terça-feira, 2 de agosto de 2016

#660 1995 HALLOWEEN 6 A ÚLTIMA VINGANÇA (Halloween: The Curse of Michael Myers, EUA)


Direção: Joe Chappelle
Roteiro: Daniel Farrands
Produção: Paul Freeman; Malek Akkad (Produtor Associado); Moustapha Akkad (Produtor Executivo)
Elenco: Donald Pleasence, Paul Rudd, Marianne Hagan, Mitchell Ryan, Kim Darby, Bradford English, Keith Bogart, Mariah O’Brien

Halloween 6 – A Última Vingança ou como enterrar de vez de forma deprimente e vexatória uma das mais importantes séries slashers do cinema de terror. Pobre Michael Myers… Em que caminho você foi levado desde que John Carpenter o criara em 1978 e depois fora deixado ao mundo nas mãos do inescrupuloso produtor Moustapha Akkad? Lembra do final do já pavoroso (no sentido pejorativo da palavra) Halloween 5 – A Vingança de Michael Myers? Quando a jovem Jamie Lloyd e nosso querido assassino mascarado são resgatados de uma delegacia de política, após um verdadeiro massacre, por um sujeito esquisito de capote preto e chapéu? Pois bem, aqui vamos testemunhar o desenrolar desse história xula. Começa com um salto temporal seis anos no futuro, e, claro, em uma véspera de Halloween, vemos Jamie já uma moça (interpretada por J.C. Brandy), grávida, tendo um bebê em uma espécie de hospital secreto, parte de um ritual misterioso praticado por uma seita de pessoas vestidas de longas túnicas pretas e capuz. Auxiliada por uma enfermeira, Jamie consegue escapar com a criança e volta para Haddonfield, sendo perseguida por Michael Myers, que insiste naquela sua tara, até aqui inexplicável, em matar todo mundo de sua família. Os tios de Laurie Strode (a personagem de Jamie Lee Curtis lá no Halloween – A Noite do Terror original) moram na antiga casa dos Myers com a mocinha da vez, Kara Strode (Marianne Hagan) que tem um filho, Tim (Keith Bogart, que parece mais o Joffrey Baratheon com algum atraso mental) que são vigiados pelo vizinho da frente, os qual descobriremos mais tarde ser Tommy Doyle, o garoto que Laurie estava sendo babá na fatídica noite de Dia das Bruxas quando Myers tocou o terror pela primeira vez, vivido pelo futuro Homem Formiga, Paul Rudd, em seu debute nas telonas (Halloween 6 estreou antes de As Patricinhas de Beverly Hills). Doyle descobre que Jamie foi para Haddonfield, encontra seu bebê escondido após ser assassinada e vai pedir ajuda a maior autoridade no assunto: o Dr. Sam Loomis, no último papel de um já velhinho e debilitado Donald Pleasence. Bom, tudo isso acontece para que o espectador de uma vez por todas decifre todo o mistério por trás de Myers e sua obsessão familiar, que se dá por meio de uma ridícula explicação envolvendo uma seita secreta celta que lançou no pequeno Michael a maldição de Thorn, um antigo druida que na noite de Samhaim (Halloween) deveria sacrificar sua família para que toda a tribo prosperasse. É mole? O pior não é nem isso, é que como se não bastasse, toda a equipe do Sanatório de Smith’s Grove, aquele que Michael foi internado logo após matar a irmã, liderada pelo Dr. Wynn (Mitchel Ryan) fazem parte dessa seita e também são hábeis geneticistas, que pretendem fazer fertilizações in-vitro usando o DNA do maníaco e assim continuar a maldição! Caso sirva de consolo, pelo menos isso explica a facilidade do psicopata em fugir do local no primeiro filme (e com que talvez ele tenha aprendido a dirigir). E calma, tem mais. O tal do filho da Kara Strode é um dos resultados dessa manipulação genética e também passa a “ouvir a mesma voz que Michael ouvia para matar sua família”. AFE! Aliás, é sabido que Halloween 6 – A Última Vingança teve diversos problemas de produção, brigas entre diretor, roteirista, produtores e elenco. O que com certeza deve ter afetado o resultado e decretado esse Frankenstein que a fita se tornou. Tanto que há duas versões disponíveis: aquela lançada nos cinemas e o “Producer’s Cut” (sério, nunca vi isso na minha vida, somente o “Director’s Cut”, já que os produtores são sempre os vilões e retalham as versões autorais dos diretores para o lançamento no mercado exibidor comercial, e desta vez, parece que foi o contrário), que só em 2014 foi distribuída em DVD pela Shout! Factory. As famosas diferenças criativas entre os produtores e o diretor Joe Chapelle foram gritantes. Eu lembro há muuuuuito tempo, isso há mais de dez anos, havia um site bem legal sobre a série Halloween (que não me lembro mais o nome, endereço e tampouco o autor), onde eu li uma entrevista exclusiva deles com o roteirista Daniel Farrands, metendo a boca no trabalho de Chapelle, dizendo o quanto nada do roteiro dele foi aproveitado (chegou a ser reescrito ONZE VEZES!), como o enfoque era muito mais psicológico e dava uma explicação bem mais “convincente” sobre toda a questão das runas, druidas, Thorn e tudo mais. Além disso, tivemos a grande perda de Donald Pleasence durante as filmagens,  gerou mudanças de última hora no roteiro, como o enxerto daquele final completamente estúpido e sem sentido nenhum, onde originalmente, Michael escaparia andando mais uma vez, com seu trabalho finalizado de uma vez por todas, e Loomis descobriria uma tatuagem de Thorn em seu braço, indicando que a maldição passara a ele (não que isso seja um final melhor ao meu ver…). A versão do diretor começa também com um flashback da fuga de Myers e Jamie proporcionada por um grupo de homens encapuzados, e não diretamente com Jamie já adulta em trabalho de parto. Fato é que essa versão do produtor foi mal nas fatídicas audições testes, a morte de Pleasence e as brigas entre diretor e os Akkad originou uma série de refilmagens, edições, remendos, que são perceptíveis ao vermos o resultado final e gerou descontentamento e raiva em diversos membros do elenco e equipe, que execram a produção. E do público e fãs, diga-se de passagem, apesar de Myers estar em excelente forma carniceira com suas mortes violentas (a do tio da Laurie Strode que é empalado, eletrocutado e tem a cabeça explodida é uma das melhores da cinesérie). Resultado de toda essa bagunça está aí em Halloween 6 – A Última Vingança, que é nada menos que um final melancólico, confuso e odioso para um vilão que tanto amamos. Mas fãs dos slasher movies já estão acostumados, uma vez que o mesmo acontecera quando resolveram tirar de cena o Jason e o Freddy, outros ícones do subgênero. Triste, mas verdadeiro.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/05/27/660-halloween-6-a-ultima-vinganca-1995/

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