Direção: Sam Raimi
Roteiro: Sam Raimi, Ivan Raimi
Produção:Robert G. Tapert; Bruce Campbell
(Coprodutor); Dino de Laurentiis (Produtor Executivo)
Elenco: Bruce
Campbell, Embeth Davis, Marcus Gilbert, Ian Abercrombie, Richard Grove, Bridget
Fonda
A saga de Ashley J. Williams chega ao final
em Uma Noite Alucinante 3, depois que ele é
obrigado a enfrentar o MAL kandariano ressuscitado pelo Necronomicon, o livro
dos mortos, em plena idade média! Quer dizer, pelo menos até então, já que
sabemos que Bruce Campbell e Sam Raimi estão de volta para a série mais
aguardada de todos os tempos: Ash vs. Evil Dead, com estreia prevista ainda
para esse ano. Uma Noite Alucinante 3 na verdade tem muito mais diferenças
que semelhanças com os dois primeiros filmes. A mais clara de todas é o tom
cômico. Enquanto A Morte do Demônio é trash com toda aquela
pegada do gore e da gosma, Uma Noite Alucinante já envereda
pelo caminho do camp e do splatstick. Já o terceiro filme da trilogia deixa
completamente de lado o horror, e tirando Ash e os possuídos em comum, aposta
no humor pastelão e na comédia física e de expressões de Bruce Campbell. Fato é
que por mais que os fãs puristas torçam o nariz com esse afastamento do
universo demoníaco dos dois primeiros longas (e principalmente, da cabana),
quem conhece a história por trás de Raimi, Campbell e do produtor Ropert
Tapert, amigos de infância dos subúrbios de Michigan, sabe que desde suas
experimentações em Super8 no colégio, eles sempre tiveram uma queda pela
comédia e pelos pastelões ao melhor estilo Os Três Patetas. Uma Noite
Alucinante já deixava isso calcado, principalmente na cena da lâmpada de
sangue. Essa guinada de gênero em Uma Noite Alucinante 3, é uma espécie de
caminho mais que natural traçado pelos seus idealizadores. Ao bem da verdade,
Ash ser mandado para o ano de 1300 em uma aventura medieval já era o mote do
roteiro original escrito lá antes da segunda parte ser lançada. Obviamente eles
não teriam o orçamento para isso, então um meio termo, ou capítulo
intermediário foi construído, sem saber se essa trama um dia veria a luz do
dia. Mas graças a Dino de Laurentiis e o sucesso de Darkman – Vingança Sem
Rosto, dirigido por Raimi para a Universal, a história pode ser contada. Brevemente
temos uma introdução dos acontecidos da cabana (dessa vez, Jodie Foster faz um
papel relâmpago como Linda, a namorada de Ash – sendo a terceira atriz a viver
a personagem na trilogia) e como em sua batalha épica ao final de Uma
Noite Alucinante, Ash foi parar no século XIV, ignorando de acordo a conclusão
do filme anterior, quando ele era ovacionado por ser o escolhido, aqui
começando a fita como um escravo, capturado pelo exército de Lorde Arthur
(Marcus Gilbert – um possível ainda jovem Rei Arthur?). Caberá a ele enfrentar
o MAL, como de costume. Além da ambientação e da mudança de tom (e de gênero),
Ash é a grande metamorfose com relação aos dois longas anteriores. No primeiro
filme sabemos que ele é um bundão, que vai se tornando um badass no
decorrer do segundo e então, em Uma Noite Alucinante 3, passa a ser um
arrogante, panaca, egoísta e machista, alguém que realmente seria impossível
torcer a favor se fosse qualquer outro personagem e não Ash. Isso ajudou muito
na reação negativa do público e fãs da franquia, que além de querer mais
sangue, vísceras e horror feroz e brutal, queria o bom e velho Ash de volta. Claro
que ao passar do tempo e das consequentes revisões do filme, o olhar sobre
nosso herói vai mudando. Ao mesmo tempo em que você tem repulsa por certas
atitudes (o famoso “gimme some sugar, baby” e o tratamento que ele dá a
Sheila, personagem de Embeth Davidtz, seria hoje em dia motivo para
vociferações pesadas das feministas – e com razão), há vários momentos icônicos
em que você simplesmente AMA Ash J. Williams, quando Campbell domina
perfeitamente o timing cômico e manda algumas das mais fantásticas
pérolas do cinema, tanto como prisioneiro na corte de Lorde Athur, com toda a
sequência do igualmente famoso “this is my boomstick”, ao tossir as palavras
Klato-Barada-Nikto (em homenagem ao clássico sci-fi O Dia Em Que A
Terra Parou) na tentativa de recuperar o Necronomicon no cemitério (que irá
desencadear o nascimento da horda do mal, liderada pelo Evil Ash, interpretado
por Bill Moseley, que irá exterminar a humanidade) ou quando de volta ao
presente, como funcionário da S-Mart (“shop smart, shop S-Mart”) ao seu final. Além
disso, Uma Noite Alucinante 3 é o que mais usa e abusa de efeitos
especiais entre todos os filmes (afinal, foi o de maior orçamento, 13 milhões
de dólares – e lembrar que A Morte do Demônio custou 375 mil
doletas). Sai a massinha , o guache vermelho e o purê de batatas, entra efeitos
de CGI, maquiagem de Greg Nicottero, Robert Kurtzman e Howard Berger e um
exército de caveiras portando espadas e escudos ao melhor estilo Ray
Harryrausen. Uma Noite Alucinante 3 só foi lançado em janeiro de 1993,
após entrar em um limbo devido a uma briga jurídica entre De Laurentiis e a
Universal por conta dos direitos dos livros de Thomas Harris, após o lançamento
(e sucesso) de O Silêncio dos Inocentes. Em cartaz, amargou
nas bilheterias americanas, não chegando nem a se pagar, mas indo muito bem
(como os demais filmes da série) no mercado europeu e inglês. Muita gente não
gostou, pelos motivos que já citei acima, apesar da crítica positiva e de ser
louvável Raimi apostar em sair do lugar comum, no caso, a cabana, e dar um
enfoque artístico e estético diferente ao filme. Agora, nos resta esperar a
volta triunfal de Campbell e seu Ash no vindoura série de TV.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/03/19/629-uma-noite-alucinante-3-1992/
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