quinta-feira, 30 de julho de 2015

#207 1968 O BEBÊ DE ROSEMARY (Rosemary’s Baby, EUA)


Direção: Roman Polanski
Roteiro: Roman Polanski (baseado na obra de Ira Levin)
Produção: William Castle, Dona Holloway (Produtora Executiva)
Elenco: Mia Farrow, John Cassavetes, Ruth Gordon, Sidney Blackmer, Maurice Evans, Ralph Bellamy

Sempre que começa a se discutir sobre os mais importantes filmes de terror de todos os tempos, os maiores clássicos é inevitável não pensar em O Bebê de Rosemary, de Roman Polanski. E não é por menos, dada a excelência do longa. O tema satanismo, complô e cultos diabólicos vem à tona com a história da mulher que foi escolhida, dentre todas as mulheres do mundo, como frisa sua vizinha na sequência final do filme, para dar luz ao Anticristo. Rosemary (atuação fantástica de Mia Farrow, possivelmente a melhor de sua carreira) e seu marido, o ator fracassado Guy (interpretado por John Cassavetes) mudam-se para um velho apartamento em Nova Iorque (filmado no Edifício Dakota), onde há histórias bizarras de ser palco de acontecimentos sinistros e antiga moradia de bruxos. Logo o casal torna-se amigo dos esquisitíssimos vizinhos de parede, Mirian e Roman Castevet, que na verdade fazem parte de uma seita satânica, com o qual Guy faz um pacto: a gestação do filho do coisa-ruim na esposa (em uma emblemática cena onde ela é estuprada em torpor pelo próprio satanás, em meio a um delírio onde fica se perguntando se aquilo é um sonho ou está realmente acontecendo) em troca de sucesso e fama na carreira de ator, que logo começa a se concretizar quando o rival que havia ganhado o papel que deveria ser seu, repentinamente fica cego. Polanski magistralmente vai nos conduzindo nesse terror psicológico com primazia, focado primeiramente nos nuances, nas sugestões, nos pequenos detalhes, até a coisa toda descarrilhar para um final simplesmente incrível. E pode colocar nessa conta dos tais pequenos detalhes: a visita inicial do casal para alugar o apartamento, onde encontram junto com o senhorio um pesado armário que foi movido do lugar por uma senhora idosa para bloquear a porta de uma dispensa, sabe-se lá o porquê; barulhos estranhos no subsolo; cânticos que podem ser ouvidos através das paredes; as lendas urbanas dos antigos residentes bruxos do edifício; Rosemary ter ganhado de presente um colar com uma erva fedorenta que pertencera a antiga garota que vivia com os Castevet até resolver se suicidar; e os métodos não convencionais utilizados por Rosemary durante a gestação, aconselhada pelo casal bruxo e o comparsa obstetra, Dr. Abraham Sapirstein. Impossível não se envolver com os protagonistas da trama e não nutrir certos sentimentos pelos mesmos. Primeiro pela sonsa e subserviente Rosemary, que faz absolutamente tudo que mandam e só muito tarde começa a sacar que as coisas estão errada. Tipo, ela sente dores terríveis desde o primeiro mês de gravidez, começa a perder peso e apresentar uma aparência esquelética nada saudável. Oi? Se você estivesse esperando um filho, você imaginaria exatamente que acontecesse o contrário, certo? Mas não, Rosemary fica ali, boboca e passiva. Nem ao menos para desconfiar do marido, que OK, está mancomunado também, mas que não dá o menor suporte para a esposa e está sempre reticente e esquivo com relação aos seus medos e problemas. Também não dá para passar incólume com o casal vizinho e principalmente com a pentelha da Sra. Castevet, com sua mania enxerida, voz irritante e ficando para cima e para baixo com aqueles sucos nojentos oferecidos a Rosemary. Por sinal, atuação soberba de Ruth Gordon, que ganhou o Oscar e o Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante No final, onde Polanski acertadamente não mostra a tal horrenda aparência do recém-nascido, o que fica mais evidente é o questionamento que o diretor joga sobre a controvérsia entre o satanismo e o cristianismo, já que Rosemary, uma garota educada em colégio católico, será a nova Maria, só que ao contrário. Além disso, a concepção do Anticristo acontece coincidentemente quando o Papa está em visita aos Estados Unidos.  Outro questionamento que sobra ao final do longa é qual será a reação da mãe com relação ao seu filho? Ela honrará seus deveres cristãos em renegar o bebê e confrontar a seita ou seu instinto materno será mais forte e ela abraçará a causa em nome do fruto nascido de seu ventre? Polanski responde da melhor forma possível. Para finalizar, só para não passar batido vale sempre lembrar das várias “maldições”, tragédias ou terríveis coincidências que se abateram sobre pessoas ligadas a O Bebê de Rosemary, como a morte da esposa grávida de Roman Polanski, Sharon Tate, assassinada pelos membros malucos da organização de Charles Manson ou o assassinato de John Lennon bem em frente ao malfadado Edifício Dakota, onde foi gravado o longa. Sinistro!
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/07/07/207-o-bebe-de-rosemary-1968/

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482 1968 O Bebê de Rosemary (Rosemary’s Baby) 

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