quinta-feira, 30 de julho de 2015

#209 1968 O CAÇADOR DE BRUXAS (Witchfinder General / The Conqueror Worm, Reino Unido)


Direção: Michael Reeves
Roteiro: Tom Baker, Michael Reeves (baseado na obra de Ronald Bassett e no poema de Edgar Allan Poe/não creditado)
Produção: Louis M. Heyward, Arnold Miller, Philip Waddilove, Tony Tense (Produtor Executivo), Samuel Z. Arkoff (Produtor Executivo – não creditado)
Elenco: Vincent Price, Ian Ogilvy, Rupert Davies, Patrick Wymark, Wilfred Brambell

O período de caça às bruxas foi um dos mais sombrios e ignorantes da história da humanidade. Calcada em cunhos político-religiosos, esse movimento começou no século XV e teve seu apogeu no século XVI e XVII, principalmente nos países católicos europeus, França e Inglaterra, onde aqueles que seguiam as antigas práticas pagãs eram perseguidos, torturados e caçados em nome de Deus. Muitas mulheres injustamente foram julgadas, condenadas à forca e à fogueira, principalmente entre os anos 1550 e 1650, os mais histéricos e violentos desse período da Idade Moderna. É exatamente neste período que se passa a história de O Caçador de Bruxas. Além do momento histórico citado acima, o pano de fundo também se passa durante a Guerra Civil Inglesa, que foi de 1642 a 1649, entre os partidários do Rei Carlos I e o parlamento, liderado por Oliver Cromwell. Foi após o término desta guerra, com a condenação à morte de Carlos I, que possuía um regime de poder absolutista, que se iniciou o sistema de governo inglês que conhecemos hoje, onde a figura do rei é praticamente decorativa e quem comanda o país é o Primeiro Ministro e o Parlamento. Elucidado o momento histórico que o filme é ambientado, O Caçador de Bruxas é um das melhores interpretações de Vincent Price como protagonista (ele próprio considera tal) e um dos seus mais violentos e controversos filmes. Dirigido por Michael Reeves, e feito com um orçamento de 100 mil libras, o roteiro de Reeves e Tom Baker é baseado no livro homônimo de Ronald Bassett e no poema The Conqueror Worm de Edgar Allan Poe, de forma não creditada. Co-produzido pela American International Pictures, a primeira opção do diretor para o papel do inquisidor caçador de bruxas Matthew Hopkins era Donald Pleasence, porém, como a AIP estava financiando o longa e distribuiria nos EUA, insistiu que o papel deveria ser de Price, e mesmo a contra gosto, Reeves aceitou goela abaixo. E com todo respeito a Pleasence que é um excelente ator, a escolha de Price foi acertadíssima. Nunca se viu o ator de forma tão vilanesca, e impiedosa, um personagem cheio de si e arrogante, como no papel do General caçador de bruxas, onde deixou de lado suas atuações teatrais exageradas dos filmes de Roger Corman, por exemplo, e fez um papel extremamente sério. Hopkins e seu cruel assistente, John Stearne (Robert Russell) vão de vilarejo em vilarejo inglês, alegando falsamente seguir ordens do Parlamento para processar e executar bruxas, procurando homens, mulheres, padres, ou o que for, acusados de bruxaria, atendendo as solicitações dos moradores locais, em troca de dinheiro. Fazendo o papel de juiz, júri e carrasco, enquanto Stearne é o responsável pelas mais terríveis torturas, como nefastas práticas de confissão, que sempre resultava no enforcamento das pobres mulheres condenadas, ou pior, quando eram queimadas vivas. Certo dia eles vão até Brandestone em busca de um padre acusado de ter parte com o satanás. Só que o padre John Lowes (Rupert Davis) tem uma sobrinha, Sara, que é noiva do soldado do exército de Cromwell, Richard Marshall (interpretado por Ian Ogilvy). Sara tenta convencer Hopkins a não matar o padre, não revelando que é sobrinha dele, em troca de favores sexuais. Porém não surte efeito e o padre é condenado à forca. Quando Marshall descobre o acontecido, casa-se secretamente com a moça e pede para Sara se esconder em Levaenham, enquanto o soldado procura vingança e promete matar Hopkins pelo que ele fez. Porém, Hopkins e Stearne acabam por indo até essa vila para atender ao chamado dos magistrados locais e descobre que Sara está lá. Ela e Marshall são capturados e torturados em um castelo, acusados imparcialmente de bruxaria.
AVISO DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco.
Na dramática e impactante cena final, Marshall consegue se livrar enquanto seus companheiros de exército aproximam-se do castelo para ajudá-lo. Marshall pega um machado e ataca violentamente Hopkins, o esquartejando. Quando os soldados entram e veem o caçador de bruxas agonizando, eles atiram para dar cabo de sua vida, e Marshall surta de vez e fica gritando que eles tiraram-no dele, por não darem a chance do soldado matá-lo. Enquanto isso, a brutalmente torturada Sara, aparentemente à beira da loucura, começa a gritar de forma descontrolada repetidamente. As filmagens de O Caçador de Bruxas foi marcada pelas constantes desavenças entre o diretor Michael Reeves e o astro Vincent Price. Os dois desde o começo não se deram nem um pouco bem. Reeves nem foi buscá-lo em Heathrow quando ele desembarcou em Londres, como um tapa de luva de pelica em Price e na AIP. Quando foi recebido pelo co-produtor Philip Waddilove, ele disse: “ Leve-me até seu maldito geniozinho”. O diretor tinha apenas 24 anos na época. Quando chegou pela primeira vez na locação, Reeves disse na lata: “Eu não queria você. Ainda não quero, mas estou preso a você”. Claro que a relação iria azedar. E a troca de carinhos não parou por aí. Quando Reeves fazia alguma sugestão no set, Price era contra e argumentava: “Eu já fiz 87 filmes. E você já fez quantos?”, e Reeves rebatia: “Eu fiz três, só que bons”. Em outra cena, de pirraça Reeves pediu para Price disparar sua pistola em movimento enquanto cavalgava, bem entre as orelhas do cavalo. Uma discussão terrível aconteceu, pois o cavalo poderia reagir de forma violenta ao disparo. Reeve insistiu, Price obedeceu e literalmente caiu do cavalo. O ator não se machucou, mas ficou extremamente puto com o acidente. Para terminar a sessão fofoca, no último dia de filmagens, Price de birra apareceu bêbado no set. Reeves então ordenou que o ator Ian Ogilvy na cena final, ALERTA DE SPOILER DE NOVO, atacasse Price violentamente com seu machado cenográfico. Reeves morreria de forma prematura, um ano depois com apenas 25 anos, quando estava na pré-produção de seu próximo filme, O Ataúde do Morto-Vivo, sendo substituído por Gordon Hessler, mas antes recebeu uma carta de dez páginas de Price elogiando o filme no ano seguinte, após ver seu corte final, dizendo que finalmente entendia o que o jovem diretor tentava alcançar. O Caçador de Bruxas também sofreu uma mutilação impiedosa da inquisi… ops, censura britânica. Três minutos foram cortados por “excesso de brutalidade sádica, explorando a violência e sadismo por razões comerciais” segundo os censores ingleses. Por isso é altamente recomendável assistir à versão do diretor, lançada em DVD em 2001, que tem muito mais sangue e impacto visual nas cenas de tortura.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/07/09/209-o-cacador-de-bruxas-1968/

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