sábado, 20 de agosto de 2016

#672 1996 TESIS MORTE AO VIVO (Tesis, Espanha)


Direção: Alejandro Amenábar
Roteiro: Alejandro Amenábar
Produção: José Luis Cuerda; Ricardo Steinberg (Coprodutor); Alejandro Amenábar, Hans Burmann, Wolfgang Burmann, Julio Madurga, María Elena Sáinz de Rozas; José Luis Cuerda, Emiliano Otegui
Elenco: Ana Torrent, Fele Martínez, Eduardo Noriega, Xabier Elorriaga, Miguel Picazo, Nieves Herranz, Rosa Campillo

Conheci o diretor Alejandro Amenábar por conta de Os Outros, lançado em 2001, e só depois fui atrás da carreira do espanhol e assisti o excelente Tesis – Morte ao Vivo, seu primeiro longa metragem e um SENHOR suspense! O plot do filme, que tem roteiro do próprio Amenábar, baseado em uma história sua e de Mateo Gil, já é dos mais interessantes possíveis: Ángela (Ana Torrent – será que ela tem bastante seeds? – RÁ!) está concluindo sua tese de conclusão de curso de audiovisual cujo tema é a violência no cinema. Bacana, certo? Ela pede ajuda para seu orientador, o Prof. Figueroa (Miguel Picazo) para que ele consiga alguns filmes de extrema violência e pornografia na videoteca da universidade. Indo contra seu próprio conselho de que o tema é muito impactante e controverso, Figueroa encontra uma fita na videoteca e ao assisti-la, morre de um ataque de asma. Ou seja, o conteúdo do filme deveria ser extremamente pesado e gráfico. Ángela o encontra no dia seguinte morto e resolve roubar a fita para descobrir seu conteúdo. Junto de Chema (Fele Martínez) um sujeito todo esquisito e sem o menor traquejo social, principalmente com o sexo feminino, colecionador de fitas exploitation, eles se deparam com um snuff movie, os famigerados filmes lenda urbana de pessoas que são mortas de verdade na frente das câmeras e suas fitas comercializadas no mercado negro. Chema reconhece a garota sendo morta no VHS, tratando-se de Vanessa (Olga Margallo) uma estudante da mesma universidade desaparecida há dois anos. A dupla resolve investigar o assassinato, pegando pistas técnicas, como por exemplo, o uso da câmera utilizada para fazer a footage, uma Sony XT-500 e descobrindo quem as alugou na universidade, e cada vez mais eles vão se envolvendo num brilhante espiral de suspense e medo onde diversas pistas são jogadas para o público no andamento do thriller, fazendo que o andamento da investigação se torne cada vez mais perigoso para Ángela, principalmente após se envolver com Bosco (Eduardo Noriega), ex-namorado de Vanessa e um dos principais suspeitos. No decorrer do longa, o grande pulo do gato de Amenábar, auxiliado com sua extensa competência na construção do suspense, é exatamente a quantidade de reviravoltas que vai incluindo novos elementos e pistas na trama, sempre deixando o espectador grudado na tela para descobrir quem é o verdadeiro assassino, isso sem contar o clima pesado que o tema proporciona e uma tensão crescente e sufocante entre os personagens. E apesar do universo dos snuff movies serem apenas o pano de fundo, interessante também ver a forma implícita com que Amenábar utilizar o tema como crítica à violência gratuita do cinema, principalmente dos filmes exploitation do estilo Faces da Morte, um dos preferidos de Chema, e ao próprio apreço e curiosidade mórbida que o ser humano tem com relação a esse assunto, como escancarado em seu final, onde inescrupulosos produtores de TV de um programa policial sensacionalista vespertino, ao melhor estilo Cidade Alerta ou Brasil Urgente, por motivo “jornalísticos” (leia-se: fazemos tudo pela audiência) resolvem exibir o conteúdo da fita do assassinato de Vanessa na íntegra, e como as pessoas estão vidradas na tela para assistirem. Inclusive muito me lembrou Cannibal Holocaust, onde Ruggero Deodato foi até a julgamento por seu filme ter sido confundido com um snuff devido a violência e realismo, e uma das premissas (e grandes críticas travestidas no longa) era uma emissora de TV exibir em rede nacional os filmes encontrados dos documentaristas mortos e devorados pelos índios canibais. Outra produção sobre o tema do universo underground dos snuff movies, e mais conhecido do grande público é 8mm, com Nicholas Cage, que só mostra que Joel Schumacher tinha que ter comido muito mais arroz com feijão, ou paella no caso, para chegar próximo do resultado de Amenábar. Tesis – Morte ao Vivo foi elogiadíssimo por público e crítica, faturou sete prêmios Goya, o “Oscar Espanhol” e precedeu Abra Seus Olhos, mind blowing para Tom Cruise que o levou para Hollywood para dirigir o absurdamente fodástico Os Outros e Vanilla Sky, nada mais que o remake yankee do seu segundo longa, (com o próprio Cruise com protagonista). Amenábar retornou a Espanha natal onde dirigiu o ganhador do Oscar® de Melhor Filme Estrangeiro, Mar Adentro, e sua volta ao suspense será no vindouro Regression, que está em fase de pós-produção e deverá ser lançado ainda este ano, com Emma Watson e Ethan Hawke no elenco.
FONTE: http://101horrormovies.com/2015/06/18/672-tesis-morte-ao-vivo-1996/

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