quinta-feira, 25 de agosto de 2016

#682 1997 MUTAÇÃO (Mimic, EUA)


Direção: Guillermo Del Toro
Roteiro: Matthew Robbins, Guillermo del Toro (baseado no conto de Donald A. Wollheim)
Produção: Ole Bornedal, B.J. Rack, Bob Weinstein; Cary Grant, Richard Potter, Andrew Roma, Scott Shiffman, Michael Zoumas (Coprodutores); Clark Henderson (Produtor Associado); Stuart Cornfeld, Harvey Weinstein (Coprodutor Executivo); Michael Phillips (Produtor Executivo
Elenco: Mira Sorvino, Jeremy Northam, Alexander Goodwin, Giancarlo Giannini, Charles S. Dutton, Josh Brolin

Mesmo deserdado por Guillermo Del Toro, Mutação é um excelente filme de “insetos gigantes assassinos”. Nada parecido com aqueles do subgênero dos big bugs dos anos 50, e sim, outra prova de todo o potencial que o diretor mexicano nerd-mor conseguiria alcançar futuramente, seguindo os passos projetados por seu longa anterior: Cronos. E atrevo-me a dizer que Mutação só funciona por conta de Del Toro. Talvez o filme ficasse no campo da trasheira se caísse nas mãos de um diretor sem tamanha habilidade visual e apreço pelo fantástico, e olha, bem que tentaram sabotar o trampo do cara, tendo em vista todos os problemas que ele teve com o produtor Bob Weinstein, que vivia metendo os bedelhos em frequentes visitas ao set, alterando o roteiro e dizendo o que e como deveria ser filmado. Vai vendo… Bom, começa que a história rende um belo de um sci-fi, escrito por Del Toro e Matthew Robbins, inspirado no conto homônimo de Donald A. Wolheim. Originalmente, a ideia era que a produção fosse dividida em três médias de 30 minutos, parte de uma antologia de horror, comédia e ficção científica da Miramax, mas o roteiro acabou crescendo e se transformando em um longa metragem. Apesar do aceitável título em português, Mutação, o original “Mimic”, vem de mimetizar, sinônimo de imitar, simular, uma característica muito comum no reino animal, e principalmente dos insetos. Na trama, a cidade de Nova York está infestada de baratas, que disseminam uma terrível epidemia que matara cerca de mil crianças, sem que nenhuma técnica consiga impedir a doença. A entomologista Dra. Susan Tyler (vivida pela eterna Poderosa Afrodite, Mira Sorvino), e seu futuro marido, Dr. Peter Mann (Jeremy Northam), do CDC (centro de controle de doenças) desenvolvem um inseto geneticamente alterado, chamado de Judas, que será colocado junto das outras baratas e contaminá-las, “traindo-as”. O experimento é um sucesso, as criancinhas são salvas e como o artrópode não tem a capacidade de procriar, logo esses animais também estariam mortos, sem o risco de colocar no ecossistema nova-iorquino um novo tipo de inseto. Tudo beleza, certo? Errado! Acontece que depois de três anos, os insetos da geração Judas acabaram mutando e se reproduzindo, dando origem a um híbrido gigante, que se mimetiza de seu predador natural para poder atacá-los: ou seja, os homens. As baratonas voadoras gigantes constroem seu ninho numa abandonada estação do metrô e passam a fazer suas vítimas. Mann e o CDC são chamados para investigar esses estranhos assassinatos, junto do detetive de polícia Josh (Josh Brolin). Paralelo a isso, a Dra. Susan encontra uma larva de inseto gigante que se assemelha muito ao Judas e resolve ir até o subsolo para tentar descobrir o que está acontecendo, onde ficará presa junto de seu marido com o policial da estação, Leonard (Charles S. Dutton), o menino autista Chuy (Alexander Goodwin), primeiro a avistar a criatura e imitar seus passos com o bater de uma colher, apelidando-o de “Sr. Sapatos Engraçados” e seu pai, o engraxate, Manny (Giancarlo Giannini). Todos terão de sobreviver às mortais investidas dos insetos mutantes, obrigados a ficar acuados em um vagão abandonada e ter de se besuntar com a gosma dos bichos para disfarçar os odores do suor e assim não atraí-los. O terceiro ato, esse que se desenvolve na estação do metrô, é quando Del Toro manipula muito bem a situação claustrofóbica, misturando toda a tensão do suspense com excelentes efeitos especiais para a época (méritos de Colin Penman) e boas doses de gore. Toda a técnica de filmagem do mexicano, o apreço pela história e seus personagens e a construção dos elementos do longa, fez com que Mutação voasse para longe (viu o que eu fiz aqui?) do rótulo de um simples sci-fi B. Destoa apenas o seu final, que fora refeito após todas as desavenças de Del Toro e produção, para uma conclusão feliz e bonitinha, diferente do desfecho pessimista do roteiro original. Mas Mutação não foi nada bem nas bilheterias. Foram gastos 25 milhões de dólares e acabou apenas empatando no mercado doméstico, o que para as produtoras, não é uma conta nem um pouco interessante. Ainda assim ganhou mais duas continuações de qualquer forma, direto para o vídeo. Porém, a fita serviu para deixar o mexicano nos holofotes. Depois disso o diretor mandou Hollywood às favas e voltou-se para o mercado europeu, dirigindo o excelente A Espinha do Diabo, produzido por Pedro Almodóvar, mas sua volta não tardaria para assumir as adaptações de quadrinhos Blade II – O Caçador de Vampiros e Hellboy e de vez conquistando os corações geeks do mundo.

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