Direção: Hideo
Nakata
Roteiro: Hiroshi
Takahashi (baseado no livro de Kôji Suzuki)
Produção: Takashige
Ichise, Shin’ya Kawai e Takenori Sentô, Makoto Ishihara (Produtor
Associado), Masato Hara (Produtor Executivo)
Elenco: Nanako
Matsushima, Miki Nakatani, Yûko Takeuchi, Hitomi Satô, Hiroyuki Sanada
Nada
consegue se comparar a experiência assustadora de ver Sadako saindo da
televisão da primeira vez que se assiste Ring – O Chamado,
ou Ringu, no original. E foi através desse sucesso de bilheteria no Japão,
que ganhou uma tremenda força internacional, que o cinema de terror oriental
tornou-se um fenômeno pop e deu origem ao subgênero conhecido
como J-Horror, sinônimo de ótimas e tenebrosas produções no final dos anos
90 até meados dos anos 2000. A porteira que Ring – O Chamado abriu
fez com que uma enxurrada de filmes orientias fosse produzida, alguns
simplesmente excelentes, outros só mais da mesma história das meninas fantasmas
cabeludas, e obtessem seu espaço no mercado ocidental e consequentemente,
ganhassem suas refilmagens americanas, já que o povo da terra do Tio Sam
detesta assistir filme em outra língua e legendado. E foi isso que aconteceu
com essa produção, baseada no livro de Kôji Suzuki, uma espécie de Stephen King
nipônico: ganhou um remake, O Chamado, muito mais conhecido que sua versão
original. E apesar de ser um excelente filme também, não se compara ao clima
sinistro que a versão japonesa carrega, que não apela para efeitos especiais e
sustos baratos com o aumento repentino do som. Dirigido por Hideo Nakata, que
também seria responsável por outro hit do J-Horror, Dark
Water – Água Negra (igualmente refilmado pelos yankees, dessa vez com
o brasileiro Walter Salles na direção), a trama do filme gira em torno de uma
lenda urbana, onde aqueles que assistem uma determinada fita VHS recebem um
telefonema anunciando que morrerá dentro de sete dias. E após uma semana
passada, é batata: a pessoa morre e é encontrada com uma terrível expressão de
medo no rosto. E é exatamente isso que acontece com duas adolescentes logo na
primeira cena do filme, sendo que uma delas viu a fita com mais três amigos em
um chalé e ela, assim como os demais, morrem nessas circunstâncias misterioras.
Reiko Asakawa, jornalista tia da garota que morreu, resolve começar a investigar
o caso ao encontrar conexões da morte da sobrinha com essa lenda urbana. Para
ir a fundo na sua investigação jornalísitca, hospeda-se na mesma cabana e
assiste a tal fita, que mais parece um pesadelo sintonizado de alguém. Claro
que o telefone toca e ela recebe a mórbida notícia que só tem mais sete dias de
vida. Junto com seu ex-marido, o professor Ryuji Massami, a quem também mostrou
uma cópia da fita, resolvem tentar descobrir uma forma de impedir a maldição,
principalmente depois que o filho do casal, o pequeno e independente Kôichi,
assiste acidentalmente ao vídeo. Diferente da sua versão americana, o ritmo
de Ring – O Chamado é muito mais lento, e isso é uma característica
do cinema oriental em si, o que pode desagradar àqueles que estão acostumados
com o jeitão enlatado norte-americano. Mas em compensação é muito mis tenso e
assustador. A investigação dos dois protagonistas é sempre pontuada por
simbolismos e elementos sobrenaturais, inclusive um certo poder pós-cognitivo
de Ryuji, que dá uma forcinha para o roteiro andar e que se consiga chegar a
algumas respostas para eles tentarem salvar suas peles. No final, de uma forma
nem um pouco óbvia, as pontas vão sendo amarradas para que seja apresentada ao
espectador a assustadora Sadako, mas sem uma explicação manjada. Sadako é fruto
das próprias lendas japonesas, influenciadas por sua religião, em grande parte
budista e xintoísta, transportada para o mundo moderno, passada de gerações a
gerações de distintas formas, desde contos sobrenaturais orais até dramatizações
no próprio teatro Kabuki. Ela personifica a presença do fantasma vingador,
vítima detentora de uma força implacável, onde encontrar seu corpo, recitar um
cântico ou parar para ouvir e entender seus desejos, não será o suficiente para
impedir essa entidade maligna, muito mais poderosa e longe de qualquer alcance
da nossa compreensão mundana. Tanto que o final é extremamente pessimista e
você vê que os personagens estão em um círculo sem fim, onde para conseguir
aplacar essa fúria, são obrigados a passar a maldição para frente, condenando
outras pessoas ao mesmo infortúnio. E a tal mítica cena de Sadako saindo de
dentro do poço, com seu longo e escorrido cabelo negro jogado sobre o rosto,
caminhando de forma bizarra, quase como se fosse um efeito especial corporal
ambulante, e rastejando como uma contorcionista para fora do tubo da televisão
é um das mais assustadoras de toda a história do cinema. Você não está
preparado para aquilo. Por mais que já tenha assistido toneladas de filmes de
terror, o impacto daquela cena é de gelar a espinha de qualquer um. Se você
nunca assistiu ao Ring – O Chamado original, está perdendo uma
verdadeira obra prima do terror moderno.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2015/07/24/692-ring-o-chamado-1998/
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