Direção: Konstantin Ershov,
Georgi Kropachyov
Roteiro: Konstantin Ershov,
Georgi Kropachyov, Aleksandr Ptushko (baseado na história de Nikolai Gogol)
Elenco: Leonid Kuravlyov,
Natalya Varley, Aleksei Glazrym, Nikolai Kutuzov, Vadim Zakharchenko
Baseado no mesmo conto de Nikolai
Gogol, escritor ucraniano do século XIX, que inspirou também o clássico de
Mario Bava, A Máscara de Satã, Viy – O
Espírito do Mal dos soviéticos Konstantin Ershov e Georgi
Kropachyov é um filme exuberante, assustador e divertido. Com o intuito de
mostrar a batalha travada entre a fé e as forças sobrenaturais da
natureza, Viy – O Espírito do Mal é plenamente reconhecido no gênero
pelo excelente trabalho do mestre da cinematografia fantástica russa Alexandr
Ptushki, mago dos efeitos especiais, que através de uma excelente composição de
efeitos óticos e de maquiagem surpreendente, cria um espetáculo visual tétrico
na sequência final do longa, apresentando todo tipo de criatura das trevas,
animais, demônios, esqueletos, monstros, bruxas e o impressionante Viy, o tal
espírito do mal. A história do filme se concentra no jovem Khoma Brutus, vulgo,
O Filósofo, estudante de teologia que certa noite se perde no campo com outros
dois amigos e aceita o convite de uma babushka para repousar em seu
celeiro. Acontece que a velha na verdade é uma horrenda bruxa, que acaba usando
o filósofo como uma vassoura humana e voando com ele pelos céus (e lá vamos
nós…). Depois de se libertar, espancá-la e deixá-la inconsciente, observando-a
com uma mistura de culpa e horror, o rapaz a vê se transformando em uma bela e
jovem mulher, e foge assustado. Ao voltar até o convento, Khoma descobre que
foi requisitado por um fidalgo de um vilarejo próximo à Kiev, para que ele faça
uma vigília de três noites ao corpo de sua filha que acabara de morrer, para
que rezasse por sua alma. Detalhe que a moça, antes de falecer, disse que
queria unicamente que Khoma fizesse essas orações e passasse as noites velando
seu cadáver em uma antiga igreja. Claro que nesse angu teria caroço, pois o
filósofo logo nota uma estranha semelhança na garota, com alguém que não sabe
identificar. Apenas com sua fé hesitante para protegê-lo, além de altas doses
de vodka, o filósofo vai lá passar suas noites, quando desde a primeira, a
garota levanta-se do seu caixão para assombrá-lo. Khoma faz então um círculo
protetor de giz, morrendo de medo apesar de ficar repetindo para si mesmo que
um cossaco não tem medo de nada, e impede que a jovem bruxa lhe faça algum mal,
por não conseguir transpor a barreira do encantamento, mesmo com suas
investidas em seu caixão voador. Mas é na terceira noite que realmente o bicho
pega. Enfurecida, a moça morta-viva conjura todo seu poder sobrenatural na
impressionante noite final, onde os efeitos especiais de Ptushki fazem-se
valer, assim como a excelente fotografia de Viktor Pishchalnikov e Fyodor
Provorov, onde apenas o filósofo está em cores e todo o resto do cenário e das
terríveis forças das trevas que a bruxa reivindica, estão em preto e branco,
tomados pelas trevas. Mãos assustadoras brotam das paredes e do solo, demônios
de toda a sorte, deformados, altos, anões, invadem o local, assim como gatos,
lobos, vampiros e lobisomens, atacando o jovem em um ritmo alucinante, onde os
diretores abusam de giros de 360º de câmera. Suas orações não surtem nenhum
efeito contra aquela poderosa investida do mal, principalmente quando o
tenebroso Viy entra na igreja, para liderar aqueles espíritos malignos
errantes, convocados pelos poderes da bruxa em busca de vingança. Daí, não
haverá círculo de giz que possa proteger O Filósofo antes que o galo cante e
encerre a terceira noite de horror. No diálogo final entre dois homens
encarregados de pintar a igreja, um deles afirma que se Khoma não houvesse
fraquejado, a bruxa nada poderia contra ele. Bastava benzer-se e cuspir-lhe no
rabo, dando a entender que a verdadeira hesitação de sua fé foi o motivo do
infortúnio do companheiro, como o próprio texto de Gogol diz: “Cada indivíduo
irá sofrer… Apesar do que se possa dizer, o corpo depende da alma”. Ou seja, o
escritor escancara o pessimismo oferecendo uma fábula moral sobre os perigos em
vacilar quando se confronta o mal verdadeiro. A metragem curta (apenas 77
minutos) transforma Viy – O Espírito do Mal em uma rápida experiência
no terror russo, reto, direto, sem enrolação, com uma das mais bem executadas e
apavorantes sequências finais que o gênero já mostrou, em detrimento a todo o
clima leve do restante do filme. É um conto de fadas de horror, que representa
outra cultura, outros credos, mas sempre com a mesma forma de encarar as forças
do mal e do sobrenatural. Hoje pode até não assustar alguém que tenha mais que
13 anos, mas é um belíssimo exemplar do cinema fantástico.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/07/06/206-viy-o-espirito-do-mal-1967/
1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER
477 1967 Vij, O Espírito do Mal
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