domingo, 26 de junho de 2016

#862 2009 GAROTA INFERNAL (Jennifer’s Body, EUA)


Direção: Karyn Kusama
Roteiro: Diablo Cody
Produção: Daniel Dubieck, Mason Novick, Jason Reitman; Brad Van Arragon (Coprodutor); Diablo Cody (Produtora Executiva)
Elenco: Megan Fox, Amanda Seyfried, Johnny Simmons, Adam Brody, Chris Pratt, J. K. Simmons

Olha eu não sei quanto a você, e pode me julgar a vontade, mas eu ADORO Garota Infernal e acho um filme sensacional. Pronto, falei aqui! Essa comédia de horror deliciosamente escrita pela ex-stripper e ganhadora do Oscar pela sensação indie, Juno, Diablo Cody, dirigida pela ótima Karyn Kusama e produzida por Jason Reitman, é divertida até dizer chega por brincar exatamente com todos os clichês do terror adolescente (e do cinema adolescente como um todo), repleto de humor negro, sarcasmo, sacadas incríveis e uma metralhadora de referencias de cultura pop, de música (o próprio nome original é inspirado na música homônima da banda Hole, de Courtney Love), de cinema e com a Megan Fox absolutamente lindíssima e estonteante no papel principal. E baita trilha sonora!Sério, toda a narrativa dele, a linguagem empregada e as situações de paródia caricatas fazem o ato de assistir ao filme um deleite. Eu mesmo, já o vi algumas muitas vezes e sempre me divirto e dou risada com os diálogos afiados, situações ridículas, e a forma como ele fala diretamente com seu público e tira um baita sarro de sua cara ao mesmo tempo. E olhe que tem até lá sua boa dose de sangue e violência na versão uncut, aquela que vale a pena assistir. Cody pega todo o american way of life dos subúrbios do interior (aqui perfeitamente chamado de Devil’s Kettle), campo fértil para o estudo de caso adolescente e do seu meio-ambiente do high school, e também do mais banal que existe na fórmula do cinema de terror de drive-in e monta sua crítica rasgada (assim como já fizera em Juno, mas aqui de forma menos dramática e reflexiva e mais escrachada), explorando o velho lance da garota popular do colégio, no caso, transformada em um súcubo do inferno que precisa se alimentar de carne humana para manter-se linda e gostosa! Jennifer (Fox, papel originalmente oferecido para Blake Lively, recusado por conta de sua agenda com a série Gossip Girl) e sua melhor amiga de infância, a nerd Needy (Amanda Seyfried) vão até um bar ver o show da fictícia banda Low Shoulder, cujo vocalista, Nikolai, é interpretado por Adam Brody, do seriado O.C. Acontece que os membros da banda precisam de uma virgem para sacrificar em um ritual para conseguir sucesso na carreira doshow business, já que é muito difícil uma banda de rock independente fazer sucesso já que todas elas são quentes e tem caras gatos – segundo eles mesmos – e querendo ser o próximo Maroon 5, eles oferecem Jennifer ao capiroto – enquanto cantam Jenny (867-5309) de Tommy Tutone – sem saber que a moça não era mais virgem. Isso faz com que ela retorne literalmente como uma demoníaca criatura maneater, o que colocará à prova a amizade dela com Needy, que ao descobrir o que aconteceu, tentará se colocar contra o desejo carnívoro da amiga morena das trevas, que obviamente vai abatendo os estudantes do colégio de Devil’s Kettle como moscas. Você recusaria um convite para sair com a Megan Fox? Eu truco!  A quantidade de momentos hilários e referências pop do filme não cabem nessa resenha, mas eles estão lá aos borbotões e é uma das cerejas do bolo de Garota Infernal. Minha preferida é quando o emo do colégio convida Jenny para sair e assistir The Rocky Horror Picture Show, que seria exibido em uma sessão especial no cinema local, e a moçoila diz que “não gosta de filmes de boxe!”. Falando em emo, claro que Cody e Kusama brincam ao máximo com todos esses estereótipos adolescentes, passando pelo capitão do time de futebol americano ao astro de rock bonitão, mas ao mesmo tempo ela também os subverte nas figuras de Jennifer e Needy. Primeiro Jennifer pode ser a chearleader popular, burra e gostosa, mas ao se transformar na tal garota infernal, ela reverte o papel de vítima para se tornar uma caçadora e colocar em pauta o empoderamento feminino, que em 2009 não fazia nem sombra a força do movimento de hoje em dia, inclusive não captado pelos executivos do estúdio – todos homens, diga-se de passagem – em nenhum momento da campanha de marketing. Hey, isso é um filme para garotas, e não para marmanjos querendo bater uma para uma sexy Megan Fox! Já com Needy – e há uma brincadeira incrível com esse trocadilho, que significa “carente” – sai de cena a nerd frustrada e perdedora, que sim, é melhor amiga da garota TOPE do colégio, tem um namorado, transa, possui personalidade forte e é quem vai salvar o dia, e conseguir sua vingança no final. Score! Fato é que sinceramente, se você não assistir Garota Infernal exatamente com esses olhos – como um subproduto da cultura pop que brinca com isso a todo momento – que descaradamente exala pelos poros a mensagem de Cody e Kusama, claro que você poderá achar uma droga, ainda mais se quiser ser tiozão e se deixar levar pelo conservadorismo e certo discurso careta e saudosista do cinema de terror. Mas caso contrário, e se de alguma forma você estiver inserido nessa linguagem ou subtexto proposto, e sacar todas as suas referências e mensagens implícitas – e mesmos as escrachadamente explícitas – eu aposto um picolé de limão que você se diverte e acha tão sensacional como eu.
FONTE: https://101horrormovies.com/2016/06/24/862-garota-infernal-2009/

Nenhum comentário:

Postar um comentário