Direção: Guillermo Del Toro
Roteiro: Matthew Robbins, Guillermo
del Toro (baseado no conto de Donald A. Wollheim)
Produção: Ole Bornedal, B.J.
Rack, Bob Weinstein; Cary Grant, Richard Potter, Andrew Roma, Scott Shiffman,
Michael Zoumas (Coprodutores); Clark Henderson (Produtor Associado); Stuart
Cornfeld, Harvey Weinstein (Coprodutor Executivo); Michael Phillips (Produtor
Executivo
Elenco: Mira Sorvino, Jeremy
Northam, Alexander Goodwin, Giancarlo Giannini, Charles S. Dutton, Josh Brolin
Mesmo
deserdado por Guillermo Del Toro, Mutação é
um excelente filme de “insetos gigantes assassinos”. Nada parecido com aqueles
do subgênero dos big bugs dos anos 50, e sim, outra prova de
todo o potencial que o diretor mexicano nerd-mor conseguiria alcançar futuramente, seguindo os passos projetados
por seu longa anterior: Cronos. E
atrevo-me a dizer que Mutação só
funciona por conta de Del Toro. Talvez o filme ficasse no campo da trasheira se
caísse nas mãos de um diretor sem tamanha habilidade visual e apreço pelo
fantástico, e olha, bem que tentaram sabotar o trampo do cara, tendo em vista
todos os problemas que ele teve com o produtor Bob Weinstein, que vivia metendo
os bedelhos em frequentes visitas ao set, alterando o roteiro e dizendo o que e
como deveria ser filmado. Vai vendo… Bom, começa que a história rende um belo
de um sci-fi, escrito por Del Toro e Matthew Robbins,
inspirado no conto homônimo de Donald A. Wolheim. Originalmente, a ideia era
que a produção fosse dividida em três médias de 30 minutos, parte de uma
antologia de horror, comédia e ficção científica da Miramax, mas o roteiro
acabou crescendo e se transformando em um longa metragem. Apesar do aceitável
título em português, Mutação,
o original “Mimic”, vem de mimetizar, sinônimo de imitar, simular, uma
característica muito comum no reino animal, e principalmente dos insetos. Na
trama, a cidade de Nova York está infestada de baratas, que disseminam uma
terrível epidemia que matara cerca de mil crianças, sem que nenhuma técnica
consiga impedir a doença. A entomologista Dra. Susan Tyler (vivida pela eterna
Poderosa Afrodite, Mira Sorvino), e seu futuro marido, Dr. Peter Mann (Jeremy
Northam), do CDC (centro de controle de doenças) desenvolvem um inseto
geneticamente alterado, chamado de Judas, que será colocado junto das outras
baratas e contaminá-las, “traindo-as”. O experimento é um sucesso, as
criancinhas são salvas e como o artrópode não tem a capacidade de procriar,
logo esses animais também estariam mortos, sem o risco de colocar no
ecossistema nova-iorquino um novo tipo de inseto. Tudo beleza, certo? Errado!
Acontece que depois de três anos, os insetos da geração Judas acabaram mutando
e se reproduzindo, dando origem a um híbrido gigante, que se mimetiza de seu
predador natural para poder atacá-los: ou seja, os homens. As baratonas
voadoras gigantes constroem seu ninho numa abandonada estação do metrô e passam
a fazer suas vítimas. Mann e o CDC são chamados para investigar esses estranhos
assassinatos, junto do detetive de polícia Josh (Josh Brolin). Paralelo a isso,
a Dra. Susan encontra uma larva de inseto gigante que se assemelha muito ao
Judas e resolve ir até o subsolo para tentar descobrir o que está acontecendo,
onde ficará presa junto de seu marido com o policial da estação, Leonard
(Charles S. Dutton), o menino autista Chuy (Alexander Goodwin), primeiro a
avistar a criatura e imitar seus passos com o bater de uma colher, apelidando-o
de “Sr. Sapatos Engraçados” e seu pai, o engraxate, Manny (Giancarlo Giannini).
Todos terão de sobreviver às mortais investidas dos insetos mutantes, obrigados
a ficar acuados em um vagão abandonada e ter de se besuntar com a gosma dos
bichos para disfarçar os odores do suor e assim não atraí-los. O terceiro ato,
esse que se desenvolve na estação do metrô, é quando Del Toro manipula muito
bem a situação claustrofóbica, misturando toda a tensão do suspense com
excelentes efeitos especiais para a época (méritos de Colin Penman) e boas
doses de gore. Toda a
técnica de filmagem do mexicano, o apreço pela história e seus personagens e a
construção dos elementos do longa, fez com que Mutação voasse para longe (viu o que eu fiz aqui?) do rótulo de um
simples sci-fi B.
Destoa apenas o seu final, que fora refeito após todas as desavenças de Del
Toro e produção, para uma conclusão feliz e bonitinha, diferente do desfecho
pessimista do roteiro original. Mas Mutação não foi nada bem nas bilheterias. Foram gastos 25
milhões de dólares e acabou apenas empatando no mercado doméstico, o que para
as produtoras, não é uma conta nem um pouco interessante. Ainda assim ganhou
mais duas continuações de qualquer forma, direto para o vídeo. Porém, a fita
serviu para deixar o mexicano nos holofotes. Depois disso o diretor mandou
Hollywood às favas e voltou-se para o mercado europeu, dirigindo o
excelente A Espinha do Diabo,
produzido por Pedro Almodóvar, mas sua volta não tardaria para assumir as
adaptações de quadrinhos Blade II
– O Caçador de Vampiros e Hellboy e de vez conquistando os corações geeks do mundo.
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