Direção: David
Fincher
Roteiro: Andrew
Kevin Walker
Produção:Arnold
Kopelson e Phyllis Carlyle, Stephen Brown, Nana Greenwald e Sanford
Panitch (Co-produtores), Lynn Harris, Richard Saperstein (Co-Produtores
Executivos), Michele Platt (Produtora Associada), Dan Kolsrud, Anne Kopelson e
Gianni Nunnari (Produtores Executivos)
Elenco: Brad Pitt, Morgan Freeman, Gwyneth
Paltrow, Kevin Spacey
Como
gosto de enfatizar sempre aqui no blog, eu considero o terror um gênero muito
mais amplo do que a maioria gosta de rotulá-lo. Para ser um filme de terror,
não precisa exatamente seguir uma fórmula ou padrão pré-determinado. Não
precisa ter um monstro, como um vampiro ou um zumbi, ou então um assassino que
persegue adolescentes em sonhos ou acampamentos, fantasmas em casas
mal-assombradas, ou um culto satânico. O thriller para
mim é um subgênero do terror, pois é mais denso e pesado que o suspense
convencional e também muito mais assustador e chocante que um filme policial
onde detetives perspicazes perseguem um assassino. E Seven – Os Sete Crimes capitais
é a obra prima dos thrillers. O diretor David Fincher assusta muito mais
com seu serial killer que utiliza a religião e baseia seu modus-operandi nos
sete pecados do que muito filme por aí que bate no peito e se vangloria de ser
uma produção de terror genuína. Afinal, diferente de monstros rastejantes,
sabemos que tem loucos à rodo assim no mundo. E toda a fotografia escura do
filme (genialmente conduzida por Darius Khondji), toda a inteligência e pencas
de citações do roteiro, a ambientação em uma cidade cinza, chuvosa e sem
esperança, o clima soturno e imundo criado pelo diretor, as mortes cruelmente
executadas e planejadas, assim como a sintonia fina entre a dupla de
protagonistas, Brad Pitt e Morgan Freeman, faz de Seven um filme
definitivo. Já faz quase 20 anos que foi lançado, e ainda é atual e novo, além
de nunca ter existido um filme parecido, com uma narrativa tão impressionante,
roteiro tão inteligente e um final tão avassalador. Dois detetives, o veterano William Sommerset
(Freeman), que está há sete dias de se aposentar, e o novato recém-chegado à
cidade, David Mills (Pitt) se veem envolvidos na investigação de um terrível
assassino, que como já disse, mata suas vítimas inspirado nos sete pecados
capitais. A primeira vítima encontrada, que já mostra como o conteúdo que está
por vir é realmente pesado, é um sujeito enorme, que está morto com os pés e
mãos amarradas e o rosto enfiado dentro de um prato de macarrão. Durante 12
horas, ele foi obrigado a comer até seu estômago literalmente explodir. Esse
foi o pecado da gula. Daí para frente é ladeira abaixo. Após executar outros
quatro dos seus crimes, cobiça, preguiça (um dos mais chocantes, onde ele deixa
um sujeito por um ano amarrado, deitado em uma cama, definhando e criando
escaras, porém mantido vivo por todo esse tempo), vaidade e luxúria, o
assassino que utiliza o nome de John Doe (algo como o termo Zé Ninguém
utilizado pela polícia de lá) se entrega para enfim trazer a tona a angustiante
e terrível cena final, e concretizar seu verdadeiro plano. Os diálogos do filme
são realmente primorosos. Brad Pitt está ótimo e aqui começa a mostrar mesmo
que não era apenas mais um rostinho bonito de Hollywood e que poderia fazer
papeis incríveis, como posteriormente vimos em Os 12 Macacos, Clube da Luta
(também dirigido por Fincher) e Snatch – Porcos e Diamantes, entre outros. A
química entre ele e Freeman, que faz o velho policial cansado que tenta
controlar o ímpeto do seu substituto, carrega todo o filme nas costas, e até
uma atriz que eu acho péssima, a Gwyneth Paltrow, que interpreta Tracy, esposa
de Mills, está bem e nos poucos minutos que aparece em tela, consegue trazer
uma importância imensa para a trama, principalmente a cena em que ela
confidencia a Sommerset que está grávia e o seu medo de trazer uma criança à
vida naquela cidade violenta. No final do filme, claro que quem rouba a cena é
Kevin Spacey, que já havia levado um Oscar por Os Suspeitos nessa altura do
campeonato, explicando os motivos que o levaram a praticar aqueles atos
hediondos, julgando fazer o trabalho de Deus (afinal, “Ele escreve certo por
linhas tortas”, como o próprio assassino frisa) e questionando a real inocência
de todas as vítimas, o glutão, o advogado, o traficante, a prostituta, e por aí
vai. Para completar toda essa minha rasgação de seda, há muito de se dar o
crédito ao texto do filme, com toda sua conotação religiosa, onde o assassino é
culto, estuda livros como Paraíso Proibido de John Milton e A Divina Comédia de
Dante Alighieri, além de nos convidar a tentar entender os seus porquês,
a escolha pontual de suas vítmas, admirar toda sua paciência, e assistir
apático a tentativa em vão dos detetives em penetrar no labirinto sombrio que é
a mente do assassino e antecipar seus passos. David Fincher para mim é um dos
melhores diretores do cinema atual. Eu já havia gostado muito da visão suja e
claustrofóbica que ele havia criado em seu longa de estreia, Alien 3, Seven – Os
Sete Crimes Capitais é a potencialização das suas aptidões atrás das
câmeras. No seu currículo há também os ótimos Cluba da Luta, Zodíaco, e os
recentes O Homem Que Não Amava as Mulheres e A Rede Social, para deixar claro
como é um diretor inventivo. Claro que teve algumas escorregadas no decorrer da
carreira, como em O Quarto do Pânico e O Curioso Caso de Benjamim Button, mas
nada que não possa ser relevado.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/06/01/663-seven-os-sete-crimes-capitais-1995/
1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER:
898 1995 OS SETE PECADOS CAPITAIS (Se7en, EUA)
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