
do local, e a garota começa a ser controlada por um terrível força, que quase a
faz se jogar do mesmo precipício que a mãe, se não fosse salva na hora H por
Roderick, que nessa altura do campeonato, já havia se apaixonado pela jovem, e
vice-versa. Decididos a entender a tragédia que se abateu no local, e qual o
motivo da presença daquele fantasma assustador, além da sua real intenção,
Roderick e Pamela, auxiliados pelo Doutor
Scott (vivido por Alan Naiper,
que mais tarde ficaria famoso como o Alfred do seriado do Batman dos anos 60) começam a cavucar o passado e descobrem uma
trama de intrigas entre Mary Meredith e Carmella, acobertada pelo Comandante e
pela psiquiatra Dra. Holloway, que envolve o destino de Stella. O Solar das
Almas Perdidas traz uma atmosfera sóbria, sem desvios cômicos muito comuns
no que se vinha feito em filmes de fantasmas até então. O choro de tristeza e
de lamúria do fantasma é realmente apavorante, e a figura espectral que aparece
é realmente impressionante tendo em consideração as limitações de época, e como
disse alguns parágrafos acima, tenho certeza que meteu muito medo. Além disso,
outro golaço do filme é o fato de não tentar nenhuma explicação lógica ou
científica para o fato. Existe uma trama, existe uma reviravolta, conhecemos
todos os motivos da(s) presença(s) naquela casa, mas nada que apele ou que
ataque o bom gosto.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2013/01/14/60-o-solar-das-almas-perdidas-1944/
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