Direção: Bryan Singer
Roteiro: Brandon Boyce (baseado no conto
de Stephen King)
Produção: Jane Hamsher, Don Murphy,
Bryan Singer; Tom DeSanto (Coprodutor), John Ottman, Jay Shapiro (Produtores
Associados); Tim Harbert (Produtor Executivo)
Elenco: Brad Renfro, Ian
McKellen, Joshua Jackson, Mickey Cottrell, Michael Reid MacKay, Ann Dowd, Bruce
Davidson, James Karen, David Schwimmer
Em
primeiro lugar eu preciso externar o quanto eu ODEIO o Bryan Singer. Isso é um
blog pessoal, onde eu tenho o direito de postar o que penso e sinto, certo?
Então se tem uma pessoa em quem eu rogaria uma praga estilo Zé do Caixão nesse
mundo, é esse sujeito. Por que? Eu vou ter que ir muito lá atrás para responder
a isso: Eu sou FANÁTICO pelos X-Men. Sem brincadeira. É meu supergrupo
favorito. Na minha infância e começo da minha adolescência eu lia fascinado
caralhadas de HQs do meu primo com toda a fase fodástica dos mutantes escrita
por Chris Claremont, e aquelas incríveis histórias que simplesmente marcaram
minha vida, como A Saga da Fênix Negra, Dias de um Futuro Esquecido, Deus Ama e
o Homem Mata, passando por Massacre de Mutantes, Programa de Extermínio, até
culminar a fase desenhada por Jim Lee e os X-Men, com a saída de Claremont,
virarem uma BOSTA. Isso sem contar o desenho que passava na TV Colosso nos anos
90 que eu era vidrado, e as action figures que eu comprava para brincar com os personagens junto do meu
amigo e tudo mais, os jogos de videogame do fliperama e do Mega Drive, e assim
por diante. Bom, deu para sacar o motivo de meu ódio até irracional pelo senhor
Bryan Singer, certo? Simplesmente pelo aborto da natureza que ele cometeu em
todos os filmes dos Filhos do Átomo. Onde ele meteu a mão, CA... com tudo.
Isso sem entrar no mérito do que ele fez com o Superman para a Distinta
Concorrência, que a gente abafa o caso também. E claro que ele continua cag...
e sentando em cima e fazendo o que bem em entende no universo X sob comando da
inescrupulosa Fox. Eu soltei fogos de artifício quando o Homem-Aranha, meu
herói favorito de todos os tempos, saiu das garras da Sony Pictures e
finalmente terá controle criativo da Marvel. Mas a tristeza que parece um poço
sem fim é que os X-Men, meus queridos X-Men, nunca terão esse destino e, por
conseguinte, um filme a altura de suas incríveis aventuras. Todo esse desabafo
e mimimi, só para dizer que eu sou obrigado a engolir um sapo desgraçado e dar
o braço a torcer para Singer por conta de O Aprendiz, sem
dúvida um dos melhores filmes baseados na obra de Stephen King. O que me
conforta é saber que ele foi feito antes do almofadinha envergonhar o universo
mutuna, e depois de outro filme incrível do sujeito, que é Os Suspeitos. O Aprendiz é um grande filme porque tem uma história
poderosíssima, Brad Renfro e Ian McKellan afiadíssimos, e diabos, uma ótima
direção do Singer, que pombas, é um bom diretor, contanto que não se meta com
super-heróis, tema que obviamente ele não manja PORRA nenhuma (até aquele Operação Valquíria é aceitável se
você não tem nada melhor para assistir passando na TV). É o tipo de filme que
te deixa tenso, com os nervos a flor da pele e lhe faz sair do cinema com um
gosto ruim na garganta, tanto pelas atrocidades cometidas contra os judeus
durante a Segunda Guerra Mundial, como o lance da história ser cíclica e toda
aquela barbárie ainda influenciar pessoas, aguçar uma mórbida curiosidade e o
quanto o totalitarismo, o fundamentalismo radical de direita, a xenofobia e o
racismo estarem tão presentes na tal população média, como um garoto do
subúrbio que acredita que a superioridade das raças ainda é algo palatável para
se saborear e o quão é poderosa a doutrina do medo, como fica claro no final ao
confrontar o seu orientador escolar. Inspirado no conto “Aluno Inteligente”
dentro da coletânea “As Quatro Estações” de King, livro de onde foi retirado
também o conto que inspirou Conta
Comigo e Um Sonho de
Liberdade, O Aprendiz traz
a história do jovem Todd Bowden (Brad Renfro, que morreria precocemente de
overdose dez anos depois) que descobre que seu vizinho, Arthur Denker
(McKellan) é na verdade um nazista foragido, procurado por seus crimes de
guerra, cujo nome verdadeiro é Kurt Dussander. Bowden então passa a chantagear
o velho Dussander para que ele conte em detalhes sobre todas as atrocidades
cometidas nos campos de concentração, ao contrário, irá pegar as evidências e
entrega-las para o FBI para ser deportado e julgado em Israel. Inicialmente
aquele homem frágil que é manipulado pelo sádico garoto, que passa a surtar com
todos aqueles relatos violentos e deixa de ser um aluno exemplar para cair em
um profundo desgaste físico e psicológico, mostra sua verdadeira face e o jogo
vira, passando ele a manipular o menino. Aquela sádica relação simbiótica
atinge seu limite quando os antigos desejos assassinos de Dussander voltam à
tona, enquanto sua influência faz florescer um lado perverso e hostil em
Bowden. Lembro de quando assisti O
Aprendiz no cinema, saí extremamente desconfortável e com um
inóspito sentimento de raiva crescente, assim como meu amigo que foi comigo a
sessão, em uma tarde de férias de final de ano em 1998. E mesmo com a narração
de McKelan sobre as atrocidades cometidas na câmara de gás e até algumas
imagens de alucinações do personagem de Renfro, dois momentos foram os mais
impactantes no filme: quando o garoto obriga o velho a vestir uma velha
indumentária nazista e a marchar e quando uma pomba de asa machucada entra no
ginásio e Bowden não tem a menor restrição em matar a ave (fraca, inferior e
debilitada) com uma bola de basquete. Sabemos que King se consagrou por sua
fantástica narrativa literária do sobrenatural, mas o horror físico e
psicológico que aflora em O
Aprendiz é muito mais impactante e soco no estômago que qualquer
carro assassino, são bernardo com raiva, palhaço que come criança, cemitérios
indígenas, garotas com telecinese ou hotéis mal-assombrados. E o alvorecer
daquela relação doentia e o crescente suspense que ela causa, até seus momentos
finais quando Dussander finalmente se vê encurralado e as cicatrizes foram
definitivamente deixadas em seu “aprendiz”, é executado com muita primazia por
Singer, e sei muito bem tirar o chapéu quanto a isso.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2015/07/16/687-o-aprendiz-1998/
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