Direção: Roman
Polanski
Roteiro: John
Brownjohn, Enrique Urbizu, Roman Polanski (baseado no livro de Arturo
Pérez-Reverte)
Produção: Roman
Polanski; Mark Allan, Antonio Cardenal, Iñaki Nuñez, Alain Vannier
(Coprodutores); Adam Kempton (Produtor Associado); Michel Cheyko, Wolfgang
Glattes (Produtores Executivos)
Elenco: Johnny
Depp, Frank Langella, Lena Olin, Emmanuelle Seigner, Barbara Jefford
Roman
Polanski retorna ao gênero em O Último Portal, voltando a tratar de um
tema que referencia o satanismo e pactos com o diabo, como havia feito em seu
seminal clássico O Bebê de Rosemary. O Último Portal é aquele tipo de filme oito ou oitenta,
que uns adoram e outros acham uma verdadeira bomba na carreira do diretor. Eu
fico no meio termo, pois particularmente gosto bastante do filme,
principalmente por conta da sua trama, escrita a seis mãos por John Brownjohn,
Enrique Urbizu e o próprio Polanski, baseado no livro “O Clube Dumas”, de
Arturo Pérez-Reverte, e da atuação de um Johnny Depp sério, sórdido, cínico e
ganancioso, distante da afetação de costume de seus papeis. Os pontos que jogam
contra a produção é seu problema de ritmo, uma vez que o filme vai perdendo sua
força no decorrer da narrativa, a banalização do terceiro ato, e as demais
péssimas atuações (exceto Frank Langella, a não ser quando assume um viés
caricato – exatamente no problemático terceiro ato), como de Lena Olin e
principalmente da misteriosa personagem de Emmanuelle Seigner (então esposa do
diretor) que é completamente inexpressiva e apática, para um papel que deveria
ser de tremendo impacto tendo em vista quem ela representa na verdade. Depp faz
Dean Corso, um especialista em livros raros que é contratado pelo colecionador
Boris Balkan (Langella), detentor de uma extensa coleção de livros sobre
demonologia, e acabara de adquirir um raro exemplar de “Os Nove Portais Para o
Reino das Sombras”, comprado de seu antigo dono pouco antes de se suicidar.
Reza a lenda que esse livro foi escrito por Aristide Torchia (que fora queimado
na inquisição por conta disso) e publicado em 1666 (viu o que eles fizeram
aqui?) e o próprio Demônio em si foi o coautor. Neste livro, que só possui três
exemplares no mundo todo, contém nove gravuras que se combinadas de forma
correta com seu texto, irá abrir esses portais para as trevas e evocar o
Coisa-Ruim que lhe concederá seus desejos. Balkan gasta uma quantia exorbitante
de Obamas para que Corso encontre as outras duas cópias, uma em posse de Victor
Fargas (Jack Taylor) em Portugal e outra da Baronesa Kessler (Barbara Jefford)
na França, e compare com sua própria edição para atestar a sua autenticidade e
determinar qual delas é a única verdadeira. Os olhos de cifrão de Corso brilham
e ele embarca em uma jornada em meio a um universo oculto, descobrindo que as
gravuras diferem nas três edições, umas assinadas por Torchia e outra por um
tal de LCF, carinhosamente conhecido como Lúcifer. O problema é que Corso irá
se embrenhar em um perigoso mundo que envolverá assassinato, conspirações e
seitas demoníacas, com a cabeça a prêmio e sempre vigiado de perto e protegido
pela presença de uma dúbia mulher (Seigner) que passa a segui-lo. Toda a sua
investigação converge na obsessão de Liana Tefler (Olin), viúva de Andrew
Tefler (Willy Holt), que deseja recuperar o livro que seu marido vendera a
Balkan antes de se suicidar, a todo custo, para poder praticar seus rituais de
magia negra e invocar o Diabo. A construção da atmosfera que Polanski imprime
funciona muito bem, misturado com o tom sóbrio que o filme se desenrola, a
excelente fotografia e a trilha sonora de Wojciech Kilar, o mesmo de Drácula de Bram Stoker. O
final acaba esbarrando no cartunesco em uma conclusão um tanto quanto clichê e
maniqueísta, mas é aí que Depp e Langella seguram a barra. O Último Portal acaba sendo salvo pela qualidade
indiscutível de Polanski na direção, e apreço do diretor pelo tema (dizem as
más línguas que ele próprio fez um pacto com o Tinhoso), assim como a qualidade
do texto, mas apesar de ser um bom filme, acaba se perdendo um pouco e fica
aquém de todo o potencial que poderia alcançar, e isso gera certo
desapontamento e os sentimentos divididos com relação ao mesmo.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2015/08/20/706-o-ultimo-portal-1999/
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