domingo, 4 de setembro de 2016

#687 1998 O APRENDIZ (Apt Pupil, EUA, França)

Direção: Bryan Singer
Roteiro: Brandon Boyce (baseado no conto de Stephen King)
Produção: Jane Hamsher, Don Murphy, Bryan Singer; Tom DeSanto (Coprodutor), John Ottman, Jay Shapiro (Produtores Associados); Tim Harbert (Produtor Executivo)
Elenco: Brad Renfro, Ian McKellen, Joshua Jackson, Mickey Cottrell, Michael Reid MacKay, Ann Dowd, Bruce Davidson, James Karen, David Schwimmer

Em primeiro lugar eu preciso externar o quanto eu ODEIO o Bryan Singer. Isso é um blog pessoal, onde eu tenho o direito de postar o que penso e sinto, certo? Então se tem uma pessoa em quem eu rogaria uma praga estilo Zé do Caixão nesse mundo, é esse sujeito. Por que? Eu vou ter que ir muito lá atrás para responder a isso: Eu sou FANÁTICO pelos X-Men. Sem brincadeira. É meu supergrupo favorito. Na minha infância e começo da minha adolescência eu lia fascinado caralhadas de HQs do meu primo com toda a fase fodástica dos mutantes escrita por Chris Claremont, e aquelas incríveis histórias que simplesmente marcaram minha vida, como A Saga da Fênix Negra, Dias de um Futuro Esquecido, Deus Ama e o Homem Mata, passando por Massacre de Mutantes, Programa de Extermínio, até culminar a fase desenhada por Jim Lee e os X-Men, com a saída de Claremont, virarem uma BOSTA. Isso sem contar o desenho que passava na TV Colosso nos anos 90 que eu era vidrado, e as action figures que eu comprava para brincar com os personagens junto do meu amigo e tudo mais, os jogos de videogame do fliperama e do Mega Drive, e assim por diante. Bom, deu para sacar o motivo de meu ódio até irracional pelo senhor Bryan Singer, certo? Simplesmente pelo aborto da natureza que ele cometeu em todos os filmes dos Filhos do Átomo. Onde ele meteu a mão, CA... com tudo. Isso sem entrar no mérito do que ele fez com o Superman para a Distinta Concorrência, que a gente abafa o caso também. E claro que ele continua cag... e sentando em cima e fazendo o que bem em entende no universo X sob comando da inescrupulosa Fox. Eu soltei fogos de artifício quando o Homem-Aranha, meu herói favorito de todos os tempos, saiu das garras da Sony Pictures e finalmente terá controle criativo da Marvel. Mas a tristeza que parece um poço sem fim é que os X-Men, meus queridos X-Men, nunca terão esse destino e, por conseguinte, um filme a altura de suas incríveis aventuras. Todo esse desabafo e mimimi, só para dizer que eu sou obrigado a engolir um sapo desgraçado e dar o braço a torcer para Singer por conta de O Aprendiz, sem dúvida um dos melhores filmes baseados na obra de Stephen King. O que me conforta é saber que ele foi feito antes do almofadinha envergonhar o universo mutuna, e depois de outro filme incrível do sujeito, que é Os Suspeitos. O Aprendiz é um grande filme porque tem uma história poderosíssima, Brad Renfro e Ian McKellan afiadíssimos, e diabos, uma ótima direção do Singer, que pombas, é um bom diretor, contanto que não se meta com super-heróis, tema que obviamente ele não manja PORRA nenhuma (até aquele Operação Valquíria é aceitável se você não tem nada melhor para assistir passando na TV). É o tipo de filme que te deixa tenso, com os nervos a flor da pele e lhe faz sair do cinema com um gosto ruim na garganta, tanto pelas atrocidades cometidas contra os judeus durante a Segunda Guerra Mundial, como o lance da história ser cíclica e toda aquela barbárie ainda influenciar pessoas, aguçar uma mórbida curiosidade e o quanto o totalitarismo, o fundamentalismo radical de direita, a xenofobia e o racismo estarem tão presentes na tal população média, como um garoto do subúrbio que acredita que a superioridade das raças ainda é algo palatável para se saborear e o quão é poderosa a doutrina do medo, como fica claro no final ao confrontar o seu orientador escolar. Inspirado no conto “Aluno Inteligente” dentro da coletânea “As Quatro Estações” de King, livro de onde foi retirado também o conto que inspirou Conta Comigo e Um Sonho de Liberdade, O Aprendiz traz a história do jovem Todd Bowden (Brad Renfro, que morreria precocemente de overdose dez anos depois) que descobre que seu vizinho, Arthur Denker (McKellan) é na verdade um nazista foragido, procurado por seus crimes de guerra, cujo nome verdadeiro é Kurt Dussander. Bowden então passa a chantagear o velho Dussander para que ele conte em detalhes sobre todas as atrocidades cometidas nos campos de concentração, ao contrário, irá pegar as evidências e entrega-las para o FBI para ser deportado e julgado em Israel. Inicialmente aquele homem frágil que é manipulado pelo sádico garoto, que passa a surtar com todos aqueles relatos violentos e deixa de ser um aluno exemplar para cair em um profundo desgaste físico e psicológico, mostra sua verdadeira face e o jogo vira, passando ele a manipular o menino. Aquela sádica relação simbiótica atinge seu limite quando os antigos desejos assassinos de Dussander voltam à tona, enquanto sua influência faz florescer um lado perverso e hostil em Bowden. Lembro de quando assisti O Aprendiz no cinema, saí extremamente desconfortável e com um inóspito sentimento de raiva crescente, assim como meu amigo que foi comigo a sessão, em uma tarde de férias de final de ano em 1998. E mesmo com a narração de McKelan sobre as atrocidades cometidas na câmara de gás e até algumas imagens de alucinações do personagem de Renfro, dois momentos foram os mais impactantes no filme: quando o garoto obriga o velho a vestir uma velha indumentária nazista e a marchar e quando uma pomba de asa machucada entra no ginásio e Bowden não tem a menor restrição em matar a ave (fraca, inferior e debilitada) com uma bola de basquete. Sabemos que King se consagrou por sua fantástica narrativa literária do sobrenatural, mas o horror físico e psicológico que aflora em O Aprendiz é muito mais impactante e soco no estômago que qualquer carro assassino, são bernardo com raiva, palhaço que come criança, cemitérios indígenas, garotas com telecinese ou hotéis mal-assombrados. E o alvorecer daquela relação doentia e o crescente suspense que ela causa, até seus momentos finais quando Dussander finalmente se vê encurralado e as cicatrizes foram definitivamente deixadas em seu “aprendiz”, é executado com muita primazia por Singer, e sei muito bem tirar o chapéu quanto a isso.
FONTE: http://101horrormovies.com/2015/07/16/687-o-aprendiz-1998/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Brad_Renfro

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