Direção: Alejandro Amenábar
Roteiro: Alejandro Amenábar
Produção: José Luis Cuerda; Ricardo
Steinberg (Coprodutor); Alejandro Amenábar, Hans Burmann, Wolfgang Burmann,
Julio Madurga, María Elena Sáinz de Rozas; José Luis Cuerda, Emiliano Otegui
Elenco: Ana Torrent, Fele
Martínez, Eduardo Noriega, Xabier Elorriaga, Miguel Picazo, Nieves Herranz,
Rosa Campillo
Conheci
o diretor Alejandro Amenábar por conta de Os Outros,
lançado em 2001, e só depois fui atrás da carreira do espanhol e assisti o
excelente Tesis – Morte ao Vivo, seu
primeiro longa metragem e um SENHOR suspense! O plot do filme, que tem roteiro do próprio Amenábar, baseado
em uma história sua e de Mateo Gil, já é dos mais interessantes possíveis:
Ángela (Ana Torrent – será que ela tem bastante seeds? – RÁ!) está concluindo
sua tese de conclusão de curso de audiovisual cujo tema é a violência no
cinema. Bacana, certo? Ela pede ajuda para seu orientador, o Prof. Figueroa
(Miguel Picazo) para que ele consiga alguns filmes de extrema violência e
pornografia na videoteca da universidade. Indo contra seu próprio conselho de que
o tema é muito impactante e controverso, Figueroa encontra uma fita na
videoteca e ao assisti-la, morre de um ataque de asma. Ou seja, o conteúdo do
filme deveria ser extremamente pesado e gráfico. Ángela o encontra no dia
seguinte morto e resolve roubar a fita para descobrir seu conteúdo. Junto de
Chema (Fele Martínez) um sujeito todo esquisito e sem o menor traquejo social,
principalmente com o sexo feminino, colecionador de fitas exploitation, eles se deparam com
um snuff movie, os
famigerados filmes lenda urbana de pessoas que são mortas de verdade na frente
das câmeras e suas fitas comercializadas no mercado negro. Chema reconhece a
garota sendo morta no VHS, tratando-se de Vanessa (Olga Margallo) uma estudante
da mesma universidade desaparecida há dois anos. A dupla resolve investigar o
assassinato, pegando pistas técnicas, como por exemplo, o uso da câmera
utilizada para fazer a footage,
uma Sony XT-500 e descobrindo quem as alugou na universidade, e cada vez mais
eles vão se envolvendo num brilhante espiral de suspense e medo onde diversas
pistas são jogadas para o público no andamento do thriller, fazendo que o andamento da investigação se torne cada
vez mais perigoso para Ángela, principalmente após se envolver com Bosco
(Eduardo Noriega), ex-namorado de Vanessa e um dos principais suspeitos. No
decorrer do longa, o grande pulo do gato de Amenábar, auxiliado com sua extensa
competência na construção do suspense, é exatamente a quantidade de
reviravoltas que vai incluindo novos elementos e pistas na trama, sempre
deixando o espectador grudado na tela para descobrir quem é o verdadeiro
assassino, isso sem contar o clima pesado que o tema proporciona e uma tensão
crescente e sufocante entre os personagens. E apesar do universo dos snuff movies serem apenas o pano
de fundo, interessante também ver a forma implícita com que Amenábar utilizar o
tema como crítica à violência gratuita do cinema, principalmente dos
filmes exploitation do
estilo Faces da Morte, um dos preferidos de Chema, e ao próprio apreço e curiosidade
mórbida que o ser humano tem com relação a esse assunto, como escancarado em
seu final, onde inescrupulosos produtores de TV de um programa policial
sensacionalista vespertino, ao melhor estilo Cidade Alerta ou Brasil Urgente,
por motivo “jornalísticos” (leia-se: fazemos tudo pela audiência) resolvem
exibir o conteúdo da fita do assassinato de Vanessa na íntegra, e como as
pessoas estão vidradas na tela para assistirem. Inclusive muito me
lembrou Cannibal Holocaust, onde
Ruggero Deodato foi até a julgamento por seu filme ter sido confundido com
um snuff devido a
violência e realismo, e uma das premissas (e grandes críticas travestidas no
longa) era uma emissora de TV exibir em rede nacional os filmes encontrados dos
documentaristas mortos e devorados pelos índios canibais. Outra produção sobre
o tema do universo underground dos snuff
movies, e mais conhecido do grande público é 8mm, com Nicholas Cage, que só mostra que Joel Schumacher tinha que ter
comido muito mais arroz com feijão, ou paella no caso, para chegar próximo do
resultado de Amenábar. Tesis – Morte ao Vivo foi elogiadíssimo por público e crítica, faturou sete prêmios Goya,
o “Oscar Espanhol” e precedeu Abra Seus Olhos, mind
blowing para Tom Cruise que o levou para Hollywood para dirigir o
absurdamente fodástico Os Outros e Vanilla Sky,
nada mais que o remake yankee do
seu segundo longa, (com o próprio Cruise com protagonista). Amenábar retornou a
Espanha natal onde dirigiu o ganhador do Oscar® de Melhor Filme
Estrangeiro, Mar Adentro, e
sua volta ao suspense será no vindouro Regression, que está em fase de pós-produção e deverá
ser lançado ainda este ano, com Emma Watson e Ethan Hawke no elenco.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2015/06/18/672-tesis-morte-ao-vivo-1996/
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