Direção: Craig
R. Baxley
Roteiro: Stephen
King
Produção: Robert
F. Phillips, Thomas H. Brodek; Bruce Dunn (Produtor Associado); Mark Caliner,
Stephen King (Produtores Executivos)
Elenco: Tim
Daly, Jeffrey DeMunn, Debrah Farentino, Dyllan Christopher, Colim Feroe, Soo
Garay, Spencer Breslin, John Innes, Casey Siemaszko
“Dê-me
o que eu quero, e eu irei embora”. Essa é a assustadora frase chave de A Tempestade do Século. Só
acho que Andre Linoge deveria ter dito antes o que ele queria e a população da
ilha de Little Tall, no Maine, dado logo essa bagaça a ele, por que olhe, é
dureza aguentar as suas mais de quatro horas de duração. Posso estar sendo
polêmico ao dizer isso, porque na real, A
Tempestade do Século é um dos melhores trabalhos de Stephen King
para a TV (e até para o cinema se ampliarmos a coisa), um puta horror
psicológico, com desdobramentos verdadeiramente sinistros, um vilão dos mais
interessantes, e um final que é um soco no estômago, mas ficar na frente da
televisão vendo por 257 minutos é de cair o cu da bunda. Fácil fácil eu
conseguiria editá-lo em duas horas! Claro, vamos pensar que estamos falando de
uma minissérie que fora exibido em três episódios (aqui no Brasil chegou as
locadoras naqueles VHS de fita dupla), mas ao mesmo tempo que ele tem o mérito
de apresentar e fundamentar bem sua grande leva de personagens (algo que
Stephen King simplesmente tem um tesão absurdo), ele cai na armadilha do Made for TV, com atores qualquer
nota, efeitos especiais baratos e a direção nada inspirada e burocrática de um
zé ninguém como Craig R. Baxley. E sério, a gente não precisa ficar tanto tempo
aguentando isso. Só que temos Andre Linoge (com direito a seu sobrenome sendo
uma anagrama para Legião) que é um PUTA vilão, a única interpretação fora da
curva de todo o elenco, feita por Colim Feroe, que nos proporciona sempre os
melhores momentos de deleite de A
Tempestade do Século. O sujeito é maldade pura e acompanhamos sua
chegada à pequena e pacata ilha, onde todos os moradores se ajudam e vivem em
harmonia na comunidade, e sabem muito bem guardar um segredo (lembrando que
Little Tall é a mesma ilha onde é situada a história de Eclipse Total e
os acontecimentos que envolveram Dolores Claiborne, citados no roteiro), para
tocar o terror, naquele excelente argumento do forasteiro chegando para abalar
o status quo, ainda mais
quando a ilha é castigada por uma terrível tempestade que parece não ter fim. Linoge,
munido de sua bengala com um lobo de prata na ponta, aparece já assassinando
uma velha senhora e passa a influenciar todos os locais, revelando seus mais
terríveis segredos. Como o próprio Linoge diz, a cidade está cheia de
adúlteros, pedófilos, ladrões, glutões, assassinos, valentões, patifes e
idiotas ciumentos. Tá bom para você? isso sem contar a forma que ele vai
controlando mentalmente os moradores para matarem uns aos outros ou cometerem
suicídio. Só que tudo pode cessar quando o único desejo dele for cumprido: lhe
darem o que ele quer, que ele irá embora. Foda é que o maluco fica embaçando até
metade do terceiro episódio para finalmente dizer o que diabos ele quer, e
enquanto isso, ao mesmo tempo que vemos cenas assustadoras do poderoso controle
de Linoge nos munícipes (destaco aí a excelente cena do sonho coletivo que
revela o que irá acontecer a todos se não lhe for entregue o que ele deseja) e
o teor de suas ameaças, temos enrolação desnecessária atrás de enrolação
desnecessária que eu deixaria facilmente na lata do lixo da sala de edição. Mas
King está afiadíssimo no seu texto, no suspense e crescente, no sentimento de
impotência de todos, inclusive do espectador, contra aquela força maligna, na
atmosfera claustrofóbica de ninguém poder fugir da ilha por conta da
tempestade, e no embate maniqueísta entre Linoge e o xerife Michael Anderson (Tim
Daly), o único que parece ser razoável, uma pessoa de bem, mas que está fadado
a sucumbir perante o desejo coletivo e a terrível escolha que os moradores
terão de tomar para aquela ameaça demoníaca ir embora, nem que para isso eles
devam pagar um preço muito alto. Quanto a isso, outro ponto que eu questiono é
a sequência do sorteio das pedras, para descobrirmos quem deverá entregar para
Linoge o que ele quer, que demora uns longos e eternos dez minutos de falsa
tensão construída, uma vez que obviamente já sabemos logo de cara qual será o
resultado. Mas apesar do saco de Papai Noel que se precise para assistir A Tempestade do Século na íntegra, pelo
menos ele é uma boa produção audiovisual, com um roteiro acima da média e uma
construção narrativa melhor que outras empreitadas de King e sua obra na
televisão, como A Dança da Morte ouTommyknockers – Tranquem as Suas Portas. E
talvez esse seja o grande trunfo, o fato do Mestre do Terror tê-lo escrito para
o formato de minissérie da ABC, e depois ter sido novelizado pelo próprio,
seguindo o caminho inverso ao de costume.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2015/08/19/705-a-tempestade-do-seculo-1999/
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