Direção: Freddie Francis
Roteiro: Milton Subotsky / Produção: Milton
Subotsky, Max J. Rosenberg, Joe Vegoda (Produtor Executivo)
Elenco: Christopher
Lee, Peter Cushing, Roy Castle, Max Adrian, Ann Bell, Michael Gough, Donald
Sutherland, Phoebe Nicholls, Ilsa Blair
As Profecias
do Dr. Terror é aquele tipo de filme mosaico delicioso que traz
antologias de terror com diversas histórias fantástica envolvendo personagens
díspares, interligados por um fio locutor. E esse fio locutor é ninguém menos
que Peter Cushing, que encarna o Dr. Terror do título. Obra da produtora
inglesa independente Amicus, baseada em Shepperton, que ficou famosa exatamente
por esse estilo de filme portmanteau, inspirado originalmente por Na Solidão da Noite do Eraling Studios, que teve início
com As Profecias do Dr. Terror e seguiu-se com As Torturas do Dr. Diábolo, A Casa que Pingava Sangue, Contos do Além (o
Contos da Cripta original, que inspirou a série da HBO), Asilo Sinistro, A
Cripta dos Sonhos, Vozes do Além e O Clube dos Monstros, sempre
estrelados por grandes atores do gênero como o próprio Peter Cushing,
Christopher Lee, Vincent Price, John Carradine, David Pleasence, Jack Palance,
entre outros. Aqui, emprestados da Hammer, Cushing e Lee contracenam sob a
direção de Freddie Francs, também vindo do irmão inglês mais famoso, tendo
realizado o filme O Monstro de Frankenstein no ano anterior para o estúdio.
Cushing é o Dr. W. R. Shreck (que em alemão significa terror), um misterioso
homem que embarca na mesma cabine de um trem com outros cinco estranhos, e lê
seus destinos através das cartas do tarô, sendo que todos eles,
indefectivelmente, estão fadados a vivenciar situações aterradoras e
sobrenaturais, sempre com a última carta tirado do baralho representando a
morte. Nisso, vamos conhecer cinco histórias incrivelmente divertidas e
envolventes, abusando de roteiros fantásticos. O primeiro segmento, Werewolf,
traz o ator Jim Dawson como protagonista, vivendo o papel de Neil McCallum,
proeminente arquiteto que viaja para uma ilha na Escócia, chamado para dar
dicas de reforma para a velha Sra. Biddulph, que comprou a casa em que ele
viveu na infância. E nesta residência há uma antiga maldição, onde o Conde
Cosmo Valdemar, um lobisomem, havia sido morto por seu avó e enterrado na
propriedade, não antes de lançar uma maldição e jurar que voltaria para se
vingar do último descendente dos Dawsons, que seria enterrado em seu ataúde
para trazê-lo de volta à vida, fazendo com que ele descubra que sua vida corre
grande perigo naquela casa. Quando você pensa que já viu de tudo no cinema de
horror, eis que a segunda história, Creeping Vine, traz uma trepadeira
assassina. Isso mesmo, uma trepadeira assassina!!! Bill Rogers (Allan Freeman)
volta com a família de férias e encontra uma estranha e sinistra trepadeira que
cresceu na parede do jardim da sua casa. Ao tentar removê-la, ele descobre que
ela é parcialmente indestrutível, dotada de inteligência e ainda por cima
possui tendências assassinas, matando o cachorro da família e o botânico ao
qual eles pedem ajuda, confinando a família em casa enquanto cresce de forma
descontrolada. Segundo um dos especialistas, esse é um passo à frente das
plantas para conseguir sobreviver. Uma evolução mortal que poderia acabar com a
humanidade como conhecemos. O terceiro segmento, Voodoo, com um toque
cômico, traz o trompetista e músico Biff Bailey (Roy Castle) que aceita uma gig nas
Antilhas e resolve roubar dos nativos uma canção vodu que ouviu durante uma
cerimônia para um deus enfurecido. Mesmo com todas as indicações dos nativos
para não performar o som, ele toca no clube de jazz que se apresenta
regularmente quando volta à Londres, e isso desencadeia uma série de bizarros
acontecimentos que culminam na visita de um feiticeiro vodu a Bailey, a fim de
retomar e dar um cabo da composição. A banda de apoio de Bailey no filme é o
Tubby Hayes Quintet, uma famosa banda de jazz contemporânea britânica na época.
Quem toca o trompete é na verdade o trompetista Shake Keane, dublado pelo ator
Roy Castle em cena, que substituiu o ator Acker Bilk, que sofreu um ataque cardíaco
pouco antes das filmagens começarem. A quarta história, protagonizada por Lee
como um esnobe crítico de arte e chamada Disembodied Hand, é a melhor das
cinco antologias. Franklyn Marsh adora devastar artistas com suas mordazes
críticas e sua petulância exacerbada, até que é humilhado pelo pintor Eric
Landor, vivido por Michael Gough (deHorrores do Museu Negro). Isso começa a complicar a vida
social e profissional de Marsh, pois Landor sempre fica em sua cola
atormentando-o, e para dar um basta nisso, Marsh resolve atropelá-lo tarde da
noite ao sair da galeria. Como consequência, o pintor perde uma das mãos
amputadas no acidente, e como nunca mais poderia pintar, ele se suicida. Apesar
do destino trágico, Marsh fica imensamente aliviado e começa a colocar sua vida
de volta nos eixos, até que passa a ser assombrado e caçado pela indestrutível
mão amputada de Landor em busca de vingança. Esse segmento deve ter servido de
inspiração para o filme A Mão com Michael Cane, lembra? Por fim, o
quinto conto, Vampire traz o jovem Donald Sutherland como o Dr. Bob
Carroll, recém-casado com a francesa Nicole, que retornam para viver na sua
casa nos EUA. Mas logo, começam a surgir evidências que ele se casou com uma
vampira que está se alimentando do sangue das crianças da cidade (e talvez
desse relacionamento ele tenha tido o filho vampiro de Garotos Perdidos,
hein?). Ele e seu colega de profissão Dr. Blake precisam arrumar um jeito de
destruir a criatura das trevas, mas na verdade, os motivos do médico não são
tão benevolentes quando imaginamos. Aterrorizados pelo terrível destino de cada
um, os viajantes então descobrem no ato final a verdadeira e macabra identidade
do Dr. Schreck. Com um orçamento de 105 mil libras, o script escrito por Milton
Subotsky, começou como a ideia de uma série de televisão, ainda em 1948, quando Na
Solidão da Noite era um lançamento recente. Segundo o roteirista, As
Profecias do Dr. Terror foi desenvolvido para ser o “o melhor filme de
terror de todos os tempos”. Não é para tanto, mas sem dúvida é um ótimo
entretenimento para os fãs do gênero.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/06/18/190-as-profecias-do-dr-terror-1965/
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