quinta-feira, 18 de agosto de 2016

#711 2000 PÂNICO 3 (Scream 3, EUA)


Direção: Wes Craven
Roteiro: Ehren Kruger
Produção: Cathy Konrad, Marianne Maddalena, Kevin Williamson; Dan Arredondo, Dixie J. Capp, Julie Plec (Coprodutores); Nicholas C. Mastandrea (Produtor Associado); Stuart M. Besser (Coprodutor Executivos); Cary Granat, Andew Roma, Bob Weinstein, Harvey Weinstein
Elenco: Neve Campbell, David Arquette, Courtney Cox, Liev Schreiber, Patrick Dempsey, Lance Henrikssen

O que Pânico, que reinventou os slasher movies e salvou o cinema de terror de uma possível extinção, tem de bom, Pânico 3 tem de péssimo. Um jeito modorrento e vergonhoso de encerrar uma até então trilogia, caindo exatamente na mesma vala comum das continuações caça-níqueis que levaram o gênero e o subgênero à exaustão, e Craven teve de recuperar. Talvez o principal motivo nessa sequência abaixo de qualquer média seja o fato de Pânico 3 não ser escrito por Kevin Williamson (seu rascunho original do roteiro foi completamente descartado), que volta somente como produtor da fita. Sem dúvida nenhuma quem criou todo o espírito jovial e as sacadas inteligente e referenciais do primeiro filme, e também foi responsável por alguns bons momentos, além de um ou outro certo diálogo certeiro em Pânico 2, mesmo que o resultado final seja regular, foi o roteirista. A sua falta é sentida em demasia no roteiro prosaico e nada inspirado de Ehren Kruger, e cheio de interferências do estúdio e frequentes reescritas, que deixaram até os atores putos, diga-se de passagem. E o engraçado é que a grande intenção desse filme é exatamente subverter a ordem de que as terceiras partes geralmente são inferiores as outras, tentando ser surpreendente, mas ele falha miseravelmente nesse quesito. E enquanto os dois primeiros brincavam com as próprias regras dos slashers e das continuações, com explicações e detalhes inteligentes levantados pelo excelente personagem de Jamie Kennedy, que morrera no anterior, mas aqui faz uma ponta em um vídeo póstumo, este daqui não consegue fazer o mesmo pelas trilogias. A mensagem principal é que tudo pode acontecer no terceiro filme, e realmente acontece, mas de forma errada, graças a um assassino esculhambado com uma motivação esdrúxula que veste o manto do Ghostface e quer matar a Sidney Prescott de Neve Campbell (DE NOVO!). Sério, o argumento utilizado no momento Scooby-Doo de revelação do psicopata da vez consegue ser ainda pior, mas muuuuuito pior do que a dona Loomis da segunda parte. E mais ainda, toda aquela brincadeira metalinguística que deu certíssimo no primeiro e principalmente no segundo filme, aqui fica reduzido aos meandros dos bastidores hollywoodianos, uma vez que a terceira parte de “A Facada”, filme-dentro-do-filme inspirado nos assassinatos de Woodsbooro, está em filmagens em um importante estúdio de Hollywood  (que detalhe, é onde Maureen Prescott, a mãe de Sidney tentou ganhar a vida como atriz há tempos) é o local onde irá se concentrar a série de assassinatos da vez. Isso depois de Cotton Weary (Liev Schreiber) ser morto na sequência inicial, que é infinitamente inferior a eterna cena de Drew Barrymore em Pânico e de Jada Pinkett-Smith e seu namorado no cinema em Pânico 2. Temos de volta também Courtney Cox como Gale Weathers e David Arquette como um cada vez mais caricato Dewey Riley. Fora uma penca de personagens descartáveis, inclusive aí o pretenso assassino e seu alter-ego e o detetive Kincaid de Patrick Dempsey, e uma ou outra cutucada nos bastidores dos filmes de terror em Hollywood, e nas festinhas dos magnatas da indústria cinematográfica nos anos 70 que corrompiam pobres e belas jovens atrizes que buscavam o estrelato, na figura do produtor John Milton, vivido por Lance Henriksen. Absolutamente nada funciona em Pânico 3. Mas sabe o que é o pior de tudo mesmo? É o fato de uma cadeia de acontecimentos que a fita faz questão de interligar para tentar explicar didaticamente TODOS os acontecimentos que levaram ao assassinato de Maureen Prescott e seus desdobramentos que fizeram Billy Loomis surtar e virar o Ghostface original, devidamente ajudado por seu colega igualmente psicopata Stuart, e levaram Sidney para aquele espiral de infortúnio. Tudo por conta de uma vingancinha medíocre e falta de terapia, que com certeza poderia resolver o problema. Parece que tudo foi milimetricamente planejado pelo assassino e nada, absolutamente nada saiu de seu controle nesse seu plano infalível à la Cebolinha, que devotou toda sua vida a isso. Bah… Isso sem contar a ínfima quantidade de sangue e violência, aquele truque tosquíssimo do simulador de voz, o contrato com Neve Campbell era de apenas 20 dias de filmagens, porque provavelmente ou tava se achando naquela época (e depois sumiu, virou atriz falida) ou não queria ficar estigmatizada com mais uma sequência de Pânico (e depois sumiu, virou atriz falida), e ainda temos só cinco minutos de aparição de Randy, sempre o melhor personagem de toda a até então trilogia. Mas vamos lá, Pânico 3 foi outro tremendo sucesso de bilheteria, batendo recordes de estreia naqueles tempos e faturou absurdos e desmerecidos 161 milhões de dólares mundialmente. Pelo menos Craven resolveu concluir mesmo a história e pular fora de vez, e não se tornou uma sequência infinita, como osslashers oitentistas que arrebentaram o subgênero. Claro, até todos os envolvidos precisarem de grana, afinal a carreira deles não evoluiu para lugar nenhum, e voltaram para Pânico 4 em 2011. Mas isso é outra história.
FONTE: http://101horrormovies.com/2015/08/28/711-panico-3-2000/

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