quinta-feira, 18 de agosto de 2016

#683 1997 PÂNICO 2 (Scream 2, EUA)


Direção: Wes Craven
Roteiro: Kevin Williamson
Produção: Cathy Konrad, Marianne Maddalena; Daniel Lupi (Coprodutor); Dan Arredondo, Nicholas C. Mastandrea, Julie Plec, (Produtores Associados); Cary Granat, Richard Potter, Andrew Rona (Coprodutores Executivos); Bob Weinstein, Harvey Weinstein, Kevim Williamson (Produtores Executivos)
Elenco: Neve Campbell, David Arquette, Courtney Cox, Jamie Kennedy, Jada Pinkett Smith, Sarah Michelle Gellar, Timoty Olyphant, Jerry O’Connel, Liev Schreiber

Mas é óbvio que haveria um Pânico 2, né? Mas não tínhamos sequer a menor sombra de dúvida que Wes Craven e Kevin Williamson voltariam para uma sequência com a benção dos irmãos Weinstein, depois do original ter ressuscitado os filmes de terror, criado o novo slasher 2.0 e ter feito mais de 170 milhões de dólares de bilheteria no mundo todo. Papo reto que essa sequência é bem inferior e até desnecessária, como a maioria das sequências, ainda mais tratando-se do subgênero, e seu único propósito de existir é colocar mais dinheiro no bolso de todos os envolvidos. Mas ainda assim, Williamson conseguiu escrever um roteiro afiado novamente, brincando mais uma vez com a questão da metalinguagem, clichês e a indústria do cinema em si, mas que se comporta muito mais em seguir os modelos típicos de um whodunit? a lá Edgar Wallace, que vai funcionando até seu terceiro ato quando acontece a patética revelação da identidade do assassino num daqueles obrigatórios plot twists, seguindo à risca a linha de seu antecessor (mas que funciona). Craven parece já ter acertado a mão nessa história metalinguística e leva a um novo patamar com o conceito de filme dentro do filme, sempre uma interessante abordagem narrativa para o gênero. Aqui estamos falando de “A Facada”, longa baseado no livro “Os Assassinatos de Woodsbooro”, escrito por Gale Weather, a repórter gananciosa vivida (novamente) por Courtney Cox, que estreia nos cinemas dois anos depois dos acontecidos de Pânico. Em uma das sessões de pré-estreia, em um cinema lotado cheio de ações promocionais com todo mundo ganhando facas de plástico e fantasias do Ghostface, um casal é brutalmente assassinado. E não é que os dois estudam na mesma universidade de Sidney Prescott, a mocinha que sobreviveu ao ataque de seu namorado psicopata e seu amiguinho, que agora tenta se graduar em artes cênicas? A onda de assassinatos em volta de Sidney volta a se repetir, seguindo um padrão que leva a polícia, ajudado por Weather e Dewey Riley (David Arquette) que vai até a cidade para tentar ajudar a amiga, a descobrir que um copycat está tentando imitar Woodsbooro. Cabe a quem ajuda-los no entendimento de como funciona uma sequência? Randy Meeks, claro, o personagem de Jamie Kenedey que sempre é o melhor de todos desde o original. Se no longa anterior ele já havia alertado sobre as diretrizes de sobrevivência nos slasher movies, baseados no conjunto de regras instituídos por John Carpenter em seu Halloween – A Noite do Terror, aqui o agora estudante de cinema (óbvio) disserta com o personagem de Arquette sobre o as três regras das sequências: contagem de cadáveres maior, cenas de morte mais elaboradas e com mais sangue, e justo quando falaria a terceira, que era imprescindível para se criar uma franquia, é interrompido por Dewey em mais uma sacadinha daquelas da dupla Craven/ Williamson. O que convenhamos, foi um tiro n’água na eterna tentativa da série Pânico em parodiar a si mesma, pois hoje em pleno 2015 sabemos que ele tornou-se uma trilogia, para depois virar uma franquia e Deus que o livre, virar uma série pela Emetevê, já diria Caetano. Outro ponto digno de nota do roteiro mostrando que pode haver vida inteligente nos slasher movies é o fato de mais uma vez tirar um barato da sua cara (pero no mucho) quando em uma aula de cinema, é discutido sobre as sequências, e o bate-papo entre Randy, Mickey (personagem de Timothy Olyphant), Cici (Sarah Michelle Gellar – a rainha dos slasher 2.0) e uma ponta de Joshua Jackson (rei das pontas e coadjuvante de Dawson’s Creew, série escrita por vejam só, Kevin Williamson) tenta encontrar continuações que sejam melhores que o original, como os citados Aliens – O ResgateO Exterminador do Futuro 2 – O Julgamento Final eO Poderoso Chefão 2, ganhador do Oscar, enquanto Jackson brinca falando sobre A Casa do Espanto II e Randy completa: “as continuações acabaram com o cinema de terror”. Mas ainda assim Pânico 2 nem chega perto dessas exceções que transformaram o segundo filme em algo melhor do que o primeiro. Talvez o grande motivo seja exatamente essa pecha em tentar o filme todo se descobrir quem é o assassino, nessa maldita regra velada dos slashers 2.0. onde esse joguinho de detetive e o suspense se tornaram muito mais importantes que a morte, violência, sangue e nudez (desculpem, feministas) e a necessidade enfadonha de uma reviravolta final, por mais babaca que seja, como é o que acontece aqui, apenas para tentar surpreender o espectador, que nunca esperaria por isso e blá blá blá. Mas vamos lá, também há a mensagem que Craven e Williamson colocam nas entrelinhas, e até é a motivação de um dos assassinos (novamente são dois deles trabalhando em conjunto, só que o(a) segundo(a) é a boa e velha vingança, como mesmo diz) é o fato de caçoar daquela velha discussão tão batida sobre filmes inspirarem atos de violência, algo que sempre caiu como uma luva no cinema de terror, tendo em vista os assassinatos ocorridos no cinema por conta de uma obra audiovisual. Fora isso, temos travestido o tema da busca pelo estrelato, pelos quinze minutos de fama, perseguidos tanto por Weather quando por Cotton Weary (Liev Schreiber), acusado injustamente por Sidney de ter assassinado sua mãe e que conseguira liberdade, que está sempre sendo colocado nos holofotes pela dupla de idealizadores, algo tão final dos anos 90 e começo dos anos 2000, antecipando o boom dosreality shows e canais do Youtube. Apesar de algumas sacadas bem interessantes de linguagem, metalinguagem e narrativa, Pânico 2 é um caça-níquel indiscutivelmente, só que com uma qualidade um pouco maior que a maioria das continuações, e serviu muito bem a seu papel: faturar alto nas bilheterias. Rendeu 172 milhões de dólares no mundo todo (apenas um milhão a menos que o primeiro) e abriu a porteira para a abominação que foi o terceiro filme. E um detalhe curioso é que vi esse filme no cinema, em janeiro de 1999, e Pânico foi um hit tão grande que valeu uma sequência no ano seguinte, mas aqui no Brasil com nossas “distribuidoras” que tem tanto zelo e apreço pelos espectadores, foi estrear mais de um ano depois de exibido nos cinemas yankees.
FONTE: http://101horrormovies.com/2015/07/08/683-panico-2-1997/

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