Direção: David Fincher
Roteiro: David
Giler, Walter Hill, Larry Ferguson
Produção: Gordon
Carroll, David Giler, Walter Hill; Sigourney Weaver (Coprodutora); Ezra
Swerdlow (Produtor Executivo)
Elenco: Sigourney
Weaver, Charles S. Dutton, Charles Dance, Paul McGan, Brian Glover, Ralph Brown
Você deve ter visto nas últimas semanas a
notícia de que o sul-africano Neill Blomkamp (diretor do sensacional Distrito
9, do até decente Elysium e do aguardado Chappie) está envolvido
na direção do próximo filme da franquia Alien, depois de ter postado umas fotos
fodásticas de artes conceituais no seu Instagram no final do ano passado. E
possivelmente esse novo filme será uma sequência direta de Aliens – O Resgate, com a volta da Sigourney Weaver e tudo mais
(aí Ridley Scott, enfia seu Prometeus onde o sol não bate, valeu?)
ignorando os últimos dois filmes da série. SOU FÃ PRA CACETE DO ALIEN 3! Sério, para mim
rivaliza quase de igual com Alien, O Oitavo Passageiro. Beleza, ignorar o
lixo que é Alien – A Ressurreição merece respeito, agora Alien 3, é
um sacrilégio. Ele retoma o clima original do longa de 1979, mais terror e
suspense com um monstro só e esquece a megalomaníaca guerra de Cameron,
transportando Ripley e o xenomórfo para um ambiente sujo, grosseiro, sombrio,
pesado e de quebra também é o mais gráfico e gorede todos. Fora todo o
perrengue de Ripley estar no planeta prisão de segurança máxima Fiorina Fury
161, que funciona como uma mineradora para a inescrupulosa corporação
Weyland-Yutani, rodeada pela escória do universo, apenas cromossomo Y duplo,
assassinos, estupradores, molestadores infantis, e sem nenhuma arma para
enfrentar a impiedosa criatura. Mas realmente temos que elencar uma série de
problemas que afetaram demais Alien 3, principalmente do diretor novato
David Fincher, que hoje é um dos mais fodásticos de Hollywood (Seven – Os Sete
Crimes Capitais, Clube da Luta, Zodíaco, Garota Exemplar, a
novelona O Curioso Caso de Benjamin Button, O Homem Que Não Amava as
Mulheres, A Rede Social, tá bom para você?) com a Fox, produtores e
roteiristas, que resultou no abandono do projeto durante a edição (que levou UM
ANO) e até do diretor “deserda-lo”. Mas ele guardou consigo uma versão sem
cortes que resultou na versão estendida, lançada recentemente em DVD e Blu-ray
com mais de meia hora de metragem, e que dá outro brilho ao filme,
principalmente na cena em que trata da habilidade xenomórfica da criatura
explica o porquê dela ser quadrúpede, ao ser gestada em um boi, em uma cena de
nascimento completamente gráfica e nojenta, e quando Clemens (Charles Dance)
encontra Ripley fora do criotubo de sua cápsula de sobrevivência, na praia,
afogada e quase sem vida, ao cair no planetinha miserável, ajudando a
esclarecer outra confusão sobre – ALERTA
DE SPOILER – sua suposta infecção pelo facehugger. Na real, esse
filme ser concebido foi o famoso parto da montanha. Para você ter ideia, DOZE
pessoas reivindicam o roteiro durante o árduo processo de produção. Nos
créditos estão David Giler e Walter Hill, escritores exigidos contratualmente
para Sigourney Weaver participar do projeto, o que gerou altas tretas, além de
Larry Ferguson e história de Vincent Ward. Que em certo momento foi um dos
diretores contratados, além de Renny Harlim, ambos abandonando o barco por
diferenças criativas, até a cadeira ser ocupada por Fincher. Entre as dezenas
de versões do roteiro: alienígenas seriam usados como armas químicas pela
Weyland-Yutani, a trama se passaria na Terra (que chegou a gerar pôsteres, tagline e
campanhas de marketing); seria abordada a origem das criaturas (que era a ideia
incipiente quando o nome de Scott estava envolvido na direção, que sabemos,
virou o mote de Prometeus anos depois); Newt adulta voltando junto com
Hicks ao planeta do longa anterior (utilizada no jogo de videogame Colonial
Marines de 2013) e até, pasmem, um planeta monastério feito de madeira com
monges vivendo como na idade média, refutando qualquer tipo de modernidade
tecnológica e Ripley caindo lá com a criatura, e com direito até a um
EXORCISMO! As filmagens tiveram de pararam por três meses para o roteiro ser
reescrito. Muita coisa jogada fora, muita coisa aproveitada, outras ideias
recauchutadas, grana indo para o ralo e um resultado onde ninguém ficou
contente. Alien 3 entrou em pré-produção diversas vezes, com maquetes e
cenários sendo construídos e depois descartados e equipes inteiras demitidas
devido as mudanças de roteiros e o orçamento estourou, muito na conta das
refilmagens em seu final, para se aproximar do arrasa-quarteirão O
Exterminador do Futuro 2 – O Julgamento Final. A bagatela ficou em nada menos
que aproximadamente 65 milhões de dólares. Reações negativas nas exibições
testes (assim como Aliens, O Resgate) fizeram com que fosse severamente cortado
para fugir do nefasto NC-17. ALERTA DE
SPOILER. Temos também o final com o Alien rompendo o peito de Ripley
durante seu suicídio, para que a companhia não colocasse as mãos nele, que
também foi refeito, e devidamente refutado na versão de Fincher onde ela apenas
se joga na caldeira quente, com os braços abertos formando uma simbólica cruz. Mas Alien
3 mesmo com todos os problemas tem momentos emblemáticos, como a clássica
cena do alienígena se encontrando com Ripley na enfermaria e ficando próximo de
seu rosto, e deixando-a viva para depois descobrirmos o porquê. Foi também o
primeiro a utilizar um mix de miniaturas, animatrônicos e efeitos especiais em
CGI. E ali vemos um embrião do diretor que Fincher se tornaria futuramente,
trabalhando com ângulos inusitados (como o POV do Alien pendurado no teto
durante a perseguição), a ambiência suja e opressora, a câmera próxima dos
atores e o abuso de slow motion. E também vale destacar a fotografia
escura e alaranjada de Alex Thomson que dá vida a atmosfera lúgubre dos
arredores de Fury 161. Niilista, um cancro na alvorada tecnológica industrial
espacial da série, sangrento, bruto e com uma Ripley resignada após viver anos
e anos combatendo a criatura, o que se transformou sua vida, vítima do terrível
destino desde que a Nostromo pousou em um planeta insólito e Kane foi abraçado
pelo facehugger. Tanto que o final é o único desfecho que poderíamos
esperar dela e da série, ainda mais com todo aquele tom messiânico de
sacrificar-se para proteger a humanidade. Mas não, a Fox conseguiu depois
ferrar com tudo com aquele ridículo quarto filme, e agora, ao que tudo indica,
o injustiçado Alien 3 entrará em um limbo fílmico na sua própria
mitologia com essa nova franquia. Talvez para Blomkamp e os produtores.
Para mim, e os demais fãs, NUNCA!
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/03/06/622-alien-3-1992/
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