sexta-feira, 9 de setembro de 2016

#698 1999 ECOS DO ALÉM (Stir of Echoes, EUA)


Direção: David Koepp
Roteiro: David Koepp (baseado no livro de Richard Matheson)
Produção: Judy Hofflund, Gavin Polone, Michele Weisler
Elenco: Kevin Bacon, Kathryn Erbe, Illeana Douglas, Zachary David Cope, Kevin Dunn, Conor O’Farrell, Lusia Strus

Taí um ótimo filme que surgiu nessa levada do final dos anos 90 e começo dos anos 00, envolvendo o sobrenatural, histórias de fantasmas e comunicação com espíritos, para fugir um pouco dessa enxurrada dos slashers 2.0 que se seguiram incessantemente depois da revitalização do cinema de horror com PânicoEcos do Além, dirigido e escrito por David Koepp, é inspirado no livro de Richard Matheson, um dos mais influentes e importantes escritores da literatura fantástica e responsável pelo roteiro de diversos filmes e programas de TV, que vinha contribuindo avidamente durantes os anos 50, 60 e 70, mas sua contribuição estava meio desparecida de Hollywood desde então. Eu lembro que no Brasil, Ecos do Além só fora exibido nos cinemas em 2000 (e eu estava lá o conferindo), uns bons longos meses depois do seu lançamento nos EUA, e consequentemente, uns bons longos meses do surpreendente e arrasa-quarteirão O Sexto Sentido, o que então gerou algumas comparações inevitáveis, por conta de um garotinho capaz de se comunicar com espíritos, e injustas também, por sinal, sendo que na verdade os dois foram produzidos praticamente na mesma época. O tal garotinho sensitivo é Jake (Zachary David Cope), que nos brinda já com uma incrível cena logo na abertura do filme, conversando com alguma pessoa que não está no quadro, e descobrimos que ele fala com “gente morta” ao perguntar, voltado para a câmera, se “dói estar morto”. Seu pai, Tom (Kevin Bacon) é uma pessoa comum, que se muda para o subúrbio de Chicago, tem um emprego enfadonho na companhia telefônica, um casamento rotineiro com Maggie (Kathryn Erbe), e vê seus sonhos de juventude de ser um rockstar cada vez mais distantes, engolido pelas mazelas da vida cotidiana do americano médio. Até que durante uma festa, ele é hipnotizado por sua cunhada, Lisa (Illeana Douglas) que vira uma chave na cabeça do sujeito, abrindo suas portas da percepção, despertando uma sensitividade latente, e a partir de então começa a ter visões pré-cognitivas e perceber que o fantasma de uma jovem garota está tentando se comunicar com ele, que coincide com uma vizinha, Samantha Kozac (Jennifer Morrison), que desaparecera do bairro há seis meses. No decorrer da trama vamos acompanhar Tom pirando aos poucos enquanto seu, hã, sexto sentido, explode, e ao mesmo tempo em que vários elementos clichês do gênero são utilizados, ainda assim soa com um frescor autêntico e que desperta o interesse no espectador, mesmo que isso leve a um contexto até datado de: fantasma tentando se comunicar para que seu corpo seja encontrado, justiça seja feita e ele possa descansar em paz por toda eternidade. Bacon está ótimo (e essa frase utilizada para a versão “comida” de seu sobrenome é um pleonasmo), o roteiro de Koepp segue com fluidez, assim como sua direção, e há boas cenas de susto, que não precisam ficar só apelando para jump scare e artifícios baratos, exatamente por saber contar a história e desenvolver a atmosfera certa de terror sobrenatural bem pontuado e horror psicológico sutil. E tem aquela cena da unha da garota quebrando no assoalho da casa que é de dar faniquitos nos mais incautos. Ecos do Além prova que um filme não precisa de exageros, doses cavalares de sangue e violência, reviravoltas malucas em seu final, barulhos estrondosos no último volume e tudo mais. O básico de uma história de fantasmas bem contada, que bebe de uma fonte segura e criativa como Matheson, é o suficiente para agradar aos fãs de horror, como eu.
FONTE: http://101horrormovies.com/2015/08/06/698-ecos-do-alem-1999/

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