sábado, 18 de junho de 2016

#629 1992 UMA NOITE ALUCINANTE 3 (Army of Darkness, EUA)


Direção: Sam Raimi
Roteiro: Sam Raimi, Ivan Raimi
Produção:Robert G. Tapert; Bruce Campbell (Coprodutor); Dino de Laurentiis (Produtor Executivo)
Elenco: Bruce Campbell, Embeth Davis, Marcus Gilbert, Ian Abercrombie, Richard Grove, Bridget Fonda

A saga de Ashley J. Williams chega ao final em Uma Noite Alucinante 3, depois que ele é obrigado a enfrentar o MAL kandariano ressuscitado pelo Necronomicon, o livro dos mortos, em plena idade média! Quer dizer, pelo menos até então, já que sabemos que Bruce Campbell e Sam Raimi estão de volta para a série mais aguardada de todos os tempos: Ash vs. Evil Dead, com estreia prevista ainda para esse ano. Uma Noite Alucinante 3 na verdade tem muito mais diferenças que semelhanças com os dois primeiros filmes. A mais clara de todas é o tom cômico. Enquanto A Morte do Demônio é trash com toda aquela pegada do gore e da gosma, Uma Noite Alucinante já envereda pelo caminho do camp e do splatstick. Já o terceiro filme da trilogia deixa completamente de lado o horror, e tirando Ash e os possuídos em comum, aposta no humor pastelão e na comédia física e de expressões de Bruce Campbell. Fato é que por mais que os fãs puristas torçam o nariz com esse afastamento do universo demoníaco dos dois primeiros longas (e principalmente, da cabana), quem conhece a história por trás de Raimi, Campbell e do produtor Ropert Tapert, amigos de infância dos subúrbios de Michigan, sabe que desde suas experimentações em Super8 no colégio, eles sempre tiveram uma queda pela comédia e pelos pastelões ao melhor estilo Os Três Patetas. Uma Noite Alucinante já deixava isso calcado, principalmente na cena da lâmpada de sangue. Essa guinada de gênero em Uma Noite Alucinante 3, é uma espécie de caminho mais que natural traçado pelos seus idealizadores. Ao bem da verdade, Ash ser mandado para o ano de 1300 em uma aventura medieval já era o mote do roteiro original escrito lá antes da segunda parte ser lançada. Obviamente eles não teriam o orçamento para isso, então um meio termo, ou capítulo intermediário foi construído, sem saber se essa trama um dia veria a luz do dia. Mas graças a Dino de Laurentiis e o sucesso de Darkman – Vingança Sem Rosto, dirigido por Raimi para a Universal, a história pode ser contada. Brevemente temos uma introdução dos acontecidos da cabana (dessa vez, Jodie Foster faz um papel relâmpago como Linda, a namorada de Ash – sendo a terceira atriz a viver a personagem na trilogia) e como em sua batalha épica ao final de Uma Noite Alucinante, Ash foi parar no século XIV, ignorando de acordo a conclusão do filme anterior, quando ele era ovacionado por ser o escolhido, aqui começando a fita como um escravo, capturado pelo exército de Lorde Arthur (Marcus Gilbert – um possível ainda jovem Rei Arthur?). Caberá a ele enfrentar o MAL, como de costume. Além da ambientação e da mudança de tom (e de gênero), Ash é a grande metamorfose com relação aos dois longas anteriores. No primeiro filme sabemos que ele é um bundão, que vai se tornando um badass no decorrer do segundo e então, em Uma Noite Alucinante 3, passa a ser um arrogante, panaca, egoísta e machista, alguém que realmente seria impossível torcer a favor se fosse qualquer outro personagem e não Ash. Isso ajudou muito na reação negativa do público e fãs da franquia, que além de querer mais sangue, vísceras e horror feroz e brutal, queria o bom e velho Ash de volta. Claro que ao passar do tempo e das consequentes revisões do filme, o olhar sobre nosso herói vai mudando. Ao mesmo tempo em que você tem repulsa por certas atitudes (o famoso “gimme some sugar, baby” e o tratamento que ele dá a Sheila, personagem de Embeth Davidtz, seria hoje em dia motivo para vociferações pesadas das feministas – e com razão), há vários momentos icônicos em que você simplesmente AMA Ash J. Williams, quando Campbell domina perfeitamente o timing cômico e manda algumas das mais fantásticas pérolas do cinema, tanto como prisioneiro na corte de Lorde Athur, com toda a sequência do igualmente famoso “this is my boomstick”, ao tossir as palavras Klato-Barada-Nikto (em homenagem ao clássico sci-fi O Dia Em Que A Terra Parou) na tentativa de recuperar o Necronomicon no cemitério (que irá desencadear o nascimento da horda do mal, liderada pelo Evil Ash, interpretado por Bill Moseley, que irá exterminar a humanidade) ou quando de volta ao presente, como funcionário da S-Mart (“shop smart, shop S-Mart”) ao seu final. Além disso, Uma Noite Alucinante 3 é o que mais usa e abusa de efeitos especiais entre todos os filmes (afinal, foi o de maior orçamento, 13 milhões de dólares – e lembrar que A Morte do Demônio custou 375 mil doletas). Sai a massinha , o guache vermelho e o purê de batatas, entra efeitos de CGI, maquiagem de Greg Nicottero, Robert Kurtzman e Howard Berger e um exército de caveiras portando espadas e escudos ao melhor estilo Ray Harryrausen. Uma Noite Alucinante 3 só foi lançado em janeiro de 1993, após entrar em um limbo devido a uma briga jurídica entre De Laurentiis e a Universal por conta dos direitos dos livros de Thomas Harris, após o lançamento (e sucesso) de O Silêncio dos Inocentes. Em cartaz, amargou nas bilheterias americanas, não chegando nem a se pagar, mas indo muito bem (como os demais filmes da série) no mercado europeu e inglês. Muita gente não gostou, pelos motivos que já citei acima, apesar da crítica positiva e de ser louvável Raimi apostar em sair do lugar comum, no caso, a cabana, e dar um enfoque artístico e estético diferente ao filme. Agora, nos resta esperar a volta triunfal de Campbell e seu Ash no vindoura série de TV.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/03/19/629-uma-noite-alucinante-3-1992/

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