Direção: Wes Craven
Roteiro: Ehren Kruger
Produção: Cathy Konrad, Marianne
Maddalena, Kevin Williamson; Dan Arredondo, Dixie J. Capp, Julie Plec
(Coprodutores); Nicholas C. Mastandrea (Produtor Associado); Stuart M. Besser
(Coprodutor Executivos); Cary Granat, Andew Roma, Bob Weinstein, Harvey
Weinstein
Elenco: Neve
Campbell, David Arquette, Courtney Cox, Liev Schreiber, Patrick Dempsey, Lance
Henrikssen
O
que Pânico, que
reinventou os slasher movies e
salvou o cinema de terror de uma possível extinção, tem de bom, Pânico 3 tem de péssimo. Um
jeito modorrento e vergonhoso de encerrar uma até então trilogia, caindo
exatamente na mesma vala comum das continuações caça-níqueis que levaram o
gênero e o subgênero à exaustão, e Craven teve de recuperar. Talvez o principal
motivo nessa sequência abaixo de qualquer média seja o fato de Pânico 3 não ser escrito por Kevin Williamson (seu rascunho original do
roteiro foi completamente descartado), que volta somente como produtor da fita.
Sem dúvida nenhuma quem criou todo o espírito jovial e as sacadas inteligente e
referenciais do primeiro filme, e também foi responsável por alguns bons
momentos, além de um ou outro certo diálogo certeiro em Pânico 2, mesmo que o resultado
final seja regular, foi o roteirista. A sua falta é sentida em demasia no
roteiro prosaico e nada inspirado de Ehren Kruger, e cheio de interferências do
estúdio e frequentes reescritas, que deixaram até os atores putos, diga-se de
passagem. E o engraçado é que a grande intenção desse filme é exatamente
subverter a ordem de que as terceiras partes geralmente são inferiores as
outras, tentando ser surpreendente, mas ele falha miseravelmente nesse quesito.
E enquanto os dois primeiros brincavam com as próprias regras dos slashers e das continuações, com
explicações e detalhes inteligentes levantados pelo excelente personagem de
Jamie Kennedy, que morrera no anterior, mas aqui faz uma ponta em um vídeo
póstumo, este daqui não consegue fazer o mesmo pelas trilogias. A mensagem
principal é que tudo pode acontecer no terceiro filme, e realmente acontece,
mas de forma errada, graças a um assassino esculhambado com uma motivação
esdrúxula que veste o manto do Ghostface e quer matar a Sidney Prescott de Neve
Campbell (DE NOVO!). Sério, o argumento utilizado no momento Scooby-Doo de
revelação do psicopata da vez consegue ser ainda pior, mas muuuuuito pior do
que a dona Loomis da segunda parte. E mais ainda, toda aquela brincadeira
metalinguística que deu certíssimo no primeiro e principalmente no segundo
filme, aqui fica reduzido aos meandros dos bastidores hollywoodianos, uma vez
que a terceira parte de “A Facada”, filme-dentro-do-filme inspirado nos
assassinatos de Woodsbooro, está em filmagens em um importante estúdio de
Hollywood (que detalhe, é onde Maureen Prescott, a mãe de Sidney tentou
ganhar a vida como atriz há tempos) é o local onde irá se concentrar a série de
assassinatos da vez. Isso depois de Cotton Weary (Liev Schreiber) ser morto na
sequência inicial, que é infinitamente inferior a eterna cena de Drew Barrymore
em Pânico e de Jada Pinkett-Smith e seu namorado
no cinema em Pânico 2. Temos de
volta também Courtney Cox como Gale Weathers e David Arquette como um cada vez
mais caricato Dewey Riley. Fora uma penca de personagens descartáveis,
inclusive aí o pretenso assassino e seu alter-ego e o detetive Kincaid de
Patrick Dempsey, e uma ou outra cutucada nos bastidores dos filmes de terror em
Hollywood, e nas festinhas dos magnatas da indústria cinematográfica nos anos
70 que corrompiam pobres e belas jovens atrizes que buscavam o estrelato, na
figura do produtor John Milton, vivido por Lance Henriksen. Absolutamente nada
funciona em Pânico 3. Mas
sabe o que é o pior de tudo mesmo? É o fato de uma cadeia de acontecimentos que
a fita faz questão de interligar para tentar explicar didaticamente TODOS os
acontecimentos que levaram ao assassinato de Maureen Prescott e seus
desdobramentos que fizeram Billy Loomis surtar e virar o Ghostface original,
devidamente ajudado por seu colega igualmente psicopata Stuart, e levaram
Sidney para aquele espiral de infortúnio. Tudo por conta de uma vingancinha
medíocre e falta de terapia, que com certeza poderia resolver o problema.
Parece que tudo foi milimetricamente planejado pelo assassino e nada,
absolutamente nada saiu de seu controle nesse seu plano infalível à la
Cebolinha, que devotou toda sua vida a isso. Bah… Isso sem contar a ínfima
quantidade de sangue e violência, aquele truque tosquíssimo do simulador de
voz, o contrato com Neve Campbell era de apenas 20 dias de filmagens, porque
provavelmente ou tava se achando naquela época (e depois sumiu, virou atriz
falida) ou não queria ficar estigmatizada com mais uma sequência de Pânico (e depois sumiu, virou atriz falida), e ainda temos só cinco
minutos de aparição de Randy, sempre o melhor personagem de toda a até então
trilogia. Mas vamos lá, Pânico 3 foi outro tremendo sucesso de bilheteria, batendo recordes de
estreia naqueles tempos e faturou absurdos e desmerecidos 161 milhões de
dólares mundialmente. Pelo menos Craven resolveu concluir mesmo a história e
pular fora de vez, e não se tornou uma sequência infinita, como osslashers oitentistas que
arrebentaram o subgênero. Claro, até todos os envolvidos precisarem de grana,
afinal a carreira deles não evoluiu para lugar nenhum, e voltaram para Pânico
4 em 2011. Mas isso é outra
história.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2015/08/28/711-panico-3-2000/
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