terça-feira, 21 de julho de 2015

#203 1967 A MORTALHA DA MÚMIA (The Mummy’s Shroud, Reino Unido)


Direção: John Gilling
Roteiro: John Gilling, John Elder (História)
Produção:Anthony Nelson Keys
Elenco: André Morell, John Phillips, David Buck, Elizabeth Sellars, Maggie Kimberly, Michael Ripper

A Mortalha da Múmia é o terceiro filme envolvendo o monstro egípcio enfaixado do estúdio inglês Hammer, famoso por imortalizar outras conhecidas criaturas sobrenaturais como Drácula e Frankenstein. Aqui a produção segue a mesma linha tanto dos filmes anteriores da própria Hammer, como da franquia da Universal da década de 30 e 40: uma vingativa múmia retorna do seu sono milenar para cometer uma série de assassinatos contra aqueles que perturbaram o descanso eterno de seu amo. Dirigido pelo competente John Gilling, que também já havia entregue ao estúdio Epidemia de ZumbisA Serpente (ambos de 1966), A Mortalha da Múmia em sua abertura nos leva a uma viagem ao tempo para o ano 2000 a.C., onde a esposa do faraó Men-Ta morre ao dar a luz ao seu primogênito, Kah-To-Bey, futuro rei do Egito. Sem perceber a conspiração que seu irmão invejoso, Amen-Ta estava preparando para tomar o trono, o faraó torna-se uma vítima fácil do ataque do irmão que foi acumulando um poderoso exército enquanto o próprio preocupava-se apenas com os assuntos que envolviam o bem estar do filho. Ao estourar a insurreição, Amen-Ta ordena que seu fiel escravo Prem, fuja com Kah-To-Bey para impedir que ele fosse assassinado. Porém durante a travessia pelo inóspito deserto, o garoto faraó acaba morrendo e enterrado em um túmulo improvisado no meio do deserto, vestido com uma mortalha que continha dizeres que traziam encantamentos relacionados à vida e a morte. Pois bem, durante a década de 20, uma expedição liderada pelo proeminente egiptólogo Sir Basil Walden (André Morell) e financiada pelo milionário arrogante Stanely Preston (John Phillips), partem em busca do túmulo perdido de Kah-To-Bey, junto do filho de Stanely, Paul Preston (David Buck), Harry Newton (Tim Barrett) e a bela Claire de Sangre (que lembra um pouco a musa Barbara Steele, com o mesmo tipo de beleza peculiar, porém loira). Ao chegar ao local onde o corpo do jovem faraó repousa, logo o grupo é ameaçado por Hasmid (Roger Delgado), guardião protetor da tumba e dos mortos que roga uma maldição nos aventureiros. Sem se abalarem, o corpo de Kah-To-Bey é levado para o museu em Mezzara e retifica-se que a múmia encontrada anteriormente e creditada a Kah-To-Bey era na verdade de Prem, utilizando um amuleto real dado pelo menino antes de morrer. Só que o famigerado Hasmid, auxiliado de uma velha cartomante irritante chamada Haiti (Catherine Lacey), lê as inscrições proibidas da mortalha e traz a milenar criatura de volta à vida para se vingar daqueles que violaram o túmulo de seu amo. Um por um, começando pelo Sir Walden, vão sendo assassinados pela força descomunal do monstro esfarrapado, chamando a atenção da polícia local, que não consegue encontrar nenhuma explicação lógica para os assassinatos, cedendo a superstição levantada por uma suposta maldição da múmia, que só poderá ser interrompida quando Claire, a especialista em hieróglifos do grupo que adentrou na tumba da Kah-To-Bey, ler o encantamento da mortalha que poderá devolver a criatura ao seu sono eterno. A Mortalha da Múmia é uma boa surpresa. É um filme interessante, claro que sem o mesmo charme de A Múmia da Universal com Boris Karloff ou o filme homônimo do final da década de 50 com Christopher Lee interpretando o monstrengo. Mas é muito melhor que toda a franquia interminável da Universal (que tinha um filme mais chato que o outro) e a bomba homérica que foi Sangue no Sarcófago da Múmia, último da série da Hammer, quando o estúdio inglês já estava em franca decadência. Gilling consegue fazer a história fluir de forma simples e coesa, contando com boas atuações tanto de John Phillips como chauvinista Stanley Preston, quanto do vilanesco Hasmid de Roger Delgado ou mesmo o capacho de Preston, o pobre Longbarrow, vivido pelo ator fetiche de Gilling, Michael Ripper (que esteve presente nos três filmes da Hammer do diretor). Um ponto que fica devendo é a maquiagem da múmia, interpretada por Eddie Powell, frequente dublê do estúdio. Não pense encontrar o mesmo trabalho detalhado e impressionante de Roy Ashton em Christopher Lee, ou mesmo do mestre Jack Pierce em Karloff. Aqui, a criatura de George Partleton é das mais pobrinhas, e nem parece que está envolta em bandagens, e sim nitidamente usando trajes brancos mesmo para simulá-las. Culpa do baixíssimo orçamento do filme, já que os principais recursos financeiros eram gastos com os filmes de Frankenstein e de Drácula. Uma curiosidade de A Mortalha da Múmia é que erroneamente a narração da abertura do filme é creditada a Peter Cushing e em muito locais é publicado que o ator inglês (que estrelou Frankenstein Tem de Ser Destruído, filme que era exibido na apresentação dupla junto de A Mortalha da Múmianos cinemas) foi o narrador, porém segundo o IMDb, a Hammer não tem nenhum registro de quem narrou a abertura, mas que definitivamente não foi Cushing. O filme chegou a ser lançado no Brasil pelo serlo Dark Side, da Works Editora, junto com diversos outros títulos da Hammer, trazendo o título de A Mortalha da Múmia (tradução literal do original), ignorando o nome que recebeu quando foi exibido na televisão brasileira: O Sarcófago Maldito.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/07/03/203-a-mortalha-da-mumia-1967/

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