Direção: Tod Browning
Roteiro: Garrett Fort, Guy
Endore, Eric Von Stroheim
Produção: Tod
Browning, E.J. Mannix
Elenco: Lionel
Barrymore, Maureen O’Sullivan, Frank Lawton, Rafaela Ottiano, Robert Greig
A Boneca do Demônio é um filme dos mais malucos que eu já vi na minha vida.
Sério, é bizarro para caramba, uma baita de uma viagem. E isso o torna bastante
interessante, além do fato de ter sido dirigido por Tod Browning, na verdade
sendo o penúltimo filme da sua carreira, e o último de terror, após ter
contribuído para a expansão e popularização do gênero. Na verdade Browning
merece um parágrafo a parte. Na minha opinião, ele pode ser considerado o
primeiro grande diretor do cinema de horror. Por mais que antes dele tivemos
nomes como F.W. Murnau e Paul Leni. Browning está no mesmo patamar de James
Whale, mas ainda assim, tem no currículo produções mais genuínas e “pesadas” de
terror (nos moldes do que vinha sendo feito nas décadas de 20 e 30), diferente
de Whale que sempre imprimia um toque de humor em seus filmes. Além de ter
dirigido a primeira adaptação de Drácula e inaugurado o ciclo de monstros da Universal,
Browning foi o primeiro a fazer um filme, digamos, transgressor para chocar o
público com o controverso Monstros e também é responsável pela melhor atuação de
Lon Chaney no incrível O Monstro do Circo. Browning também entendia como ninguém de
fotografia e do uso da técnica do som. Por isso era o mestre do cinema macabro
em seu tempo. Uma pena que sua carreira tenha acabado tão cedo, principalmente
depois do invento do cinema falado. Aqui em A Boneca do Demônio, Browning
está em plena forma e conseguimos captar quadro a quadro a genialidade do
cineasta. Só mesmo ele seria capaz de levar às telas uma absolutamente absurda
e estranha história fantástica, onde um condenado fugitivo arquiteta um
terrível plano para se vingar daqueles que injustamente o colocaram na cadeia,
utilizando bonecos de seres humanos em miniatura. Sim, é isso mesmo que você
acabou de ler. Bonecos de seres humanos em miniatura. Paul Lavond (interpretado
magistralmente por Lionel Barrymore) foi outrora um rico banqueiro, acusado de
ter assassinado um vigia noturna, numa conspiração de seus três outros sócios
no banco, e é condenado à prisão perpétua na Ilha do Diabo. Depois de 17 longos
anos, Lavond consegue escapar com um amigo, Marcel, e ambos vão para sua casa
no meio do pântano. Lá, ele descobre que Marcel é um cientista totalmente
pirado, que vive com sua esposa Malita, coxa e de olhos esbugalhados, parecida
com uma bruxa, e ambos conseguiram através de um experimento nefasto,
miniaturizar qualquer tipo de ser vivo, desde os cachorros da casa, até Lacha,
a empregada. O único problema é que com a miniaturização do cérebro, as cobaias
perdem completamente a capacidade de raciocinar e pensar por si próprias, mas
elas podem ser comandadas telepaticamente a fazer o que lhe mandarem, pois elas
não possuem mais livre arbítrio. Fala se não é uma das histórias mais malucas
que você já viu? Pois bem, Lavond resolve voltar para Paris junto com Malita,
após a morte de Marcel, e começa a preparar o terreno para sua maligna
vingança. Para isso, abre uma loja de bonecos no centro da cidade e começa a se
travestir como uma velha senhora, para enganar as autoridades. Sua primeira
vítima é Radin, um dos sócios, que é transformado em uma miniatura humana, e
controlado por Lavond, assim como Lachna, para praticar por seu plano em
prática. Apesar de ter uma história bastante macabra, A Boneca do
Demônio não é o filme mais bizarro de Browing (até porque bater Monstros seria
impossível naquela altura do campeonato). Ainda mais porque há um certo alívio
emocional, graças a Lorraine (papel de Maureen O’Sullivan, que interpretou
várias vezes o papel de Jane nos filmes de Tarzan da década de 30 e 40), filha
de Lavond, que odeia o pai por ter sido preso e consequentemente ter feito sua
mãe cometer suicídio e ter de trabalhar como louca na lavanderia. Ou
seja, além da vingança e de ter seu nome limpo, Lavond também precisa apagar
esse estigma da filha e faça com que ela volte a amá-lo. Então isso reserva
para o final uma cena de redenção entre pai e filha, mesmo que não seja feita
da forma mais convencional.
FONTE:
http://101horrormovies.com/
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