quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

#039 1936 A BONECA DO DEMÔNIO (The Devil-Doll, EUA)


Direção: Tod Browning
Roteiro: Garrett Fort, Guy Endore, Eric Von Stroheim
Produção: Tod Browning, E.J. Mannix
Elenco: Lionel Barrymore, Maureen O’Sullivan, Frank Lawton, Rafaela Ottiano, Robert Greig

A Boneca do Demônio é um filme dos mais malucos que eu já vi na minha vida. Sério, é bizarro para caramba, uma baita de uma viagem. E isso o torna bastante interessante, além do fato de ter sido dirigido por Tod Browning, na verdade sendo o penúltimo filme da sua carreira, e o último de terror, após ter contribuído para a expansão e popularização do gênero. Na verdade Browning merece um parágrafo a parte. Na minha opinião, ele pode ser considerado o primeiro grande diretor do cinema de horror. Por mais que antes dele tivemos nomes como F.W. Murnau e Paul Leni. Browning está no mesmo patamar de James Whale, mas ainda assim, tem no currículo produções mais genuínas e “pesadas” de terror (nos moldes do que vinha sendo feito nas décadas de 20 e 30), diferente de Whale que sempre imprimia um toque de humor em seus filmes. Além de ter dirigido a primeira adaptação de Drácula e inaugurado o ciclo de monstros da Universal, Browning foi o primeiro a fazer um filme, digamos, transgressor para chocar o público com o controverso Monstros e também é responsável pela melhor atuação de Lon Chaney no incrível O Monstro do Circo. Browning também entendia como ninguém de fotografia e do uso da técnica do som. Por isso era o mestre do cinema macabro em seu tempo. Uma pena que sua carreira tenha acabado tão cedo, principalmente depois do invento do cinema falado. Aqui em A Boneca do Demônio, Browning está em plena forma e conseguimos captar quadro a quadro a genialidade do cineasta. Só mesmo ele seria capaz de levar às telas uma absolutamente absurda e estranha história fantástica, onde um condenado fugitivo arquiteta um terrível plano para se vingar daqueles que injustamente o colocaram na cadeia, utilizando bonecos de seres humanos em miniatura. Sim, é isso mesmo que você acabou de ler. Bonecos de seres humanos em miniatura. Paul Lavond (interpretado magistralmente por Lionel Barrymore) foi outrora um rico banqueiro, acusado de ter assassinado um vigia noturna, numa conspiração de seus três outros sócios no banco, e é condenado à prisão perpétua na Ilha do Diabo. Depois de 17 longos anos, Lavond consegue escapar com um amigo, Marcel, e ambos vão para sua casa no meio do pântano. Lá, ele descobre que Marcel é um cientista totalmente pirado, que vive com sua esposa Malita, coxa e de olhos esbugalhados, parecida com uma bruxa, e ambos conseguiram através de um experimento nefasto, miniaturizar qualquer tipo de ser vivo, desde os cachorros da casa, até Lacha, a empregada. O único problema é que com a miniaturização do cérebro, as cobaias perdem completamente a capacidade de raciocinar e pensar por si próprias, mas elas podem ser comandadas telepaticamente a fazer o que lhe mandarem, pois elas não possuem mais livre arbítrio. Fala se não é uma das histórias mais malucas que você já viu? Pois bem, Lavond resolve voltar para Paris junto com Malita, após a morte de Marcel, e começa a preparar o terreno para sua maligna vingança. Para isso, abre uma loja de bonecos no centro da cidade e começa a se travestir como uma velha senhora, para enganar as autoridades. Sua primeira vítima é Radin, um dos sócios, que é transformado em uma miniatura humana, e controlado por Lavond, assim como Lachna, para praticar por seu plano em prática. Apesar de ter uma história bastante macabra, A Boneca do Demônio não é o filme mais bizarro de Browing (até porque bater Monstros seria impossível naquela altura do campeonato). Ainda mais porque há um certo alívio emocional, graças a Lorraine (papel de Maureen O’Sullivan, que interpretou várias vezes o papel de Jane nos filmes de Tarzan da década de 30 e 40), filha de Lavond, que odeia o pai por ter sido preso e consequentemente ter feito sua mãe cometer suicídio e  ter de trabalhar como louca na lavanderia. Ou seja, além da vingança e de ter seu nome limpo, Lavond também precisa apagar esse estigma da filha e faça com que ela volte a amá-lo. Então isso reserva para o final uma cena de redenção entre pai e filha, mesmo que não seja feita da forma mais convencional.

FONTE: http://101horrormovies.com/

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