Direção: Clive Barker
Roteiro: Clive Barker
Produção: Clive Barker, Joanne Sellar; Anna C.
Miller (Produtora Associada); Steve Golin, Sigurjon Sighvatsson (Produtores
Executivos)
Elenco: Scott Bakula, Kevin J. O’Connor, Daniel
Von Bargen, Barry Del Sherman, Famke Janssen, Joel Sweetow
Todo mundo
que manja de terror sabe o quanto Clive Barker é foda como escritor. O grande
lance de sua obra é a “peculiaridade” com que ela difere de outros nomes do
gênero, como Stephen King, Lovecraft e Edgar Allan Poe, sempre inserindo doses
cavalares de pactos com o demônio, dimensões assombrosas, erotismo, sangue à
rodo, cadáveres, necrofilia e necromancia, sadomasoquismo, escatologia e sexo. Quando
o sujeito despontou para o mundo escrevendo, produzindo e dirigindo Hellraiser – Renascido do
Inferno, um clássico absoluto e dos mais importantes filmes
de terror por levar de volta às perversões às telas, depois de praticamente uma
década inteira do “terrir” todo mundo sempre esperou o seu próximo toque de
genialidade cinematográfica. O que infelizmente não veio. Diversos outros
filmes foram lançados (muitos deles também ou escritos, dirigidos e produzidos
por Baker), mas todos acabaram tendo resultados medianos (talvez será a
expectativa pela próxima obra-prima como foi Hellraiser?). O Mestre das Ilusões é
outro exemplo disso. Sabe aquele tipo de filme que até tem uma história bacana,
tem bons momentos de gore, mas é daqueles que se você assistiu, OK, mas se
não, não vai mudar absolutamente nada na sua vida? É esse caso. Baseado no
conto “A Última Ilusão”, pertencente a sua coletânea “Livros de Sangue”, traz
um enredo voltado para a mistura da mágica e ilusionismo com forças
sobrenaturais e macabras. Nix (Daniel Von Bargen), também conhecido como O
Puritano, é líder de uma seita satânica no meio do deserto de Mojave com
habilidade de pirocinese e levitação. Ao raptar uma jovem para oferecer em
sacrifício, um grupo de discípulos dissidentes, liderados por Phillip Swann
(Kevn J. O’Connor) resolvem combater o insano e conseguem derrotá-lo,
aprisionando-o em uma máscara de tortura e enterrando-o numa vala profunda para
nunca mais ser encontrado. Treze anos depois, o detetive Harry D’Amour (Scott
Bakula, da série Contratempos) que tem uma quedinha pelo oculto e ficou
conhecido por ter ajudado em um caso de exorcismo (completamente mal
aproveitado e subdesenvolvido, aparecendo apenas em duas cenas como flashback e
que não acrescenta absolutamente nada à trama) é contratado para investigar um
fraudador de seguros em Los Angeles, e sem querer se depara com o brutal
assassinato de um cartomante, que descobre-se ter feito parte do grupo de Swann
no embate contra Nix. A esposa de Swann, Dorothea (a sempre belíssima Famke
Janssen), agora um importante e famoso ilusionista à lá David Copperfield,
resolve contratar o detetive particular para que proteja seu marido, o que o
jogará no meio de uma conspiração bizarra e sobrenatural e numa corrida contra
o tempo para tentar montar um complicado quebra-cabeça, após Swann
aparentemente morrer acidentalmente durante um de seus números de escape,
empalado por espadas. No entorno disso tudo, Butterfiled (Barry Del Sherman) um
antigo acólito de Nix, procura pelo seu corpo enterrado no deserto para poder
trazê-lo de volta à vida e reunir novamente todos seus seguidores. O filme é
dividido entre uma pitada de noir, por conta da investigação de um
detetive particular, e a pegada sobrenatural. E claro, não podiam faltar
sequências perversas de goresempre presentes na obra de Barker. Sem dúvida
após o prólogo no passado, a sequência final é a mais interessante quando Nix é
renascido das trevas (entendeu o que eu fiz aqui, hein?) em uma forma
semi-putrefata e semi-mumificada, para tocar o terror no nossos mundinho e
fazer um sacrifício em troca de sua volta do inferno. Isso lembra muito Hellraiser,
né? Será que de repente o cara foi parar na mesma dimensão dos Cenobitas? Outra
passagem das mais interessantes é quando vemos os antigos discípulos de Nix,
teoricamente vivendo uma vida normal, como carteiro ou mãe de família,
recebendo o “chamado” do mestre, cometendo brutais assassinatos (a mãe ter matado
toda sua família é demais!) e voltando para a antiga casa do deserto,
completamente fanáticos, cortando seus próprios cabelos e prontos para a
chegada de seu messias. Aliás, Barker se inspirou em Charles Manson para a
criação de Nix e seu culto. E falando de Messias, há um momento em que o
próprio Jesus Cristo foi considerado um ilusionista, por conta de seu “milagre”
de caminhar sobre a água. Faz sentido… Uma enorme diferença está em assistir a
versão dos cinemas de O Mestre das Ilusões, que foi aquela que vi em VHS
nos anos 90 e não havia gostado nem um pouco, e ver a versão “Director’s Cut”
lançada posteriormente por Barker, com 12 minutos de cenasunrated (quando
Nix entra na mente de Swann ou quando Swann morde seu dedo para derramar seu
sangue nos parafusos da máscara que prende na cabeça do vilão), o qual ele
refuta ser o “filme verdadeiro”. Ainda assim, uma película mediana, que só vale
pela curiosidade de ter o escritor britânico envolvido.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/05/29/662-o-mestre-das-ilusoes-1995/
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