terça-feira, 16 de agosto de 2016

#664 1996 A CAMISINHA ASSASSINA (Kondom des Grauens/Killer Condom, Alemanha, Suíça)


Direção: Martin Walz
Roteiro: Martin Walz, Ralf König (baseado em sua HQ)
Produção: Ralph S. Dietrich, Harald Reichebner; Erwin C. Dietrich (Produtor Executivo)
Elenco: Udo Samel, Peter Lohmeyer, Iris Berben, Leonard Lansink, Marc Richter, Evelyn Künneke, Hella von Sinnen

Você já deve ter lido diversos títulos de filme aqui no blog que apresentam objetos inanimados assassinos. Mas o alemão A Camisinha Assassina, consegue se superar de todos eles! Pequena pérola da trasheira sem nenhum gabarito, o filme baseado nas HQs do cartunista Ralf König, uma espécie de Angeli alemão, é aquela típica produção bagaceira que não se leva a sério nenhum segundo sequer (ainda bem, afinal, estamos falando de preservativos assassinos), é repleto de situações ridículas, personagens caricatos, roteiro rocambolesco, maquiagem tosca, maaaas, com uma importante mensagem em suas entrelinhas, o que o coloca no rol de filme crítica social, acredite se quiser. Mas como isso? Oras, vamos começar do princípio que indo contra todo e qualquerestablishment para mocinhos de filmes, nosso herói, o durão, siciliano e fumante inveterado inspetor de polícia, Luigi Mackeroni (Udo Samel) é homossexual. Lide com isso! E ainda é tipo o Homem de Itu, bem-dotado! Somos apresentados ao figura quando uma série de castrações começa a assolar um hotel vagabundo em Nova York, chamado Quickle (que em tradução literal seria “rapidinha”). Isso mesmo, os frequentadores da pocilga barata ao colocaram o preservativo no p... tem o instrumento de trabalho arrancado a dentadas. OUCH! Sim, as camisinhas têm dentes afiadíssimos. OUCH! Mackeroni passa a investigar o caso, enquanto se envolve com o michê Billy (Marc Richter) e vive às turras com seu ex-parceiro, Bob Miller (Leonard Lansink), que deixara a polícia para se transformar na transformista Babette e tem uma queda por ele, mesmo incompreendido. Durante uma quase tórrida noite de amor com Billy no Quickle, um incidente mudará para sempre a vida de Mackeroni e o fará finalmente acreditar em camisinhas assassinas. O preservativo o ataca e acaba arrancando sua bola direita fora! OUCH! Ridicularizado e desacreditado pela polícia, ele continua sua investigação particular, e entre um solilóquio e outro, quando o candidato à Presidente, McGouvern (Georg-Martin Bode), típico republicano que prega os valores do tradicionalismo, conservadorismo e cristianismo em seus discursos, mas sai com garotas de programa na hora da diversão, também tem o bilau decepado por uma dessas camisinhas, que a coisa passa a ficar séria para as autoridades competentes. Como absurdo pouco é bobagem, o roteiro cheio de explicações estapafúrdias apresenta uma resolução das mais canalhas e divertidas: um proeminente cientista russo de sobrenome Smirnoff (juro!) é sequestrado por um grupo fundamentalista homofóbico para desenvolver camisinhas geneticamente alteradas, utilizando desde enxerto de pele humana sintética e enguias (juro!), e assim, acabar de vez com os gays em uma conspiração veladas (juro!), num discurso que não me espantaria sair da boca do Feliciano, Cunha ou Bolsonaro em pleno ano de 2015. E ainda o final reserva uma ulta-mega-blaster camisinha assassina mutante que parece mais um burrito max do Tollocos! A Camisinha Assassina é todo em tom farsesco, tipicamente com a linguagem de um cartum levado para as telas, repleto de humor negro, situações forçadas e deliberações e digressões sobre a causa homossexual e que certeza vai espantar os conservadores cristão fundamentalistas de direita a favor da “família” ou seus pais e avós que dizem que no tempo da ditadura que era bom. Mas interessantíssimo do ponto de vista do discurso progressista vs discurso de ódio, tão infelizmente intrínseco em nosso sociedade de hoje, que apesar da trasheira descarada, acaba por prestar um serviço de utilidade pública, mesmo disfarçado, muito maior do que muita discussão de Facebook e da mídia por aí. Detalhe é que o filme foi distribuído nos EUA pela lendária Troma de Lloyd Kauffman e Michael Herz (o engraçado é ser um filme alemão, mas que se passa na América, mesmo com poucas tomadas feitas por lá, mas com todos os personagens falando em alemão), e apesar do escracho, não se enquadra no festival de gore característico da produtora (por exemplo, todas as cenas de castração são of screen). No Brasil, A Camisinha Assassina chegou a ser lançado em VHS, apenas em versão dublada.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/06/02/664-a-camisinha-assassina-1996/

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