Direção: Michael Reeves
Roteiro: Tom Baker, Michael
Reeves (baseado na obra de Ronald Bassett e no poema de Edgar Allan Poe/não
creditado)
Produção: Louis M. Heyward,
Arnold Miller, Philip Waddilove, Tony Tense (Produtor Executivo), Samuel Z.
Arkoff (Produtor Executivo – não creditado)
Elenco: Vincent
Price, Ian Ogilvy, Rupert Davies, Patrick Wymark, Wilfred Brambell
O período de caça às bruxas foi
um dos mais sombrios e ignorantes da história da humanidade. Calcada em cunhos
político-religiosos, esse movimento começou no século XV e teve seu apogeu no
século XVI e XVII, principalmente nos países católicos europeus, França e
Inglaterra, onde aqueles que seguiam as antigas práticas pagãs eram
perseguidos, torturados e caçados em nome de Deus. Muitas mulheres injustamente
foram julgadas, condenadas à forca e à fogueira, principalmente entre os anos
1550 e 1650, os mais histéricos e violentos desse período da Idade Moderna. É
exatamente neste período que se passa a história de O Caçador de
Bruxas. Além do momento histórico citado acima, o pano de fundo
também se passa durante a Guerra Civil Inglesa, que foi de 1642 a 1649, entre
os partidários do Rei Carlos I e o parlamento, liderado por Oliver Cromwell.
Foi após o término desta guerra, com a condenação à morte de Carlos I, que
possuía um regime de poder absolutista, que se iniciou o sistema de governo
inglês que conhecemos hoje, onde a figura do rei é praticamente decorativa e
quem comanda o país é o Primeiro Ministro e o Parlamento. Elucidado o momento
histórico que o filme é ambientado, O Caçador de Bruxas é um das
melhores interpretações de Vincent Price como protagonista (ele próprio
considera tal) e um dos seus mais violentos e controversos filmes. Dirigido por
Michael Reeves, e feito com um orçamento de 100 mil libras, o roteiro de Reeves
e Tom Baker é baseado no livro homônimo de Ronald Bassett e no poema The
Conqueror Worm de Edgar Allan Poe, de forma não creditada. Co-produzido
pela American International Pictures, a primeira opção do diretor para o papel
do inquisidor caçador de bruxas Matthew Hopkins era Donald Pleasence, porém,
como a AIP estava financiando o longa e distribuiria nos EUA, insistiu que o
papel deveria ser de Price, e mesmo a contra gosto, Reeves aceitou goela
abaixo. E com todo respeito a Pleasence que é um excelente ator, a escolha de
Price foi acertadíssima. Nunca se viu o ator de forma tão vilanesca, e
impiedosa, um personagem cheio de si e arrogante, como no papel do General
caçador de bruxas, onde deixou de lado suas atuações teatrais exageradas dos
filmes de Roger Corman, por exemplo, e fez um papel extremamente sério. Hopkins
e seu cruel assistente, John Stearne (Robert Russell) vão de vilarejo em
vilarejo inglês, alegando falsamente seguir ordens do Parlamento para processar
e executar bruxas, procurando homens, mulheres, padres, ou o que for, acusados
de bruxaria, atendendo as solicitações dos moradores locais, em troca de
dinheiro. Fazendo o papel de juiz, júri e carrasco, enquanto Stearne é o
responsável pelas mais terríveis torturas, como nefastas práticas de confissão,
que sempre resultava no enforcamento das pobres mulheres condenadas, ou pior,
quando eram queimadas vivas. Certo dia eles vão até Brandestone em busca de um
padre acusado de ter parte com o satanás. Só que o padre John Lowes (Rupert
Davis) tem uma sobrinha, Sara, que é noiva do soldado do exército de Cromwell,
Richard Marshall (interpretado por Ian Ogilvy). Sara tenta convencer Hopkins a
não matar o padre, não revelando que é sobrinha dele, em troca de favores
sexuais. Porém não surte efeito e o padre é condenado à forca. Quando Marshall
descobre o acontecido, casa-se secretamente com a moça e pede para Sara se
esconder em Levaenham, enquanto o soldado procura vingança e promete matar
Hopkins pelo que ele fez. Porém, Hopkins e Stearne acabam por indo até essa
vila para atender ao chamado dos magistrados locais e descobre que Sara está
lá. Ela e Marshall são capturados e torturados em um castelo, acusados
imparcialmente de bruxaria.
AVISO DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e
risco.
Na dramática e impactante cena
final, Marshall consegue se livrar enquanto seus companheiros de exército
aproximam-se do castelo para ajudá-lo. Marshall pega um machado e ataca
violentamente Hopkins, o esquartejando. Quando os soldados entram e veem o
caçador de bruxas agonizando, eles atiram para dar cabo de sua vida, e Marshall
surta de vez e fica gritando que eles tiraram-no dele, por não darem a chance
do soldado matá-lo. Enquanto isso, a brutalmente torturada Sara, aparentemente
à beira da loucura, começa a gritar de forma descontrolada repetidamente. As
filmagens de O Caçador de Bruxas foi marcada pelas constantes
desavenças entre o diretor Michael Reeves e o astro Vincent Price. Os dois
desde o começo não se deram nem um pouco bem. Reeves nem foi buscá-lo em
Heathrow quando ele desembarcou em Londres, como um tapa de luva de pelica em
Price e na AIP. Quando foi recebido pelo co-produtor Philip Waddilove, ele
disse: “ Leve-me até seu maldito geniozinho”. O diretor tinha apenas 24 anos na
época. Quando chegou pela primeira vez na locação, Reeves disse na lata: “Eu
não queria você. Ainda não quero, mas estou preso a você”. Claro que a relação
iria azedar. E a troca de carinhos não parou por aí. Quando Reeves fazia alguma
sugestão no set, Price era contra e argumentava: “Eu já fiz 87 filmes. E você
já fez quantos?”, e Reeves rebatia: “Eu fiz três, só que bons”. Em outra cena,
de pirraça Reeves pediu para Price disparar sua pistola em movimento enquanto
cavalgava, bem entre as orelhas do cavalo. Uma discussão terrível aconteceu,
pois o cavalo poderia reagir de forma violenta ao disparo. Reeve insistiu,
Price obedeceu e literalmente caiu do cavalo. O ator não se machucou, mas ficou
extremamente puto com o acidente. Para terminar a sessão fofoca, no último dia
de filmagens, Price de birra apareceu bêbado no set. Reeves então ordenou que o
ator Ian Ogilvy na cena final, ALERTA
DE SPOILER DE NOVO, atacasse Price violentamente com seu machado
cenográfico. Reeves morreria de forma prematura, um ano depois com apenas 25
anos, quando estava na pré-produção de seu próximo filme, O Ataúde do
Morto-Vivo, sendo substituído por Gordon Hessler, mas antes recebeu
uma carta de dez páginas de Price elogiando o filme no ano seguinte, após ver
seu corte final, dizendo que finalmente entendia o que o jovem diretor tentava
alcançar. O Caçador de Bruxas também sofreu uma mutilação impiedosa da
inquisi… ops, censura britânica. Três minutos foram cortados por “excesso de
brutalidade sádica, explorando a violência e sadismo por razões comerciais”
segundo os censores ingleses. Por isso é altamente recomendável assistir à
versão do diretor, lançada em DVD em 2001, que tem muito mais sangue e impacto
visual nas cenas de tortura.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/07/09/209-o-cacador-de-bruxas-1968/
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