segunda-feira, 27 de junho de 2016

#731 2002 CABANA DO INFERNO (Cabin Fever, EUA)


Direção: Eli Roth
Roteiro: Eli Roth, Randy Pearlstein
Produção: Evan Astrowsky, Sam Froelich, Lauren Moews, Eli Roth; Jeffrey D. Hoffman (Coprodutores Executivos); Susan Jackson (Produtora Executiva)
Roteiro: Rider Strong, Jordan Ladd, James DeBello, Carine Vincent, Joey Kern, Arie Verveen, Robert Harris

Acho que Cabana do Inferno para mim foi um pouco prejudicado exatamente por esse buzz (antes mesmo da palavra buzz cair na moda) por essa expectativa. Eu realmente esperava um filme completamente diferente, sem todo o toque de humor negro, escracho e situações e personagens caricatos. Hoje em dia, a gente tá ligado que essa é uma marca registrada de Roth, mas não naqueles tempos. Esperava um filme sério, tenebroso, angustiante. Confesso que acabei gostando mais dele em uma segunda ou terceira revisitada, do que da primeira vez que o vi. Fato é que realmente os pontos altos são exatamente a selvageria e ogore, e o ponto baixo, o humor forçado que certas vezes funciona, e outras não (leia-se o policial chapado tarado por festinhas ou o moleque loirinho de mullets que luta caratê e morde as pessoas). Claro que não poderíamos esperar nada diferente de um produto com efeitos especiais e maquiagem entregues pela KNB EFX de Kurtzman, Berger e Nicotero. E o tema da fita é extremamente propício a isso: um vírus que corrói a pele humana. Um banho de sangue e nojeira com direito a necrose cutânea, escaras, feridas pustulentas e outras selvagerias como assassinatos violentos com tiros ou pauladas e um cachorro com raiva estraçalhando uma garota, será o futuro de um grupo propositalmente clichê de cinco jovens universitários que irão passar o final de semana em uma propositalmente clichê cabana rústica no meio da floresta. Logo no começo, um vagabundo encontra seu cachorro morto e acaba contraindo o tal do vírus hemorrágico. Ao atacar os jovens em um surto misto de loucura e de necessidade de auxílio, ele é queimado vivo e acaba por cair em um riacho, que promove o abastecimento de água na região, o que irá infectar todo mundo que beber o líquido. Instala-se um clima de paranoia entre os jovens, gerando uma boa e velha febre da cabana (daí o título original, uma vez que não há absolutamente nada de infernal naquele casebre de madeira), jogando-os um contra os outros, além dos demais locais ao descobrirem o surto de infecção, obrigando-os a lutar por suas vidas. É absolutamente perceptível a influência de Sam Raimi e Peter Jackson (que adorou o filme e o exibiu três vezes para sua equipe enquanto rodavaO Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei) com seus splatsticks Uma Noite Alucinante (a mais óbvia) e Fome Animal. Roth tenta, de sua forma, atualizar os trejeitos desses dois clássicos escatológicos do splatter com humor, digamos assim, para uma nova geração, metendo suas piadinhas sexuais ou de duplo sentido, como o lance da arma para os “crioulos” que o sulista republicano white trash guarda em sua mercearia, e que vira uma excelente gag logo no final da fita. Fato é que Cabana do Inferno catapultou o nome de Roth e chamou a atenção de Quentin Tarantino, que virou parça do diretor, produziu seu próximo filme, o suprassumo do torture porn, O Albergue, o colocou para dirigir um dos falsos trailers de Grindhouse e lhe deu o papel do emblemático Antonio MAR-GHE-RI-TI em Bastardos Inglórios. E todos os seus filmes são recheados de influências do ponto de vista de um verdadeiro fã do cinema de horror, como o controverso Canibais (que finalmente estreou nos EUA na semana passada) e seu resgate do ciclo italiano de canibais, Bata Antes de Entrar (que teve estreia adiada aqui no Brasil), e sua pegada Atração Fatal e o vindouro Meg, com seu tubarão megalodonte gigante, sua empreitada no eco-horror. Cabana do Inferno foi o menor orçamento de um filme da Lions Gate lançado em 2003 (1,5 milhões de dólares) e sua maior bilheteria (22 milhões), e o mais rentável filme de terror daquele ano. Gerou uma continuação, que confesso não ter assistido, e recentemente foi anunciado um remake (mas hein, um filme com apenas 13 anos de lançamento já rendendo refilmagem?), onde Roth será produtor executivo.
FONTE: http://101horrormovies.com/2015/10/02/731-cabana-do-inferno-2002/

domingo, 26 de junho de 2016

#862 2009 GAROTA INFERNAL (Jennifer’s Body, EUA)


Direção: Karyn Kusama
Roteiro: Diablo Cody
Produção: Daniel Dubieck, Mason Novick, Jason Reitman; Brad Van Arragon (Coprodutor); Diablo Cody (Produtora Executiva)
Elenco: Megan Fox, Amanda Seyfried, Johnny Simmons, Adam Brody, Chris Pratt, J. K. Simmons

Olha eu não sei quanto a você, e pode me julgar a vontade, mas eu ADORO Garota Infernal e acho um filme sensacional. Pronto, falei aqui! Essa comédia de horror deliciosamente escrita pela ex-stripper e ganhadora do Oscar pela sensação indie, Juno, Diablo Cody, dirigida pela ótima Karyn Kusama e produzida por Jason Reitman, é divertida até dizer chega por brincar exatamente com todos os clichês do terror adolescente (e do cinema adolescente como um todo), repleto de humor negro, sarcasmo, sacadas incríveis e uma metralhadora de referencias de cultura pop, de música (o próprio nome original é inspirado na música homônima da banda Hole, de Courtney Love), de cinema e com a Megan Fox absolutamente lindíssima e estonteante no papel principal. E baita trilha sonora!Sério, toda a narrativa dele, a linguagem empregada e as situações de paródia caricatas fazem o ato de assistir ao filme um deleite. Eu mesmo, já o vi algumas muitas vezes e sempre me divirto e dou risada com os diálogos afiados, situações ridículas, e a forma como ele fala diretamente com seu público e tira um baita sarro de sua cara ao mesmo tempo. E olhe que tem até lá sua boa dose de sangue e violência na versão uncut, aquela que vale a pena assistir. Cody pega todo o american way of life dos subúrbios do interior (aqui perfeitamente chamado de Devil’s Kettle), campo fértil para o estudo de caso adolescente e do seu meio-ambiente do high school, e também do mais banal que existe na fórmula do cinema de terror de drive-in e monta sua crítica rasgada (assim como já fizera em Juno, mas aqui de forma menos dramática e reflexiva e mais escrachada), explorando o velho lance da garota popular do colégio, no caso, transformada em um súcubo do inferno que precisa se alimentar de carne humana para manter-se linda e gostosa! Jennifer (Fox, papel originalmente oferecido para Blake Lively, recusado por conta de sua agenda com a série Gossip Girl) e sua melhor amiga de infância, a nerd Needy (Amanda Seyfried) vão até um bar ver o show da fictícia banda Low Shoulder, cujo vocalista, Nikolai, é interpretado por Adam Brody, do seriado O.C. Acontece que os membros da banda precisam de uma virgem para sacrificar em um ritual para conseguir sucesso na carreira doshow business, já que é muito difícil uma banda de rock independente fazer sucesso já que todas elas são quentes e tem caras gatos – segundo eles mesmos – e querendo ser o próximo Maroon 5, eles oferecem Jennifer ao capiroto – enquanto cantam Jenny (867-5309) de Tommy Tutone – sem saber que a moça não era mais virgem. Isso faz com que ela retorne literalmente como uma demoníaca criatura maneater, o que colocará à prova a amizade dela com Needy, que ao descobrir o que aconteceu, tentará se colocar contra o desejo carnívoro da amiga morena das trevas, que obviamente vai abatendo os estudantes do colégio de Devil’s Kettle como moscas. Você recusaria um convite para sair com a Megan Fox? Eu truco!  A quantidade de momentos hilários e referências pop do filme não cabem nessa resenha, mas eles estão lá aos borbotões e é uma das cerejas do bolo de Garota Infernal. Minha preferida é quando o emo do colégio convida Jenny para sair e assistir The Rocky Horror Picture Show, que seria exibido em uma sessão especial no cinema local, e a moçoila diz que “não gosta de filmes de boxe!”. Falando em emo, claro que Cody e Kusama brincam ao máximo com todos esses estereótipos adolescentes, passando pelo capitão do time de futebol americano ao astro de rock bonitão, mas ao mesmo tempo ela também os subverte nas figuras de Jennifer e Needy. Primeiro Jennifer pode ser a chearleader popular, burra e gostosa, mas ao se transformar na tal garota infernal, ela reverte o papel de vítima para se tornar uma caçadora e colocar em pauta o empoderamento feminino, que em 2009 não fazia nem sombra a força do movimento de hoje em dia, inclusive não captado pelos executivos do estúdio – todos homens, diga-se de passagem – em nenhum momento da campanha de marketing. Hey, isso é um filme para garotas, e não para marmanjos querendo bater uma para uma sexy Megan Fox! Já com Needy – e há uma brincadeira incrível com esse trocadilho, que significa “carente” – sai de cena a nerd frustrada e perdedora, que sim, é melhor amiga da garota TOPE do colégio, tem um namorado, transa, possui personalidade forte e é quem vai salvar o dia, e conseguir sua vingança no final. Score! Fato é que sinceramente, se você não assistir Garota Infernal exatamente com esses olhos – como um subproduto da cultura pop que brinca com isso a todo momento – que descaradamente exala pelos poros a mensagem de Cody e Kusama, claro que você poderá achar uma droga, ainda mais se quiser ser tiozão e se deixar levar pelo conservadorismo e certo discurso careta e saudosista do cinema de terror. Mas caso contrário, e se de alguma forma você estiver inserido nessa linguagem ou subtexto proposto, e sacar todas as suas referências e mensagens implícitas – e mesmos as escrachadamente explícitas – eu aposto um picolé de limão que você se diverte e acha tão sensacional como eu.
FONTE: https://101horrormovies.com/2016/06/24/862-garota-infernal-2009/

O SONO DA MORTE (Before I Wake, EUA, 2016)


Mike Flanagan é um dos novos diretores do gênero que vem rapidamente galgando seu espaço dentro do cinema de horror. Recentemente ele emplacou Absentia, O Espelho,Hush: A Morte Ouve, lançado diretamente na Netflix e O Sono da Morte, que estreia com um baita atraso nos cinemas brasileiros esta quinta. Além de estar na cara do gol para o lançamento de Ouija: Origem do Mal, continuação do filme de 2014 da Blumhouse Pictures e escalado como diretor da adaptação para as telas de Jogo Perigoso, de Stephen King. Dentre seus filmes anteriores, O Sono da Morte é o que mais o aproxima de uma “grande” produção, com orçamento inflado, nomes conhecidos do grande público no elenco, como o casal de protagonistas Kate Bosworth e Thomas Jane e a sensação mirim Jacob Trembley, do aclamado O Quarto de Jack, que roubou a cena do filme e da última cerimônia de entrega do Oscar, e consequentemente, uma obra mais mainstream e com dedos de produtores, principalmente em seu final. Fato é que O Sono da Morte é mais um drama familiar de horror sobrenatural, com toques de fábula infantil, que qualquer outra coisa, que bebe claramente da fonte do J-Horror – que sempre soube como lidar muito bem com essa temática – e recheado de metáforas sobre perda, algo já utilizado pelo diretor anteriormente em Absentia e O Espelho. Na trama, Jessie (Bosworth) e Mark (Jane) perdem o filho, que morre afogado na banheira, e resolvem adotar Cody (Tremblay), um garoto afável, introvertido, apaixonado por borboletas, com problemas de sono, que desde a morte de sua mãe quando bem novo, vem passando por diversos lares adotivos, misteriosamente marcado por sumiços e súbito abandono ou devolução da criança. Jessie e Mark vão descobrir posteriormente que Cody tem uma espécie de poder paranormal, onde consegue materializar seus sonhos enquanto dorme. Começa com manifestações de borboletas psíquicas aparecendo na casa, até o menino descobrir o que acontecera com Sean (Antonio Romero), o filho do casal, e projetá-lo para seus pais enquanto dorme. Isso faz com que Jessie comece a usar o garoto como uma espécie de projetor, em uma relação um tanto quanto abusiva, para que a imagem espectral do primogênito falecido os visite todas as noites. O problema é que o mesmo acontece com seus pesadelos, uma vez que ele é atormentado por uma sinistra criatura denominada por ele como “Homem Cancro”, uma figura disforme e esquelética, projeção de seu subconsciente, que fora responsável pela morte de sua mãe. O Sono da Morte usa de recursos bastante conhecidos (e batidos) do gênero, como uma criatura feita em CGI, ambientes oníricos, sustos fáceis e a investigação da protagonista sobre o passado do garoto, para que assim ela consiga desvendar o mistério sobre seus sonhos, sua mãe e o tal “Homem Cancro”. Mas ao mesmo tempo, seu ritmo mais arrastado, mesmo que climático em alguns momentos, misturado com muito dramalhão, afastará uma boa parcela do público que torcerá o nariz, mas que imputa uma aura mais humana ao longa, tratando da delicada questão da perda vista sob o prisma de uma criança tão jovem que não consegue entender direito ainda aquela situação e suportar tamanho fardo, inclinando para o terror psicológico no sentido bíblico da palavra, emulando um contos de fadas às avessas ao adentrar nos cantos assustadores da psique infantil. Mas não escapa de buracos no roteiro e soluções prosaicas, e de um final melodramático até demais, onde pelo menos uns cinco minutos de sua conclusão extremamente didática e desnecessária devida sua obviedade, poderiam ter sido jogados na lata do lixo da sala de edição. Mas vamos pensar que é um tipo de horror “familiar” – se é que isso existe – que precisa trabalhar em cima de uma mínima estrutura formulaica para fazer sucesso com seu público alvo. Trembley mostra porque ele é o ator infante queridinho de Hollywood nesse momento, com todo seu carisma – a vontade é de também levá-lo para casa e adotá-lo, até para mim que não tem nenhum traquejo com crianças e não quer ter filhos –, superando toda a atuação no automático do resto do elenco, e Flanagan, mostra que é bom nesse treco de dirigir filmes de terror, sabendo dosar muito bem os enquadramentos, as cenas de suspense, os ataques da criatura e situações de pesadelo, usando o recurso do jumpscare, mesmo que manjado, com parcimônia, manejando a construção de atmosfera e imprimindo uma alta carga dramática, trabalhando a empatia com os personagens, aproximando-os do público, principalmente para quem já sofreu algum tipo de perda na família. O Sono da Morte não chega a causar sono, mas está longe de ser um grande filme. Tem suas falhas e clichês, principalmente em seu final, mas funciona ao que se propõe como essa amálgama de terror, drama e fantástico. 3 borboletas monarcas para O Sono da Morte
FONTE: https://101horrormovies.com/2016/09/01/review-2016-39-o-sono-da-morte-2016/

ALL CHEEERLEADERS DIE (EUA, 2014)



sábado, 25 de junho de 2016

#639 1993 NECRONOMICRON O LIVRO PROIBIDO DOS MORTOS (Necronomicon, França, EUA)


Direção: Christophe Gans, Shûsuke Kaneko, Brian Yuzan
Roteiro: Brent V. Friedman, Christophe Gans, Kazunori Itô, Brian Yuzna (baseados na obra de H.P. Lovecraft)
Produção: Samuel Hadida, Brian Yuzna; Aki Komine (Coprodutor); Takashige Ichise (Produtor Executivo)
Elenco: Jeffrey Combs, Bruce Payne, Belinda Bauer, Richard Lynch, David Warner, Bess Meyer, Mille Perkins, Dennis Christopher, Signy Coleman, Obba Badatundé, Don Calfa, Judith Drak

Necronomicon – O Livro Proibido dos Mortos é uma das boas antologias de terror baseada na sempre fantástica obra de H.P. Lovecraft, o Rei do Indizível, capitaneada por Brian Yuzna, sem dúvida o sujeito que melhor soube levar para as telas o seu universo macabro de criaturas pré-diluvianas terríveis que habitam nosso planeta (foi o produtor dos clássicos Re-Animator – A Hora dos Mortos-Vivos e Do Além). E falando nesses dois filmes, o ator Lovecraftiano Jeffrey Combs (que fora o Dr. Herbert West e Crawford Tillinghast nas produções supracitadas) também volta em sua parceria com Yuzna, tendo a honra de viver o papel do escritor, em um enredo ficcional dos mais bacanas, onde Lovecraft encontra o livro maldito que dá nome a película, escrito pelo árabe louco Abdul Alhazred, em um mosteiro, protegido por uma ordem oculta de monges, e resolve espiá-lo trancafiado em uma sala para tirar inspirações para seus próximos contos. Essa história que serve como elo de ligação para três segmentos que fazem jus à complicada obra do autor de Boston.
O primeiro deles (e o melhor em minha opinião) é “The Drowned”, brevemente inspirado pelo conto “Os Ratos nas Paredes”, que traz a história de Edward De Lapoer (Bruce Payne), que acabara de herdar um velho casarão à beira de uma encosta, pertencente a Jethro De Lapoer (Richard Lynch) e descobre que seu ascendente perdera a esposa e filhos afogados em um acidente de barco, e após blasfemar contra a igreja e renegá-la, aceitam a ajuda de uma estranha e escamosa criatura anfíbia que lhe oferece o Necronomicon, contendo em suas páginas um sacrifício a Cthulhu (o mais famoso e importante ser mitológico de Lovecraft) que trará sua família de volta a vida, mas claro né, que não da mesma forma que anteriormente. Edward acaba por encontrar o livro e faz o mesmo ritual de sangue em um pentagrama para ressuscitar sua esposa, morta em um acidente de carro e afogada. Dá miseravelmente errado e o sujeito vai ter que enfrentar Cthulhu em pessoa, com direito a seus tentáculos e tudo.
A segunda história, “The Cold”, inspirado no conto “Ar Frio” começa com um repórter investigando o misterioso desaparecimento de pessoas em uma região, e o leva a descobrir a história de Emily Osterman (Bess Meyer), uma aprendiz de flautista que para se livrar dos abusos do padrasto se muda para um pensionato e conhece o excêntrico Dr. Madden (David Warner), com quem também virá a se relacionar, que, também por meio do famigerado livro, descobrira uma forma de viver para sempre, por meio de uma solução química extraído do fluído espinhal. Mas para isso, ele é obrigado a viver enclausurado em seu apartamento, em uma temperatura baixíssima, e renovar o composto sequestrando pessoas, com a ajuda de sua assistente, Lena (Millie Perkins), e extrair seus fluídos da espinha para usufruto.
O terceiro e último conto é o bizarro e nonsense “Whispers”, inspirado de forma muito vaga no conto “Um Sussurro nas Trevas”, onde uma policial grávida, Sarah (Signy Coleman) após um acidente de carro durante a perseguição a um assassino conhecido como “O Açougueiro” entra no porão de um velho prédio em busca de seu parceiro, Paul (Obba Babatundé) que fora retirado das ferragens a arrastado para seu interior. Lá ela conhecerá um casal estranho a beça, Sr. e Sra. Benedict (Don Calfa e Judith Drake, respectivamente), que a conduzirá para uma armadilha onde será usada como alimento para uma estranha raça alienígena de criaturas aladas canibais ancestrais.
Um dos principais pontos positivos de Necronomicon – O Livro Proibido dos Mortos, além de sua tamanha inventividade e ser uma das mais bacanas adaptações dos contos de Lovecraft para as telas, é que cada uma das histórias é dirigida por um diretor diferente que entende pra valer do riscado (Brian Yuzna dirige o segmento principal e o terceiro, Christophe Gans que mais tarde nos entregaria os ótimos Pacto dos Lobos e Terror em Silent Hill, o primeiro e Shûsuke Kanedo, o do meio, que dirigiria diversos filmes de Kaijûs como Gamera e Godzilla) e principalmente seus efeitos especiais dos especialistas Tom Savini (dispensa apresentações) e Screaming Mad George (que trabalhara com Yuzna em A Sociedade dos Amigos do Diabo, aquele da antológica cena da orgia). Além de mergulhar profundamente no universo fantástico de Lovecraft, com suas criaturas indizíveis e até mostrando decentemente Chthulhu, Necronomicon – O Livro Proibido dos Mortos ainda guarda para os fãs uma mistura de ficção científica macabra em “The Cold”, ambientação gótica vitoriana e pitadas de sobrenatural em “The Drowned” e abastada dose de gore em profusão, nojeiras e mutilações em “The Whisper”. Ponto para todos os envolvidos! Transportar nosso querido Howard Phillip para às telas é trabalho árduo, e muita das vezes, o resultado acaba totalmente trash sem um pingo de qualidade. Mas Necronomicon – O Livro Proibido dos Mortos surpreende e Yuzna acerta mais uma vez, assim como todos ali presentes nos créditos, proporcionando uma boa visão do universo de Lovecraft com muito daquilo que seus fãs realmente gostariam de ver.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/04/08/639-necronomicon-o-livro-proibido-dos-mortos-1993/

quinta-feira, 23 de junho de 2016

#638 1993 A METADE NEGRA (The Dark Half, EUA)


Direção: George A. Romero
Roteiro: George A. Romero (baseado no livro de Stephen King)
Produção: Declain Baldwin, Christine Romero (Produtora Associado); George A. Romero (Produtor Executivo)
Elenco: Timothy Hutton, Amy Madigan, Michael Rooker, Julie Harris, Robert Joy, Kent Broadhurst

Você vê como são as coisas. Se não fosse o nome de George A. Romero como diretor, provavelmente A Metade Negra seria outra das imensas bombas nas telonas baseadas na obra de Stephen King. Mas como o diretor de Pittsburgh, pai dos zumbis, manja dos paranauê, o filme até que é interessante. Interessante mesmo é o tema da dualidade que Stephen King imprimiu em seu livro e que foi utilizado por Romero. Por mais que A Metade Negra perca o fôlego em seu desenrolar, a história se torne previsível e role uns buracos no roteiro tipo queijo suíço com algumas saídas realmente duras de engolir, não deixa de colocar um pouco à mostra da personalidade do escritor do Maine em cunhos quase autobiográficos (como já fizera dezenas de vezes). A Metade Negra foi o último livro de King em sua fase alcóolatra, antes de entrar de vez na sobriedade. Então seu personagem, Thad Beaumont (muito bem interpretado por um subestimado Timothy Hutton) é um… escritor alcóolatra. Fracasso literário, com livros elogiados pela crítica, mas que não vendem nada, Beaumont cria o pseudônimo de George Stark para escrever livros mais violentos e popularescos, criando um personagem de sucesso chamado Alexis Machine. Certo dia, após uma de suas aulas na faculdade, um escroque chamado Fred Clawson (Robert Joy) o aborda tentando chantageá-lo, ameaçando revelar ao mundo que Beaumont é na verdade Stark. Em conluio com seus editores, o próprio escritor resolve fazer esse anúncio para a imprensa e realizar um enterro simbólico do pseudônimo no antigo jazigo de sua família no Maine. Vê aí outro paralelo com King? Ele também possuía um pseudônimo, Richard Bachman, e essa trama foi inspirada nos eventos que o levaram a fazer esse anúncio para o mundo. Só que todos os envolvidos na “morte” de George Stark começam a surgir brutalmente assassinados, com requintes de crueldade típicos de Alexis Machine. Inicialmente Beaumont é incriminado, uma vez que suas próprias impressões digitais foram encontradas nos locais dos crimes, e a investigação do Xerife Alan Pangborn (que é o mesmo personagem principal de outro livro/filme de King, Trocas Macabras), papel de Michael Rooker, o Yondu Udonta de Guardiões da Galáxia ou o Merle Dixon de The Walking Dead, começa a colocá-lo contra a parede, que o fará descobrir um evento estranho de sua infância. Thad nasceu gêmeo, porém o irmão futuro foi absorvido no útero, e depois, quando criança, removido de seu cérebro ao descobrirem que o moleque sofria de terríveis dores de cabeça e lapsos de memória, originalmente diagnosticadas como um tumor. O feto começou a se desenvolver DENTRO de seu cérebro com direito a um OLHO QUE PISCA! Os Beaumont resolveram enterrar os restos do falecido bem no jazigo da família. E isso fez com que de alguma forma, não me pergunte como, George Stark ganhasse vida como o irmão gêmeo malvado de Thad (tipo a Rutinha, porque a Raquel é boa) e partisse para a vingança, com seu visual Johnny Cash, cabelo com brilhantina, jaqueta de couro e carro turbo envenenado. Pois é, a história seria MUITO, mas MUITO mais bacana se lidasse com realmente um problema de esquizofrenia ou de dupla personalidade de Beaumont, como, por exemplo, falando de Stephen King, em A Janela Secreta, do que realmente uma manifestação física propriamente dita. George Stark serve para aflorar um lado perverso do escritor pai de família, e mais que isso, uma parte dele gosta desse sujeito desprezível e sanguinário. Gosta da sua metade negra. Mas o jogo maniqueísta costumeiro preserva um final feliz para Thad e sua família, após o confronto final na antiga casa dos Baumont. Aliás, confronto final esse que Romero faz sua vez de Alfred Hitchcock, emulando Os Pássaros, quando uma revoada de pardais, elementos presentes e importantes desde o começo da fita, ataca Stark, arrancando sua pele (em um excelente trabalho de maquiagem da equipe de Everett Burrell e John Vulich). A Metade Negra vale para o fã do horror por se tratar de mais uma parceria entre George Romero e Stephen King (ambos já haviam trabalhado juntos em Creepshow – Show de Horrores). A condução do mestre na direção é acima da média, ainda mais se tratando de uma adaptação do mestre na escrita, que sabemos muito bem que não são sempre transportadas para as telas de forma acertada.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/04/07/638-a-metade-negra-1993/

#637 1993 JURASSIC PARK O PARQUE DOS DINOSSAUROS (Jurassic Park, EUA)


Direção: Steven Spielberg
Roteiro: Michael Crichton, David Koepp (baseado no livro de Michael Crichton)
Produção: Kathleen Kennedy, Gerald R. Molen; Lata Ryan, Colin Wilson (Produtores Associados)
Elenco: Sam Neill, Laura Dern, Jeff  Goldblum, Richard Attenborough, Samuel L. Jackson, Wayne Knight

Agora, depois de mais de 20 anos de seu lançamento, revendo a versão 3D lançada recentemente, vejo estupefato que Jurassic Park não envelheceu quase nada. Muito menos seu debate sobre ciência, ética e parques temáticos com animais enclausurados, em tempos de todas as barbaridades que pipocam sobre o tratamento das orcas no Sea World. Os revolucionários efeitos CGI ganhadores de Oscar, feitos pela Industrial Light and Magic de George Lucas, misturado com os animatrônicos de Stan Winston até hoje impressionam e ditaram o futuro do FX na sétima arte, para o bem ou para o mal. A história baseada no livro de Michael Crichton todo mundo já sabe né? O excêntrico milionário John Hammond (Sir Richard Attenborough) quer construir um parque temático na Ilha Nublar, no Caribe, com seus dinossauros trazidos à vida por meio de seu DNA extraído dos mosquitos que se alimentavam de seu sangue e ficaram presos no âmbar. Os investidores e advogados precisam de um parecer positivo para a abertura da atração turística, e os cientistas, pesquisadores e paleontólogos Dr. Alan Grant (Sam Neill), Ellie Sattler (Laura Dern) e Dr. Ian Malcom (Jeff Goldblum) são convidados para um passeio inaugural, junto como os netos de Hammond, Tim (Joseph Mazzello) e Lex (Ariana Richards). Acontece que um dos programadores do parque, Dennis Nedry (Wayne Knight) sabota os sistemas de segurança para poder fugir com alguns espécimes que irá vender em espionagem industrial e dinos acabam a solta, promovendo o caos no parque, com os heróis tendo de lutar por sua sobrevivência, contra o poderoso Tiranossauro, o cuspidor Dilofossauro e os temíveis e ágeis Velociraptores com suas garras retráteis afiadas. Jurassic Park remete aos bons tempos de Tubarão de Spielberg. Até a estrutura se parece, com a mistura entre terror (mais precisamente o eco-horror) e aventura. A diferença é que o diretor aqui já havia se tornado um dos queridinhos de Hollywood e exemplo dos filmes família, da moral e dos bons costumes. Temos apenas uma morte “explícita”, do advogado ganancioso que é devorado por um tiranossauro sem derramar sequer UMA GOTINHA de sangue, diferente de seu tubarão branco que dilacerou uma criança ou mesmo o pescador que é comido vivo. Mas tudo bem, tá valendo, pois os momentos de suspense, de toda a desenvoltura da cena do primeiro surgimento do lagartão, até a caçada dos velociraptores às crianças na cozinha do centro de visitantes do parque, mostra que Spielberg entende mesmo do riscado. Agora o bacana mesmo é que quando se fica mais velho, não é mais o Dr. Grant seu personagem preferido, depois dos dinos. E sim o Ian Malcolm de Jeff Goldblum. Sujeito canastra, tentando ser charmoso, xavequeiro, todo vestido de preto, pedante, mas se mostrando o único com certo juízo em entender a monstruosidade científica feita naquele local, ignorando completamente a teoria de evolução de espécies e usar a genética para reviver criaturas que tiveram sua chance e foram exterminadas. Tudo isso não só pelo bem da ciência, mas sim, para se ganhar dinheiro e vender tickets e produtos de merchandising. Um Sea World de dinossauros! Pegam um animal que está fora de seu ecossistema há milhões de anos, o revivem e colocam-no enjaulado, tendo de comer bois e cabras, reprimindo seus instintos e virando mera atração de circo, além de alterações biológicas, com o fato de todas serem fêmeas. Bem sabemos que Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros fez recorde em seu final de semana de estreia, faturou mais de 980 milhões de dólares (contra 62 milhões de orçamento) ao final de sua exibição, e tornou-se, até a chegada de Titanic cinco anos mais tarde, a maior bilheteria da história do cinema, levando três carecas dourados (efeitos especiais, som, e efeitos sonoros e edição de som, todos justíssimos). E não posso me esquecer de citar também que tinha também aquele VHS, que demorou UMA CARA para chegar às locadoras (naquela época os lançamentos de cinema demoravam eternidades para chegar ao mercado home vídeo), com aquela capinha preta sensacional em alto relevo. Quase volto aos 11 anos de idade toda vez que assisto.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/04/02/637-jurassic-park-o-parque-dos-dinossauros-1993/

#636 1993 JASON VAI PARA O INFERNO (Jason Goes to Hell: The Final Friday, EUA)


Direção: Adam Marcus
Roteiro: Dean Lorey, Jay Huguey
Produção: Sean S. Cunningham
Elenco: John D. LeMay, Kari Keegan, Kane Hodder, Steven Williams, Steven Culp, Erin Gray

Eu deveria, em forma de protesto, nem escrever nada sobre a afronta que é Jason Vai Para o Inferno: A Última Sexta-Feira. Mas preciso aproveitar esse espaço para conseguir achincalhar o filme de todas as formas que eu puder. Que ele é o pior da franquia, não há discussão. Você pode vociferar quanto a ausência de Jason em Sexta-Feira 13 – Parte 5 – Um Novo Começo, a garota telecinética de Sexta-Feira 13 Parte 7 – A Matança Continua ou todos os absurdos e pataquadas do serial killerem Manhattan em Sexta-Feira 13 Parte 8 – Jason Ataca Nova York. Mas nada, absolutamente nada se compara a essa vergonhosa porcaria homérica. Sabe na boa, o que os roteiristas (Dean Lorey e Jay Huguey, com ajudinha do diretor Adam Marcus na concepção da história), o produtor Sean S. Cunningham, que criara a série lá emSexta-Feira 13 no ano de 1980 e os engravatados da New Line, uma vez que a Paramount vendera os direitos depois do recorrente fracasso de bilheteria de uma sequência pífia depois da outra, tinham na cabeça para escrever, produzir e lançar um material tão ruim? Sério, como alguém pode pegar uma franquia slasher oitentista inteira, que tinha lá sua mitologia, e simplesmente jogar no buraco, e reinventar toda uma explicação faceira sobrenatural esdrúxula, onde o Jason de verdade é um PARASITA (???!!!) que sai da boca das pessoas e pode ser transferido de corpo, e de repente, surgem uma IRMÃ (???!!!) e SOBRINHA (???!!!), fazendo com que o vilão só pudesse de fato ser morto e renascer (???!!!) por um Voorhees? Ah, não dá né? Primeiro que já começa ignorando DE ACORDO o final da oitava parte. Pera aí, o Jason num tinha sido derretido por lixo tóxico nos esgotos da Big Apple? Então como diabos ele aparece inteirão, com uma cabeçorra cheia de brotoejas nos cocuruto (interpretado mais uma vez por Kane Hodder), perseguindo uma garota com seu facão lá no matagal aos redores de Crystal Lake? Que na verdade é uma AGENTE DO FBI (???!!!) gostosona que foge do assassino dando piruetas, até ele cair em uma armadilha e ser fuzilado pela SWAT e depois explodido em diversas partes, mas, com um detalhe importantíssimo para a trama: seu coração mantém-se inteiro. O médico legista ao praticar a autópsia em seus restos mortais acaba sendo, hã, seduzido (???!!!) pelo coração ainda palpitante de Jason e NHAC!, dá uma mordida, transferindo então essa força sobrenatural do assassino para ele, que sairá em uma busca insana pelos seus familiares que ainda vivem lá em Crystal Lake. Jessica Kimble (Karl Keegan) é filha de Diana (Erin Gray), atualmente garçonete AND irmã de Jason. Ela acaba sendo morta, e sobra então apenas Erin, agora casada com um apresentador de programa televisivo sobre assassinatos e investigação criminal, Steven Freeman (John D. LeMay) e seu bebê como possíveis receptáculos para a volta à vida do maníaco, ou capazes de destruí-lo. Só que o único que tem o conhecimento de como finalmente mandar Jason dessa para uma melhor, e a arma certa para fazer isso, que seria uma espécie de adaga especial, é o arrogante caçador de recompensas Creighton Duke (vivido por Steven Williams, de Anjos da Lei, a série, e um dos informantes de Fox Mulder em Arquivo X, que está de volta! \o/). Então ele se junta ao ex-namorado e paixão platônica de Jessica, Robert Campbell (Steven Culp) que de um boçal loser vira um propenso Ash no decorrer da trama e dá andamento na patifaria toda. Um único, ínfimo quesito que minimamente preste em Jason Vai Para o Inferno são os efeitos especiais e de maquiagem, assinados pela sempre fodástica K.N.B. Effects Group, do trio Kurtzman, Nicotero e Berger. Algumas mortes são realmente duca, como o sujeito derretendo no chão ou quando o Jason ataca um casal transando (ah, vá!) em uma barraca de camping e separa o cara no meio com seu facão. Mas olha, nem todas as mortes, goreou peitinhos e bundinhas aparecendo (e também nu masculino, só para variar do sexismo gritante dos filmes slasher) poderia salvar essa tranqueira. E nem mesmo a famigerada mãozinha do Freddy Krueger (uma vez que agora os dois movie maniacs eram propriedade da New Line) saindo debaixo da terra para arrastar a máscara de hóquei vale a pena no final de Jason Vai Para o Inferno – A Última Sexta-Feira. Na época, claro, causou um baita estardalhaço, um alvoroço, um burburinho, um frenesi, deixou os fãs em polvorosa, mas agora como já sabemos a bomba que foi Freddy vs Jason, então posso constatar que tudo foi em vão.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/04/01/636-jason-vai-para-o-inferno-a-ultima-sexta-feira-1993/

#635 1993 FOGO NO CÉU (Fire in the Sky, EUA)


Direção: Robert Lieberman
Roteiro: Tracy Tormé (baseado no livro de Travis Walton)
Produção: Todd Black, Joe Wizan; Nilos Rodis-Jamero, Robert Strauss, Tracy Tormé (Coprodutores); Wolfgang Glatters (Produtor Executivo)
Elenco: D.B Sweeney, Robert Patrick, Craig Sheffer, Peter Berg, Henry Thomas, Bradley Gregg, Noble Willingham

Talvez Fogo no Céu seja o filme definitivo sobre abduções alienígenas. Apesar da pegada calcada logicamente na ficção científica e no terror e angústia das escabrosas experiências pelas quais o personagem raptado passa, a grande tônica do longa dirigido por Robert Lieberman é o drama vivido pelas testemunhas oculares do evento, desacreditados por toda a população da pequena cidade montanhosa que vivem, investigados e acossados pela polícia, sendo suspeitos até de assassinato. Bom, tem também o fato de que Fogo no Céu seja baseado em misteriosos fatos reais, no caso da abdução de Travis Walton no ano de 1975, quando ele ficou desaparecido durante cinco dias e o caso chamou atenção das autoridades e população local, além de jornalistas de todo o mundo. A abdução de Walton é um dos mais famosos estudos de caso da ufologia, e o livro sobre sua experiência foi publicado em 1990, servindo como base para essa produção, apesar da enorme licença poética e pitacos e pressão da Paramount Pictures. Bom, depois de uma tarde de trabalho, Walton (D.B. Sweeney) e outros cinco amigos que cortavam árvores na floresta do Parque Nacional Apache-Stigreaves, na cidade de Snowflake, Arizona, avistam um irradiação colorida avermelhada no céu, parecendo que a floresta está pegando fogo. Ao se aproximarem, descobrem o OVNI pairando sobre a região. Walton desce da camionete, caminha em direção à luz e é atingido por um poderoso feixe, sendo derrubado. Em pânico, os demais homens, liderados por Mike Rogers (Robert Patrick) fogem às pressas, achando que o amigo está morto, mas ao voltarem 15 minutos depois, descobrem que ele desaparecera. Então, Rogers que antes era um pilar da comunidade, pai de família, passa a ser acusado, junto com seus companheiros de trabalho, pelo desaparecimento de Walton e possível assassinato, enquanto também passa a ser ridicularizados por polícia e moradores ao manterem a versão original dos fatos: que todos viram o UFO e que Walton havia sido abduzido. No decorrer do processo da investigação, que resultou em uma crise conjugal e perda do contrato de trabalho, Rogers e os demais se vêm obrigados até a passar por um controverso teste de polígrafo, mais de uma vez, que deu como resultado que todos estavam falando a verdade. Depois de cinco dias, entramos na segunda parte do longa quando Walton regressa, completamente perturbado, com lapsos de memória do que acontecera. O rumo da investigação passa a ser outro, quando o investigador Frank Waters (vivido pelo veterano ator James Garner) agora acredita que tudo não passou de uma armação do grupo em busca de fama ou dinheiro. A experiência recorrente nos é mostrada em forma de flashback, onde Walton se vê preso na nave e passa a ser testado e torturado por humanoides alienígenas, no único momento do filme que pende ao exagero caricato, porém de extremo impacto e aflição. O grande problema é que acompanhamos o drama das testemunhas e principalmente de Rogers, mas quando Walton regressa e estamos curiosos em saber pelo que diabos ele passou durante a abdução, mesmo com as cenas pesadas de desespero enquanto os alienígenas enfiam brocas em seus olhos e sondas estomacais, o personagem de Walton em nenhum momento causa empatia com o público, e o desfecho em si é meio brochante, não explorando os desdobramentos seguintes e culminando em uma espécie de redenção após uma apressada elipse de tempo. Sendo cético ou crente (Scully ou Mulder), vale dar uma conferida em Fogo no Céu, principalmente se você é daqueles fãs de filmes sobre ufos, contatos imediatos, abduções e experiências genéticas feitas por raças alienígenas superiores que vem para nosso planeta com a sádica intenção de nos botar em uma mesa gelada para vivissecção. MEDO!
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/03/31/635-fogo-no-ceu-1993/

terça-feira, 21 de junho de 2016

DEXTER 4ª TEMPORADA (EUA, 2009)


PENNY DREADFUL 3ª TEMPORADA (EUA, 2016)





#634 1993 O DUENDE (Leprechaun, EUA)


Direção: Mark Jones
Roteiro: Mark Jones
Produção: Jeffrey B. Mallian; Michael Prescott, Davis Price e William Sachs (Coprodutores); Jim Begg (Supervisor de Produção); Barry Barnholtz (Produtor Associado); Mark Amin (Produtor Executivo)
Elenco: Warwick Davis, Jennifer Aniston, Ken Olandt, Mark Holton, Robert Gorman, Shay Duffin

Sério, não há muito que falar de O Duende. Trasheira horrorosa, que grita anos 90 na tela e mostra por A + B porque o cinema de terror foi para o buraco durante a tal “década perdida” com essas produções classe Z sendo lançadas direto para o mercado home video (e ainda teve a proeza de vender menos de 100 mil cópias). Mas, como sempre tudo tem um mas, O Duende é um daqueles filmes que ficaram inseridos no imaginário popular da molecada da época e fez relativo sucesso nas locadoras de bairro aqui do Brasil. E também hoje é conhecido como o “primeiro filme de Jennifer Aniston” antes de ser a Rachel de Friends ou casar com Brad Pitt. Essa vergonha ela nunca poderá apagar de seu currículo, ainda mais em tempos de torrent, filmes completos no Youtube e tudo mais. Com um modesto orçamento de 900 mil doletas, filmado em 1991, mas lançado apenas dois anos depois, a pérola escrita e dirigida por Mark Jones, produzida pela Trimark Pictures de Mark Amin (que mais tarde se fundiria com a Lionsgate) tem no elenco além de uma Aniston na flor dos seus 24 aninhos, o anão mais famoso de Hollywood antes de Peter Dinklage: Warwick Davis, vivendo o papel do duende vilão do título. Você já deve tê-lo visto em filmes como Willow – Na Terra da Magia, ou embaixo de uma fofinha fantasia peluda como um Ewok em O Retorno de Jedi ou Caravana da Coragem. A trama traz um espevitado e cruel duende irlandês (de onde mais ele seria?) que tem seu ouro roubado (aquele que fica no pote ao final do arco-íris, sabe?) por um espertalhão. Buscando vingança por ter sido enganado, ele vai atrás do sujeito, mata sua esposa, só que acaba se dando mal quando é aprisionado em uma caixa protegida por um trevo de quatro folhas. Ele fica trancafiado durante 10 anos, até que Tory (Aniston) e seu pai J.D. (John Sanderford) mudam-se para a residência. O local está sendo pintado e reformado pelo gostosão estilo anos 90 Nathan (Ken Olandt), o gordinho atrapalhado que lê quadrinhos e só faz gordice (mais estereótipo impossível) Ozzie (Mark Holton) e o fedelho Alex (Robert Gorman), que acidentalmente libertam o vingativo ser mitológico. Feio de dar dó, um humor negro ácido, tiradinhas sacanas, apetite assassino e com uma tara por lustrar sapatos, o duende tentará de qualquer forma recuperar seu saco de ouro (encontrado por Ozzie e Alex) e deixará um rastro de cadáveres pelo caminho, ludibriando a todos com suas traquinagens psicóticas. Cabe a Jennifer e seus “amigos” (ah, muito boa essa!) salvar suas peles e enfrentar a criaturinha diabólica (e sua lambreta) vinda da Terra de São Patrício. Um ponto positivo? A maquiagem aplicada em Warwick (que na verdade tem uma atuação muito boa, mesmo nunca tendo feito nenhum grande papel no cinema – RÁ) feita por Gabriel Bartalos, assistente de maquiagem de filmes como Sexta-Feira 13 – Parte 6 – Jason Vive e Do Além, e membro da equipe de Rick Baker em Gremlins 2 – A Nova Geração e de Darkman – Vingança sem Rosto de Sam Raimi. Um ponto negativo? O conjunto da obra. E pasmem, O Duende ganhou outras CINCO continuações, incluindo uma lançada no ano passado. Ou seja, essa ode ao mau gosto durou mais de VINTE anos. Depois vai me dizer que isso é sorte de irlandês? Sério, você assistir O Duende quando é criança é uma coisa. Depois de adulto, velho, barbado, sem saco, só mesmo tomando um pint de Guinness ou uma dose de Jameson para aguentar, porque olhe, é duro de engolir essa porcaria.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/03/27/634-o-duende-1993/

#633 1993 CRONOS (México)


Direção: Guillermo Del Toro
Roteiro: Guillermo del Toro
Produção: Arhtur Gorson, Bertha Navarro; Francisco Murguía, Bernard L. Nussbaumer; Alejandro Springall (coprodutores); Julio Solórzano, Jorge Sánchez, Rafael Cruz (Produtores Associados)
Elenco: Frederico Luppi, Ron Perlman, Claudio Brook, Margarita Isabel, Tamara Shanath

Dentre os filmes mais inventivos sobre vampiros ou vampirismo, com certeza Cronos tem um lugar de destaque, ainda mais por se tratar do debute cinematográfico de Guillermo Del Toro, o diretor mexicano que mais tarde tornar-se-ia um dos principais nomes do cinema fantástico. Aqui vemos um lampejo do gênio (sim, escrevo sem nenhum constrangimento) que Del Toro se tornaria, com suas contribuições para o gênero e para a cultura nerd, sci-fi e pop em geral. Só não se engane, pois ele possui participação em diversos outros filmes, como produtor ou roteirista, que não são dignos do sujeito, mas que tem seu nome grifado em letras garrafais em seus pôsteres para alardear seus espaço conquistado entre os fãs, com os péssimos Mama ou Não Tenha Medo do Escuro, e isso pode causar algum tipo de impressão errônea. Mas nada que um A Espinha do Diabo, O Labirinto do Fauno, O Orfanato ou mesmo Círculo de Fogo, não resolvam. Bem, Cronos é uma fábula com todo o trejeito de Del Toro. É poético e impactante, dotado de uma beleza ímpar em sua construção, fotografia e direção de arte. A trama, também escrita pelo diretor, é de uma baita inventividade, em que hoje vemos certas semelhanças com o elogiadíssimo Deixa Ela Entrar (que fora escrito por John Ajvide Lindqvist mais de dez anos depois) e até na própria trilogia Noturno, escrita por Del Toro e Chuck Hogan, que virara a série The Strain. Em seu prelúdio, o alquimista Humberto Oganelli (inspirado no famoso alquimista francês Fulcanelli) foge da Espanha para o México no ano de 1536, fugindo da inquisição, onde desenvolve um aparelho chamado “artefato cronos”, capaz de conceder vida eterna àquele que usá-lo. Quatro séculos se passa e em 1937, após um terremoto e consequentemente o desabar de um prédio, o alquimista é encontrado morto entre os escombros, com seu peito perfurado e com a pele acinzentada. Os objetos em sua antiga moradia são leiloados, e a estátua de um arcanjo chega ao antiquário de Jesus Gris (Frederico Luppi), onde em sua base, o artefato estava escondido. Jesus acaba por acidentalmente, sempre observado de perto por sua amada neta, Aurora (Tamara Shanath), usando o aparelho, que se abre no formato de um inseto, agarrando-se a sua mão e sugando parte do seu sangue, enquanto uma estranha criatura parasitária dentro do mecanismo injeta um líquido em sua corrente sanguínea. O processo fará Jesus tornar-se cheio de vitalidade e vigor, porém, com uma estranha sede de sangue. Ou seja, mesmo o termo nunca sendo usado na película, ele vira um vampiro, mas sem o estereótipo da capa e presas. Enquanto o nosso herói fica viciado naquela sensação maravilhosa que o dispositivo lhe proporciona, entram em cena os vilões, formados por De La Guardia (Claudio Brook) um sujeito vítima de uma doença terminal que encontrou o diário de Oganelli e busca pelo artefato para lhe garantir vida eterna, e seu famigerado sobrinho e capanga, Angel (vivido pelo ator fetiche de Del Toro, Ron Perlman). Após descobrirem que Jesus está de posso de cronos, Angel acaba causando sua morte na noite de ano novo, que irá dar início a sua transformação na verdadeira forma vampiresca, com sua pele cinza e ressecada, e, por conseguinte, sua busca por entendimento e vingança. Apesar do enredo com suas nuances de terror e essa ideia onírica do vampirismo, Cronostambém é um drama com detalhes profundamente enraizados na cultura latina e hispânica, principalmente no que tange a relação afetiva entre Jesus e sua neta, que não se importa dele estar se transformando em uma criatura sanguessuga de pele cinzenta, e está pronta para ajuda-lo, aceita-lo e acima de tudo amá-lo, como um bom dramalhão mexicano pede. Interessante também Del Toro virar a moeda no tratamento aos americanos. Enquanto nos filmes ianques, os mexicanos são todos mostrados como estereótipos, aqui o diretor fez questão de que Perlman e Brook interpretassem os vilões da forma mais caricata e maniqueísta possível, lembrando bastante a linguagem das HQs, outra das paixões e inspirações de Del Toro, que como bem sabemos, dirigiu dois personagens oriundos da oitava arte nos cinemas: Blade e Hellboy. Cronos custou dois milhões de dólares e foi até então o mais caro filme mexicano já realizado. Seu orçamento inicial de 1,5 milhão estourou e Del Toro, para terminar sua obra, foi em busca do restante, tirando de seu próprio bolso e pedindo empréstimos, além de ter de efetuar cortes nos salários dos atores, como o caso de Perlman (iniciando-se aí uma longa amizade). A bilheteria foi um fracasso faturando pouco mais de 600 mil dólares. Porém foi bem recebido e vencedor de prêmios em diversos festivais de cinema, como Cannes, Stiges na Espanha e Fantasporto em Portugal, além de um Saturn Awards. A benéfica exposição de Cronos abriu as portas para primeiramente, a Universal querer comprar os direitos para uma refilmagem americana, negado por Del Toro, e em seguida, ser convidado para dirigir Mutação para a Dimension Films/ Miramax, aí sim, seu primeiro sucesso comercial realizado nos EUA. O resto nós sabemos que é a história do cinema fantástico sendo escrita.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/03/26/633-cronos-1993/

#632 1993 CORROSÃO AMEAÇA EM SEU CORPO (Body Melt, Austrália)


Direção: Philip Brophy
Roteiro: Philip Brophy, Rod Bishop
Produção: Rod Bishop, Daniel Scharf; Lars Michalak (Produtor Associado)
Elenco:Gerard Kennedy, Andrew Daddo, Ian Smith, Regina Gaigalas, Vincent Gil, Neil Foley, Anthea Davis, Matthew Newton

Trasheira ozploitation da brava é esse Corrosão – Ameaça em seu Corpo! Aviso aos navegantes, o termo é usado para denominar os filmes exploitation australiano, que caso você não saiba, foi um mercado bem fértil durante os anos 70, 80 e começo dos 90. Um filme que se chama Corrosão – Ameaça em seu Corpo (do original Body Melt, cuja tradução livre seria Corpo Derretido) só pode se esperar uma bagaceira repleta de splatter, com altas doses de humor negro e crítica social enrustida numa história bem tresloucada e nonsense, como manda o figurino dos filmes da Oceania. É a escola de Peter Jackson (que é neozelandês, ali do lado) e seus Trash – Náusea Total Fome Animal. Corrosão aposta na nojeira em peso e na maior quantidade de personagens australianos caricatos possíveis. Todo um bairro em Melbourne é contaminado por uma substância utilizada em uma amostra grátis de um suplemento vitamínico de uma inescrupulosa indústria química ligada a uma rede de spas e academias. Usados como cobaias, o resultado é que violentas mutações passem a ocorrer em seus lindos corpinhos. São dois coelhos acertados com uma cajadada só na crítica social do diretor Phillip Brody, que também escreve o roteiro do longa baseado em uma série de contos de sua autoria: Aqueles moradores do subúrbio que levam uma vida enfadonha e o culto ao corpo, àqueles que não se preocupam em tomar qualquer tipo de substância para ter uma vida saudável ou ficar saradão. Imagine mais ou menos como se colocassem um poderoso reagente químico no whey protein e dado pros marombados, e o corpo deles começasse a derreter. Trágica ironia, né? Mas claro que essa “mensagem” está travestida em uma boa dose de humor camp e no trash em muita profusão. Membros sendo corroídos, explosões estomacais, rostos derretendo, olhos pulando para fora da órbita, deformações corporais, distúrbios glandulares, criaturas parasitas sendo desenvolvidas no interior dos organismos e uma placenta mutante estão entre os absurdos gráficos, nojentos e gore que irão deliciar todo e qualquer fã desse tipo de pérola (o qual eu me incluo!). Aliás, por mais que seja um ozploitation de baixo orçamento (o que é um pleonasmo), os efeitos de maquiagem estão bem decentes e são o ponto alto do longa, com suas melecas, sangue, mutações e pus, feitos por Bob McCarron, que é tipo uma espécie de Tom Savini ou Stan Winston do outback. Olhe só, o sujeito foi o designer do javali de Razorback – As Garras do Terror, outro clássico do trash da terra dos cangurus, e também foi responsável pelos efeitos especiais, maquiagem e próteses de Mad Max 2: A Caçada Continua, Mad Max – Além da Cúpula do Trovão, Grito de Horror 3, do próprio Fome Animal de Jackson e até de Matrix! E assim, Corrosão – Ameaça em seu Corpo não é um filme de culto, para ser levado a sério. Isso fica claro desde o início, e obviamente, é o grande trunfo. É para se divertir na elocubrada visão artística cinematográfica de Brophy, que tem também em seu currículo umbackground com música eletrônica (que pode se perceber pela trilha sonora do longa, filmado lá no início do boom do movimento rave dos 90’s) e arte de vanguarda. E separar o saquinho de vômito para aqueles de estômago sensível.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/03/25/632-corrosao-ameaca-em-seu-corpo-1993/

#631 1992 SONÂMBULOS (Sleepwalkers, EUA)


Direção: Mick Garris
Roteiro: Stephen King
Produção: Michael Grais, Mark Victor, Nabeel Zahid; Richard Stenta (Coprodutor); Dimitri Logothetis, Joseph Medawar (Produtores Executivos)
Elenco: Brian Krause, Mädchen Amick, Alice Krige, Jim Haynie, Cindy Pickett, Ron Perlman, Dan Martin, Lyman Ward

Gosto sempre de pontuar aqui quando há filmes decentes envolvendo o mestre do terror, Stephen King, porque olhe, o contrário é muito mais abundante. Sonâmbulos é um desses casos que considero um filme bastante aceitável. Baseado em um de seus contos não publicados e dirigido por Mick Garris, que aqui iniciaria uma longa parceria com King, mas na verdade é um filme honesto, com uma história interessante e que já pega em sua introdução e com as gravuras, fotos e ilustrações do “povo felino” durante os créditos iniciais. Os sonâmbulos são uma espécie de metamorfos híbridos entre humanos e felinos com poderes sobrenaturais, que se alimentam da energia vital de jovens virgens, e que possivelmente, podem ter sido a origem da lenda dos vampiros (pega essa!). Talvez os últimos de sua espécie sejam Charles (Brian Krause) e sua mãe, Mary Brady (Alice Kriege), com seu relacionamento incestuoso e danças agarradinhos ao som de “Sleepwalk” de Santo & Johnny, que mudam-se para uma cidade em Indiana em busca de uma nova vítima para se alimentar. Entra em cena a GRACINHA Tanya Robertson (Mädchen Amick, que já era gracinha como a garçonete Shelly Johnson de Twin Peaks), toda linda, sorriso encantador, impossível de não se apaixonar na cena em que está dançando “Do You Love Me” da banda The Contours, de vassoura e walkman limpando o hall do cinema em que trabalha. Ela será a próxima vítima de Charles, que usará todo seu charme para conquistar a ninfeta só para poder chupá-la. A essência vital, eu digo! O mais legal de Sonâmbulos são alguns momentos com pitadas de gore, como por exemplo, quando Charles arranca a mão do professor que queria chantageá-lo em troca de favores sexuais, ou mesmo quando parte para cima de Tanya no antigo cemitério e tem um saca-rolha enfiado no olho pela garota, e depois é atacado por um gato. Aliás, por algum motivo não explicado, os bichanos são os inimigos naturais das criaturas, que os temem, e podem lhe infligir danos mortais. Os efeitos especiais, pela época, e pelo modesto orçamento de 15 milhões de dólares, até que dão para o gasto, como a cena em que, por meio de seus poderes psíquicos, eles são capazes de tornar-se invisíveis e até mudar cor e marca de seus carros, de um Trans Am azul para um Mustang vermelho. Rola até um lance meio videoclipe do “Black or White” de Michael Jackson, que causou um furor naqueles tempos (lembra da estreia mundial no Fantástico?), quando Charles vai mudando a forma do seu rosto de humano para sonâmbulo ao avistar um gato no carro de um policial. A direção de Garris é acomodada, sem nenhum arroubo de criatividade (como em todos os seus longas, é verdade) e a história é straight forward, sem firulas, desenvolvimento profundo de personagens e motivações, e todas as interpretações são cheias de estereótipos, mas é o que manda a trama, tirando a Mary Brady de Krige que rouba a cena, principalmente quando deixa de implorar para o filho trazer comida e resolve colocar a mão na massa com toda sua malvadeza. E tem o costumeiro toque Stephen King, com pessoas ordinárias numa cidadezinha americana tendo que lidar com eventos sobrenaturais. Além disso, tem uma cacetada de participações mais que especiais no longa. Stephen King, Mark Hammil, Joe Dante, Clive Barker, John Landis e Tobe Hooper. Você conseguiu pegar todas? E outro detalhe bacana é que os pais de Tanya, o Sr. e Sra. Robertson (Lyman Ward e Cindy Pickett, respectivamente) são exatamente os mesmos pais de Ferris Buller em Curtindo a Vida Adoidado. Lembra? Sonâmbulos é um filme OK, redondo dentro de sua proposta, que diverte e entretém sem muitas grandes pretensões. Mas se salva em um mar de porcarias que tem o nome de Stephen King nos créditos.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/03/24/631-sonambulos-1992/