Direção: M.
Night Shyamalan
Roteiro: M.
Night Shyamalan
Produção: Kathleen
Kennedy, Frank Marshall e Barry Mendel, Sam Mercer (Produtor Executivo)
Elenco: Bruce Willis, Haley Joel Osment, Toni
Collette, Olivia Williams, Trevor Morgan, Donnie Wahlberg, Mischa Barton
O Sexto Sentido foi
um verdadeiro marco do horror, trazendo de volta o interesse no terror
psicológico com elementos sobrenaturais, e sendo um sucesso incrível de
bilheteria por todo o globo, exatamente por trazer um tema universal: a vida
após a morte. Fora que o final é uma das maiores reviravoltas da história da
sétima arte. O diretor indiano M. Night Shyamalan despontava forte como o novo
mestre do suspense, amplamente influenciado por Alfred Hitchcock, graças a essa
intrincada e muito bem elaborada produção que assustou muita gente, e fez com
que cada um que terminasse de vê-la pela primeira vez, quisesse assistir de
novo só para entender como deixou todas aquelas mensagens passarem batido e
claro, tentar procurar furos no roteiro, que realmente não há. O grande achado
de O Sexto Sentido é Haley Joel Osment, que rouba o filme com uma
atuação impecável no papel do torturado garotinho Cole Sear, que tinha o
ingrato dom de “ver pessoas mortas, todo o tempo” e a capacidade de se
comunicar com elas. Sua química perfeita com o canastríssimo Bruce Willis, que
interpreta o psicólogo infantil, Dr. Malcom Crowe, e o papel forte e
arrebatador de Toni Collette, que interpreta Lynn, a mãe do garoto, misturado
com o roteiro, os simbolismos e a direção de arte e fotografia,
transformam O Sexto Sentido e um verdadeiro neoclássico do
horror. Somos apresentados ao Dr. Crowe
e sua esposa Anna (Olivia Williams) na noite em que ele acaba de ganhar um
prêmio da cidade de Filadélfia, onde vivem, pelo seu trabalho e estão
comemorando em casa, quando Vincent Gray (Donnie Whalberg, 21 quilos mais
magro), um antigo paciente de Crowe, com quem havia falhado, invade a casa e
atira no psicólogo, antes de atirar em sua própria cabeça. Passam-se três meses
e com o fracasso lhe atormentando, Crowe conhece Cole, um garoto de seis anos,
mesma idade que tinha Vincent durante o tratamento, que parece ter os mesmos
problemas. Compelido a ajudá-lo, o doutor e o garoto vão desenvolvendo uma
estreita relação, até que em uma noite após uma experiência traumática em uma
festa de aniversário, Cole revela seu segredo, que é essa capacidade mediúnica
de ver os mortos. Após várias aparições assustadoras das presenças para o
menino, com a ajuda de Crowe ele acaba entendendo que na verdade eles só querem
se comunicar e pedir ajuda, como acaba descobrindo quando uma menina aparece em
sua barraca de dormir (uma jovem Mischa Barton, antes de virar surtada), na
cena mais apavorante do filme, lhe pedindo ajuda para entregar uma fita ao pai,
que denunciava o verdadeiro motivo dela ter adoecido. Bom, problema resolvido é
hora de o menino ajudar ao bom doutor, que passava por um problema conjugal e
seu casamento estava muito distante, com sua esposa agindo de forma fria e
tomando antidepressivos, além de parecerem estranhos um ao outro. Bom, acredito
que você já tenha assistido a O Sexto Sentido, pelo amor… Se não assistiu,
primeiro, shame on you, e segundo, aí vai um SPOILER, que continua no
parágrafo seguinte. É aí que o filme realmente te dá um tapa na cara, pois
Crowe está morto na verdade, tendo sido assassinado na mesma noite que levou o
tiro lá no começo do filme. É simplesmente fantástico e você fica embasbacado
da primeira vez que assiste. Eu me lembro boquiaberto na sala de cinema quando
a verdade é revelada. E aí que você quer de qualquer jeito assistir de novo e
tentar pegar todos os detalhes. Primeiro que o personagem de Bruce Willis passa
o filme todo usando a mesma roupa, aquela com qual foi assassinado, apenas
alterando essas peças entre si. Segundo que ele não troca uma palavra com
ninguém o filme todo, nem com a mãe do garoto e nem com sua esposa, apesar de
parecer que o faz na cena do restaurante, mas na verdade ali acontece um
monólogo. Terceiro que toda vez que ele vai abrir a porta do porão, ela está
trancada (imagina o susto da esposa toda vez ver aquela porta que ele deixa
aberta?). Isso além da reação de espanto de Cole quando o vê pela primeira vez,
ou na segunda quando está em sua casa. E finalmente, o frio que sua esposa
sente quando ele está por perto e ela deixa a aliança cair, na cena que
desvenda todo esse mistério. Daí você pensa: como diabos eu não percebi isso
antes? Essa é a força do roteiro de Shyamalan. E ainda há outros detalhes bem
curiosos no filme. Um é a questão da queda de temperatura, que acontece toda vez
que há a presença de um espírito irritado, maldoso ou inquieto. Isso não
acontece quando Malcom está ao lado de Cole porque ele sempre está calmo e
tentando ajudar. Na cena final, por exemplo, Malcom está afetado pela
descoberta e confuso, por isso a queda brusca de temperatura também. Outro
detalhe curioso é o uso da cor vermelha. Ela somente aparece indicando a
presença de um fantasma ou algum acontecimento ou objeto que tenha uma relação
direta com eles. Fora isso, perceba que a cor vermelha não é usada mais nenhuma
vez no filme todo. E claro que Shyamalan coloca na história todo um simbolismo,
de não sabermos lidar direito com a morte e a perda, de só enxergarmos aquilo
que queremos ver e que devemos abrir a mente e o coração para ouvir o que os
outros têm a dizer e tudo mais. O Sexto Sentido faturou mais de 600
milhões de dólares em todo o mundo. Foi a segunda maior bilheteria americana de
1999, perdendo somente para Star Wars Episódio I – A Ameaça
Fantasma e ganhando até de Matrix. No Brasil, foi o filme mais visto
daquele ano. Foi indicado a seis Oscars: melhor ator coadjuvante (Osment),
atriz coadjuvante (Collette), diretor, edição, filme e roteiro original. Não
ganhou nenhum (esse tipo de coisa acontece só uma vez a cada 100 anos, como
ocorreu com O
Silêncio dos Inocentes). Apesar do grande sucesso, pode parecer
irônico, mas O Sexto Sentido acabou atrapalhando um pouco a vida de
Shyamalan dali para frente, exatamente por ter sido tão superestimado. Nunca
mais conseguiu fazer um filme realmente decente, e todos eles geraram uma
tremenda expectativa para se tornar um novo O Sexto Sentido com um
final tão arrebatador quanto, e o indiano infelizmente falhou miseravelmente em
todos eles, principalmente nos seus lançamentos seguintes como Corpo
Fechado,Sinais e A Vila.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2015/08/14/703-o-sexto-sentido-1999/
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