Direção: Wes
Craven
Roteiro: Kevin
Williamson
Produção: Cathy
Konrad, Marianne Maddalena; Daniel Lupi (Coprodutor); Dan Arredondo, Nicholas
C. Mastandrea, Julie Plec, (Produtores Associados); Cary Granat, Richard
Potter, Andrew Rona (Coprodutores Executivos); Bob Weinstein, Harvey Weinstein,
Kevim Williamson (Produtores Executivos)
Elenco: Neve
Campbell, David Arquette, Courtney Cox, Jamie Kennedy, Jada Pinkett Smith,
Sarah Michelle Gellar, Timoty Olyphant, Jerry O’Connel, Liev Schreiber
Mas é
óbvio que haveria um Pânico 2, né?
Mas não tínhamos sequer a menor sombra de dúvida que Wes Craven e Kevin
Williamson voltariam para uma sequência com a benção dos irmãos Weinstein,
depois do original ter ressuscitado os filmes de terror, criado o novo slasher 2.0 e ter feito mais de
170 milhões de dólares de bilheteria no mundo todo. Papo reto que essa
sequência é bem inferior e até desnecessária, como a maioria das sequências,
ainda mais tratando-se do subgênero, e seu único propósito de existir é colocar
mais dinheiro no bolso de todos os envolvidos. Mas ainda assim, Williamson
conseguiu escrever um roteiro afiado novamente, brincando mais uma vez com a
questão da metalinguagem, clichês e a indústria do cinema em si, mas que se
comporta muito mais em seguir os modelos típicos de um whodunit? a lá Edgar Wallace,
que vai funcionando até seu terceiro ato quando acontece a patética revelação
da identidade do assassino num daqueles obrigatórios plot twists, seguindo à risca a linha
de seu antecessor (mas que funciona). Craven parece já ter acertado a mão nessa
história metalinguística e leva a um novo patamar com o conceito de filme
dentro do filme, sempre uma interessante abordagem narrativa para o gênero. Aqui
estamos falando de “A Facada”, longa baseado no livro “Os Assassinatos de
Woodsbooro”, escrito por Gale Weather, a repórter gananciosa vivida (novamente)
por Courtney Cox, que estreia nos cinemas dois anos depois dos acontecidos
de Pânico. Em
uma das sessões de pré-estreia, em um cinema lotado cheio de ações promocionais
com todo mundo ganhando facas de plástico e fantasias do Ghostface, um casal é
brutalmente assassinado. E não é que os dois estudam na mesma universidade de
Sidney Prescott, a mocinha que sobreviveu ao ataque de seu namorado psicopata e
seu amiguinho, que agora tenta se graduar em artes cênicas? A onda de
assassinatos em volta de Sidney volta a se repetir, seguindo um padrão que leva
a polícia, ajudado por Weather e Dewey Riley (David Arquette) que vai até a
cidade para tentar ajudar a amiga, a descobrir que um copycat está tentando imitar
Woodsbooro. Cabe a quem ajuda-los no entendimento de como funciona uma sequência?
Randy Meeks, claro, o personagem de Jamie Kenedey que sempre é o melhor de
todos desde o original. Se no longa anterior ele já havia alertado sobre as
diretrizes de sobrevivência nos slasher
movies, baseados no conjunto de regras instituídos por John Carpenter em
seu Halloween – A Noite do Terror, aqui
o agora estudante de cinema (óbvio) disserta com o personagem de Arquette sobre
o as três regras das sequências: contagem de cadáveres maior, cenas de morte
mais elaboradas e com mais sangue, e justo quando falaria a terceira, que era
imprescindível para se criar uma franquia, é interrompido por Dewey em mais uma
sacadinha daquelas da dupla Craven/ Williamson. O que convenhamos, foi um tiro
n’água na eterna tentativa da série Pânico em
parodiar a si mesma, pois hoje em pleno 2015 sabemos que ele tornou-se uma
trilogia, para depois virar uma franquia e Deus que o livre, virar uma série
pela Emetevê, já diria Caetano. Outro ponto digno de nota do roteiro mostrando
que pode haver vida inteligente nos slasher
movies é o fato de mais uma vez tirar um barato da sua cara (pero no mucho) quando em uma aula de
cinema, é discutido sobre as sequências, e o bate-papo entre Randy, Mickey
(personagem de Timothy Olyphant), Cici (Sarah Michelle Gellar – a rainha dos slasher 2.0) e uma ponta de
Joshua Jackson (rei das pontas e coadjuvante de Dawson’s Creew, série escrita por vejam só, Kevin Williamson)
tenta encontrar continuações que sejam melhores que o original, como os
citados Aliens – O Resgate, O Exterminador do Futuro 2 – O Julgamento Final eO Poderoso Chefão 2, ganhador do Oscar, enquanto Jackson brinca
falando sobre A Casa do Espanto II e
Randy completa: “as continuações acabaram com o cinema de terror”. Mas ainda
assim Pânico 2 nem
chega perto dessas exceções que transformaram o segundo filme em algo melhor do
que o primeiro. Talvez o grande motivo seja exatamente essa pecha em tentar o
filme todo se descobrir quem é o assassino, nessa maldita regra velada
dos slashers 2.0.
onde esse joguinho de detetive e o suspense se tornaram muito mais importantes
que a morte, violência, sangue e nudez (desculpem, feministas) e a necessidade
enfadonha de uma reviravolta final, por mais babaca que seja, como é o que
acontece aqui, apenas para tentar surpreender o espectador, que nunca esperaria
por isso e blá blá blá. Mas vamos lá, também há a mensagem que Craven e
Williamson colocam nas entrelinhas, e até é a motivação de um dos assassinos
(novamente são dois deles trabalhando em conjunto, só que o(a) segundo(a) é a
boa e velha vingança, como mesmo diz) é o fato de caçoar daquela velha discussão
tão batida sobre filmes inspirarem atos de violência, algo que sempre caiu como
uma luva no cinema de terror, tendo em vista os assassinatos ocorridos no
cinema por conta de uma obra audiovisual. Fora isso, temos travestido o tema da
busca pelo estrelato, pelos quinze minutos de fama, perseguidos tanto por
Weather quando por Cotton Weary (Liev Schreiber), acusado injustamente por
Sidney de ter assassinado sua mãe e que conseguira liberdade, que está sempre
sendo colocado nos holofotes pela dupla de idealizadores, algo tão final dos
anos 90 e começo dos anos 2000, antecipando o boom dosreality
shows e canais do Youtube. Apesar de algumas sacadas bem
interessantes de linguagem, metalinguagem e narrativa, Pânico 2 é um caça-níquel indiscutivelmente, só que com
uma qualidade um pouco maior que a maioria das continuações, e serviu muito bem
a seu papel: faturar alto nas bilheterias. Rendeu 172 milhões de dólares no
mundo todo (apenas um milhão a menos que o primeiro) e abriu a porteira para a
abominação que foi o terceiro filme. E um detalhe curioso é que vi esse filme
no cinema, em janeiro de 1999, e Pânico foi
um hit tão grande que valeu uma sequência no ano seguinte, mas aqui no Brasil
com nossas “distribuidoras” que tem tanto zelo e apreço pelos espectadores, foi
estrear mais de um ano depois de exibido nos cinemas yankees.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2015/07/08/683-panico-2-1997/
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