Direção: Joe Chappelle
Roteiro: Daniel Farrands
Produção: Paul Freeman; Malek Akkad (Produtor
Associado); Moustapha Akkad (Produtor Executivo)
Elenco: Donald Pleasence, Paul Rudd, Marianne
Hagan, Mitchell Ryan, Kim Darby, Bradford English, Keith Bogart, Mariah O’Brien
Halloween 6 – A Última Vingança ou
como enterrar de vez de forma deprimente e vexatória uma das mais importantes
séries slashers do cinema de terror. Pobre Michael Myers… Em que
caminho você foi levado desde que John Carpenter o criara em 1978 e depois fora
deixado ao mundo nas mãos do inescrupuloso produtor Moustapha Akkad? Lembra do
final do já pavoroso (no sentido pejorativo da palavra) Halloween 5 – A Vingança de
Michael Myers? Quando a jovem Jamie Lloyd e nosso querido
assassino mascarado são resgatados de uma delegacia de política, após um
verdadeiro massacre, por um sujeito esquisito de capote preto e chapéu? Pois
bem, aqui vamos testemunhar o desenrolar desse história xula. Começa com um
salto temporal seis anos no futuro, e, claro, em uma véspera de Halloween,
vemos Jamie já uma moça (interpretada por J.C. Brandy), grávida, tendo um bebê
em uma espécie de hospital secreto, parte de um ritual misterioso praticado por
uma seita de pessoas vestidas de longas túnicas pretas e capuz. Auxiliada por
uma enfermeira, Jamie consegue escapar com a criança e volta para Haddonfield,
sendo perseguida por Michael Myers, que insiste naquela sua tara, até aqui
inexplicável, em matar todo mundo de sua família. Os tios de Laurie Strode (a
personagem de Jamie Lee Curtis lá no Halloween – A Noite do
Terror original) moram na antiga casa dos Myers com a
mocinha da vez, Kara Strode (Marianne Hagan) que tem um filho, Tim (Keith
Bogart, que parece mais o Joffrey Baratheon com algum atraso mental) que são
vigiados pelo vizinho da frente, os qual descobriremos mais tarde ser Tommy
Doyle, o garoto que Laurie estava sendo babá na fatídica noite de Dia das
Bruxas quando Myers tocou o terror pela primeira vez, vivido pelo futuro Homem
Formiga, Paul Rudd, em seu debute nas telonas (Halloween 6 estreou
antes de As Patricinhas de Beverly Hills). Doyle descobre que Jamie foi
para Haddonfield, encontra seu bebê escondido após ser assassinada e vai pedir
ajuda a maior autoridade no assunto: o Dr. Sam Loomis, no último papel de um já
velhinho e debilitado Donald Pleasence. Bom, tudo isso acontece para que o
espectador de uma vez por todas decifre todo o mistério por trás de Myers e sua
obsessão familiar, que se dá por meio de uma ridícula explicação envolvendo uma
seita secreta celta que lançou no pequeno Michael a maldição de Thorn, um
antigo druida que na noite de Samhaim (Halloween) deveria sacrificar sua família
para que toda a tribo prosperasse. É mole? O pior não é nem isso, é que como se
não bastasse, toda a equipe do Sanatório de Smith’s Grove, aquele que Michael
foi internado logo após matar a irmã, liderada pelo Dr. Wynn (Mitchel Ryan)
fazem parte dessa seita e também são hábeis geneticistas, que pretendem fazer
fertilizações in-vitro usando o DNA do maníaco e assim continuar a maldição!
Caso sirva de consolo, pelo menos isso explica a facilidade do psicopata em
fugir do local no primeiro filme (e com que talvez ele tenha aprendido a
dirigir). E calma, tem mais. O tal do filho da Kara Strode é um dos resultados
dessa manipulação genética e também passa a “ouvir a mesma voz que Michael
ouvia para matar sua família”. AFE! Aliás, é sabido que Halloween 6 – A
Última Vingança teve diversos problemas de produção, brigas entre diretor,
roteirista, produtores e elenco. O que com certeza deve ter afetado o resultado
e decretado esse Frankenstein que a fita se tornou. Tanto que há duas versões
disponíveis: aquela lançada nos cinemas e o “Producer’s Cut” (sério, nunca vi
isso na minha vida, somente o “Director’s Cut”, já que os produtores são sempre
os vilões e retalham as versões autorais dos diretores para o lançamento no
mercado exibidor comercial, e desta vez, parece que foi o contrário), que só em
2014 foi distribuída em DVD pela Shout! Factory. As famosas diferenças
criativas entre os produtores e o diretor Joe Chapelle foram gritantes. Eu
lembro há muuuuuito tempo, isso há mais de dez anos, havia um site bem legal
sobre a série Halloween (que não me lembro mais o nome, endereço e tampouco o
autor), onde eu li uma entrevista exclusiva deles com o roteirista Daniel
Farrands, metendo a boca no trabalho de Chapelle, dizendo o quanto nada do
roteiro dele foi aproveitado (chegou a ser reescrito ONZE VEZES!), como o
enfoque era muito mais psicológico e dava uma explicação bem mais “convincente”
sobre toda a questão das runas, druidas, Thorn e tudo mais. Além disso, tivemos
a grande perda de Donald Pleasence durante as filmagens, gerou mudanças de última hora no roteiro, como
o enxerto daquele final completamente estúpido e sem sentido nenhum, onde
originalmente, Michael escaparia andando mais uma vez, com seu trabalho
finalizado de uma vez por todas, e Loomis descobriria uma tatuagem de Thorn em
seu braço, indicando que a maldição passara a ele (não que isso seja um final
melhor ao meu ver…). A versão do diretor começa também com um flashback da fuga
de Myers e Jamie proporcionada por um grupo de homens encapuzados, e não
diretamente com Jamie já adulta em trabalho de parto. Fato é que essa versão do
produtor foi mal nas fatídicas audições testes, a morte de Pleasence e as
brigas entre diretor e os Akkad originou uma série de refilmagens, edições,
remendos, que são perceptíveis ao vermos o resultado final e gerou
descontentamento e raiva em diversos membros do elenco e equipe, que execram a
produção. E do público e fãs, diga-se de passagem, apesar de Myers estar em
excelente forma carniceira com suas mortes violentas (a do tio da Laurie Strode
que é empalado, eletrocutado e tem a cabeça explodida é uma das melhores da
cinesérie). Resultado de toda essa bagunça está aí em Halloween 6 – A
Última Vingança, que é nada menos que um final melancólico, confuso e odioso
para um vilão que tanto amamos. Mas fãs dos slasher movies já estão
acostumados, uma vez que o mesmo acontecera quando resolveram tirar de cena o
Jason e o Freddy, outros ícones do subgênero. Triste, mas verdadeiro.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/05/27/660-halloween-6-a-ultima-vinganca-1995/
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