sábado, 20 de agosto de 2016

#675 1997 ANACONDA (Anaconda, EUA, Brasil, Peru)


Direção: Luis Llosa
Roteiro: Hans Bauer, Jim Cash, Jack Epps Jr.
Produção: Jack Epps Jr., Verna Harrah, Carole Little, Leonard Rabinowitz; Beau Marks (Coprodutor); Andy Fickman (Produtor Associado); Susan Ruskin (Produtor Executivo)
Elenco: Jennifer Lopez, Ice Cube, Jon Voight, Eric Stoltz, Jonathan Hyde, Owen Wilson, Kari Wuhrer, Danny Trejo

Eu juro que não consigo entender como um filme como Anaconda fez tanto sucesso. É trash até a medula, com uma cobra gigante assassina que em cada aparição na tela parece ter um tamanho diferente, feita com um CGI porco, animatrônico que parece destaque de carro alegórico de escola samba da divisão de acesso, e tem como estrela protagonista a Jennifer Lopez, ao natural, com visual de empregada latina antes da plástica, botox e chapinha. Não consigo! Mas ainda assim, Anaconda foi um fenômeno inexplicável naquele hoje longínquo ano de 1997. Com seu desbunde de 45 milhões de dólares gastos (leia-se mal aproveitados) em efeitos especiais (o que equivale a 100 mil dólares por segundo!), o longa faturou nada menos que mais de CENTO E TRINTA milhões, sendo que metade, 65 milhões, só nos EUA! Eu lembro claramente de alguma reportagem em algum telejornal da época, ou talvez no Fantástico, sei lá, com filas gigantescas nos cinemas americanos para se assistir a bomba que é esse filme. Eita povo que gosta de uma bagaceira! E para mim não tem essa de anaconda não. O nome da cobra é sucuri! Foi assim que sempre aprendi toda minha vida para vir esses yankees me ensinar como chamar um cobrão do nosso país? Aliás, o filme é uma coprodução entre EUA, Peru e Brasil, e uma vez que se passa no Rio Amazonas, alguns personagens falam português (mal que o diabo) e vemos vários produtos do nosso país varonil na embarcação e até uma caneca do Santos Futebol Clube na cabine do capitão. Bom, um grupo de documentaristas se embrenham até a nascente do Rio Negro para encontrar uma tribo perdida chamada Shirishama, ou “povo da neblina” como são conhecidos. A diretora é Terri Flores, papel da Jennifer Lopez (talentosíssima, só que não), o cinegrafista Danny Rich (Ice Cube, igualmente talentosíssimo, só que não), o antropólogo Dr. Steven Cale (Eric Stoltz, que afundou sua carreira), o apresentador Warren Westridge (Jonathan Hyde) e o técnico de som e sua assistente/affair, Gary Dixon (Owen Wilson) e Denise Kalberg (Kari Wuhrer). Todos devidamente conduzidos pelo picareta capitão Mateo (Vincent Castellanos). Porém durante a incursão eles encontram Paul Serone (Jon Voight, claramente precisando de dinheiro para pagar as contas por topar atuar nesse filme) um caçador de cobras, que na verdade é quase um psicopata e o verdadeiro vilão do filme, e não a cobra, que quer capturar viva uma anaconda, ou melhor, uma sucuri, serpente gigantesca com seus 12 metros de comprimento (!!!!) e faturar milhões. Com sua fixação obsessiva em capturar o animal, emulando o Capitão Ahab de Moby Dick, acaba colocando a vida de toda a equipe em perigo e despertando o instinto mortal do ofídeo com sua técnica de estrangular, sufocar e quebrar os ossos de suas vítimas. Bom, um dos grandes chamarizes de Anaconda foram os “efeitos especiais”, grande aposta do longa, porque não dá para levar a sério o roteiro vagabundo, das atuações ridículas de todo o elenco e da direção do peruano Luis Llosa (primo do escritor ganhador do Nobel Mario Vargas Llosa), que é um desastre e não consegue nem criar um ambiente assustador no meio da Selva Amazônico em detrimento das panorâmicas ao melhor estilo Discovery Channel ou closes na fauna e flora, com aquela musiquinha de flauta inca ao fundo. Mas fato é que o CGI e o animatronico da sucuri são bisonhos! Não venha me falar que para a época era revolucionário e blá blá blá porque diversos outros filmes contemporâneos ou anteriores tiveram efeitos especiais muito melhores, como Jurassic Park,Independence Day, MIB – Homens de Preto ou Os Espíritos. As cenas da cobrona CGI enrolando suas vítimas é tão errado, mas tão errado, que é impossível não segurar o riso involuntário. Aquela cena clássica em que vemos ela nadando em direção a tela e o close do sujeito se debatendo dentro do bucho serpente é impagável. Isso sem entrar nem um pouco no mérito biológico de que uma sucuri leva semanas para fazer a digestão de um animal como bezerro ou capivara (e não os regurgita como alardeia o filme), e fica lá repousando, prostrada, parecido conosco depois de ir em uma churrascaria, comer aquela feijoada de sábado ou ir no Zé do Hamburger e comer o lanche e tomar o milk-shake de leite ninho. Mas aqui não, ela engole rapidamente um homem adulto e opa, já está pronta para outra no próximo take. Cenas clássicas na verdade não faltam em Anaconda. O que dizer do momento mágico da sequência da cachoeira com a água SUBINDO, ao contrário, ou o ataque em extrema velocidade, daquele bicho gigantesco trepando em uma árvore para pegar a vítima em queda livre como se fosse um bungee jump, que aposto que ganharia do Bolt nos 100 metros rasos? Mas o grande momento ápice da trasheira de mal gosto doentio para mim é quando a sucuri devora o outro o Jon Voight também feito em CGI, para logo na sequência, VOMITAR o cara que sai vivo e ainda dá uma piscadela para a câmera. Sério, é simplesmente uma mistura de vergonha alheia embasbacante com uma explosão de risos de doer o pâncreas. Agora como tudo que é ruim, dura muito, Anaconda serviu para gerar mais TRÊS continuações, as quais nunca me atrevi a assistir, deu origem a uma série de barbaridades com cobras gigantes como Pythone seus embates mortais contra a Boa, por exemplo, algumas aberrações tanto da sétima arte quanto da genética ficcional, como Piranhoconda (não me pergunte o que é isso) e até um crossover lançado esse este ano com o crocodilo gigante de Pânico no Lago!
FONTE: http://101horrormovies.com/2015/06/24/675-anaconda-1997/

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