sexta-feira, 10 de junho de 2016

#622 1992 ALIEN 3 (Alien³, EUA)


Direção: David Fincher
Roteiro: David Giler, Walter Hill, Larry Ferguson
Produção: Gordon Carroll, David Giler, Walter Hill; Sigourney Weaver (Coprodutora); Ezra Swerdlow (Produtor Executivo)
Elenco: Sigourney Weaver, Charles S. Dutton, Charles Dance, Paul McGan, Brian Glover, Ralph Brown

Você deve ter visto nas últimas semanas a notícia de que o sul-africano Neill Blomkamp (diretor do sensacional Distrito 9, do até decente Elysium e do aguardado Chappie) está envolvido na direção do próximo filme da franquia Alien, depois de ter postado umas fotos fodásticas de artes conceituais no seu Instagram no final do ano passado. E possivelmente esse novo filme será uma sequência direta de Aliens – O Resgate, com a volta da Sigourney Weaver e tudo mais (aí Ridley Scott, enfia seu Prometeus onde o sol não bate, valeu?) ignorando os últimos dois filmes da série. SOU FÃ PRA CACETE DO ALIEN 3! Sério, para mim rivaliza quase de igual com Alien, O Oitavo Passageiro. Beleza, ignorar o lixo que é Alien – A Ressurreição merece respeito, agora Alien 3, é um sacrilégio. Ele retoma o clima original do longa de 1979, mais terror e suspense com um monstro só e esquece a megalomaníaca guerra de Cameron, transportando Ripley e o xenomórfo para um ambiente sujo, grosseiro, sombrio, pesado e de quebra também é o mais gráfico e gorede todos. Fora todo o perrengue de Ripley estar no planeta prisão de segurança máxima Fiorina Fury 161, que funciona como uma mineradora para a inescrupulosa corporação Weyland-Yutani, rodeada pela escória do universo, apenas cromossomo Y duplo, assassinos, estupradores, molestadores infantis, e sem nenhuma arma para enfrentar a impiedosa criatura. Mas realmente temos que elencar uma série de problemas que afetaram demais Alien 3, principalmente do diretor novato David Fincher, que hoje é um dos mais fodásticos de Hollywood (Seven – Os Sete Crimes Capitais, Clube da Luta, Zodíaco, Garota Exemplar, a novelona O Curioso Caso de Benjamin Button, O Homem Que Não Amava as Mulheres, A Rede Social, tá bom para você?) com a Fox, produtores e roteiristas, que resultou no abandono do projeto durante a edição (que levou UM ANO) e até do diretor “deserda-lo”. Mas ele guardou consigo uma versão sem cortes que resultou na versão estendida, lançada recentemente em DVD e Blu-ray com mais de meia hora de metragem, e que dá outro brilho ao filme, principalmente na cena em que trata da habilidade xenomórfica da criatura explica o porquê dela ser quadrúpede, ao ser gestada em um boi, em uma cena de nascimento completamente gráfica e nojenta, e quando Clemens (Charles Dance) encontra Ripley fora do criotubo de sua cápsula de sobrevivência, na praia, afogada e quase sem vida, ao cair no planetinha miserável, ajudando a esclarecer outra confusão sobre – ALERTA DE SPOILER – sua suposta infecção pelo facehugger. Na real, esse filme ser concebido foi o famoso parto da montanha. Para você ter ideia, DOZE pessoas reivindicam o roteiro durante o árduo processo de produção. Nos créditos estão David Giler e Walter Hill, escritores exigidos contratualmente para Sigourney Weaver participar do projeto, o que gerou altas tretas, além de Larry Ferguson e história de Vincent Ward. Que em certo momento foi um dos diretores contratados, além de Renny Harlim, ambos abandonando o barco por diferenças criativas, até a cadeira ser ocupada por Fincher. Entre as dezenas de versões do roteiro: alienígenas seriam usados como armas químicas pela Weyland-Yutani, a trama se passaria na Terra (que chegou a gerar pôsteres, tagline e campanhas de marketing); seria abordada a origem das criaturas (que era a ideia incipiente quando o nome de Scott estava envolvido na direção, que sabemos, virou o mote de Prometeus anos depois); Newt adulta voltando junto com Hicks ao planeta do longa anterior (utilizada no jogo de videogame Colonial Marines de 2013) e até, pasmem, um planeta monastério feito de madeira com monges vivendo como na idade média, refutando qualquer tipo de modernidade tecnológica e Ripley caindo lá com a criatura, e com direito até a um EXORCISMO! As filmagens tiveram de pararam por três meses para o roteiro ser reescrito. Muita coisa jogada fora, muita coisa aproveitada, outras ideias recauchutadas, grana indo para o ralo e um resultado onde ninguém ficou contente. Alien 3 entrou em pré-produção diversas vezes, com maquetes e cenários sendo construídos e depois descartados e equipes inteiras demitidas devido as mudanças de roteiros e o orçamento estourou, muito na conta das refilmagens em seu final, para se aproximar do arrasa-quarteirão O Exterminador do Futuro 2 – O Julgamento Final. A bagatela ficou em nada menos que aproximadamente 65 milhões de dólares. Reações negativas nas exibições testes (assim como Aliens, O Resgate) fizeram com que fosse severamente cortado para fugir do nefasto NC-17. ALERTA DE SPOILER. Temos também o final com o Alien rompendo o peito de Ripley durante seu suicídio, para que a companhia não colocasse as mãos nele, que também foi refeito, e devidamente refutado na versão de Fincher onde ela apenas se joga na caldeira quente, com os braços abertos formando uma simbólica cruz. Mas Alien 3 mesmo com todos os problemas tem momentos emblemáticos, como a clássica cena do alienígena se encontrando com Ripley na enfermaria e ficando próximo de seu rosto, e deixando-a viva para depois descobrirmos o porquê. Foi também o primeiro a utilizar um mix de miniaturas, animatrônicos e efeitos especiais em CGI. E ali vemos um embrião do diretor que Fincher se tornaria futuramente, trabalhando com ângulos inusitados (como o POV do Alien pendurado no teto durante a perseguição), a ambiência suja e opressora, a câmera próxima dos atores e o abuso de slow motion. E também vale destacar a fotografia escura e alaranjada de Alex Thomson que dá vida a atmosfera lúgubre dos arredores de Fury 161. Niilista, um cancro na alvorada tecnológica industrial espacial da série, sangrento, bruto e com uma Ripley resignada após viver anos e anos combatendo a criatura, o que se transformou sua vida, vítima do terrível destino desde que a Nostromo pousou em um planeta insólito e Kane foi abraçado pelo facehugger. Tanto que o final é o único desfecho que poderíamos esperar dela e da série, ainda mais com todo aquele tom messiânico de sacrificar-se para proteger a humanidade. Mas não, a Fox conseguiu depois ferrar com tudo com aquele ridículo quarto filme, e agora, ao que tudo indica, o injustiçado Alien 3 entrará em um limbo fílmico na sua própria mitologia com essa nova franquia. Talvez para Blomkamp e os produtores. Para mim, e os demais fãs, NUNCA!
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/03/06/622-alien-3-1992/

Nenhum comentário:

Postar um comentário