Direção: Freddie Francis
Roteiro: Robert Bloch
Produção: Max
J. Rosenberg, Milton Subotsky
Elenco: Jack
Palance, Burgess Meredith, Beverly Adams, Peter Cushing, Michael Ripper
Com o sucesso de As Profecias do Dr. Terror, o estúdio inglês Amicus resolveu
investir pesado nos filmes estilo portmanteau, aqueles que trazem várias
antologias de terror interligadas por um fio narrativo. As Torturas
do Dr. Diábolo, foi seu segundo filme neste gênero, que ainda
renderam mais seis posteriores. Dirigido por Freddie Francis, mesmo diretor de Dr.
Terror e com astros no elenco do quilate de Burgess Meredith, Jack Palance
e Peter Cushing, infelizmente o resultado de As Torturas do Dr. Diábolo é
bem fraquinho. Seus quatro contos, escritos por Robert Bloch, mesmo autor do livro que deu origem a Psicose, de Alfred Hitchcock, são
dispensáveis, com histórias bem fraquinhas, que valem mais mesmo por
curiosidade e todo aquele clima característico dessa safra de filmes dos anos
60. Cinco estranhos estão em um parque de diversões de Londres e entram na
câmara de horrores do Dr. Diábolo (vivido por Meredith, o Pinguim do seriado camp do
Batman) em busca de excitantes e aterrorizantes experiências. Lá, uma atração
adicional para os de coração forte, e que tenha mais cinco libras extras para
gastar, é uma boneca da divindade feminina Atropos (vivida por Clytie Jessop,
que faz uma ponta em todos os segmentos) que através das linhas do destino,
revela o sinistro futuro dos ali presentes. A primeira história, Enoch, é
uma das mais intrigantes e assustadoras. Colin Williams (Michael Bryant) é um
playboy desprezível, único herdeiro de um tio cheio da grana, que quer se
aproveitar do tio enfermo e acaba matando-o para por a mão em seu dinheiro.
Revirando o antigo casarão em busca de ouro escondido, ele acaba por descobrir
um misterioso gato que vivia preso no porão. O problema é que esse gato não é
um bichano qualquer, e sim, um receptáculo do espírito de uma bruxa, nomeado Balthazar,
que tem poderes telepáticos e um voraz apetite por carne humana, controlando a
mente de Colin e levando-o à loucura, arranhando seu cérebro como um felino
qualquer arranha um poste de madeira. Um detalhe interessante é que o gato não
é preto, como de costume nas histórias de terror, e sim malhado. O segundo
segmento, fraquíssimo, Terror Over Hollywood, é sobre Carla Hayes (Beverly
Adams) uma jovem e bela atriz que topa de tudo para conseguir tornar-se uma
estrela de cinema. Ao saber que a amiga terá um encontro com um agente do show
business, ela estraga o vestido da companheira de quarto e vai ao encontro em
seu lugar. Lá conhece os produtores Bruce Benton (Robert Hutton) e o galã Eddie
Storm (John Phillips) e acaba se envolvendo numa terrível trama que envolve
conspirações no alto escalão hollywoodiano, um médico com pinta de cientista
louco e androides. O terceiro conto, Mr. Steinway é uma excelente mistura
de elementos bizarros e fantásticos, extremamente conveniente para esse tipo de
filme. Dorothy Endicott (Barbara Ewing) é uma jornalista que se apaixona pelo
virtuoso pianista Leo Winston (John Standing). Só que o piano dele, chamado de
Euterpe (divindade grega musa da música) começa a se tornar ciumento e
possessivo, atrapalhando o processo criativo do pianista, tentando separar o
casal apaixonado e assassinar a moça. Sim, é isso que você leu. Um piano
assassino com vontade e movimentos próprios. É simplesmente genial. O quarto e
melhor segmento, The Man Who Collected Poe traz uma disputa
afinadíssima entre Ronald Wyatt (Jack Palance) e Lancelot Canning (Peter
Cushing) para ver quem é o maior colecionador de obras e artefatos de Edgar
Allan Poe. Wyatt vai visitar Canning na América para conhecer sua vasta
coleção, e após uma noite de bebedeiras, uma visita ao porão revela manuscritos
atuais nunca publicados do escritor americano, com a mesma caligrafia. Acontece
que o avô de Canning, que começou a coleção, era um ladrão de cadáveres e havia
colecionado as próprias cinzas do Poe, que o trouxeram de volta à vida através
de magia negra. Ao assassinar Canning, Wyatt adentra outro compartimento abaixo
do porão e encontra o escritor em pessoa vivo e preso, suplicando pela morte,
para que assim o terrível pacto com o demônio seja quebrado e ele possa
descansar em paz. Só que sempre que um pacto é quebrado, outra alma deve tomar
o lugar daquela libertada. Eu disse que eram cinco estranhos, certo? Acontece
que Gordon Roberts, o outro sujeito na câmara de horrores do Dr. Diábolo,
vivido por Michael Ripper, figurinha carimbada de alguns filmes da Hammer (Epidemia de Zumbis, A Serpente…), não quer ver seu futuro e tremendamente
assustado com tudo que está acontecendo, pega a tesoura que Atropos corta os
fios da vida e brutalmente assassina o anfitrião do show. Quando todos os
demais fogem assustados, a cena se revela combinada entre os dois cúmplices.
Porém Wyatt continua no local fumando seu cachimbo, que é quando será revelada
a verdadeira identidade do Dr. Diábolo. Apesar de que seu próprio nome já diz
tudo… Como disse lá em cima, As Torturas do Dr. Diábolo vale como
curiosidade, principalmente pela excelente atuação de Meredith e seus diálogos
bem escritos, e a deliciosa disputa entre Jack Palance e Peter Cushing no
último segmento. Falta força e inventividade para classificá-lo como uma
antologia de terror de primeira linha. Mas oferece conteúdo suficiente para uma
divertida sessão de sábado.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/07/05/205-as-torturas-do-dr-diabolo-1967/
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