sábado, 28 de fevereiro de 2015

#072 1953 ROBOT MONSTER (Robot Monster, EUA)


Direção: Phil Tucker
Roteiro: Wyott Ordung
Produção: Phil Tucker, Alan Winston (Produtor Associado), Al Zimbalist (Produtor Executivo)
Elenco: George Nader, Claudia Barrett, Selena Royale, John Mylong, Gregory Moffett

Há uma discussão acalorada entre os fãs dos filmes trash qual é o pior filme do mundo. Os louros dessa aclamação dividem-se tanto entre Plano 9 do Espaço Sideral de Ed Wood, Manos: The Hands of Fate de Harold P. Warren e Robot Monster de Phil Tucker. Todos titãs do cinema bagaceira. Mas o meu preferido, questão pessoal, é essa preciosidade aqui. Não me entenda mal. O filme é um espetáculo. Apesar dele ser trash e ter essa pecha de um dos piores filmes de todos os tempos, para mim ele é muito melhor que sei lá, Waterworld com Kevin Costner ou algum filme do Van Damme, naipe A Colônia, que ele contracena com Denis Rodman. Robot Monster é impagável. De seu começo ao fim. Desde os créditos iniciais em uma abertura ridícula até sua conclusão, vamos ser brindados com um roteiro estapafúrdio, atuações bisonhas, personagens construídos com a profundidade de um pires, efeitos especiais enfadonhos, e claro, Ro-Man, o terrível alienígena que condenou toda a humanidade à erradicação. Mas calma, vou chegar lá. No começo da fita o pentelho Johnny está brincando próximo a uma caverna, onde encontra dois arqueólogos, Roy e o Professor, que estão retirando pinturas rupestres das paredes da caverna para levarem ao museu, enquanto o garoto fica ali enchendo o saco. Logo sua mãe e avó o encontram e o levam de volta para um piquenique, convidando os dois estudiosos. Com fogo no rabo, o garotinho escapa da festividade e corre de volta para a caverna, quando de repente, não mais que de repente, uma tempestade elétrica de raios e clarões começa a atingir o local e o menino cai desacordado. Corte de cena, e em meio a uma cacofonia de barulhos de eletricidade e o piscar intermitente da tela, do nada, aparecem dois répteis gigantes se engalfinhando, um crocodilo com uma barbatana e sei lá, um monstro de gila e depois dois triceratops de stop motion também brigando feio. O que isso tem a ver com a continuidade do filme, só diretor e roteirista sabem. Pois bem, o garoto acorda tempos depois (detalhe primordial que ele desmaiou usando calças compridas e acorda vestindo um shorts) e na caverna ele encontra uma máquina que parece um tape de rolo que solta bolhas e uma outra que parece um monitor. E então é que o terrível vilão nos é apresentado. Tente segurar o riso, mas Ro-Man, o alienígena implacável é um monstrengo que usa uma fantasia de gorila e um capacete de astronauta com duas longas antenas. Ele então se comunica com o grande líder do seu planeta, que é exatamente igual ao Ro-Man daqui, e confirma para o monarca que a população da terra foi reduzida a zero, graças ao seu mortal raio calcinador (!!!!???). Mas os cálculos de Ro-Man estão errados, pois ainda há sobreviventes no planeta, seis pessoas ao total, e eles precisam ser exterminados. Ro-Man coitado, toma um baita de um esporro do chefe porque matou bilhões de pessoas, mas deixou escapar esses seis vivos, e começa a sofrer assédio moral do Ro-Man mor para que ele cumpra seu dever e destrua a todos, senão a chapa vai esquentar para seu lado. E esses seis são justamente a família de Johnny, que são os mesmos atores que vimos até então só que com outros papeis. Conseguiu entender? Lógica para quê? É como se fosse uma realidade paralela, onde Johnny e Alice (que outrora era sua mãe) são irmãos, além da pequena Carla, e o Professor é pai de todos eles, junto com a Mãe (esse é o nome da personagem, que era mãe de Alice e avó de Johnny). Roy, continua sendo ajudante do Professor, mas agora um cientista e apaixonado por Alice. Difícil de entender né? Segue o jogo e brilhantemente descobrimos que a família não sucumbiu ao raio calcinador por conta de um mecanismo que eles implantaram na casa, que desviou os raios e impedem que o Ro-Man os encontre. Mesmo que o local pareça ser relativamente perto da caverna que o gorila robô utiliza como covil, já que várias vezes vemos o garoto indo e voltando de lá. Mas tudo bem. Só que se você achava a história do mecanismo protege-los absurda, depois a situação piora quando é revelado que o motivo deles não serem desintegrados pelo raio mortal é porque o Professor e Roy desenvolveram uma vacina, que todos tomaram, que criou anticorpos capaz de eliminar o efeito do raio. Sim, você leu isso direito. Anticorpos, agentes biológicos, transformaram a família em seres imunes ao calcinador, deixando-os como os últimos sobreviventes da terra. Daí como se fosse possível, Robot Monster segue ladeira abaixo, com uma trama que deveria levar o Oscar de melhor roteiro original. Ro-Man vai acabar se apaixonando por Alice, raptando-a no momento mais primoroso de todos os curtos 66 minutos de duração. O pentelho do Johnny sai para azucrinar o Ro-Man, quando Alice e Roy resolvem procurá-lo. Mas do nada, acredite se quiser, eles resolvem parar no arbusto e consumar seu amor! Não, para tudo. E como se isso não bastasse, eles voltam para casa e resolvem se casar, ela com a roupa do corpo e grinalda e ele sem camisa, em uma cerimônia que se chora de tanto dar risada. E então, olhe só isso, eles são dispensados para a lua de mel e vão de novo para o meio do mato para o rala e rola, com se não tivesse um alienígena em seu encalço querendo acabar com a vida deles. É simplesmente antológico. No final das contas, a lua de mel saiu cara pois Ro-Man assassina Roy e rapta a Alice, começando a manifestar um desejo sexual pela moça, contrariando as ordens do grande líder de destruir todos os terráqueos. Isso não vai acabar bem para o vilão, que por um breve momento quer viver como um humano, e sentir e tudo mais, e acaba sendo destruído como um humano, pelos poderosos raios interestelares do Ro-Man mor que viajam pela galáxia até chegarem na terra. Ah, detalhe que esqueci de contar o verdadeiro motivo da destruição de toda a vida na terra: é porque aqui era o único planeta habitado da galáxia além do planeta do Ro-Man, e portanto o único que oferecia perigo, já que os humanos estavam se tornando extremamente inteligentes e com suas armas nucleares e foguetes, poderiam querer destruir o planeta deles. Então nada como atacar antes, utilizando o bom e velho lema “atire antes e pergunte depois”. Depois de Ro-Man ser destruído, mais um tanto de raio, luzes, estouros, estática, mais dinossauros brigando, répteis se enrolando ferozmente e então, eis que Johnny acorda de um sonho! Toda aquela papagaiada não passou de um sonho do moleque. Ou não? Pois no final vemos Ro-Man saindo da caverna e indo em direção da câmera, em uma cena em looping repetida três vezes (!!!???). Fim. Robot Monster é para ser visto e revisto. Um clássico inquestionável do mais baixo que o cinema conseguiu chegar na história da sétima arte.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/01/28/72-robot-monster-1953/

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