sábado, 21 de fevereiro de 2015

#065 1945 O TÚMULO VAZIO (The Body Snatcher, EUA)


Direção: Robert Wise
Roteiro: Phillip MacDonald, Carlos Keith (baseado na obra de Robert Louis Stevenson)
Produção: Val Lewton, Jack J. Gross (Produtor Executivo)
Elenco: Boris Karloff, Henry Daniell, Russell Wade, Edith Atwater, Bela Lugosi

 O Túmulo Vazio, na minha opinião, é a melhor atuação de Boris Karloff no cinema. Adaptado do conto de Robert Louis Stevenson, “O Ladrão de Corpos”, o filme produzido pela RKO de Val Lewton, responsável por alguns dos melhores filmes de terror da década de 40, como Sangue de PanteraA Sétima Vítima e A Morta-Viva, tem na direção o diretor Robert Wise, o mesmo de filmes como Desafio do Além, O Dia que a Terra Parou e A Noviça Rebelde (??!!). Karloff está simplesmente fantástico. Seu personagem, o soturno cocheiro John Gray, que faz as vezes do ladrão de corpos do título, é um sujeitinho vil, manipulador que não tem o menor escrúpulo e usa de seu trabalho sujo para sempre conseguir coisas de seu interesse escuso. Seus diálogos, suas feições e expressões corporais, só comprovam o baita ator que ele foi. A direção de Robert Wise é segura, explorando muito bem a fotografia escura e a penumbra das ruas de Edimburgo do século XIX, sabendo extrair o melhor de cada um dos personagens mesmo com as limitações de orçamento, caso recorrente nos filmes da RKO. Até Bela Lugosi faz um ponta nesse filme, que foi o último em que os dois atores trabalharam juntos. Luogsi já começa a demonstrar sua decadência e mais uma vez é obrigado a confrontar o personagem de Karloff, dessa vez tentando chantageá-lo. E mais uma vez, coitado, é engolido por Karloff. Na trama, um respeitado médico e professor de medicina, o Dr. Toddy MacFarlane (não, não é o criador do Spawn), mantém um negócio bizarro com Gray, já que o cocheiro é responsável por exumar os corpos do cemitério para que o médico pudesse estudá-los a fim de lecionar. E sabemos que na prática, nos primórdios da medicina moderna, o estudo em cadáveres era uma pratica extremamente recorrente. O Dr. MacFarlane faz do jovem aspirante a médico, Donald Fettes, seu novo assistente, e logo o aprendiz se vê arrastado para esse mundo macabro, quando torna-se conivente ao receber os cadáveres e fazer o pagamento, e até recorre a Gray para conseguir um espécime para que o Dr. MacFarlane possa estudar as vértebras humanas no intuito de tentar operar uma garotinha paralítica com o qual cria um certo vínculo. O que se descobre no decorrer do filme é que Gray e MacFarlane já tiveram suas desavenças no passado, e o doutor lhe deve muito, pois o cocheiro deu um falso testemunho no julgamento, livrando sua cara quando estourou um escândalo de assassinato e roubos de corpos para a prática médica alguns anos atrás. E esse escândalo é na verdade uma história real na qual Robert Louis Stevenson se inspirou para escrever seu conto, onde a dupla de criminosos William Burke e William Hare, assassinavam suas vítimas para vender os cadáveres para os estudos científicos do Dr. Robert Knox, um proeminente cirurgião que dava aulas na Universidade de Edimburgo. Em O Túmulo Vazio, misturando ficção com realidade, MacFarlane era o antigo assistente do Dr. Knox antes da sua carreira ir para o buraco. Claro que há um embate maniqueísta entre os personagens onde Gray é retratado como a personificação do mal, de uma figura sem escrúpulos e sem respeito à vida e a morte, movido apenas por dinheiro, mas que faz o que faz sob encomenda em nome da ciência. E a figura de Fettes acaba como o mediador dessa relação de dependência entre Gray / MacFarlane, apesar de tornar-se cúmplice em determinado momento, mesmo que cercado das boas intenções. Fora que o assassinato parece ser o meio recorrente com que todos resolvem seus problemas por lá, de uma forma ou de outra. E no final, quando há uma chance de redenção para MacFarlane, não é bem o que acontece, e então somos brindados com uma das mais assustadoras e marcantes cenas do cinema de terror nos minutos finais do filme (ALERTA DE SPOILER, pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco) quando MacFarlane, em sua carruagem numa noite de tempestade com mais um corpo roubado do cemitério, é assombrado pelo fantasma de Gary, que já havia o alertado que o pobre doutor nunca conseguiria se livrar dele. E então após sofrer um acidente que lhe tira a vida, vemos que Gary nunca esteve naquela carruagem e foi apenas a consciência pesada do doutor que lhe pregou uma peça sinistra. Dilemas morais, chantagem, extorsão, roubo de cadáveres, um personagem pra lá de sombrio com uma atuação soberba de Karloff, direção precisa de Wise, pontinha de Lugosi e ainda uma final assustador.O Túmulo Vazio é um clássico que merece ser visto!

FONTE: http://101horrormovies.com/2013/01/19/65-o-tumulo-vazio-1945/

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