terça-feira, 2 de agosto de 2016

#662 1995 O MESTRE DAS ILUSÕES (Lord of Illusions, EUA)


Direção: Clive Barker
Roteiro: Clive Barker
Produção: Clive Barker, Joanne Sellar; Anna C. Miller (Produtora Associada); Steve Golin, Sigurjon Sighvatsson (Produtores Executivos)
Elenco: Scott Bakula, Kevin J. O’Connor, Daniel Von Bargen, Barry Del Sherman, Famke Janssen, Joel Sweetow

Todo mundo que manja de terror sabe o quanto Clive Barker é foda como escritor. O grande lance de sua obra é a “peculiaridade” com que ela difere de outros nomes do gênero, como Stephen King, Lovecraft e Edgar Allan Poe, sempre inserindo doses cavalares de pactos com o demônio, dimensões assombrosas, erotismo, sangue à rodo, cadáveres, necrofilia e necromancia, sadomasoquismo, escatologia e sexo. Quando o sujeito despontou para o mundo escrevendo, produzindo e dirigindo Hellraiser – Renascido do Inferno, um clássico absoluto e dos mais importantes filmes de terror por levar de volta às perversões às telas, depois de praticamente uma década inteira do “terrir” todo mundo sempre esperou o seu próximo toque de genialidade cinematográfica. O que infelizmente não veio. Diversos outros filmes foram lançados (muitos deles também ou escritos, dirigidos e produzidos por Baker), mas todos acabaram tendo resultados medianos (talvez será a expectativa pela próxima obra-prima como foi Hellraiser?). O Mestre das Ilusões é outro exemplo disso. Sabe aquele tipo de filme que até tem uma história bacana, tem bons momentos de gore, mas é daqueles que se você assistiu, OK, mas se não, não vai mudar absolutamente nada na sua vida? É esse caso. Baseado no conto “A Última Ilusão”, pertencente a sua coletânea “Livros de Sangue”, traz um enredo voltado para a mistura da mágica e ilusionismo com forças sobrenaturais e macabras. Nix (Daniel Von Bargen), também conhecido como O Puritano, é líder de uma seita satânica no meio do deserto de Mojave com habilidade de pirocinese e levitação. Ao raptar uma jovem para oferecer em sacrifício, um grupo de discípulos dissidentes, liderados por Phillip Swann (Kevn J. O’Connor) resolvem combater o insano e conseguem derrotá-lo, aprisionando-o em uma máscara de tortura e enterrando-o numa vala profunda para nunca mais ser encontrado. Treze anos depois, o detetive Harry D’Amour (Scott Bakula, da série Contratempos) que tem uma quedinha pelo oculto e ficou conhecido por ter ajudado em um caso de exorcismo (completamente mal aproveitado e subdesenvolvido, aparecendo apenas em duas cenas como flashback e que não acrescenta absolutamente nada à trama) é contratado para investigar um fraudador de seguros em Los Angeles, e sem querer se depara com o brutal assassinato de um cartomante, que descobre-se ter feito parte do grupo de Swann no embate contra Nix. A esposa de Swann, Dorothea (a sempre belíssima Famke Janssen), agora um importante e famoso ilusionista à lá David Copperfield, resolve contratar o detetive particular para que proteja seu marido, o que o jogará no meio de uma conspiração bizarra e sobrenatural e numa corrida contra o tempo para tentar montar um complicado quebra-cabeça, após Swann aparentemente morrer acidentalmente durante um de seus números de escape, empalado por espadas. No entorno disso tudo, Butterfiled (Barry Del Sherman) um antigo acólito de Nix, procura pelo seu corpo enterrado no deserto para poder trazê-lo de volta à vida e reunir novamente todos seus seguidores. O filme é dividido entre uma pitada de noir, por conta da investigação de um detetive particular, e a pegada sobrenatural. E claro, não podiam faltar sequências perversas de goresempre presentes na obra de Barker. Sem dúvida após o prólogo no passado, a sequência final é a mais interessante quando Nix é renascido das trevas (entendeu o que eu fiz aqui, hein?) em uma forma semi-putrefata e semi-mumificada, para tocar o terror no nossos mundinho e fazer um sacrifício em troca de sua volta do inferno. Isso lembra muito Hellraiser, né? Será que de repente o cara foi parar na mesma dimensão dos Cenobitas? Outra passagem das mais interessantes é quando vemos os antigos discípulos de Nix, teoricamente vivendo uma vida normal, como carteiro ou mãe de família, recebendo o “chamado” do mestre, cometendo brutais assassinatos (a mãe ter matado toda sua família é demais!) e voltando para a antiga casa do deserto, completamente fanáticos, cortando seus próprios cabelos e prontos para a chegada de seu messias. Aliás, Barker se inspirou em Charles Manson para a criação de Nix e seu culto. E falando de Messias, há um momento em que o próprio Jesus Cristo foi considerado um ilusionista, por conta de seu “milagre” de caminhar sobre a água. Faz sentido… Uma enorme diferença está em assistir a versão dos cinemas de O Mestre das Ilusões, que foi aquela que vi em VHS nos anos 90 e não havia gostado nem um pouco, e ver a versão “Director’s Cut” lançada posteriormente por Barker, com 12 minutos de cenasunrated (quando Nix entra na mente de Swann ou quando Swann morde seu dedo para derramar seu sangue nos parafusos da máscara que prende na cabeça do vilão), o qual ele refuta ser o “filme verdadeiro”. Ainda assim, uma película mediana, que só vale pela curiosidade de ter o escritor britânico envolvido.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/05/29/662-o-mestre-das-ilusoes-1995/

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