Direção: Claudio Fragasso
Roteiro: Rossella Drudi, Claudio Fragasso
Produção: Joe D’Amato, Brenda Norris
Elenco: Michael Stephenson, George Hardy,
Margo Prey, Connie Young, Robert Ormsby, Deborah Reed
Atrevo-me a dizer que Troll 2 figura entre as maiores
picaretagens do cinema italiano. Não é A MAIOR picaretagem porque para o bem ou
para o mal, existe Tubarão Cruel. Com certeza está na lista dos piores
filmes de todos os tempos. Mas também, você quer esperar o quê de uma infâmia
dirigida pelo infame Claudio Fragasso e produzido pelo igualmente infame Joe
D’Amato, respectivamente usando os pseudônimos de Drake Floyd e David Hills? Para
começar sabe qual a ligação de Troll 2 com Troll – O
Mundo do Espanto, dirigido por John Carl Buechler? Niente! Os
produtores espertalhões, ao melhor estilo italiano, resolveram capitalizar em
cima do já pífio sucesso do filme produzido por Charles Band e sua Empire
Pictures, colocando esse numeral dois aí no título. Em troca de quê, não me pergunte,
ainda mais que não tem um MALDITO de um troll no filme inteiro, e sim goblins,
ou duendes se preferir. Todo o elenco fora até a audição na esperança de serem
contratados como extras, mas sabe o lance de “não tem tu, vai tu mesmo”?
Acabaram ganhando os papeis principais. Nível de exigência igual a ZERO! E
assim, não tem o que falar da atuação de absolutamente TODOS os envolvidos, do
insuportável herói-mirim Joshua (Michael Stephenson) à
bruxa-druida-vegetariana whatever Creedence Leonore Gielgud (SIM,
ESSE É O NOME DA PERSONAGEM de Deborah Reed – responsável por uma das atuações
mais exageradas, afetadas e dignas de pena da história do cinema). É vexatório
de qualidade inquestionavelmente baixa. Teve nego que era DENTISTA e ganhou um
dos papeis principais, no caso, George Hardy, que faz o chefe da família,
Michael Waits (e imortalizou a frase ícone do longa: “piss on hospitality”). O
roteiro foi escrito por Fragasso e sua esposa, Rosselle Drudi, porém ambos só
falavam (e escreviam) em italiano (assim como praticamente toda a equipe,
exceto a figurinista, que traduzia as ordens do “diretor” para os atores) – e
detalhe que a moça teve a ideia do filme quando alguns de seus amigos
tornaram-se vegetarianos ao mesmo tempo – então o texto estava no melhor inglês
macarrônico possível. Em uma reunião, os atores sugeriram adaptar suas falas e
as dizerem Ad libitum, mas foram proibidos por Fragasso e tiveram de
lê-las (e “interpretá-las”) da forma que estavam escritas! O tal roteiro
consiste na história dos Waits, que vão passar um tempo na cidade de Nilbog
(goblin ao contrário. Hã? Hã?) e descobrem da pior forma possível que o local é
infestado de duendes, goblins, trolls, o diabo que o valha, que transformam os
seres humanos em comida vegetariana para poderem se alimentar, liderados pela
bruxa-druida. A galera vira um líquido gosmento verde, tipo clorofila, que
depois é usado na preparação de todo tipo de receita: bolo, suco, cural… Há uma
clássica cena em que Joshua precisa impedir que seus pais e irmã comam aquela
gororoba verde, alertado pelo espírito de seu avô que aparece toda hora para
dar dicas e ajudá-lo (tipo Jor-El do Russel Crowe no novo O Homem de Aço,
saca?), e para tal, ele resolve subir na mesa e urinar na refeição. É de uma
classe ímpar! O visual dos duendes é da pior estirpe possível. São anões
(sempre eles, coitados) vestindo sacos de batata usando máscaras de papel machê
(uns são realmente feios de doer!), parecendo daquelas fantasias toscas que
você compra na Ladeira Porto Geral e portando terríveis lanças de brinquedo. A
bruxa é o estereótipo da bruxa feia, usa aparelho, toda caricata e nem os
infantis da TV Cultura conseguiram fazer uma caracterização tão medíocre. Suas
caras e bocas enervam num nível astronômico. O que eu não sei de verdade é se
Fragasso e esposa quiseram passar algum tipo de mensagem vegana, uma coisa meio
naturalista riponga, dizendo que comer carne é o mal da humanidade, ou se foi
exatamente ao contrário e ela quis sacanear os vegetarianos (em especial seus
amigos), uma vez que a única coisa capaz de enfraquecer e deter os duendes e a
bruxa má é o PODER DA MORTADELA! Juro por tudo quanto é mais sagrado! Se você
comer carne, no caso, um lanche de pão com mortadela, você irá derrotá-los.
MOR-TA-DE-LA! Troll 2 é o mais fundo do poço que o cinema de fantasia
conseguiu chegar. É o retrato de uma cultura cinematográfica de baixa
qualidade, do improviso, do “tá ruim, mas tá bom”, da picaretagem, do acúmulo
de funções exercidas por incompetentes, da falta de respeito com o espectador.
Esse é o veredicto dado pelos fãs do bom cinema. Agora, para aquele doente
mental que gosta da porcaria em seu estado bruto, fã
da trasheira italiana e costuma chamar os amigos para comer mortadela
e tomar cerveja em uma tarde de sábado (ou gravar um videocast em uma noite de
domingo), rindo até o pâncreas doer, o veredicto é: um clássico sem
precedentes!
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/02/12/612-troll2/
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