sexta-feira, 3 de junho de 2016

#612 1990 TROLL 2 (Itália, EUA)


Direção: Claudio Fragasso
Roteiro: Rossella Drudi, Claudio Fragasso
Produção: Joe D’Amato, Brenda Norris
Elenco: Michael Stephenson, George Hardy, Margo Prey, Connie Young, Robert Ormsby, Deborah Reed

Atrevo-me a dizer que Troll 2 figura entre as maiores picaretagens do cinema italiano. Não é A MAIOR picaretagem porque para o bem ou para o mal, existe Tubarão Cruel. Com certeza está na lista dos piores filmes de todos os tempos. Mas também, você quer esperar o quê de uma infâmia dirigida pelo infame Claudio Fragasso e produzido pelo igualmente infame Joe D’Amato, respectivamente usando os pseudônimos de Drake Floyd e David Hills? Para começar sabe qual a ligação de Troll 2 com Troll – O Mundo do Espanto, dirigido por John Carl Buechler? Niente! Os produtores espertalhões, ao melhor estilo italiano, resolveram capitalizar em cima do já pífio sucesso do filme produzido por Charles Band e sua Empire Pictures, colocando esse numeral dois aí no título. Em troca de quê, não me pergunte, ainda mais que não tem um MALDITO de um troll no filme inteiro, e sim goblins, ou duendes se preferir. Todo o elenco fora até a audição na esperança de serem contratados como extras, mas sabe o lance de “não tem tu, vai tu mesmo”? Acabaram ganhando os papeis principais. Nível de exigência igual a ZERO! E assim, não tem o que falar da atuação de absolutamente TODOS os envolvidos, do insuportável herói-mirim Joshua (Michael Stephenson) à bruxa-druida-vegetariana whatever Creedence Leonore Gielgud (SIM, ESSE É O NOME DA PERSONAGEM de Deborah Reed – responsável por uma das atuações mais exageradas, afetadas e dignas de pena da história do cinema). É vexatório de qualidade inquestionavelmente baixa. Teve nego que era DENTISTA e ganhou um dos papeis principais, no caso, George Hardy, que faz o chefe da família, Michael Waits (e imortalizou a frase ícone do longa: “piss on hospitality”). O roteiro foi escrito por Fragasso e sua esposa, Rosselle Drudi, porém ambos só falavam (e escreviam) em italiano (assim como praticamente toda a equipe, exceto a figurinista, que traduzia as ordens do “diretor” para os atores) – e detalhe que a moça teve a ideia do filme quando alguns de seus amigos tornaram-se vegetarianos ao mesmo tempo – então o texto estava no melhor inglês macarrônico possível. Em uma reunião, os atores sugeriram adaptar suas falas e as dizerem Ad libitum, mas foram proibidos por Fragasso e tiveram de lê-las (e “interpretá-las”) da forma que estavam escritas! O tal roteiro consiste na história dos Waits, que vão passar um tempo na cidade de Nilbog (goblin ao contrário. Hã? Hã?) e descobrem da pior forma possível que o local é infestado de duendes, goblins, trolls, o diabo que o valha, que transformam os seres humanos em comida vegetariana para poderem se alimentar, liderados pela bruxa-druida. A galera vira um líquido gosmento verde, tipo clorofila, que depois é usado na preparação de todo tipo de receita: bolo, suco, cural… Há uma clássica cena em que Joshua precisa impedir que seus pais e irmã comam aquela gororoba verde, alertado pelo espírito de seu avô que aparece toda hora para dar dicas e ajudá-lo (tipo Jor-El do Russel Crowe no novo O Homem de Aço, saca?), e para tal, ele resolve subir na mesa e urinar na refeição. É de uma classe ímpar! O visual dos duendes é da pior estirpe possível. São anões (sempre eles, coitados) vestindo sacos de batata usando máscaras de papel machê (uns são realmente feios de doer!), parecendo daquelas fantasias toscas que você compra na Ladeira Porto Geral e portando terríveis lanças de brinquedo. A bruxa é o estereótipo da bruxa feia, usa aparelho, toda caricata e nem os infantis da TV Cultura conseguiram fazer uma caracterização tão medíocre. Suas caras e bocas enervam num nível astronômico. O que eu não sei de verdade é se Fragasso e esposa quiseram passar algum tipo de mensagem vegana, uma coisa meio naturalista riponga, dizendo que comer carne é o mal da humanidade, ou se foi exatamente ao contrário e ela quis sacanear os vegetarianos (em especial seus amigos), uma vez que a única coisa capaz de enfraquecer e deter os duendes e a bruxa má é o PODER DA MORTADELA! Juro por tudo quanto é mais sagrado! Se você comer carne, no caso, um lanche de pão com mortadela, você irá derrotá-los. MOR-TA-DE-LA! Troll 2 é o mais fundo do poço que o cinema de fantasia conseguiu chegar. É o retrato de uma cultura cinematográfica de baixa qualidade, do improviso, do “tá ruim, mas tá bom”, da picaretagem, do acúmulo de funções exercidas por incompetentes, da falta de respeito com o espectador. Esse é o veredicto dado pelos fãs do bom cinema. Agora, para aquele doente mental que gosta da porcaria em seu estado bruto, fã da trasheira italiana e costuma chamar os amigos para comer mortadela e tomar cerveja em uma tarde de sábado (ou gravar um videocast em uma noite de domingo), rindo até o pâncreas doer, o veredicto é: um clássico sem precedentes!
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/02/12/612-troll2/

Nenhum comentário:

Postar um comentário