Direção: Robert
Rodriguez
Roteiro: Quentin
Tarantino, Robert Kurtzman (história)
Produção: Gianni
Nunnari, Meir Teper; Elizabeth Avellan, John Esposito, Paul Hellerman,
Robert Kurtzman (Coprodutores); Lawrence Bender, Robert Rodriguez, Quentin
Tarantino (Produtores Executivos)
Elenco: Harvey Keitel, George Clooney, Juliette
Lewis, Quentin Tarantino,
Desde
que comecei a “Fase 2″ do blog, encarando a minha insana trajetória de resenhar
1001 filmes de terror, eu sempre me pegava pensando: qual será o filme da lista
que elencará o mítico número 666? Juro que queria que por alguma coincidência
macabra do destino, fosse um filme sobre demônios ou possessão, mas fiquei
feliz em saber que ficou para Um Drink no Inferno, um
dos mais legais e inventivos filmes de vampiro dos anos 90. Pelo menos o título
nacional que não tem absolutamente nada a ver com o original, tem inferno… “Eles
mataram 14 policiais e 04 civis e são os heróis. Imagine os vilões?”.
Sensacional uma das taglines de Um Drink no Inferno, filme
da dupla apaixonada por filmes B e pela cultura grindhouse, Robert Rodriguez e Quentin Tarantino. O que se pode
esperar então dessa produção? Violência gratuita, humor negro mordaz,
palavrões, situações inverossímeis e vampiros, muito vampiros. O ano era 1996 e
os dois cineastas estavam despontando como o que havia de mais novo e
interessante no cinema americano. Tarantino havia acabado de dirigir Pulp
Fiction – Tempo de Violência e Rodriguez, A Balada do Pistoleiro.
Tarantino havia produzido o roteiro da história de Robert Kurtzman (O K da
K.N.B., a empresa de efeitos visuais fundada junto com Howard Berger e Greg
Nicotero) e originalmente iria dirigi-lo. Porém, entregou a cadeira de diretor
a seu não menos tresloucado amigo, Rodriguez e resolveu atuar no filme fazendo
par com George Clooney como os irmãos criminosos Richie e Seth Gecko,
respectivamente. Rodriguez foi o responsável por dar aquele “ar” mexicano ao filme
e aquela cara de road movie enquanto Tarantino incumbiu-se de colocar
todas suas famosas referências filmográficas. A violência estilizada, os
intermináveis palavrões, os propositais efeitos especiais e maquiagens toscas
(desenvolvidas por Nicotero e Berger, que começaram como assistentes de Tom
Savini em Dia dos Mortos e hoje ocupam o
trono dos principais maquiadores do cinema de terror, sendo responsável pelos
zumbis da série The Walking Dead), a sintonia entre o espetacular elenco e
muita, mas muita mulher pelada faz de Um Drink no Inferno um filme
divertidíssimo e inesquecível, ainda mais se você era um adolescente como eu quando
o assistiu pela primeira vez. Tudo começa quando os irmãos estão atravessando o
Texas em fuga a caminho do México, matando policiais e civis e levando uma
refém com eles. Em um motel barato eles encontram o ex-pastor Jacob Fuller
(interpretado pelo sempre ótimo Harvey Keitel) que está também indo ao México
em seu trailer, junto com a filha Kate (a até então ninfeta Juliette Lewis,
antes de envelhecer e ficar acabada) e o filho adotivo Scott (Ernest Liu). Eles
são as iscas perfeitas para ajudá-los a conseguir passar pela fronteira e se
encontrar com seu contato do outro lado, que lhe daria cidadania mexicana e os
livrariam dos problemas para sempre. O ponto de encontro deles é um bar de
caminhoneiros e motoqueiros à beira da estrada, chamado Titty Twister, que fica
aberto até o amanhecer (from dusk till dawn). Até então você vê um filme ácido
e violento, de humor negro e não faz a menor ideia do que espera na metade
final, quando os bandidos e a inocente família refém descobrem estar em um bar
rodeado de vampiros sedentos por sangue humano. Daí o filme vira outro,
transformando-se num belíssimo exemplo do cinema trash, com um banho de
sangue para todo o lado e criaturas das trevas tosquíssimas. Uma batalha por
suas vidas se dá início, e junto com os personagens já conhecidos, se juntam
Sex Machine, interpretado por Tom Savini (sim, aquele mesmo das maquiagens) e
Frost, interpretado por Fred Williamson. E falando do elenco,
o casting do filme está simplesmente espetacular. Além de Tarantino
que é um canastrão supremo, Clooney em começo de carreira nas telonas,
recém-saído do enlatado Plantão Médico, ainda cheio de vícios de
linguagem, porém lotado de carisma (mesmo sendo um cruel ladrão assassino) e
Keitel querendo ser o fiel da balança como o pastor que perdeu a fé após a esposa
morrer em um trágico acidente de carro, todos os coadjuvantes dão um enorme
peso ao filme para transformá-lo nessa maravilha. Para começar pelos atores
fetiche de Rodriguez que estão todos lá, como Cheech Marin (o Cheech de Cheech
& Chong) que faz o host do bar, gritando que ali dentro os
visitantes encontrarão todos os tipos possíveis e imagináveis de bucetas (que
depois virou até uma música eletrônica que tocava na minha época de matinê) e o
eterno Danny “Machete” Trejo. E claro, não podemos nos esquecer de Salma Hayek
como a dançarina Satanico Pandemonium. Ahhhhhh, a cena em que ela faz a sua
dança sensual é definitivamente a maior contribuição que Salma já deu para toda
a história do cinema. Quiçá, a única! Aliás, você sabia que esse nome é inspirado
no filme nunsploitation mexicano, Satanico Pandemonium. E o
grande golaço de Um Drink no Inferno é que nós simpatizamos demais
com os vilões (ou anti-heróis?) do filme. Isso pode até ser amoral de nossa
parte, mas essa brincadeira de sentimentos é sensacional, pois no final do
longa, você torce pelos bandidos, que se transformam nos mocinhos e fica até
com dó deles, por terem passado por tudo que aconteceu naquele bar e até, quem
diria, se emociona com suas perdas. Valeu Tarantino e Rodrigues pelo filme de
número 666 do blog!
FONTE:
http://101horrormovies.com/2015/06/09/666-um-drink-no-inferno-1996/
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