terça-feira, 2 de agosto de 2016

#663 1995 SEVEN OS 7 PECADOS CAPITAIS (Se7en, EUA)


Direção: David Fincher
Roteiro: Andrew Kevin Walker
Produção:Arnold Kopelson e Phyllis Carlyle, Stephen Brown, Nana Greenwald e Sanford Panitch (Co-produtores), Lynn Harris, Richard Saperstein (Co-Produtores Executivos), Michele Platt (Produtora Associada), Dan Kolsrud, Anne Kopelson e Gianni Nunnari (Produtores Executivos)
Elenco: Brad Pitt, Morgan Freeman, Gwyneth Paltrow, Kevin Spacey

Como gosto de enfatizar sempre aqui no blog, eu considero o terror um gênero muito mais amplo do que a maioria gosta de rotulá-lo. Para ser um filme de terror, não precisa exatamente seguir uma fórmula ou padrão pré-determinado. Não precisa ter um monstro, como um vampiro ou um zumbi, ou então um assassino que persegue adolescentes em sonhos ou acampamentos, fantasmas em casas mal-assombradas, ou um culto satânico. O thriller para mim é um subgênero do terror, pois é mais denso e pesado que o suspense convencional e também muito mais assustador e chocante que um filme policial onde detetives perspicazes perseguem um assassino. E Seven – Os Sete Crimes capitais é a obra prima dos thrillers. O diretor David Fincher assusta muito mais com seu serial killer que utiliza a religião e baseia seu modus-operandi nos sete pecados do que muito filme por aí que bate no peito e se vangloria de ser uma produção de terror genuína. Afinal, diferente de monstros rastejantes, sabemos que tem loucos à rodo assim no mundo. E toda a fotografia escura do filme (genialmente conduzida por Darius Khondji), toda a inteligência e pencas de citações do roteiro, a ambientação em uma cidade cinza, chuvosa e sem esperança, o clima soturno e imundo criado pelo diretor, as mortes cruelmente executadas e planejadas, assim como a sintonia fina entre a dupla de protagonistas, Brad Pitt e Morgan Freeman, faz de Seven um filme definitivo. Já faz quase 20 anos que foi lançado, e ainda é atual e novo, além de nunca ter existido um filme parecido, com uma narrativa tão impressionante, roteiro tão inteligente e um final tão avassalador.  Dois detetives, o veterano William Sommerset (Freeman), que está há sete dias de se aposentar, e o novato recém-chegado à cidade, David Mills (Pitt) se veem envolvidos na investigação de um terrível assassino, que como já disse, mata suas vítimas inspirado nos sete pecados capitais. A primeira vítima encontrada, que já mostra como o conteúdo que está por vir é realmente pesado, é um sujeito enorme, que está morto com os pés e mãos amarradas e o rosto enfiado dentro de um prato de macarrão. Durante 12 horas, ele foi obrigado a comer até seu estômago literalmente explodir. Esse foi o pecado da gula. Daí para frente é ladeira abaixo. Após executar outros quatro dos seus crimes, cobiça, preguiça (um dos mais chocantes, onde ele deixa um sujeito por um ano amarrado, deitado em uma cama, definhando e criando escaras, porém mantido vivo por todo esse tempo), vaidade e luxúria, o assassino que utiliza o nome de John Doe (algo como o termo Zé Ninguém utilizado pela polícia de lá) se entrega para enfim trazer a tona a angustiante e terrível cena final, e concretizar seu verdadeiro plano. Os diálogos do filme são realmente primorosos. Brad Pitt está ótimo e aqui começa a mostrar mesmo que não era apenas mais um rostinho bonito de Hollywood e que poderia fazer papeis incríveis, como posteriormente vimos em Os 12 Macacos, Clube da Luta (também dirigido por Fincher) e Snatch – Porcos e Diamantes, entre outros. A química entre ele e Freeman, que faz o velho policial cansado que tenta controlar o ímpeto do seu substituto, carrega todo o filme nas costas, e até uma atriz que eu acho péssima, a Gwyneth Paltrow, que interpreta Tracy, esposa de Mills, está bem e nos poucos minutos que aparece em tela, consegue trazer uma importância imensa para a trama, principalmente a cena em que ela confidencia a Sommerset que está grávia e o seu medo de trazer uma criança à vida naquela cidade violenta. No final do filme, claro que quem rouba a cena é Kevin Spacey, que já havia levado um Oscar por Os Suspeitos nessa altura do campeonato, explicando os motivos que o levaram a praticar aqueles atos hediondos, julgando fazer o trabalho de Deus (afinal, “Ele escreve certo por linhas tortas”, como o próprio assassino frisa) e questionando a real inocência de todas as vítimas, o glutão, o advogado, o traficante, a prostituta, e por aí vai. Para completar toda essa minha rasgação de seda, há muito de se dar o crédito ao texto do filme, com toda sua conotação religiosa, onde o assassino é culto, estuda livros como Paraíso Proibido de John Milton e A Divina Comédia de Dante Alighieri, além de nos convidar a  tentar entender os seus porquês, a escolha pontual de suas vítmas, admirar toda sua paciência, e assistir apático a tentativa em vão dos detetives em penetrar no labirinto sombrio que é a mente do assassino e antecipar seus passos. David Fincher para mim é um dos melhores diretores do cinema atual. Eu já havia gostado muito da visão suja e claustrofóbica que ele havia criado em seu longa de estreia, Alien 3, Seven – Os Sete Crimes Capitais é a potencialização das suas aptidões atrás das câmeras. No seu currículo há também os ótimos Cluba da Luta, Zodíaco, e os recentes O Homem Que Não Amava as Mulheres e A Rede Social, para deixar claro como é um diretor inventivo. Claro que teve algumas escorregadas no decorrer da carreira, como em O Quarto do Pânico e O Curioso Caso de Benjamim Button, mas nada que não possa ser relevado.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/06/01/663-seven-os-sete-crimes-capitais-1995/

1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER:
898 1995 OS SETE PECADOS CAPITAIS (Se7en, EUA) 

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