Direção: Martin
Walz
Roteiro: Martin
Walz, Ralf König (baseado em sua HQ)
Produção: Ralph S. Dietrich, Harald Reichebner;
Erwin C. Dietrich (Produtor Executivo)
Elenco: Udo Samel, Peter Lohmeyer, Iris Berben,
Leonard Lansink, Marc Richter, Evelyn Künneke, Hella von Sinnen
Você já
deve ter lido diversos títulos de filme aqui no blog que apresentam objetos
inanimados assassinos. Mas o alemão A Camisinha Assassina,
consegue se superar de todos eles! Pequena pérola da trasheira sem
nenhum gabarito, o filme baseado nas HQs do cartunista Ralf König, uma espécie
de Angeli alemão, é aquela típica produção bagaceira que não se leva a sério
nenhum segundo sequer (ainda bem, afinal, estamos falando de preservativos
assassinos), é repleto de situações ridículas, personagens caricatos, roteiro
rocambolesco, maquiagem tosca, maaaas, com uma importante mensagem em suas
entrelinhas, o que o coloca no rol de filme crítica social, acredite se quiser.
Mas como isso? Oras, vamos começar do princípio que indo contra todo e qualquerestablishment para
mocinhos de filmes, nosso herói, o durão, siciliano e fumante inveterado
inspetor de polícia, Luigi Mackeroni (Udo Samel) é homossexual. Lide com isso!
E ainda é tipo o Homem de Itu, bem-dotado! Somos apresentados ao figura quando
uma série de castrações começa a assolar um hotel vagabundo em Nova York,
chamado Quickle (que em tradução literal seria “rapidinha”). Isso mesmo, os
frequentadores da pocilga barata ao colocaram o preservativo no p... tem o
instrumento de trabalho arrancado a dentadas. OUCH! Sim, as camisinhas têm
dentes afiadíssimos. OUCH! Mackeroni passa a investigar o caso, enquanto se
envolve com o michê Billy (Marc Richter) e vive às turras com seu ex-parceiro,
Bob Miller (Leonard Lansink), que deixara a polícia para se transformar na
transformista Babette e tem uma queda por ele, mesmo incompreendido. Durante
uma quase tórrida noite de amor com Billy no Quickle, um incidente mudará para
sempre a vida de Mackeroni e o fará finalmente acreditar em camisinhas
assassinas. O preservativo o ataca e acaba arrancando sua bola direita fora!
OUCH! Ridicularizado e desacreditado pela polícia, ele continua sua
investigação particular, e entre um solilóquio e outro, quando o candidato à Presidente,
McGouvern (Georg-Martin Bode), típico republicano que prega os valores do
tradicionalismo, conservadorismo e cristianismo em seus discursos, mas sai com
garotas de programa na hora da diversão, também tem o bilau decepado por uma
dessas camisinhas, que a coisa passa a ficar séria para as autoridades
competentes. Como absurdo pouco é bobagem, o roteiro cheio de explicações
estapafúrdias apresenta uma resolução das mais canalhas e divertidas: um
proeminente cientista russo de sobrenome Smirnoff (juro!) é sequestrado por um
grupo fundamentalista homofóbico para desenvolver camisinhas geneticamente
alteradas, utilizando desde enxerto de pele humana sintética e enguias (juro!),
e assim, acabar de vez com os gays em uma conspiração veladas (juro!), num discurso
que não me espantaria sair da boca do Feliciano, Cunha ou Bolsonaro em pleno
ano de 2015. E ainda o final reserva uma ulta-mega-blaster camisinha assassina
mutante que parece mais um burrito max do Tollocos! A Camisinha Assassina é
todo em tom farsesco, tipicamente com a linguagem de um cartum levado para as telas, repleto de humor negro, situações
forçadas e deliberações e digressões sobre a causa homossexual e que certeza
vai espantar os conservadores cristão fundamentalistas de direita a favor da “família”
ou seus pais e avós que dizem que no tempo da ditadura que era bom. Mas
interessantíssimo do ponto de vista do discurso progressista vs discurso de ódio, tão infelizmente
intrínseco em nosso sociedade de hoje, que apesar da trasheira descarada,
acaba por prestar um serviço de utilidade pública, mesmo disfarçado, muito
maior do que muita discussão de Facebook e da mídia por aí. Detalhe é que o
filme foi distribuído nos EUA pela lendária Troma de Lloyd Kauffman e Michael
Herz (o engraçado é ser um filme alemão, mas que se passa na América, mesmo com
poucas tomadas feitas por lá, mas com todos os personagens falando em alemão),
e apesar do escracho, não se enquadra no festival de gore característico
da produtora (por exemplo, todas as cenas de castração são of screen). No
Brasil, A Camisinha Assassina chegou a ser lançado em VHS, apenas em
versão dublada.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/06/02/664-a-camisinha-assassina-1996/
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