Direção: Karyn Kusama
Roteiro: Diablo Cody
Produção: Daniel Dubieck, Mason Novick, Jason Reitman;
Brad Van Arragon (Coprodutor); Diablo Cody (Produtora Executiva)
Elenco: Megan Fox, Amanda Seyfried, Johnny
Simmons, Adam Brody, Chris Pratt, J. K. Simmons
Olha eu não sei quanto a você, e pode
me julgar a vontade, mas eu ADORO Garota
Infernal e acho um filme sensacional. Pronto, falei aqui! Essa
comédia de horror deliciosamente escrita pela ex-stripper e ganhadora do Oscar
pela sensação indie, Juno, Diablo Cody, dirigida pela ótima
Karyn Kusama e produzida por Jason Reitman, é divertida até dizer chega por
brincar exatamente com todos os clichês do terror adolescente (e do cinema
adolescente como um todo), repleto de humor negro, sarcasmo, sacadas incríveis
e uma metralhadora de referencias de cultura pop, de música (o próprio nome
original é inspirado na música homônima da banda Hole, de Courtney Love), de
cinema e com a Megan Fox absolutamente lindíssima e estonteante no papel
principal. E baita trilha sonora!Sério, toda a narrativa dele, a linguagem
empregada e as situações de paródia caricatas fazem o ato de assistir ao filme
um deleite. Eu mesmo, já o vi algumas muitas vezes e sempre me divirto e dou
risada com os diálogos afiados, situações ridículas, e a forma como ele fala
diretamente com seu público e tira um baita sarro de sua cara ao mesmo tempo. E
olhe que tem até lá sua boa dose de sangue e violência na versão uncut, aquela que vale a pena
assistir. Cody pega todo o american
way of life dos subúrbios do interior (aqui perfeitamente chamado
de Devil’s Kettle), campo fértil para o estudo de caso adolescente e do seu
meio-ambiente do high school,
e também do mais banal que existe na fórmula do cinema de terror de drive-in e monta sua crítica
rasgada (assim como já fizera em Juno,
mas aqui de forma menos dramática e reflexiva e mais escrachada), explorando o
velho lance da garota popular do colégio, no caso, transformada em um súcubo do
inferno que precisa se alimentar de carne humana para manter-se linda e
gostosa! Jennifer (Fox, papel originalmente oferecido para Blake Lively,
recusado por conta de sua agenda com a série Gossip Girl) e sua melhor amiga de infância, a nerd Needy (Amanda Seyfried) vão
até um bar ver o show da fictícia banda Low Shoulder, cujo vocalista, Nikolai,
é interpretado por Adam Brody, do seriado O.C. Acontece que os membros da banda precisam de uma virgem para
sacrificar em um ritual para conseguir sucesso na carreira doshow business, já que é muito difícil
uma banda de rock independente fazer sucesso já que todas elas são quentes e
tem caras gatos – segundo eles mesmos – e querendo ser o próximo Maroon 5, eles
oferecem Jennifer ao capiroto – enquanto cantam Jenny (867-5309) de Tommy
Tutone – sem saber que a moça não era mais virgem. Isso faz com que ela retorne
literalmente como uma demoníaca criatura maneater, o que colocará à prova a amizade dela com Needy, que
ao descobrir o que aconteceu, tentará se colocar contra o desejo carnívoro da
amiga morena das trevas, que obviamente vai abatendo os estudantes do colégio
de Devil’s Kettle como moscas. Você recusaria um convite para sair com a Megan
Fox? Eu truco! A quantidade de momentos
hilários e referências pop do filme não cabem nessa resenha, mas eles estão lá
aos borbotões e é uma das cerejas do bolo de Garota Infernal. Minha preferida é quando o emo do colégio convida
Jenny para sair e assistir The
Rocky Horror Picture Show, que seria exibido em uma sessão especial no
cinema local, e a moçoila diz que “não gosta de filmes de boxe!”. Falando em
emo, claro que Cody e Kusama brincam ao máximo com todos esses estereótipos
adolescentes, passando pelo capitão do time de futebol americano ao astro de
rock bonitão, mas ao mesmo tempo ela também os subverte nas figuras de Jennifer
e Needy. Primeiro Jennifer pode ser a chearleader popular, burra e gostosa, mas ao se transformar
na tal garota infernal, ela reverte o papel de vítima para se tornar uma
caçadora e colocar em pauta o empoderamento feminino, que em 2009 não fazia nem
sombra a força do movimento de hoje em dia, inclusive não captado pelos
executivos do estúdio – todos homens, diga-se de passagem – em nenhum momento
da campanha de marketing. Hey, isso é um filme para garotas, e não para
marmanjos querendo bater uma para uma sexy Megan Fox! Já com Needy – e há uma brincadeira
incrível com esse trocadilho, que significa “carente” – sai de cena a nerd
frustrada e perdedora, que sim, é melhor amiga da garota TOPE do colégio, tem
um namorado, transa, possui personalidade forte e é quem vai salvar o dia, e
conseguir sua vingança no final. Score!
Fato é que sinceramente, se você não assistir Garota Infernal exatamente com
esses olhos – como um subproduto da cultura pop que brinca com isso a todo
momento – que descaradamente exala pelos poros a mensagem de Cody e Kusama, claro
que você poderá achar uma droga, ainda mais se quiser ser tiozão e se deixar
levar pelo conservadorismo e certo discurso careta e saudosista do cinema de
terror. Mas caso contrário, e se de alguma forma você estiver inserido nessa
linguagem ou subtexto proposto, e sacar todas as suas referências e mensagens
implícitas – e mesmos as escrachadamente explícitas – eu aposto um picolé de
limão que você se diverte e acha tão sensacional como eu.
FONTE:
https://101horrormovies.com/2016/06/24/862-garota-infernal-2009/
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