Direção: Jim Gillespie
Roteiro: Kevin Williamson (baseado
no livro de Lois Duncan)
Produção: Stokely Chaffin, Erik
Feig, Neal H. Moritz; William S. Beasley (Produtor Executivo
Elenco:Jennifer Love Hewitt, Sarah
Michelle Gellar, Ryan Phillippe, Freddie Prinze Jr., Bridgette Wilson-Sampras,
Anne Heche, Johnny Galecki, Muse Watson
Pânico foi
o responsável por salvar o cinema de terror nos anos 90 e reinventar o
gênero slasher para uma nova geração. Do que eu chamo
de slasher 2.0, Eu Sei o Que Vocês Fizeram no
Verão Passadofoi o primeiro e mais bem sucedido filho. Primeiro
de muitos que viriam e encheriam o saco tanto quanto aconteceu nos anos 80, só
que desse vez, sem nudez e sem sangue. Oh, puxa! E olhem só, Kevin Williamson,
o mesmo roteirista do filme de Wes Craven, foi quem escreveu Eu Sei…(ah
é um título muito longo para ficar escrevendo aqui toda hora). Na verdade, ele
escreveu esse roteiro antes, baseado no livro de Lois Duncan, só que não
conseguiu vendê-lo. Foi só Pânico faturar
mais de 170 milhões de bilheteria mundial que a Columbia Pictures rapidinho
mudou de ideia e comprou os direitos. Como em time que está ganhando não se
mexe, logo novos atores oriundos de séries adolescentes de sucesso estão no
elenco, como Jennifer Love Hewitt, de O Quinteto, ironicamente o
mesmo seriado de onde saiu Neve Campbell, e Sarah Michelle Gellar, a Buffy, que
vinha galgando seu status de novascream queen do
cinema de terror. Além disso, os galãzinhos em ascensão Ryan Phillippe e
Freddie Prinze Jr., também foram escalados. Aproveitando esse novo gás para o
cinema de terror, e principalmente para os slasher movies, a fórmula prosaica pré-estabelecida e uma
nova procura dos jovens pelo subgênero fez com que Eu Sei… também
bombasse na bilheteria mundial e faturasse expressivos 125 milhões de dólares
em todo o mundo. Lucro exorbitante para seus 17 milhões gastos. Eu fui um
desses que entra nessa estatística mundial da bilheteria. Fui assisti-lo no
cinema quando exibido no começo de 98 aqui no Brasil. Aliás, se você acompanha
o blog todo dia (o que me faz pensar que você ou é tão afetado quanto eu, ou
procrastina demais, ou simplesmente não parece ter nada melhor que fazer) pode
perceber que a partir de 1997, quando completei meus 15 anos, entrei no ensino
médio (colegial na minha época) e passei a frequentar o cinema de verdade, com
meus amigos de classe, depois das aulas ou mesmo quando gazeteava e ia para o
shopping, deixando para lá as tardes de ensino na ETESP José Rocha Mendes. E eu
fui MUITO ao cinema durante esses três próximos anos, quando o bilhete no
Cinemark custava DOIS REAIS a meia-entrada nas quartas-feiras, e vi vários
desses filmes de terror mais famosinhos na tela grande!!! Voltando, a trama
de Eu Sei… é daquelas mais manjadas da paróquia. Quatro
adolescentes atropelam por acidente um sujeito à noite no meio da estrada. É o
último ano do high school (mesmo
eles todos com seus vinte e poucos anos como de praxe), cada um está com seu
futuro encaminhado, e então para que suas vidas não fossem arruinadas por um
assassinato, eles fazem um pacto entre si de nunca contar para ninguém o
ocorrido e se livrar do corpo. Um ano depois, o trágico acontcimento afetou
seriamente a vida de todos os envolvidos, quando também a realidade da “vida
adulta” incumbiu-se de lhes darem vários tapas na cara. Julie James (a
absurdamente gracinha e apaixonante Hewitt) foi para Boston estudar direito,
mas suas notas estão péssimas e sua bolsa por um fio, quando volta para sua
cidade natal para passar as férias de verão, atormentada pela culpa do
assassinato de uma pessoa. Ela terminou seu namorico com Ray (Prinze), que dos
quatro era o mais pobretão e acabou virando pescador. Helen (Gellar) queria se
tornar atriz de novelas em NY, mas não deu certo e voltou com o rabo entre as
pernas para trabalhar na loja de departamento da família, e além disso, como
acontece com a maioria das gatas populares do colégio (ela havia sido escolhida
miss municipal no ano anterior), “embarangou”. Seu ex-namorado, Barry
(Phillipe) foi o único que relativamente se deu bem, treina para ser jogador
profissional de Futebol Americano, mas é um babaca com b maiúsculo. Dentro
desses quatro personagens vemos todos os arquétipos e clichês possíveis e
imagináveis dos adolescentes dos filmes slasher, e do cinema americano do besteirol em
geral. Julie é a CDFzinha, mas que pelo menos não é mais virgem, taí um diferencial;
Ray é o plebeu apaixonado esforçado de coração partido; Helen é a típica loira
burra patricinha fracassada e Barry, o boyzinho arrogante coxa metido a machão.
Mas, como o próprio título do filme alardeia, adivinhem? Alguém sabe o que eles
fizeram no verão passado! TCHARAM! E eles passam a ser perseguidos por uma
maníaco psicopata que deseja vingança, vestido em um traje impermeável de
pescador e utilizando um gancho de mão para matar suas vítimas. Mesmo que elas
não tenham NADA a ver com seu hit and run, como Max Neurick, outro pescador, que nutria um antigo amor platônico
por Julie, e vejam só minha surpresa ao assistir novamente: é Johnny Galecki, o
Dr. Leonard Hoffstader de The Big Bang Theory, ou Elsa (Bridgette
Wilson-Sampreas), irmã de Helen. Julie começa uma investigação de quem poderá
ser o verdadeiro assassino, baseada na teoria de que a vítima havia sido um tal
de David Egan, que supostamente morrera “afogado” no verão passado, sendo que
no ano retrasado, havia sido responsável por um acidente que tirara a vida do
seu eterno amor. Enquanto isso os quatro amigos vão sendo ameaçados,
desconfianças entre eles começam a surgir, passam a ser abatidos como moscas,
até a revelação nada empolgante de quem é o verdadeiro assassino surgir no
terceiro ato. Isso tudo com buracos grotescos no roteiro e erros crassos,
claro. Meu preferido é quando Julie encontra o cadáver de Max no porta-malas de
seu carro, coberto de caranguejos. Ela deixa o carro no meio de uma rua do
subúrbio em plena luz do dia, e corre para chamar Barry e Helen, que descem
correndo as escadas e quando todos chegam lá, não há NENHUM corpo no
porta-malas, nenhum caranguejo e nenhum sinal sequer de que ele estivesse lá em
algum momento. Ou a mina é louca de pedra, ou o assassino trocou o carro dela
nesse espaço de tempo curtíssimo, ou ele era o Flash e se livrou do presunto e
dos crustáceos na velocidade da luz! Eu Sei o Que Vocês Fizeram No Verão
Passado segue nessa toada dos slashers 2.0. Asséptico, assexuado, com mortes
em off e quantidades
ínfimas de sangue derramado, um mistério canhestro com relação a identidade do
assassino que deveria ser um plot twist, mas não surpreende ninguém, um finalzinho feliz xulo, e rios de
dinheiro entrando no bolso dos envolvidos, todos com as artes dos pôsteres
quase idênticas, até o subgênero ser extinto mais uma vez. E claro que tivemos
continuações com suas extensões de nomes ridículos, como Eu Ainda Sei o
Que Vocês Fizeram No Verão Passadoe Eu Sempre Vou Saber o Que Vocês
Fizeram No Verão Passado, que na verdade só serve como motivo de xacota.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2015/06/30/678-eu-sei-o-que-voces-fizeram-no-verao-passado-1997/
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